24 de mai. de 2007

Um mês com Maria - 25º dia


25º dia - A Paciência


Estamos todos de acordo: Não existe virtude prática que seja tão necessária na vida cristã como a paciência. Não há dúvidas. Esta virtude faz com que a alma suporte tranqüilamente os incômodos e os sofrimentos da vida Quem não tem problemas e tribulações na vida? Quem pode fugir dos incômodos? Quem pode fugir ao peso cotidiano de provas e contrastes? Por isso "é necessário a paciência para cumprir a vontade de Deus e conseguir os bens da promessa". (Hb 10,36). Paciência em casa e fora dela; no trabalho e no colégio; com patrões e empregados... Quantas ocasiões todos os dias. Devemos suplicar a Maria de conceder-nos esta virtude para podermos imitá-la, sempre doce, forte e serena em meio às provas e às maiores fadigas. Em Belém, à procura de um lugar entre as angústias, no Egito onde chegou com Jesus menino, e S. José, fugitivos entre gente desconhecida; nos três dias da busca de Jesus no Templo, com aquela amargura no coração, na separação de Jesus ao início da sua vida publica com as precisões dos choques inevitáveis com os fariseus, nas seqüências dilaceradas do Calvário ao pés da Cruz de seu Jesus adorado. A paciência de Maria! Veremos no Praíso como a sua paciência superou a paciência de todos os homens juntos.


Mostrou-lhe o Crucifixo


"Uma resposta doce acalma e raiva; o fogo não se apaga com o fogo, nem o furor se acalma com o furor." - S. João Crisóstomo. Um dia S. Luzia de Marillac apresentou uma bebida a um turco enfermo internado no Hospital. Este reage violentamente ao gesto de caridade, jogando o copo na cara da freira. Sem abrir a boca, a Santa retirou-se; logo volta com outra bebida e a mesma atitude do enfermo. A freira não diz nada e vai; volta outra vez e se aproxima do enfermo e lhe dirige a palavra bondosamente a ponto do doente olhá-la e dizer: "Vós sois uma criatura da Terra? Quem vos ensinou a tratar assim aquele que te ofende?" Sem responder, a Santa mostrou-lhe o Crucifixo que trazia no peito. O mesmo aconteceu com S. Maria Bertila, no Hospital de Treviso. Um dia um enfermo histérico lhe jogou o ovo que ela lhe tinha levado. A Santa não se perturbou. Foi trocar o avental voltou com uma taça de caldo: "Ficarás bem com este caldo", sorrindo, disse-lhe. O que não temos a aprender nós com estes atos, nós que prontamente perdemos a paciência por bobagens.


Os caroços das cerejas


Jesus disse que com a paciência salvaríamos nossas almas (cf. Lc 21,19) E mais, com a paciência se conquistam e salvam até as almas dos outros, porque o homem paciente vale mais do que o homem forte e quem domina o caráter vale mais do que "um conquistador de cidades" (Pr 16,32). S. José Cafasso era o Capelão dos condenados à morte. Por isso podia entrar nas celas e ficar no meio deles. Parecia um anjo de serenidade e de paciência naquele ambiente fedorento e repugnante. Levava-lhes sempre alguma coisa de presente. Um dia foi um cesto com cerejas. Logo após, os encarcerados divertiam-se em atirar-lhes os caroços. "Deixai-os. É a única distração que eles têm". Disse o santo. Com esta doce paciência ele podia penetrar nos corações deles e prepará-los para enfrentar a morte beijando o Crucifixo e invocando Maria.


Esposas e Mães pacientes


Muitas vezes é sobretudo em casa que precisamos exercitar-nos na paciência. S. Paulo recomendava aos Efesinos de "comportarem-se com toda a humildade, mansidão e paciência, suportando-vos com amor" (Ef 4,2). Quantas brigas e problemas se poderiam evitar com poucos grãos de paciência e de silêncio. Quando as amigas perguntaram a S. Mônica como fazia para viver em paz com um marido tão insensível e violento, respondia: "Tenho um freio em minha língua". Quem não se lembra de como S. Rita chegou a converter o marido vulgar e brutal? Sofrendo em silêncio: "com muita paciência nas tribulações, nas necessidades, nas angústias" (2 Cor 6,4). Grande também foi a paciência da ditosa Anna Maria Taigi, mãe de 7 filhos. Cada dia eram provas que a pobrezinha devia enfrentar pelas estranhezas do marido pouco gentil, pelos problemas dos filhos que precisavam de uma boa formação pelas contrariedades e incômodos que acontecem inevitavelmente em cada família. Um dia quebraram-lhe um magnífico vaso de cerâmica que era uma preciosa e cara recordação de família. A Santa olhou os cacos e disse serenamente: "Paciência! Se o soubessem os negociantes de cerâmicas ficariam contentes. Precisam viver também, não?"Esta paciência é um dos frutos mais preciosos do Espirito Santo (cf. Gl 5,22).


Olhemos para Ela


O primeiro dote da caridade é a paciência! (cf. I Cor 13,4). A maior caridade traz consigo a maior paciência. Por isso Maria, Mãe do amor, é exemplar perfeitíssimo e fonte da nossa paciência. Ela viveu com a alma transpassada por uma espada (cf. Lc 2,35) Olhemos este fato e aprendamos saber aceitar com paciência heróica até um punhal enfiado no coração. Ela foi a Virgem oferente não só no Templo, mas também, e sobretudo, no Calvário (Marialis Cultus, n.20). Apeguemo-nos a Ela para atingirmos a energia do amor paciente e oferente nas tribulações da vida e da morte.



Votos


* Tratar gentilmente e sorrir para quem te maltrata

* Oferecer cada pequeno espinho do dia a Maria

* Meditar sobre as dores de Maria.

Um mês com Maria - 24º dia


24º dia - A Penitência

Porque somos pecadores e continuamos a pecar, por isso é necessária a reparação para pagar as culpas. É Justiça: repara-se o mal feito. "Todo pecado, grande ou pequeno, não pode ficar impune; ou é punido pelo homem que faz Penitência ou no último Juízo pelo Senhor". (S. Agostinho). Podemos aqui lembrar alguns grandes pecadores convertidos e que ficaram santos: S. Maria Madalena, S. Agostinho, S. Margarida de Cortona, S. Inácio de Loyola, S. Camilo de Lélis... Eles nos demonstraram que com a Penitência repara-se e recupera-se tudo, até a santidade mais alta e dão razão a S. Cipriano que exclama: "Ó penitência! Tudo o que estava amarrado, o desamarraste, o que estava fechado, o abriste". A penitência livra das correntes das dívidas contraías pelos pecados e abre as arcas das graças mais eleitas.
Penitência e Amor
Quando S. Domingos Sávio estava gravemente doente, foi um dia submetido a uma sangria. Antes de iniciar, o médico dise-lhe: "Olha para o utro lado, Domingos, assim não verás escorrer o teu Sangue". "Ah, não - respondeu - furaram as mãos e os pés de Jesus com grandes pregos sobre a Cruz e Ele não disse nada..." Domingos sofreu sem um gemido os dez pequenos cortes que lhe fizeram. Eis a lei do amor: quando se ama de verdade uma pessoa, se quer com ela condivir todos os sofrimentos. Não se pode renunciar! Quem ama Jesus e conhece sua vida de humildade e sacrifício, culminada na cruel Crucificação e Morte, não pode deixar de desejar a participação em toda aquela dor desejada pelo amor. A intensidade desta participação às vezes manifestou-se até de modo prodigioso e sangrento. Pensemos em S. Francisco de Assis, S. Verônica Giuliani, S. Gema Galgani, Pe. Pio... Mas em todos os santos a Penitência mais dolorosa foi uma exigência do amor. Eles chegavam ao ponto de não desejar nada além de sofrer. Recordemos alguns exemplos: S. Francisco Xavier, embora oprimido por dores muito fortes, rezava com transporte, dizendo: "Ainda, Senhor, ainda mais." E à ilha onde sofreu as mais graves tribulações, quis pôr o nome de Ilha das Consolações. S. Teresa de Jesus também é célebre pelo seu grito: "Ou sofrer ou morrer". S. João da Cruz a Jesus que lhe perguntava o que queria, respondeu: "Sofrer e ser desprezado por Ti". S. Gabriel de Nossa Sehora das dores dizia que o seu Paraíso eram as dores de Maria. S. Maximiliano chamava "balinhas de caramelo" as cruzes e as tribulações. Pe. Pio dizia que suas tremendas dores eram "as alegriazinhas do esposo". Assim raciocina quem ama.
Fazer o próprio dever
A primeira e mais importante Penitência do cristão é aquela de cumprir fielmente e perfeitamente os próprios deveres cotidianos. Fazer outras penitências omitindo estas significa fazer o secundário, ignorando o principal. Em 1º lugar, lembremo-nos bem: 1º o cumprimento dos deveres. Se é assim a substância da nossa vida de penitência é segura. S. José Cafasso conduzia uma vida de Penitência escondida aos olhos dos demais. Dos depoimentos do processo de beatificação, sabemos que a mulher que lavava a roupa manchada de sangue, tinha-se dado conta disso. "Por que as camisas estão sempre sujas de sangue? - perguntou - O senhor tem algum ferimento?" O santo quis ficar calado, mas respondeu bruscamente: "Vós sois como uma mãe, por isso, vos direi tudo, mas não o deveis contar a ninguém. Deveis saber que nós, padres, usamos uma cintura com pontas chamado cilício. Eis porque achais as manchas." "Mas deve doer muito, meu pobre filho"! Exclamou a mulher. "Sim, dói, mas precisamos descontar nossos pecaods, não?" "O que está dizendo? - retrucou - Se o senhor precisa fazer penitência, o que devemos fazer?" "Vós trabalhais duro - respondeu o santo - e trabalhar o dia todo já é uma bela penitência".
Penitência pelos pecadores
O lamento de Nossa Senhora de Fátima deveria nos comover: "Muitas almas vão para o Inferno porque não tem quem se sacrifique por elas." Jacianta, a florzinha de Maria, foi a quem maiormente tocaram aquelas palavras da Bela Senhora. Ela quis ser vítima inocente e sofrer pelos pecadores foi sua paixão dolorosa até a morte. Atingida pela gripe espanhola e por uma pneumonia purulenta, com infecção progressiva, transportada ao Hospital, longe de casa, submetida a uma operação para a remoção de suas costelas, sem anestesia. Pobre menina! Mas foi heroicamente corajosa e não perdeu nenhuma ocasião de sacrifício pelos pecadores: cama, dores ardentes... O seu Celeste conforto era a assistência materna de Nossa Senhora. Morreu consumada pela febre e pelas dores, sozinha sobre o Coração da Imaculada, vinda do céu para apanhar a inocente vítima pelos pecadores. Que exemplo de heróica penitência.
Votos
* Meditar a paixão e morte de Jesus (Mt 26 e 27)
* Oferecer todos os sacrifícios a Nossa Senhora das dores
* Recitar os mistérios dolorosos do Rosário.