15 de abr. de 2010
SACERDÓCIO UM DOM DE AMOR
SACERDÓCIO UM DOM DE AMOR
Estamos acompanhando na imprensa nestes últimos meses, diversos escândalos envolvendo sacerdotes, escândalos estes que maculam a dignidade sacerdotal, e banalizam a figura do homem configurado “Persona Christi”.
È triste notar que a conseqüência do mau testemunho sacerdotal, atrai a desconfiança e perseguição a toda Igreja, e estes maus testemunhos, se tornam causa e motivo da queda de muitos, como disse Jesus “Seria melhor se amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e se lançassem no mar”. Bom, não quero falar sobre o lado negativo do sacerdócio, mas pretendo ressaltar a face sacerdotal que a sociedade e a mídia maçônica não apresenta, para que nós fiéis, saibamos valorizar o grande dom de Deus em nosso meio.
O nosso amado Papa João Paulo II, no seu livro “Dom e Mistério”, disse: “Deus nos seus desígnios mais profundos, conhece cada vocação, na qual o sacerdócio é o grande mistério, é um dom que supera infinitamente o homem”. Acredito profundamente que somente Deus conhece a história de uma vocação sacerdotal.
Cada um de nós, sacerdotes, o experimenta em sua vida, e diante deste imenso dom, sentimos o quanto somos frágeis, inadequados. Assim, portanto a vocação é um mistério da eleição divina “Não fostes vós que Me escolhestes, mas Eu que vos escolhi, para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça”, E, como nos diz o autor do livro dos hebreus, “ninguém pode atribuir-se esta honra, se não aquele que é chamado por Deus”.
Sabemos que Deus nos chamou, configurando-nos a sua semelhança, confiando a cada sacerdote uma missão.
Jeremias, o grande profeta nos diz: “Antes de formar-te no seio materno te conhecia, antes de nascer, eu já te havia consagrado, e te estabeleci profeta das nações. Estas palavras fazem tremer a alma sacerdotal, pois Deus nos chamou para uma vocação santa, não devido as nossas obras, mas segundo o seu propósito e a sua graça”.
A mãe Igreja nos ensina que, embora pequeninos e insignificantes, na imensidão do cosmos, como sacerdotes, somos seres capazes de agir com liberdade. Liberdade que faz destes seres pequenos e minúsculos que somos, seres capazes de amar com o mesmo amor de Deus, de dar amor, assim, sabemos que o sacerdócio é fonte de vida, e que certas vidas possuem a verdadeira vida de Deus, a causa da cura de uma alma sacerdotal, que tem por missão dar o perdão, a paz, o amor, e a sua vida, como Cristo a deu.
Não podemos contemplar a figura de um sacerdote, sem antes elevar os nossos olhos ao primeiro, e supremo sacerdote, Nosso Senhor Jesus Cristo, que com a sua beleza, e proposta nos arrasta em seu amor, também nos conduzindo a oblação de nossas vidas por amor. Assim, o nosso sacerdócio ministerial, brota do amor de Cristo que nos ofertou a Sua vida, e do amor misericordioso do Pai, que quis salvar todos os homens.
Podemos observar como a graça da ordenação sacerdotal nos transforma, nos capacitando a agir ‘in Persona Christi’, e assim sendo tomados por Cristo, ser dispensadores dos mistérios da salvação.
Podemos afirmar que exaltar e valorizar a figura sacerdotal, é exaltar e a vida, pois o sacerdote não é apenas o homem da liturgia, mas faz da sua vida um culto litúrgico, uma entrega, um sacrifício, uma doação, identificando-se com a realidade da cruz, que é doação e entrega, se entregando aos irmãos e a Igreja, fazendo de sua vida um sacramento intenso e fecundo.
Dom Tonino Bello, Bispo de Molfeta, poucos meses antes da sua morte, pregou um retiro espiritual para sacerdotes em Lourdes, e dizia que o Sacerdote é o Cirineu da Alegria, e não da cruz, embora a Cruz faça parte de sua vida, assim o sacerdote é aquele que vive a Cruz, mas a vive com Cristo, com alegria, sabendo que nela existe a salvação, pois somos acima de tudo, amados por Jesus, que é a nossa luz, a nossa alegria, o nosso caminho.
Dizia Dom Tonino: “Nós sacerdotes, não somos somente os portadores do sofrimento do mundo, não somos somente Cirineus da cruz, mas somos os cirineus que ajudam o mundo a levar a sua Cruz com alegria e esperança, como também somos portadores da alegria, chamados a infundi-la no mundo”.
Deste modo o sacerdote (homem da esperança) é o homem também para o mundo, sem ser do mundo, mas o homem chamado por Deus a entrar no mundo da violência, das drogas, das periferias, da prostituição, mundo este que se faz presente em tantos corações longes de Deus. Este é o mundo, como vemos ao nosso redor, o mundo que se transforma, e que muitas vezes não entendemos, por falar uma linguagem diferente da nossa. Por este mundo o eterno sacerdote deu a sua vida, e não fechou os seus olhos.
O Sacerdote é Sacerdote para a Igreja, e para o mundo, aberto as realidades de uma Igreja que caminha no mundo, e não fechada em si mesma, mas é sacerdote também para uma Igreja que supera as suas barreiras, que caminha à frente, que não fecha os olhos a escuridão do mundo, mas que mostra a sua força libertadora, dizendo aos que estão nas trevas “Vinde a Luz”. Assim o sacerdote é um homem separado por Deus, mas que ao mesmo tempo é totalmente imerso na realidade do mundo.
Para nós sacerdotes, homens da Igreja, o mundo não é o resto dos rejeitados pela Igreja, dos excluídos, dos que estão no inferno, dos amaldiçoados, como também não é aquele que tira o braço de ferro com a Igreja, rival da mesma, mas é o final, a meta da Paixão de Cristo, que amou tanto o mundo, a ponto de dar a sua vida por ele, e por isso é também a meta final da paixão que existe em um coração sacerdotal, em busca do projeto de salvação e libertação do homem, pois o sacerdote como diz alguns escritos antigos, é o homem de Deus, como também, o Homem-Deus, configurado a Cristo, que possui em seu coração todo o desejo e o ardor da salvação das almas, e que ama de modo particular aquelas que estão mais distantes do coração do Pai, deste modo o sacerdócio que ministramos, não nos pertence, mas vos pertence, somos padres para a vossa santificação, para o serviço, e juntamente convosco somos fiéis.
Nós padres, somos chamados não somente a consagrar a eucaristia, através da imposição de nossas mãos ungidas e consagradas, mas também a tocar este mundo com as nossas mãos, para transforma-lo, para consagra-lo e oferece-lo ao Pai, para que ele também se torne ação de graças.
De um modo todo particular, somos chamados a morrer para nós mesmos, para deixarmo-nos ser conduzidos pelo eterno Sacerdote, para ser Pai, guia e mestre espiritual, dando a nossa vida aos irmãos e a Igreja, com fé, fidelidade e obediência a Deus e ao Santo Padre, caminhando na esperança e levando esta esperança aos irmãos, caminhando na provação, para ser solidário, e com o testemunho no amor, levar a paz, que une os homens a Deus, mesmo que para isto, tenhamos o nosso coração partido; contudo somos chamados a experimentar com a nossa vida que a ultima palavra é sempre a de Deus.
Jesus diz: “Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, não dará fruto’. Jesus é claro no evangelho, se queremos dar fruto, devemos nos deixar podar pelos homens e por Deus, e muitas vezes teremos que trocar os nossos projetos, os nossos sonhos, para moldar-nos aos projetos Deus, trocar o nosso projeto de vida, o nosso sonho, pelos sonhos de Deus.
Neste momento louvo e agradeço a Deus pela vida de cada sacerdote que da testemunho de sua fé em Cristo Jesus, conformando a sua vida ao Senhor, que morrendo para si, gerou a vida. Agradeço a Deus pela vida dos formadores que fiéis a Doutrina Católica e ao ensino da Igreja formaram padres segundo o coração de Deus e da Santa Mãe Igreja, ensinado que vale a pena amar, perdoar, vale a pena ser de Deus e morrer para si mesmos, mesmo quando tudo parece escuro e sombrio. Agradeço a Deus pela vida dos formadores e dos padres, que ensinaram não com palavras bonitas, mas com a sua vida e exemplo a viver bem o nosso sacerdócio.
Percebo que na vida de cada sacerdote que busca a Deus e aos irmãos, surge sempre a cruz, vinda pelas incompreensões, pelas perseguições, pela calunia e etc... mas lembremo-nos que tudo isto, diante da história do cristianismo, foi sempre motivo de dar maior Glória a Deus, meio para testemunhar a fé, e fonte de vida, como foi a vida de Cristo, que por onde passava, fazia o bem, fazendo a vontade do Pai, e mesmo que muitas vezes desejaria dizer “Não”, dizia “Sim”.
Neste momento dentro do meu coração vibra as palavras do amado Papa João Paulo II, e quero com elas, consagrar o meu sacerdócio nas mãos de Maria, como também o sacerdócio dos meus irmãos padres, dizendo: “Totus Tuus, ego sum, Maria” Todo teu Maria, completamente teu ò Maria.
E a vós povo fiel, que lê este artigo, povo sacerdotal, irmãos no Senhor, pedimos as vossas orações, para que saibamos sempre servi-los, com o coração despojado, para que saibamos também seguir sempre o Senhor em santidade e fidelidade.
Termino com a oração composta pelo teólogo Dom Bruno Forte:
Senhor Jesus Cristo,
Filho de Deus e redentor do homem,
Manda sobre nós o teu Espírito Santo,
Para nos ajudar a viver com fidelidade e liberdade a nossa vocação,
Seguindo a ti luz da vida,
Purifica o nosso coração.
Seguindo a ti luz da vida,
Faz-nos compreender a vontade do Pai.
Seguindo a ti luz da vida,
Faça uma obra nova em nós.
Seguindo a ti luz da vida,
Ajuda-nos a sermos as tuas testemunhas.
Seguindo a ti luz da vida,
Leva-nos a contemplar a beleza eterna.
Somente Tu és a luz dói mundo!
Somente Tu és a luz da nossa vida, no tempo, na peregrinação da nossa vida e para sempre.
Glória a Ti Senhor pelo imenso dom do sacerdócio, e que nós também possamos dizer como Paulo: “Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim”.
"Que o Senhor que é rico em Misericórdia vos abençoe: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém!"
Se desejar ler mais sobre o sacerdócio:
http://rainhadapaz.blog.terra.com.br/category/pastorear-e-dar-a-vida/
http://rainhadapaz.blog.terra.com.br/category/fidelidade-do-sacerdote/
http://rainhadapaz.blog.terra.com.br/category/ano-sacerdotal/
Permaneçamos Unidos em Oração com Maria!
Vos quero bem!
Pe. Mateus Maria, FMDJ
Prior do Mosteiro Menino Jesus
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Panie Jezu Ufam Tobie!
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