01. | Nesta página oferecem-se diversos textos cujo conjunto tem como objetivo uma apresentação do Cristianismo. Sendo assim, convém explicar em que sentido deseja-se através deles apresentar o Cristianismo. |
02. | Em meados do século XX Michael Schmaus, um teólogo suíço, escreveu um livro em cujo primeiro parágrafo colocava muito bem o problema que está na origem desta página. Na abertura de sua obra M. Schmaus dizia algo semelhante ao que se segue: |
O que ele quer? Quais os serviços que ele presta à humanidade? A impressão que geralmente se tem é que até hoje ele não forneceu nenhuma auto explicação definitiva e de valor irrevogável. A razão de ser deste paradoxo não consiste na obscuridade do que chamamos de Cristianismo, mas é antes uma consequência da plenitude e da complexidade de sua essência e estrutura. O espírito humano não é capaz de compreender em uma só intuição a totalidade de sua constituição". |
"O que realmente ele pretende?" |
É então que surge a impressão de que até hoje ninguém tenha dado uma explicação definitiva e de valor irrevogável sobre o mesmo. É-se tentado a pensar que, além do próprio Cristo e dos seus primeiros apóstolos, nunca mais ninguém soube explicar de modo definitivo o que é o Cristianismo.
A razão de ser desta paradoxo, diz M. Schmaus, não consiste na obscuridade do que chamamos de Cristianismo, mas é conseqüência da plenitude e complexidade de sua essência e estrutura.
03. | E de fato é assim. Aqueles que se põem diante do Evangelho, no início não percebem toda a sua grandeza. |
04. | No Evangelho há mais de uma passagem onde Jesus compara sua obra a um banquete em que todos são convidados, embora poucos atendam a este chamado. Ao Jesus dizer isto, estava cumprindo uma profecia escrita seiscentos anos antes pelo profeta Isaías, em que este profetizava a respeito do monte Sião, o monte sobre o qual estava construída Jerusalém, ou, literalmente, a cidade da paz: |
o Senhor preparará para todos os povos um banquete de seletos manjares, um festim de vinhos generosos. Neste monte tirará o véu que encobria os povos todos, e a coberta que se estende sobre todas as gentes. Aniquilará para sempre a morte, e o Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces". |
Dizemos compreender, porque na última ceia o próprio Jesus o disse, dirigindo-se aos seus discípulos:
porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; chamo-vos de amigos, porque vos dei a conhecer tudo aquilo que ouvi de meu Pai". |
deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, aos que crêem no seu nome, e que não pelo sangue, nem pela vontade humana, mas de Deus nasceram. De sua plenitude todos nós recebemos, graça sobre graça". |
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05. | Dito isto, devemos também dizer que os textos aqui apresentados não foram concebidos para se tornarem agradáveis nem desagradáveis. Não são palestras de propaganda religiosa. O que pretendemos fazer com eles é o trabalho de uma construção sistemática. Cada um deles ocupa o seu lugar dentro de uma construção maior e foi pensado em função do lugar que deve ocupar no todo. |
06. | Mas mesmo esta comparação do tijolo e da casa não é boa. Porque nós vamos usar a casa não para morar nela, mas para poder olhar mais longe, além dela. Com isto, temos uma outra observação inicial a fazer sobre o conjunto destas palestras. Na maior parte delas, do início até bem perto do fim, nós iremos acumular uma grande quantidade de dados. Próximo ao fim é que estes dados irão se juntar uns aos outros conduzindo a algo que é de uma ordem diferente deles próprios. Por que, porém, proceder assim? |
Não se creia, porém, que é esta luz que contemplam os olhos, mas sim uma luz como a que vê o coração quando ouve dizer que `Deus é verdade'". |
É por este motivo que ao longo destes textos iremos desenvolver muitas coisas das quais não se conseguirá apreender de imediato qual a relação entre elas e o objeto das perguntas que são nosso ponto de partida e nossa meta. Trata-se de material que teremos que ir acumulando e de que faremos uso posteriormente.
07. | Esperamos, ademais, em tudo o que dissermos ser simultaneamente fiéis ao Magistério da Igreja e intransigentes na busca da verdade. Esperamos também deixar uma sadia impressão de como se pode nesta caso satisfazer plenamente às exigências de ambos estes critérios sem ao mesmo tempo transigir com nenhum dos dois. Ao tratarmos do Cristianismo, tema de nossas palestras, temos a intenção, ademais, de nos utilizarmos de fontes que pertençam reconhecidamente ao patrimônio filosófico e teológico da Igreja Católica ou que nela foram recebidos e desenvolvidos, como muitos trabalhos dos filósofos gregos. Utilizar-nos-emos também, de um modo especial, dos valiosos recursos que nos foram deixados para tanto na obra de Santo Tomás de Aquino e de Hugo de São Vitor. |
08. | Como deve ter ficado claro, esta página não é uma catequese, nem pretende ensinar os rudimentos da doutrina ou da prática cristã. Seria muito desejável que os leitores conhecessem os rudimentos da doutrina, mais ainda se fossem cristãos praticantes, pois isto lhes permitiria compreender melhor o desenrolar das exposições. Os únicos requisitos para se poder acompanhar o diálogo com esta página, porém, são um certo nível de cultura geral e o desejo sincero de compreender o Cristianismo mais profundamente. |
09. | Esta página também não se destina à conversão pessoal nem diretamente à prática do Cristianismo, mas não é impossível e talvez seja mesmo provável e algo que muito nos alegraria que, compreendendo alguém a beleza de uma determinada coisa, venha a desejá-la para si, especialmente quando esta coisa por sua natureza é acessível e se destina a todos os que a quiserem. |
10. | Caso o leitor ainda não conheça bem os assuntos abordados por esta página, poderá aceitar nossa sugestão de começar a examinar o material apresentado estudando primeiro as |
Perspectiva Teológica. |
11. | Aos textos oferecidos nesta página desejaríamos que se acrescentasse a leitura de algumas biografias de pessoas que viveram profundamente o Cristianismo, até à sua essência. Se alguém jamais tivesse visto uma planta, nada melhor do que isto poderia ilustrar o que se pretende explicar com uma aula de Botânica. Gostaríamos que ninguém deixasse de ler pelo menos as seguintes duas obras, escolhidas não só pelo assunto, como também pelo modo com os seus autores abordaram a narrativa: |
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