25 de mar. de 2010
Mensagem da Rainha da Paz - 25 de Dezembro de 2009
Queridos filhos!
Neste dia de alegria vos levo todos à frente do meu Filho Rei da paz para que vos dê a sua paz e benção. Filhinhos compartilhem esta paz e benção com os outros no amor. Obrigada por terdes respondido ao meu chamado”
Maria nos dá neste mês uma breve mensagem, frisando a palavra paz, no qual repete por três vezes e uma vez a palavra amor. Mas o centro de tudo é quando ela fala de seu Filho que é o Rei da Paz. Esta é a parte central desta mensagem de natal. Somente na paz poderemos ter a reconciliação! Jesus é o Rei da Paz, e Ele fazendo-se homem nos traz a verdadeira paz, nos traz a reconciliação e o amor verdadeiro entre os homens, nos trás o perdão dos pecados e nos dá como consequência a vida eterna. Tudo isto é o signifi cado da palavra paz, no qual Deus quer se reconciliar conosco enviando o seu Filho, quer que estejamos em sua alegria em sua luz. Jesus é este portador de paz, pois só em Jesus temos a paz verdadeira, que brota do coração, pois Ele é Deus e homem ao mesmo tempo. Ele que se fez uma pequena criança, para vir até nós e nos trazer a paz, depende de nossa resposta também para que a paz possa entrar em nosso coração. Devemos abrir o coração a esta paz, devemos então abrir o coração a Jesus. Assim estaremos
em paz com Deus com os outros e conosco mesmo. Esta é a alegria interior que nos dá Jesus e com esta paz que Deus nos deu, seremos mais disponíveis para o outro, com gestos, com o sorriso, com a misericórdia, com o perdão, com uma palavra amiga, etc. Mas é importante que esta paz comece dentro de nós. Ela, Maria nos pede de partilhar esta paz ao outro no amor. Sejamos, portanto, testemunhas deste amor que
vem de Deus!
Pe. Eugenio Maria Pirovano La Barbera F.M.D.J
Solenidade Anunciação do Senhor
25 do março
Neste a Igreja festeja o anuncio da Encarnação do Filho de Deus, e assim damos mais uma passo para o Grande Jubileu do Ano 2000 onde solenemente celebraremos Encarnação do Verbo no ceio da Virgem Maria. O tema central desta grande festa é Jesus que não assume nossa natureza humana, sujeitando-se ao tempo e espaço.
Com alegria contemplamos o Mistério do Deus Todo-Poderoso que na origem do Mundo Cria todas as coisa com sua Palavra, porém desta vez escolhe depender da palavra de uma frágil ser humana , Virgem Maria, para poder realizar a Encarnação do Filho Redentor:
"No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus...a uma jovem...Alegra-te, ó tu que tens o favor de Deus...Não temas , Maria...engravidarás e darás à luz um filho...e lhe darás o nome de Jesus.
Maria disse ao anjo: Como se fará isso?
O anjo lhe respondeu: O Espírito Santo virá sobre ti Maria disse então: Eu sou a serva do Senhor. Aconteça-me segundo a tua Palavra!" ( Lc 1,26-38).
Sendo assim hoje é o dia de fazermos memória do início oficial da Redenção de TODOS, pois:
"O Verbo Divino se fez carne e habitou entre nós"( Jo1, 14).
Entrevista com o escritor Renè Guitton: O livro negro da cristofobia
14.03.2010 - Pensava-se que o avanço da civilização eliminaria os fenômenos de perseguição religiosa, mas, ao contrário, neste início do terceiro milênio, há ainda muitos lugares no mundo nos quais a cristofobia ainda ofende, discrimina e mata.
No Oriente Médio, as crescentes perseguições têm obrigado os cristãos a fugirem da região onde nasceu o próprio cristianismo.
Em Maghreb, na África subsaariana e até mesmo no extremo oriente, os cristãos ainda são assassinados aos milhares.
O saque de casas e igrejas, a profanação de cemitérios tornam-se ordem do dia, assim como crucificações, queima de pessoas vivas, mutilações e decapitações.
Tudo isto ocorre enquanto a comunidade internacional silencia, aparentemente esquecendo-se do fato de que “a liberdade de pensamento, de consciência e de religião” é garantida pela Declaração Universal dos Direitos do Homem.
René Guitton, infatigável viajante entre o Oriente e o Ocidente, dedicando-se à luta pelo diálogo entre as culturas e civilizações, contra o racismo e o anti-semitismo, sempre baseando-se em fontes de credibilidade incontestável, em meticulosas pesquisas in loco e no testemunho direto dos protagonistas – líderes políticos e religiosos, missionários, ou simplesmente pessoas comuns – escreveu o livro “Cristofobia. A nova perseguição”, publicado na Itália pela editora Lindau.
No livro, Guitton escreve: “também os judeus e os muçulmanos são perseguidos, mas o reconhecimento de seu sofrimento não pode se dar ao preço da negação do sofrimento por parte dos cristãos. Haveria por acaso vítimas boas e vítimas más, vítimas das quais devemos falar e outras sobre as quais deveríamos nos calar?”.
“Nosso silêncio remete a outros silêncios de amarga memória”.
O escritor francês é autor de diversos outros livros, entre os quais estão “O príncipe de Deus”, “Abraham, le messager d’Haran e Si nous nous taisons” e “Le martyre des moines de Tibhirine”. Ganhador de vários prêmios, é membro do comitê de especialistas da Aliança das Civilizações das Nações Unidas.
ZENIT teve o prazer de entrevistá-lo.
- Ainda que este terceiro milênio se apresente como o início da era dos direitos humanos, é evidente que os cristãos são ainda fortemente perseguidos em várias partes do mundo. Poderia nos dizer em quais países isso acontece e por quê?
- Guitton: É necessário distinguir entre os países em que ocorrem perseguições sem violência física, dos países em que os cristãos são alvo de violências.
Na Turquia, por exemplo, a menção à religião é obrigatória na cédula de identidade, como também na Indonésia e no Egito. Professar a fé cristã nestes países de maioria muçulmana cria muitos problemas de discriminação, inclusive em termos de trabalho, o que faz com que, na prática, os cristãos sejam considerados cidadãos de segunda classe.
A situação dos cristãos é também péssima nos territórios palestinos, onde os cristãos nativos, nascidos na terra onde nasceu também Jesus, correm o risco de desaparecer por completo.
Nesta parte do mundo, os cristãos são objeto de todo tipo de pressões, intimidações e ameaças, a ponto de alguns fundamentalistas sustentarem a tese de que o Oriente deva ser exclusivamente muçulmano e de que os cristãos deveriam migrar para o Ocidente. Os cristãos da Terra Santa estão sendo pressionados a abandonar a terra de Cristo e refugiarem-se no Ocidente.
No Egito, a perseguição é ainda mais violenta. O país hospeda a organização fundamentalista conhecida como a Fraternidade Muçulmana, que precede à Al-Qaeda. A Fraternidade Muçulmana representa o extremismo islâmico no Egito. Suas posições e atos de violência foram amplamente denunciados por Gamal Abdel Nasser nos anos cinquenta.
A Fraternidade está por detrás do assassinato do presidente Anwar El Sadat, e, nos últimos anos, conseguiu obter um peso significativo na política através das eleições. Por este motivo, o governo egípcio tem dificuldade em combater os grupos extremistas. Esta postura de complacência acaba por estimular atos de violência contra os cristãos egípcios.
O fato é que os atos de violência contra os cristãos egípcios são frequentes. A polícia, que é composta basicamente por muçulmanos, não interfere de modo adequado, e o governo não toma medidas concretas para interromper as perseguições.
Ocorre que, quando cristãos são assassinados, as mulheres cristãs devem fazer uso do véu islâmico para não serem incomodadas, e por vezes as viúvas são forçadas a casarem-se com muçulmanos.
No Iraque, os cristãos, que outrora gozavam de proteção, estão sendo hoje massacrados todos os dias, e as autoridades não interferem.
É verdade que este país vive uma situação de plena emergência, mas a proteção aos cristãos que vivem no norte não está entre as prioridades. Os cristãos têm sido alvo de assassinatos e seqüestros. O projeto é claro: pretendem escurraçá-los do Oriente, uma vez que, aos olhos dos extremistas, constituiriam aliados da América cristã que conduz sua “cruzada” no Iraque. O cenário dos extremistas é sempre o mesmo: um Oriente muçulmano e um Ocidente cristão.
Da mesma forma, no Paquistão, a recente aprovação da “lei contra a blasfêmia”, na prática autoriza a violação de direitos humanos.
Na Argélia, as motivações dos grupos fundamentalistas são semelhantes aos do Egito. A atitude do governo com relação aos extremistas está circunscrita à política de reconciliação nacional, implementada após o fim da guerra civil que castigou o país entre 1993 e 2000.
Para não confrontar os partidos islâmicos, o governo hesita em reagir às perseguições anti-cristãs.
Na África subsaariana, a Nigéria esta constantemente nas primeiras páginas dos jornais pelos massacres perpetrados contra cristãos. Há casos de igrejas incendiadas durante a missa com os fiéis dentro.
Registram-se ataques contra cristãos também no Sudão.
O objetivo do meu livro não é, de forma alguma, promover qualquer forma de islamofobia, mas sim de defender os direitos humanos contra o terrorismo, seja qual for sua origem.
Na Índia os cristãos são perseguidos por fundamentalistas hindus. Centenas de cristãos foram mortos na província de Orissa, e a ação das autoridades foi débil e inadequada. No Sri Lanka, os cristãos estão sendo massacrados por radicais budistas.
É um fato que, a partir do 11 de setembro, observou-se um aumento no número de atos anti-cristãos por todo o mundo. O extremismo, de todas as proveniências, foram encorajados por estes eventos.
- Seja nos países de maioria muçulmana, sejam os antigos regimes comunistas, seja o fundamentalismo de outras religiões... todos perseguem os cristãos. Por quê?
- Guitton: Naturalmente, os assassinatos e massacres são eventos inaceitáveis. As motivações dos anti-cristãos são um terreno fértil, no qual se propagam doutrinas falsas e perigosas, principalmente a da imagem de um Oriente muçulmano e um Ocidente cristão. Esquece-se que, na verdade, o cristianismo nasceu no Oriente, e que os cristãos do Oriente são nativos de países nos quais o cristianismo precedeu aos Islã em sete séculos.
A cristianofobia tem origem em preconceitos embasados na ignorância e leva a todo o tipo de violência. Para responder a estas tendências, é necessário fomentar a educação e o diálogo, e fazer uso da pressão econômica para por fim às discriminações.
- Pode parecer paradoxal, mas há uma forma de cristofobia também nos países onde se desenvolveu a civilização cristã. Poderia citar alguns exemplos e explicar por que isto ocorre?
- Guitton: Aquilo que poderíamos chamar de “Cristofobia” ocidental está ligado ao conceito de laicismo.
O princípio da laicidade não deve ser entendido como a negação da religião; ao contrário, é a legitimação da prática de todas as religiões, sem qualquer interferência por parte do Estado.
A deturpação deste conceito produziu o “laicismo fundamentalista”, que gera fenômenos de cristofobia e outras formas de desrespeito às práticas religiosas.
- O que podemos fazer para promover o direito à liberdade religiosa e como a comunidade internacional deve se mobilizar para proteger as vítimas e evitar a propagação do fundamentalismo e da intolerância?
- Guitton: A solução justa é difícil de alcançar. Pressões políticas e econômicas poderiam ser exercidas por instituições como a União Europeia. Por exemplo, a Turquia manifestou seu desejo de ingressar à UE; esta poderia requerer, visando harmonizar as legislações, que a Turquia revogasse a lei que exige a menção à religião nos documentos de identidade.
Por meio da UNESCO, pode-se intervir em áreas como a educação e a assitência, especialmente em regiões pobres, como a Palestina.
Serão necessários também auxílios econômicos, como ocorre hoje com o novo governo Iraquiano e com os líderes do Hamas em Gaza, que necessitam urgentemente de fundos para a reconstrução.
As organizações não-governamentais (ONGs) podem atuar de maneira discreta, assim como, naturalmente, a Santa Sé. Uma das medidas prioritárias é conceder vistos para os cristãos iraquianos que se refugiam na Europa. Diversos países da União Europeia têm agido neste sentido, mas alguns lideres cristãos do Iraque sustentam que esta política vai de encontro aos interesses daqueles que gostariam de ver o Oriente Médio livre de cristãos.
“Ajudem-nos a permanecer, não a partir”, gritam desesperados os cristãos iraquianos. É importante entender a urgência deste apelo. É preciso agir - e agir rapidamente.
- Quais são os motivos que o levaram a escrever este livro, e quais são suas expectativas?
- Guitton: Escrevi este livro porque fiquei chocado com os testemunhos que coletei. Em meu trabalho, viajo frequentemente para a África, Oriente Médio e Extremo Oriente, e percebo que, ao longo dos últimos anos, a situação é de crescente preocupação.
A situação de discriminação e perseguição torna-se ainda mais odiosa dado o silêncio do Ocidente.
Por demasiadas vezes, os meios de comunicação se calam diante destas injustiças. Preferimos lembrar apenas dos ataques contra minorias ocorridos em nosso próprio país.
Não há dúvida que qualquer ato de discriminação contra muçulmanos ou judeus é inaceitável, mas é também inaceitável discriminar as vítimas. Não pode haver vítimas das quais falamos e outras sobre as quais nos calamos.
Assim, qualquer ação de discriminação me causa revolta, e em particular, os atos anticristãos.
O silêncio pode ser culpável, como aliás já foi observado em outras ocasiões na Europa, especialmente após a conferência de Mônaco de 1938.
Fonte: www.zenit.org
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Nota de www.rainhamaria.com.br
Diz na Sagrada Escritura:"Então sereis entregues aos tormentos, matar-vos-ão e sereis por minha causa objeto de ódio para todas as nações". (Mt 24,9)
"Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada?" (Rm 8,35)
"Pois todos os que quiserem viver piedosamente, em Jesus Cristo, terão de sofrer a perseguição". (2Tm 3,12)
"Porque então a tribulação será tão grande como nunca foi vista, desde o começo do mundo até o presente, nem jamais será". (Mt 24,21)
Grandes Heresias
Por: Gercione Lima
Desde o princípio da Cristandade, a Igreja sempre se confrontou e combateu os falsos ensinamentos ou heresias.
Hoje em dia basta darmos uma olhada no catálogo telefônico para encontrarmos em qualquer cidade do mundo, uma denominação religiosa que nos diga exatamente aquilo que queremos ouvir. Algumas ensinam que Jesus não é Deus, ou que Ele é a única pessoa da Trindade, ou que existem muitos deuses (três dos quais são o Pai, o Filho e o Espírito Santo) ou que nós podemos nos tornar ´deuses´, ou que uma pessoa uma vez salva, jamais poderá perder sua salvação, ou que não existe inferno, ou que o homossexualismo é apenas mais uma expressão da sexualidade humana, portanto um estilo de vida aceitável para um cristão, ou qualquer outro tipo de ensinamento.
A Bíblia nos advertiu que isso ocorreria. O Apóstolo Paulo avisou ao seu aluno Timóteo: ´Porque virá o tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas suas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas´.(2Tim. 4,3´4).
» O QUE É HERESIA?
Antes de darmos uma olhada nas grandes heresias da história da Igreja, cumpre´nos dar algumas palavras sobre a natureza da heresia. Isso é muito importante já que o termo em si carrega um forte peso emocional e frequentemente é mal utilizado. Heresia não significa o mesmo que incredulidade, cisma, apostasia ou qualquer outro pecado contra a fé. O Catecismo da Igreja Católica define a heresia do seguinte modo:
´Incredulidade é negligenciar uma verdade revelada ou a voluntária recusa em dar assentimento de fé a uma verdade revelada. Heresia é a negação após o batismo de algumas verdades que devem ser acreditadas com fé divina e Católica, ou igualmente uma obstinada dúvida com relação às mesmas; apostasia é o total repúdio da fé cristã; cisma é o ato de recusar´se a submeter´se ao Romano Pontífice ou à comunhão com os membros da Igreja sujeitos a ele´ (CCC 2089).
Para ser culpado de heresia, uma pessoa deve estar obstinada (incorrigível) no erro. Uma pessoa que está aberta à correção ou que simplesmente não tem consciência de que o que ela está dizendo é contrário ao ensinamento da Igreja, não pode ser considerada como herética.
A dúvida ou negação envolvida na heresia deve ser pós´batismal. Para ser acusado de heresia, uma pessoa deve ser antes de tudo um batizado. Isso significa que aqueles movimentos que surgiram da divisão do Cristianismo ou que foram influenciados por ele, mas que não administram o batismo ou que não batizam validamente, não podem ser considerados heresias mas apenas religiões separadas (exemplos incluem Muçulmanos que não possuem batismos e Testemunhas de Jeová que não batizam validamente).
E, finalmente, a dúvida ou negação envolvidos na heresia devem estar relacionados a uma matéria que deve ser crida com ´fé Católica e divina´ ´ em outras palavras, alguma coisa que tenha sido definida solenemente pela Igreja como verdade divinamente revelada (por exemplo, a Santíssima Trindade, a Encarnação, a Presença Real de Cristo na Eucaristia, o Sacrifício da Missa, a Infalibilidade Papal, a Imaculada Conceição e Assunção de Nossa Senhora).
É especialmente importante saber distinguir heresia de cisma e apostasia. No cisma, uma pessoa ou grupo se separa da Igreja Católica sem repudiar nenhuma doutrina definida. Já na apostasia, uma pessoa repudia totalmente a fé cristã e não mais se considera cristã.
· É interessante notar como, de uma forma ou outra, a imensa maioria destas heresias permanece...
Esclarecidas as diferenças, vamos dar uma conferida nas maiores heresias da história da Igreja e quando elas começaram:
» Os Judaizantes (Séc. I)
A heresia Judaizante pode ser resumida pelas seguintes palavras dos Atos dos Apóstolos 15,1: ´Alguns homens, descendo da Judéia, puseram´se a ensinar aos irmãos o seguinte: ´Se não vos circuncidais segundo o rito de Moisés, não podeis ser salvos´´.
Muitos dos primeiros Cristãos eram Judeus, e esses trouxeram para a Fé cristã muitas de suas práticas e observâncias judaicas. Eles reconheciam em Jesus Cristo o Messias anunciado pelos profetas e o cumprimento do Antigo Testamento, mas uma vez que a circuncisão era obrigatória no Antigo Testamento para a participação na Aliança com Deus, muitos pensavam que ela era também necessária para a participação na Nova Aliança que Cristo veio inaugurar. Portanto eles acreditavam que era necessário ser circuncidado e guardar os preceitos mosaicos para se tornar um verdadeiro cristão. Em outras palavras, uma pessoa deveria se tornar judeu para poder se tornar cristão.
· Uma forma ´light´ desta heresia é a dos Adventistas de Sétimo Dia e outras seitas sabatistas.
» Gnosticismo (Sécs. I e II)
´A matéria é má!´ ´ Esse é o lema dos Gnósticos. Essa foi uma idéia que eles ´tomaram emprestado´ de alguns filósofos gregos e isso vai contra o ensinamento Católico, não apenas porque contradiz Gênesis 1,31: ´Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom´, bem como outras partes da Sagrada Escritura, mas porque nega a própria Encarnação. Se a matéria é má, então Jesus não poderia ser verdadeiro Deus e verdadeiro homem, pois em Cristo não existe nada que seja mau. Assim muitos gnósticos negavam a Encarnação alegando que Cristo apenas ´parecia´ como homem, mas essa sua humanidade era apenas ilusória.
Alguns Gnósticos, reconhecendo que o Antigo Testamento ensina que Deus criou a matéria, alegavam que o Deus dos Judeus era uma divindade maligna bem diferente do Deus de Jesus Cristo, do Novo Testamento. Eles também propunham a crença em muitos seres divinos, conhecidos como ´aeons´ que servem de mediadores entre o homem e um inatingível Deus. O mais baixo de todos esses ´aeons´ que estava em contato direto com os homens teria sido Jesus Cristo.
· Esta heresia permanece de maneira quase igual na chamada ´Nova Era´. Em outras formas, aliás, ela não deixa de ser a heresia de base de muitas outras, como o protestantismo (com sua negação dos Sacramentos e da Maternidade Divina da Santíssima Virgem, decorrentes de uma visão gnóstica segundo a qual a religião verdadeira é puramente espiritual: Igreja invisível, sem meios visíveis de transmissão de graça etc.).
» Montanismo (final do Séc. II)
Montanus iniciou inocentemente sua carreira pregando um retorno à penitência e ao fervor. Todavia ele alegava que seus ensinamentos estavam acima dos ensinamentos da Igreja porque ele era diretamente inspirado pelo Espírito Santo. Logo, logo ele começou a ensinar sobre uma eminente volta de Cristo em sua cidade natal na Frígia. Seu movimento enfatizava sobretudo a continuidade dos dons extraordinários como falar em línguas e profecias.
· Montano afirmava que a Igreja não tinha capacidade de perdoar pecados mortais. Esta heresia, de uma certa forma, está presente em muitas seitas atuais, cuja rigidez de costumes traz esta idéia no fundo. Um exemplo seria a ´Assembléia de Deus´, ou até a seita suicida africana.
» Sabelianismo (Princípio do Séc. III)
Os Sabelianistas ensinavam que Jesus Cristo e Deus Pai não eram pessoas distintas, mas simplesmente dois aspectos ou operações de uma única pessoa. De acordo com eles, as três pessoas da Trindade existem apenas em referência ao relacionamento de Deus com o homem, mas não como uma realidade objetiva.
· Esta visão também está presente em muitos movimentos ´ecumênicos´ protestantes atuais, especialmente entre as seitas mais antigas. Nosso Senhor para eles dissolve´se em uma vaga ´divindade´.
» Arianismo (Séc. IV)
Uma das maiores heresias que a Igreja teve que confrontar foi o Arianismo. Arius ensinava que Cristo não era Deus e sim uma criatura feita por Deus. Ao disfarçar sua heresia usando uma terminologia ortodoxa ou semi´ortodoxa, ele foi capaz de semear grande confusão na Igreja, conquistando o apoio de muitos Bispos e a rejeição de alguns. O Arianismo foi solenemente condenado no ano 325 pelo Primeiro Concílio de Nicéia, o qual definiu a divindade de Cristo e no ano 381 pelo Primeiro Concílio de Constantinopla, o qual definiu a divindade do Espírito Santo. Esses dois Concílios deram origem ao Credo Niceno que os Católicos recitam nas Missas Dominicais.
· Os ´Testemunhas de Jeová´ têm esta crença, assim como os Unitarianos.
» Pelagianismo (Séc. V)
Pelagius, um monge gaulês deu início a essa heresia que carrega seu nome. Ele negava que nós herdamos o pecado de Adão e alegava que nos tornamos pessoalmente pecadores apenas porque nascemos em solidariedade com uma comunidade pecadora a qual nos dá maus exemplos. Da mesma forma, ele negava que herdamos a santidade ou justiça como resultado da morte de Cristo na cruz e dizia que nos tornamos pessoalmente justos através da instrução e imitação da comunidade cristã, seguindo o exemplo de Cristo.
Pelagius declarava que o homem nasce moralmente neutro e pode chegar ao céu por seus próprios esforços. De acordo com ele, a graça de Deus não é verdadeiramente necessária, mas apenas facilita uma difícil tarefa.
· É uma visão que ainda hoje encontramos na Teologia da Libertação, por exemplo: o que importa é o esforço do homem, a graça de Deus é bem vinda mas não é necessária, etc. É por isso que os TL dão tanto valor à ´auto´estima´, nome chique para o pecado do Orgulho: para eles é importante amar A SI sobre todas as coisas, pois a salvação (ou a utopia socialista, no caso...) viria apenas através do esforço do homem.
» Nestorianismo (Séc. V)
Essa heresia sobre a pessoa de Cristo foi iniciada por Nestorius, bispo de Constantinopla que negava a Maria o título de Theotokos (literalmente ´Mãe de Deus´). Nestorius alegava que Maria deu origem apenas à pessoa humana de Cristo em seu útero e chegou a propor como alternativa o título Christotokos (´Mãe de Cristo´).
Os teólogos Católicos ortodoxos imediatamente reconheceram que a teoria de Nestorius dividia Cristo em duas pessoas distintas (uma humana e outra divina, unidos por uma espécie de ´elo perdido´), sendo que apenas uma estava no útero de Maria. A Igreja reagiu no ano 431 com o Concílio de Éfeso, definindo que Maria realmente é Mãe de Deus, não no sentido de que ela seja anterior a Deus ou seja a fonte de Deus, mas no sentido de que a Pessoa que ela carregou em seu útero era de fato o Deus Encarnado.
· Creio que todo mundo já identificou o protestantismo pentecostal neste heresia, não? Bom, isso na verdade é, no protestantismo, apenas uma maneira a mais de menosprezar a Encarnação. Note´se que S. João escreveu seu Evangelho em resposta aos gnósticos, e fez questão de comecá´lo pela Encarnação. Isto ocorre porque a base gnóstica do protestantismo (e tbm, de uma certa maneira, do nestorianismo) recusa´se a admitir que Nosso Senhor tenha realmente assumido a nossa natureza. É por isso, por exemplo, que Lutero afirmava que o pecado do homem não é jamais apagado, mas apenas encoberto por Deus. Para ele, Nosso Senhor mentiria, afirmando que o homem não tem pecado, para que ele entre no Céu. É mais fácil para um gnóstico crer em um deus que minta que em um Deus que se faz verdadeiramente homem, com mãe e tudo.
» Monofisismo (Séc. V)
O Monofisismo originou´se como uma reação ao Nestorianismo. Os monofisistas (liderados por um homem chamado Eutyches) ficaram horrorizados pela implicação Nestoriana de que Cristo era duas pessoas com duas diferentes naturezas (divina e humana). Então eles partiram para o outro extremo alegando que Cristo era uma pessoa com uma só natureza (uma fusão de elementos divinos e humanos). Portanto eles passaram a ser reconhecidos como Monofisistas devido à sua alegação de que Cristo possuía apenas uma natureza (Grego: mono= um; physis= natureza).
Os teólogos Católicos ortodoxos imediatamente reconheceram que o Monofisismo era tão pernicioso quanto o Nestorianismo porque esse negava tanto a completa humanidade como a completa divindade de Cristo. Se Cristo não possuia a natureza humana em sua plenitude então Ele não poderia ser verdadeiramente homem e se Ele não possuía a natureza divina em plenitude, então Ele também não era verdadeiramente Deus.
· Esta heresia persiste em alguns círculos católicos bem´intencionados, mas errados, que subestimam a importância da natureza humana de Cristo.
» Iconoclastas (Sécs. VII e VIII)
Essa heresia surgiu quando um grupo de pessoas conhecidos como iconoclastas (literalmente, destruidores de ícones) apareceu. Esses alegavam que era pecaminoso fazer estátuas ou pinturas de Cristo e dos Santos apesar de exemplos bíblicos que provam que Deus mandou que se fizesse estátuas religiosas (por exemplo, em Ex 25,18´20 e 1Cr 28,18´19), inclusive representações simbólicas de Cristo (Num 21,8´9 e Jo 3,14).
· Tem um em cada esquina hoje em dia...
» Catarismo (Séc. XI)
O Catarismo foi uma complicada mistura de religiões não´Católicas trabalhadas com uma terminologia Cristã. O Catarismo se dividia em muitas seitas diferentes que tinham em comum apenas o ensinamento de que o mundo tinha sido criado por uma divindade má (portanto toda matéria é má) e que por isso devemos adorar apenas a divindade do bem.
Os Albigenses formavam uma das maiores seitas Cátaras. Eles ensinavam que o espírito foi criado por Deus e que por isso era bom, enquanto o corpo teria sido criado pelo Mal, portanto o espírito deveria ser libertado do corpo. Ter filhos era considerado pelos albigenses um dos maiores males já que isso era o mesmo que aprisionar um outro ´espírito´ na carne. Obviamente o casamento era proibido, embora a fornicação fosse permitida. Tremendos jejuns e severas mortificações eram paticadas e seus líderes adotavam uma vida de voluntária pobreza.
· Alguns aspectos da gnose cátara hoje são parte integrante da mentalidade geral em nossa sociedade: o horror à concepção, o amor à fornicação (infelizmente há católicos que aderem a esta mentalidade e praticam sem as necessárias razões graves a abstinência periódica de relações conjugais nos dias férteis)...
» Protestantismo (Séc. XVI)
Os grupos Protestantes se dividem em uma ampla variedade de diferentes doutrinas. Todavia, virtualmente todos alegam acreditar no princípio da Sola Scriptura (´apenas a Escritura´ ´ idéia que defende o uso apenas da Bíblia ao formular sua teologia) e Sola Fide (´apenas pela Fé ´ a idéia de que somos justificados somente pela Fé). Apesar disso, existe pouca concordância sobre o que essas duas doutrinas´chave realmente significam. Por exemplo, Lutero acreditava que a fé salvífica é expressa pelo batismo, pelo qual, segundo ele, uma pessoa renasce e seus pecados são perdoados, ao passo que muitos Fundamentalistas alegam ser essa uma falsa pregação e que o batismo é meramente um símbolo.
A grande diversidade de doutrinas Protestantes advêm da doutrina do julgamento privado, a qual nega a infalível autoridade da Igreja e alega que cada indivíduo pode interpretar a Escritura por si próprio. Essa idéia é rejeitada pela própria Bíblia em 2Ped 1,20, que nos dá a primeira regra para a interpretação bíblica: ´Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal´. Uma significante tática dessa heresia é a tentativa de confrontar a Igreja com a Bíblia, negando que o magistério possua qualquer autoridade infalível para ensinar ou interpretar as Escrituras.
A doutrina do julgamento privado resultou em um enorme número de diferentes denominações. De acordo com o The Christian Sourcebook, existiam aproximadamente 21,000 denominações em 1986, com 270 novas se formando a cada ano. Virtualmente todas elas são Protestantes.
» Jansenismo (Séc. XVII)
Jansenius, bispo de Yvres, França deu início a essa heresia num jornal em que ele escreveu sobre Santo Agostinho, no qual ele redefinia a doutrina sobre a graça. Entre outras doutrinas, seus seguidores negavam que Cristo morreu pela salvação de todos os homens, alegando que Ele havia morrido apenas por aqueles que serão finalmente salvos (ou seja, os eleitos). Este e outros erros Jansenistas foram oficialmente condenados pelo Papa Inocêncio X em 1653.
· O jansenismo, infelizmente, é hoje encontrado em muitos meios ditos ´tradicionalistas´. Este debate é frequentemente provocado pelas objeções que muitos fazem à má tradução do Cânon Romano, que traz ´por todos´ (e não ´para muitos´) como tradução de ´pro multis´. Esta tradução está errada como tradução, mas não é teologicamente errada, pois afirma ser o Sacrifício de Cristo suficiente para todos. Os neo´jansenistas, porém, afirmam que teologicamente também está errada.
» Modernismo (Séc. XX)
Os modernistas ensinam, essencialmente, que o homem é incapaz de compreender a realidade e que as ´verdades´ são meramente idéias relativas. Para o modernista não existem verdades absolutas. As doutrinas que foram infalivelmente definidas pela Igreja podem portanto serem mudadas com os tempos, ou rejeitadas ou reinterpretadas para se adaptarem às modernas preferências.
O Modernismo está entre as mais sérias heresias porque permite a uma pessoa rejeitar qualquer doutrina que foi definida, inclusive aquelas mais cêntricas como a divindade e ressurreição de Cristo. Essa heresia permite a reintrodução de todos os erros das heresias anteriores, bem como novos ensinamentos falsos que os antigos heréticos jamais imaginaram.
O Modernismo é especialmente grave porque ele frequentemente advoga suas crenças usando uma terminologia aproximadamente ortodoxa. O erro é frequentemente expresso através de uma nova interpretação simbólica, por exemplo: Cristo não ressuscitou fisicamente dos mortos, mas a história de sua ressurreição produz uma importante verdade. Uma das táticas mais comuns usadas pela maioria dos modernistas é insistir na premissa de que eles estão dando a interpretação ortodoxa das verdades do Catolicismo.
· Da última vez que estive lá, o ninho desta espécie ficava na lista ´católicos´ da Summer. :)
As heresias sempre nos acompanharam desde o início da Igreja até os nossos tempos atuais. Geralmente elas sempre tiveram início por membros da hierarquia da Igreja, mas eram combatidas e corrigidas pelos Concílios e Papas. Felizmente temos a promessa de Cristo de que as heresias jamais prevalecerão contra a Igreja: ´Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela´ (Mat 16,18), pois a Igreja é verdadeiramente, nas palavras do Apóstolo Paulo, ´coluna e sustentáculo da verdade´ (1Tim 3,15).
A UNIPERSONALIDADE DE JESUS
Ficou provado que Jesus Cristo possui duas naturezas, a divina e a humana. No entanto, embora tenha duas naturezas, Ele não possui duas personalidades ou Pessoas, sendo uma Pessoa divina e outra humana, mas uma só e apenas uma. Jesus Cristo é uma só Pessoa em duas naturezas distintas, porém unidas.
Eis as heresias sobre Jesus Cristo surgidas ao longo dos séculos:
Ebionismo
Docetismo
Cerintianismo
Monarquismo Sabeliano
Arianismo
Apolinarianismo
Nestorianismo
Eutiquianismo (Monofisismo)
Monotelismo
Adocianismo
Socinianismo
Liberalismo
Unitarianismo
Neo´ortodoxismo
Liberalismo Contemporâneo
Fonte: http://www.cleofas.com.br/virtual/texto.php?doc=PERGUNTA_RESPOSTA&id=prs0707
Na Carta aos católicos da Irlanda sobre os abusos sexuais de menores o Papa reafirma a linha da transparência e da firmeza
Vídeo em espanhol com a apresentação da Carta Pastoral feita pelo Pe. Federico Lombardi
Conforme anunciado nos dias passados, foi publicado, neste sábado, pela Sala de Imprensa da Santa Sé a Carta Pastoral de Bento XVI aos católicos na Irlanda sobre os abusos sexuais de menores, um documento assinado pelo Papa nesta sexta feira solenidade litúrgica de São José.
É com grande preocupação que vos escrevo como Pastor da Igreja universal. Como vós, fiquei profundamente perturbado com as notícias dadas sobre o abuso de crianças e jovens vulneráveis da parte de membros da Igreja na Irlanda, sobretudo de sacerdotes e religiosos. Não posso deixar de partilhar o pavor e a sensação de traição que muitos de vós experimentastes ao tomar conhecimento destes actos pecaminosos e criminais e do modo como as autoridades da Igreja na Irlanda os enfrentaram. É com estas palavras que inicia a carta de Bento XVI que recomenda uma serie de iniciativas concretas para enfrentar a situação dos abusos sexuais, entre elas recomendações de oração e o envio de missões apostólicas.
Medidas em parte já concordadas durante o recente encontro com os bispos irlandeses e agora indicadas neste documento juntamente com a recomendação mais geral de respeitar daqui em diante as leis do estado e as leis canónicas.
O Santo Padre pede aos católicos irlandeses que a Quaresma deste ano seja considerada tempo de oração para uma efusão da misericórdia de Deus e dos dons de santidade e de força do Espírito Santo sobre a Igreja do seu país. Convida depois todos os fiéis a dedicarem as suas penitencias da sexta-feira, durante um ano inteiro, a partir de agora e até á Páscoa de 2011, para esta finalidade. Peço-vos – acrescenta – que ofereceis o vosso jejum, a vossa oração, a vossa leitura da Sagrada Escritura e as vossas obras de misericórdia para obter a graça da cura e da renovação para a Igreja na Irlanda.
Bento XVI convida os fiéis irlandeses a redescobrir o sacramento da reconciliação e a reservar uma particular atenção à Adoração Eucarística à qual as dioceses deverão reservar igrejas ou capelas especificamente para esta finalidade.
Com oração fervorosa diante da presença real do Senhor, - escreve o Papa - podeis fazer a reparação pelos pecados de abuso que causaram tantos danos, e ao mesmo tempo implorar a graça de uma renovada força e de um sentido da missão mais profundo por parte de todos os bispos, sacerdotes, religiosos e fiéis.
Tenho esperança em que este programa levará a um renascimento da Igreja na Irlanda na plenitude da própria verdade de Deus, porque é a verdade que nos torna livres.
O Santo Padre anuncia depois uma Visita Apostólica a algumas dioceses da Irlanda, assim como a seminários e congregações religiosas, e uma Missão a nível nacional para todos os bispos, sacerdotes e religiosos, com a esperança de que, aurindo da competência de peritos pregadores e organizadores de retiros quer da Irlanda como de outras partes, e reexaminando os documentos conciliares, os ritos litúrgicos da ordenação e da profissão e os recentes ensinamentos pontifícios, alcanceis um apreço mais profundo das vossas respectivas vocações.
(Fonte: site Radio Vaticana)
Publicada por JPR em Sábado, Março 20, 2010
PERSEGUIÇÃO CONTRA A IGREJA?
Por Pe. Francisco Faus
Fonte: http://padrefaus.googlepages.com
Uma mudança sorrateira de todos os valores morais
Nestes últimos tempos, os católicos estamos assistindo com dor a uma progressão geométrica dos ataques, injúrias e calúnias da mídia contra a Igreja Católica e contra o Papa.
A seguir, transcrevo parte do texto de uma palestra dada a seminaristas em 2004 (está neste site com o título "Globalização, religiões e Igreja"), que talvez possa esclarecer - pelo menos em parte - o por que dessa companha atual contra o Catolicismo.
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Até há uns vinte ou trinta anos, a ONU e os organismos internacionais só se referiam à religião para falar do respeito devido ao princípio de liberdade religiosa, que figura como um dos "direitos fundamentais" na Declaração dos Direitos Humanos de 1948. De uns decênios para cá, este ângulo está mudando substancialmente, e a religião passa a ser vista como uma "preocupação", um "perigo", tanto pela a ONU como pelos organismos a ela ligados e, naturalmente, pela mídia laicista.
É interessante conhecer, neste sentido, a conferência – lúcida e “profética”– pronunciada há quase dez anos pelo Pe. Michel Schooyans, membro da Pontifícia Academia das Ciências Sociais e Consultor do Pontifício Conselho para a Família, como parte de um Colóquio sobre a Globalização, promovido no Vaticano pelo Pontifício Conselho para a Família, de 27 a 29 de novembro de 2000. Um resumo da conferência foi publicado no n. 469 (Junho 2001), págs. 277 a 286, da revista Pergunte e Responderemos (www.osb.org.br).
O autor denuncia a ONU pelo seu projeto de globalização, que pretende chegar a instaurar, num futuro próximo, um Super-Estado com seu governo mundial e suas leis. Estas leis, ao invés de seguirem os princípios da lei natural (com os quais se identifica a Declaração dos Direitos Humanos promulgada pela ONU em 1948), se baseariam exclusivamente na vontade dos legisladores, no simples e mero consenso, sem nenhum princípio moral básico inviolável, que possa servir de fundamento, orientação ou limite.
Além do mais, esse Super-Estado teria direito de ingerência em cada nação do mundo, fazendo de tudo para impor as suas novas "normas éticas", pelo sistema de forçar os Estados – alegando exigências e praxe do direito internacional: mediante sanções, ou exercendo coação com ameaças comerciais, etc.– a assinar acordos, a subscrever declarações de princípios, a aceitar "Cartas de princípios" diversas, que sacramentem esses novos "valores", totalmente independentes da moral.
"A globalização – diz o Pe. Schooyans, expondo essa nova posição da ONU – deve ser reinterpretada à luz de uma nova visão do mundo e do lugar do homem no mundo". Essa nova visão apresenta uma perspectiva totalmente materialista do ser humano, que seria apenas "um avatar da evolução da matéria" [o que significa que fica eliminada a aceitação de um Deus Criador, que tenha querido e criado o homem, que lhe tenha dado um sentido e uma finalidade, uma missão na terra, e uma Lei pela qual se guiar para um destino eterno]; a vida humana não passaria de uma conjunção cega de acasos da matéria, que veio a se tornar consciente de si mesma e da sua caducidade, pois seria apenas destinada a "desaparecer na Mãe-Terra, de onde nasceu". [prestem atenção: "Terra"="Gaia": uma palavra-chave da nova visão do “pseudodeus-energia” da New Age]
Expressão deste pensamento dos que manipulam os cordéis da ONU e de seus organismos é a Carta da Terra, que a ONU vem preparando há tempo (pode ser achada na Internet, digitando apenas o nome), com o intuito de que suplante a antiga Declaração dos Direitos do Homem e jogue no cesto do lixo, como obsoleto, o próprio Decálogo, os Dez Mandamentos: "Formaremos – afirmam – uma sociedade global para cuidarmos da Terra e cuidarmos uns dos outros... Precisamos com urgência de uma visão compartilhada a respeito dos valores de base".
Gravem bem que hoje essas pessoas estão mudando radicalmente o sentido das palavras "valor moral" : nenhum "valor" é considerado permanente. "Valor" só significaria aquilo que "a maioria valoriza" (vejam a passagem de algo objetivo – um valor ou princípio permanentemente válido – para o puro subjetivismo do que "agora" a maioria deseja, e por isso lhe dá "valor"). Se o novo valor for a maconha, será a maconha; se for o aborto, o aborto; se for o casamento homossexual, o casamento homossexual, etc; e, então, será um "contra-valor" condenável tudo o que se oponha à mentalidade dominante em certo momento histórico. Por exemplo, será um crime "moral" intolerável valorizar a família, se os novos "valores" a desprezam e a substituem pelas uniões mais bizarras. Querem criar, pois, chegando a um acordo de interesses, novos "valores de base, que – como dizem – ofereçam um fundamento ético (!) à comunidade mundial emergente...".
O “obstáculo” principal é a Igreja Católica
Comenta ainda Schooyans que, para alcançar essa visão holística [totalitária] do globalismo, alguns "obstáculos" devem ser aplainados. "As religiões em geral, em primeiro lugar a religião católica, figuram entre os obstáculos que se devem neutralizar".
Com esse objetivo, em setembro de 2000 foi organizada a Cúpula de líderes espirituais e religiosos, a fim de lançar a "Iniciativa Unida das Religiões", fortemente influenciada pela New Age, e que visa, em último termo, a criação de uma nova religião mundial única, o que implicaria imediatamente na proibição de que qualquer outra religião fosse missionária, fizesse proselitismo. Poucos sabem que foi por ocasião dessa reunião que a Congregação para a Doutrina da Fé publicou a Instrução Dominus Iesus, em defesa da fé em Jesus Cristo e na Igreja. E é significativo que os mesmos "teólogos" que aderiram há anos de corpo e alma ao marxismo, quando o comunismo estava na crista da onda, agora estejam aderindo à New Age e a toda essa mentalidade de pseudo-ecumenismo nebuloso e sem verdades permanentes, criticando asperamente o Papa por ter publicado esse documento “católico”.
Ainda em 2000, Khofi Annan, então Secretário Geral da ONU, propugnava um Pacto Mundial ("Global Compact"), que angariaria o apoio moral e financeiro de entidades privadas (já o recebeu da Shell, CNN, Bill Gates, etc.). Tudo isso se encaminha a desativar e substituir a Declaração dos Direitos Humanos de 1948. Em 1948 desejava-se que a ordem mundial se fundasse sobre verdades, sobre princípios indiscutíveis, reconhecidos por todos e promovidos pelas legislações dos Estados (na realidade, eram os princípios básicos imutáveis da lei natural); agora – como já víamos – só se fala em valores absolutamente relativos e dominados pelo egoísmo de um mundo agnóstico e relativista, cujo único “deus” é o interesse e o prazer.
Segundo essa nova visão da ONU, "o homem – comenta Schooyans – , por ser pura matéria, é definitivamente incapaz de dizer seja lá o que for de verdadeiro sobre ele mesmo ou sobre o sentido da vida. Fica, assim, reduzido ao agnosticismo de princípios, ao ceticismo e ao relativismo moral. Os porquês não tem sentido; só importam os como".
O que "se pode fazer" em matéria ética ("posso", "não posso"), sempre significou o que era lícito ou ilícito, correto ou errado, perante a lei de Deus, perante os princípios morais intocáveis; agora, pelo contrário, quer dizer "o que se pode fazer tecnicamente" (p.e., clonar, manipular embriões humanos para obter soluções para terceiros, abortar filhos que exigiriam sacrifício dos pais, etc.), ou seja, que “se podem fazer" as maiores aberrações, porque "já há técnica" para tanto, bastando para canonizar essas aberrações que se consiga o consenso dos que manipulam, como proprietários – pelo poder da mídia predominantemente laicista e anticatólica, da política e, sobretudo, do dinheiro –, os organismos internacionais e a opinião pública.
Uma falsa Moral criada por interesses e votações
Dentro dessa visão hedonista e materialista, é natural que se propugne que, de agora em diante, os direitos do homem sejam apenas o resultado de procedimentos consensuais [votação]. Não sendo capazes de verdade alguma, pois a “verdade” não existiria, devemos apenas entrar em acordos de interesses e decidir. Será justo, portanto, o que for aprovado por maioria. Esses procedimentos consensuais serão, naturalmente, mutáveis, poderão ser trocados e redefinidos ilimitadamente. Os defensores dessa posição, como é lógico, preferem ignorar que o ditador Hitler assumiu o poder e nele foi mantido em virtude desse tipo de votação da maioria.
Com tais “valores dançantes e evaporáveis”, daqui em diante qualquer coisa poderá ser apresentada [e imposta, até mesmo coercitivamente, como exigência do direito internacional] como "novo direito" do homem: direito a uniões sexuais as mais diversas, ao repúdio, aos lares monoparentais, à eutanásia, ao infanticídio, à eliminação dos deficientes físicos, às manipulações genéticas com fetos ou inválidos, etc. Estamos presenciando a tentativa de fazer triunfar a "vontade de poder" de Nietzsche; e parece que ninguém repara que essa multidão "neo-liberal" e "iluminista" tem um claro "precursor", eu diria, melhor, um "padroeiro": o citado Adolf Hitler.
Nas assembléias internacionais (por exemplo, sobre a família: Cairo, Pequim), os funcionários da ONU tudo fazem para chegar a um "consenso manipulado”, porque já foi definido previamente por eles nos documentos preparatórios. Uma vez conseguido esse consenso (mesmo que a votação seja, como já aconteceu mais de uma vez, “modificada”, ou seja, falsificada nos gabinetes desses organismos e ONGs), ele é invocado para fazer com que se adotem convenções internacionais, a que os Estados deverão aderir, ratificando-as, sob pena de serem mal vistos na comunidade internacional, além de sofrer as sanções de que acima falávamos. Todos, indivíduos ou Estados, deverão, pois, obedecer à norma fundamental surgida da vontade daqueles que definem e manipulam ao seu arbítrio o novo direito internacional.
Esse direito internacional meramente positivo, livre de qualquer referência à Declaração dos Direitos Humanos de 1948, será (já está sendo) o instrumento utilizado pela ONU para impor ao mundo a visão da globalização que lhe permita colocar-se como Super-Estado. É patente que, por esse caminho, já está andando, por seu lado, a União Européia. Assim, a própria ONU, como a União Européia, "entronizaria o pensamento único, holístico". Uma autêntica ditadura ideológica, que eliminaria o pluralismo e a tão badalada tolerância dos neo-liberais, e baniria da vida pública como "intolerantes" os que tivessem ou pretendessem expressar convicções diferentes dos "pseudo-valores" que eles impõem como a “verdade”. Este é o resumo, glosado, do artigo de Schooyans.
Depois disso, é mais do que recomendável que os católicos sinceros não assistam passivamente à tv, nem leiam superficialmente as notícias, artigos, editoriais e ensaios de jornais e revistas, e as opiniões de filósofos, sociólogos ou teólogos “progressistas” sobre problemas éticos de candente atualidade, ou sobre pronunciamentos do Papa a respeito dessas questões. É uma séria responsabilidade prestar mais atenção ao noticiário internacional, às referências a congressos vinculados à ONU, a algumas declarações ou documentos muito badalados de organismos internacionais, etc. Se fizermos assim, começaremos a "ver", surpreendidos, muitas coisas que antes não percebíamos, e vamos poder calibrar a carga destrutiva da fé e da moral cristã que muitas idéias ou programas aparentemente inocentes e até poéticos (p.e., sobre temas ecológicos) carregam no seu seio.
A coragem e a fidelidade do Magistério autêntico da Igreja
À vista dessa realidade, ganha especial relevo o esforço, lúcido e corajoso, de João Paulo II e Bento XVI por defender, aprofundar e expor com a máxima clareza as verdades da fé e da moral cristã – bem como os princípios da lei natural, válidos para todas as religiões e todos os povos –, ainda que com isso suscitem uma onda de críticas, mal-entendidos, ódios e hostilidades nos ambientes laicistas e, às vezes, infelizmente, também em certos ambientes eclesiásticos.
Mas o Papa, o Sucessor de Pedro, não pode fechar os olhos para uma propaganda destruidora da dignidade do ser humano. Os males do relativismo e do subjetivismo, a serviço do hedonismo, já passaram a dominar amplos setores da opinião pública e até mesmo amplos setores da opinião de grupos ou ambientes católicos, causando assim grave desorientação e dano moral e espiritual muito sério em numerosos fiéis sem formação alguma, ou, pelo menos, sem formação sólida.
Por isso, é um dever grave dos católicos conscientes e responsáveis procurar – para viver e difundir – os fundamentos e as respostas às questões morais contemporâneas nas fontes da Verdade, e concretamente:
a) Na Sagrada Escritura, especialmente no Novo Testamento, tendo presentes as palavras claríssimas de Cristo: "Não penseis que vim revogar a lei e os profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento" (Mt 5, 17).
Não é por acaso que, tanto o Catecismo da Igreja Católica, como a Encíclica Veritatis Splendor sobre os fundamentos da moral cristã, tomem como ponto de partida o diálogo de Cristo com o jovem rico: – "Que devo fazer de bom para alcançar a vida eterna?". E a resposta de Cristo: "...Se queres entrar na vida eterna, cumpre os mandamentos". – "Quais?" . A resposta imediata de Jesus é uma remissão aos Dez Mandamentos, válidos em toda a época e em todo o lugar – "Não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe; e ainda, amarás a teu próximo como a ti mesmo" (Mt 19, 16 ss).
Os Dez Mandamentos da lei de Deus são princípios morais eternos, permanentes e imutáveis, como Deus que os deu, como guia, ao homem.
Esse ensinamento, taxativo e básico – tomemos consciência de que é a primeira exigência moral intocável que Cristo indica (pois o cume da moral é a caridade) – , prova que as outras palavras de Cristo e dos Apóstolos sobre pecados diretamente relacionados com os Dez Mandamentos não são circunstanciais, nem relativas apenas a uma determinada cultura, ou a um ambiente histórico ultrapassado, mas verdades permanentes, que exprimem a Vontade de Deus, que é o bem e a salvação do homem.
b) Outra fonte fundamental da Verdade é o Magistério autêntico da Igreja (Quem a vós ouve, a mim ouve, disse Jesus): desde a Constituição Gaudium et spes do Concílio Vaticano II até a Encíclica de João Paulo II Veritatis Splendor, além dos textos básicos e completos que todo católico culto deveria possuir, estudar e consultar constantemente: o Catecismo da Igreja Católica e o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica. E ainda, para aprofundar nos principais temas morais atualmente em debate (aborto, eutanásia, fecundação in vitro, células-tronco, homossexualismo, etc.), há uma obra fundamental, extraordinária, de grande categoria, o volume Lexicon, do Pontifício Conselho para a Família (2002), lançado no Brasil pela CNBB por meio da Editora Salesiana.
FAUS, Pe Francisco. Apostolado Veritatis Splendor: PERSEGUIÇÃO CONTRA A IGREJA?. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/5667. Desde 01/04/2009.
12 VERDADES CONTRA OS PROTESTANTES
Por Martin Zavala
Fonte: www.defiendetufe.org
Fonte: www.defiendetufe.org
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Proteger a vida desde a concepção até a morte natural, exortou o Papa Bento XVI
VATICANO, 24 Mar. 10 / 11:32 am (ACI).- Ao finalizar a Audiência Geral desta quarta-feira, o Papa Bento XVI recordou que amanhã, dia 25 de março, se celebra a Solenidade da Anunciação do Senhor, e em muitos países o Dia da Criança por Nascer. O Santo Padre exortou a proteger a vida de toda pessoa desde a concepção até a morte natural.
Em sua saudação em polonês, o Pontífice recordou que na Polônia se celebra também a Jornada da Vida. "O mistério da encarnação descobre o valor particular e a dignidade da vida humana. Deus nos deu este dom e o santificou, quando o Filho se fez homem e nasceu de Maria", disse.
Por isso, exortou, "é necessário proteger este dom da concepção até a morte natural. Uno-me com todo o coração aos que empreendem diversas iniciativas em favor do respeito pela vida e pela promoção da nova sensibilidade social".
OS "IRMÃOS" DE JESUS: MARIA TEVE OUTROS FILHOS?
Por Cláudio Pinto
Fonte: A Barca de Jesus
O objetivo desta matéria é demonstrar que Maria que não teve outros filhos além de Jesus, tendo permanecido virgem, mesmo após o nascimento de Jesus. Para tanto, lancei mão de textos que colecionei de várias fontes, tais como os exuberantes sites do Agnus Dei e do Veritatis Splendor, além de escritos de Dom Estevão Bettencourt, debates na lista de discussão do Veritatis Splendor e algumas observações minhas.
Parte I: Textos que Comprovam que Jesus era Filho Único
1. A Bíblia só chama a Jesus de Filho de Maria
Em nenhuma passagem da Bíblia, ninguém é chamado de "filho de Maria", a não ser Jesus. E, ainda, de ninguém Maria é chamada "Mãe", a não ser de Jesus. Em Mc 6,3 é dito: "o filho de Maria" (com artigo, dando idéia de unicidade). A expressão grega implica que Ele era seu único filho. O Evangelho nunca diz "a mãe de Jesus com seus filhos", embora isso fosse natural, especialmente em Mc 3,31 e At 1,14, se ela tivesse outros filhos.
2. Maria fez Voto de Virgindade
Em Lc 1,34 Maria pergunta: "Como se fará isso, pois eu não conheço varão?".
A pergunta que Maria fez seria inadimissível em uma jovem desposada no momento em que lhe anunciavam o nascimento de um filho futuro. Esta pergunta só tem sentido se considerarmos que ela fizera voto de virgindade, uma vez que, embora estivesse desposada, ela afirma: "eu não conheço varão". O anjo, porém, não a libera do voto, mas diz que se tratará de uma conceição milagrosa.
O voto de virgindade feito por Maria é também insinuado num apócrifo: o Protoevangelho de Tiago (120 dC).
3. Jesus Entregou Maria ao Discípulo João
Era costume judeu que os filhos cuidassem da mãe. Ao morrer o irmão mais velho, caberia aos demais filhos o cuidado da mãe. Porém, Jesus pede que o discípulo João, membro de outra família, cuidasse de sua mãe (Jo 19,26-27). Não haveria necessidade de tal preocupação e tal atitude seria inadmissível se Jesus tivesse outros irmãos.
4. Aos 12 Anos, não há Indícios de Irmãos na Festa da Páscoa
Quando Jesus foi a festa da Páscoa em Jerusalém, com a idade de 12 anos (Lc 2,41-51), não se menciona a existência de outros filhos, embora toda a família tivesse peregrinado junto durante uns 15 dias. Ora, Maria e José não poderiam ter deixado em casa, por tanto tempo, filhos tão pequenos.
5. O Testemunho da Sagrada Tradição
A Sagrada Tradição da Igreja sempre ensinou a Virgindade perpétua da mãe de Nosso Senhor. Eis alguns testemunhos dos primórdios do cristianismo:
Santo Inácio de Antioquia ( Século I ): "E permaneceram ocultos ao príncipe desse mundo a virgindade de Maria e seu parto, bem como a morte do Senhor: três mistérios de clamor, realizados no silêncio de Deus" (Carta aos Efésios, PG. V, 644 ss.)
Santo Irineu (130 a 203 dC): "Era justo e necessário que Adão fosse restaurado em Cristo, e que Eva fosse restaurada em Maria, a fim de que uma virgem feita advogada de uma virgem, apagasse e abolisse por sua obediência virginal a desobediência de uma virgem". (Contra as Heresias)
Santo Atanásio (295 a 386 dC): "Jesus tomou carne da SEMPRE virgem Maria".
Dídimo (386 dC): "Nada fez Maria, que é honrada e louvada acima de todas as outras: não se relacionou com ninguém, nem jamais foi Mãe de qualquer outro filho; mas, mesmo após o nascimento do seu filho [único], ela permaneceu sempre e para sempre uma virgem imaculada". ("A Trindade 3,4")
São Jerônimo (340-420 dC): "Cristo virgem e Maria virgem consagraram os princípios da virgindade em ambos os sexos".
Santo Agostinho (354 a 430 dC): "Então, o Senhor tem irmãos? Será que Maria teve ainda outros filhos? Não! De modo algum! (...) Qual é, pois, a razão de ser da expressão "irmãos do Senhor"? Irmãos do Senhor eram os parentes de Maria". (Comentário do Evangelho de São João, X, 2)
Santo Agostinho: "Concebeu-O [a Cristo Jesus] sem concupiscência, uma Virgem; como Virgem deu-lhe à luz, Virgem permaneceu". (Sermão sobre a Ressurreição de Cristo, segundo São Marcos, PL XXXVIII, 1104-1107)
6. A Fé dos Reformadores Protestantes
Martinho Lutero:
Sobre Mt 1,25: "Destas palavras não se pode concluir que após o parto, Maria tenha tido consórcio conjugal. Não se deve crer nem dizer isso." (Obras de Lutero Ed. Weimar, Tomo 11, p.323)
No fim de sua Vida: "Virgem antes, no, e depois do parto, que está grávida e dá a luz. Este artigo da fé é milagre divino." (Sermão Natal 1540: WA 49,182)
João Calvino:
"Jesus é dito primogênito unicamente para que saibamos que Ele nasceu da Virgem" (CO 45,645)
"Certas pessoas têm desejado sugerir desta passagem [Mt 1,25] que a Virgem Maria teve outros filhos além do Filho de Deus, e que José teve relacionamento íntimo com ela depois. Mas que estupidez! O escritor do evangelho não desejava registrar o que poderia acontecer mais tarde; ele simplesmente queria deixar bem clara a obediência de José e também desejava mostrar que José tinha sido bom e verdadeiramente acreditava que Deus enviara seu anjo a Maria. Portanto, ele jamais teve relações com Maria, mas somente compartilhou de sua companhia... Além disso, N.Sr. Jesus Cristo é chamado o primogênito. Isto não é porque teria que haver um segundo ou terceiro [filho], mas porque o escritor do Evangelho está se referindo à precedência. Assim, a Escritura está falando sobre a titularidade do primogênito e não sobre a questão de ter havido qualquer segundo [filho]" (Sermão sobre Mateus, 1562).
Zvínglio:
"Creio firmemente que, segundo o Evangelho, Maria, como Virgem pura, gerou o Filho de Deus e no parto e após o parto permaneceu para sempre Virgem pura e íntegra." (Zvínglio Opera 1,424)
"Os irmãos do Senhor eram os amigos do Senhor" (ZO 1,401)
Fonte: A Barca de Jesus
O objetivo desta matéria é demonstrar que Maria que não teve outros filhos além de Jesus, tendo permanecido virgem, mesmo após o nascimento de Jesus. Para tanto, lancei mão de textos que colecionei de várias fontes, tais como os exuberantes sites do Agnus Dei e do Veritatis Splendor, além de escritos de Dom Estevão Bettencourt, debates na lista de discussão do Veritatis Splendor e algumas observações minhas.
Parte I: Textos que Comprovam que Jesus era Filho Único
1. A Bíblia só chama a Jesus de Filho de Maria
Em nenhuma passagem da Bíblia, ninguém é chamado de "filho de Maria", a não ser Jesus. E, ainda, de ninguém Maria é chamada "Mãe", a não ser de Jesus. Em Mc 6,3 é dito: "o filho de Maria" (com artigo, dando idéia de unicidade). A expressão grega implica que Ele era seu único filho. O Evangelho nunca diz "a mãe de Jesus com seus filhos", embora isso fosse natural, especialmente em Mc 3,31 e At 1,14, se ela tivesse outros filhos.
2. Maria fez Voto de Virgindade
Em Lc 1,34 Maria pergunta: "Como se fará isso, pois eu não conheço varão?".
A pergunta que Maria fez seria inadimissível em uma jovem desposada no momento em que lhe anunciavam o nascimento de um filho futuro. Esta pergunta só tem sentido se considerarmos que ela fizera voto de virgindade, uma vez que, embora estivesse desposada, ela afirma: "eu não conheço varão". O anjo, porém, não a libera do voto, mas diz que se tratará de uma conceição milagrosa.
O voto de virgindade feito por Maria é também insinuado num apócrifo: o Protoevangelho de Tiago (120 dC).
3. Jesus Entregou Maria ao Discípulo João
Era costume judeu que os filhos cuidassem da mãe. Ao morrer o irmão mais velho, caberia aos demais filhos o cuidado da mãe. Porém, Jesus pede que o discípulo João, membro de outra família, cuidasse de sua mãe (Jo 19,26-27). Não haveria necessidade de tal preocupação e tal atitude seria inadmissível se Jesus tivesse outros irmãos.
4. Aos 12 Anos, não há Indícios de Irmãos na Festa da Páscoa
Quando Jesus foi a festa da Páscoa em Jerusalém, com a idade de 12 anos (Lc 2,41-51), não se menciona a existência de outros filhos, embora toda a família tivesse peregrinado junto durante uns 15 dias. Ora, Maria e José não poderiam ter deixado em casa, por tanto tempo, filhos tão pequenos.
5. O Testemunho da Sagrada Tradição
A Sagrada Tradição da Igreja sempre ensinou a Virgindade perpétua da mãe de Nosso Senhor. Eis alguns testemunhos dos primórdios do cristianismo:
Santo Inácio de Antioquia ( Século I ): "E permaneceram ocultos ao príncipe desse mundo a virgindade de Maria e seu parto, bem como a morte do Senhor: três mistérios de clamor, realizados no silêncio de Deus" (Carta aos Efésios, PG. V, 644 ss.)
Santo Irineu (130 a 203 dC): "Era justo e necessário que Adão fosse restaurado em Cristo, e que Eva fosse restaurada em Maria, a fim de que uma virgem feita advogada de uma virgem, apagasse e abolisse por sua obediência virginal a desobediência de uma virgem". (Contra as Heresias)
Santo Atanásio (295 a 386 dC): "Jesus tomou carne da SEMPRE virgem Maria".
Dídimo (386 dC): "Nada fez Maria, que é honrada e louvada acima de todas as outras: não se relacionou com ninguém, nem jamais foi Mãe de qualquer outro filho; mas, mesmo após o nascimento do seu filho [único], ela permaneceu sempre e para sempre uma virgem imaculada". ("A Trindade 3,4")
São Jerônimo (340-420 dC): "Cristo virgem e Maria virgem consagraram os princípios da virgindade em ambos os sexos".
Santo Agostinho (354 a 430 dC): "Então, o Senhor tem irmãos? Será que Maria teve ainda outros filhos? Não! De modo algum! (...) Qual é, pois, a razão de ser da expressão "irmãos do Senhor"? Irmãos do Senhor eram os parentes de Maria". (Comentário do Evangelho de São João, X, 2)
Santo Agostinho: "Concebeu-O [a Cristo Jesus] sem concupiscência, uma Virgem; como Virgem deu-lhe à luz, Virgem permaneceu". (Sermão sobre a Ressurreição de Cristo, segundo São Marcos, PL XXXVIII, 1104-1107)
6. A Fé dos Reformadores Protestantes
Martinho Lutero:
Sobre Mt 1,25: "Destas palavras não se pode concluir que após o parto, Maria tenha tido consórcio conjugal. Não se deve crer nem dizer isso." (Obras de Lutero Ed. Weimar, Tomo 11, p.323)
No fim de sua Vida: "Virgem antes, no, e depois do parto, que está grávida e dá a luz. Este artigo da fé é milagre divino." (Sermão Natal 1540: WA 49,182)
João Calvino:
"Jesus é dito primogênito unicamente para que saibamos que Ele nasceu da Virgem" (CO 45,645)
"Certas pessoas têm desejado sugerir desta passagem [Mt 1,25] que a Virgem Maria teve outros filhos além do Filho de Deus, e que José teve relacionamento íntimo com ela depois. Mas que estupidez! O escritor do evangelho não desejava registrar o que poderia acontecer mais tarde; ele simplesmente queria deixar bem clara a obediência de José e também desejava mostrar que José tinha sido bom e verdadeiramente acreditava que Deus enviara seu anjo a Maria. Portanto, ele jamais teve relações com Maria, mas somente compartilhou de sua companhia... Além disso, N.Sr. Jesus Cristo é chamado o primogênito. Isto não é porque teria que haver um segundo ou terceiro [filho], mas porque o escritor do Evangelho está se referindo à precedência. Assim, a Escritura está falando sobre a titularidade do primogênito e não sobre a questão de ter havido qualquer segundo [filho]" (Sermão sobre Mateus, 1562).
Zvínglio:
"Creio firmemente que, segundo o Evangelho, Maria, como Virgem pura, gerou o Filho de Deus e no parto e após o parto permaneceu para sempre Virgem pura e íntegra." (Zvínglio Opera 1,424)
"Os irmãos do Senhor eram os amigos do Senhor" (ZO 1,401)
Parte II: Respondendo às Objeções Protestantes
7. Quem Seriam os "Irmãos" de Jesus?
Há vários textos no NT que mencionam os "irmãos de Jesus": Mt 12,46-50; 13,55; Mc 3,31-35; Lc 8,19-21; Jo 2,12; 7,2-10; At 1,14; Gl 1,19; 1Cor 9,5. Vejamos, por exemplo, Mc 6,3:
"Não é este o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E as suas irmãs não estão aqui entre nós?"
O que dizer?
A expressão "irmãos de Jesus" foi concebida, não em ambiente grego, mas no mundo semita, onde a língua falada era o aramaico. Ora, em aramaico (e também em hebraico), a palavra "irmãos" (se escreve "ah"), designa não somente os filhos dos mesmos pais, mas também, os primos ou até parentes mais remotos. No AT há 20 passagens que atestam o amplo significado da palavra "irmão". Vejamos alguns exemplos:
Primeiro Exemplo:
Gn 11,27: "Taré gerou Abrão, Nacor e Arã. Arã gerou Ló."
Logo, Ló é sobrinho de Abrão, como confirma Gn 12,5: "Abrão tomou sua mulher Sarai, seu sobrinho Ló, ...". Vejamos agora o que diz Gn 13,8:
"Abrão disse a Ló: Que não haja discórdia entre mim e ti, ... , pois somos IRMÃOS."
Segundo Exemplo:
1Cr 23,21-23: "Os filhos de Merari foram Moholo e Musi. Os filhos de Moholi foram Eleázaro e Cis. Eleázaro morreu sem ter filhos, mas apenas filhas. Os filhos de Cis, SEUS IRMÃOS, as tomaram por mulheres."
Ora, como Eleázaro e Cis eram verdadeiros irmãos, então os filhos de Cis não eram irmãos das filhas de Eleázaro, mas sim primos. No entanto, a Bíblia utiliza o conceito amplo da palavra "ah" para chamá-los de irmãos, embora fossem primos.
Terceiro Exemplo:
Gn 29,15: "Então Labão disse a Jacó: Por seres meu IRMÃO, irás servir-me de graça?"
Seria Labão irmão de Jacó? Não! Era seu tio. Confira:
Gn 29,10: "Logo que Jacó viu Raquel, filha de Labão, irmão de sua mãe, aproximou-se..."
Leia também: 1Cr 15,4-10.
Em conclusão, o uso dos termos "irmãos e irmãs" de Jesus, na verdade, designam simplesmente que se trata de parentes de Jesus, pois o termo hebraico "ah" (traduzido por "irmão") possui este sentido amplo. Portanto, não eram filhos de Maria, mas sim parentes de Jesus, provavelmente seus primos ou filhos do viúvo José.
8. Mas o NT foi Escrito em Grego e não em Aramaico. E aí?
Em grego existem palavras definidas para irmão (ADELPHOS) e primo (ANEPSIOS). Paulo conhecia muito bem o grego pois chegou a discursar com muita eloquência num aerópago grego. Certamente, os autores sagrados conheciam muito bem as palavras ADELPHOS e ANEPSIOS. Inclusive, Paulo chegou a usar o termo ANEPSIOS (primo) em Cl 4,10:
"Saúda-vos Aristarco, meu companheiro de prisão, e Marcos, o PRIMO de Barnabé"
E ainda: "Saudai a Herodião, meu PARENTE" (Rm 16,11)
O mesmo se pode dizer do livro de Tobias, escrito em grego: "Como este jovem é parecido com meu PRIMO" (Tb 7,2)
Portanto, se os "irmão do Senhor" fossem primos de Jesus, ao escrever o NT em grego, os autores sagrados usariam a palavra ANEPSIOS (primo), e não ADELPHOS (irmão). Porém, o NT sempre se refere aos "irmãos do Senhor" usando o termo ADELPHOS (irmão) e nunca ANEPSIOS (primo).
O que dizer?
Ocorre que os escritores sagrados quiseram preservar o sabor semítico da palavra aramaica "ah" ("irmão" para qualquer grau de parentesco próximo) ao fazer a tradução para o grego. A expressão semita "irmãos do Senhor" já era muito usual entre os cristãos (como demonstra as várias inserções no NT) e os apóstolos quiseram preservá-la, pois "ah" é diretamente traduzido para o grego por "ADELPHOS". Um contexto, portanto, bem diferente das passagens de Paulo e Tobias acima citadas, pois nestes casos Paulo e Tobias não estavam traduzindo um termo hebraico para o grego. Esta preservação do aramaico ou do sabor semita na tradução para o grego ocorre também em outras passagens do NT. Vejamos algumas:
- Pedro, em algumas passagens é chamado pelo nome CEFAS (pedra em aramaico), preservando assim o sabor semita com que os discípulos se acostumaram a chamar Pedro.
- Lc 14,26: "Se alguém vem a mim e não ODEIA seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs, sim, até a própria vida, não pode ser meu discípulos"
Teria Jesus pregado o odio? Óbvio que não! Ocorre que o aramaico não tem estruturas de comparação, tipo "amar mais" ou "amar menos". Jesus, portanto, usou o vocábulo aramaico que traz a idéia de "amar menos" (ou seja, o mesmo que é traduzido por "odiar"), e que foi traduzido para o grego mantendo o sabor semita. Lucas podia usar a estrutura grega correspondente a "amar menos", mas tal como no caso dos "irmãos do Senhor", optou por manter o sabor semita do ensinamento, embora houvesse no grego termos mais apropriados.
- São Paulo cita Ml 1,2-3: "Eu amei Jacó e ODIEI Esaú" (Rm 9,13).
Obviamente, a tradução correta seria: "Eu amei mais a Jacó do que a Esaú". Porém, Paulo mantêm o semitismo, embora o grego em que escreveu lhe proporcionasse termos mais adequados.
- Em várias passagens, São Paulo frequentemente faz uso do termo grego "dikaiosyne" não na forma estrita utilizada pelo sentido grego, mas na forma ampla do sentido hebraico de "sedaqah".
- Lucas utiliza com frequencia o aditivo "kai" ("e", em português), que reflete o aditivo hebraico "wau". Ex: Lc 5,1 "... E ele se encontrava de pé ...". A palavra "e" poderia existir no hebraico, mas não no grego, nem mesmo no aramaico. Lucas nos diz que tomou grande cuidado, conversou com testemunhas oculares e checou relatos escritos sobre Jesus. Estes relatos escritos poderiam estar em grego, hebraico ou aramaico. Estas estranhas estruturas usada por Lucas em alguns pontos parece demonstrar que ele usou, em certos momentos, documentos hebraicos e os traduziu com extremo cuidado, tão extremo a ponto de manter a estrutura hebraica no texto grego. Lucas sabia como escrever em grego culto, como demonstra certas passagens. Mas por que escreveu assim? Certamente por causa de seu extremo cuidado, para ser fiel aos textos originais que usava.
Há muitos outros lugares no NT onde devemos considerar o fundamento hebraico para obter o sentido correto do grego. Demos apenas alguns exemplos que são suficientes para mostrar como os escritores do NT escreveram em grego mantendo o sabor semita das expressões, embora o grego tivesse estruturas e vocábulos mais apropriados, tais como "primos" em lugar de "irmãos".
Em acréscimo, podemos observar que quando o AT foi traduzido para o grego (versão dos Setenta), alguns séculos antes de Cristo, o termo aramaico "ah" sempre foi traduzido para o grego ADELPHOS (irmão), mesmo quando era evidente que não se tratava de filhos da mesma mãe, mas sim de parentes próximos. Por exemplo, conforme visto acima, em Gn 13,8 "ah" deveria ser traduzido para o grego correspondente a "parentes" (tio e sobrinho), mas preservou-se o sabor semita "irmãos". Portanto, não se deve admirar o fato do hagiógrafo do NT manter o sabor semita do vocábulo "ah" referente aos parentes, pois este também foi o critério usado na tradução do AT, alguns séculos antes de Cristo nascer. O linguajar grego da Versão dos Setenta, que conservava seu fundo semita, influiu profundamente na linguagem dos escritores do NT, familiarizados que estavam com a tradução dos Setenta. E quando se traduz a Bíblia para as línguas modernas, português, inglês, etc., o termo correspondente a "irmão" também é mantido mesmo nos casos onde é evidente que não se tratam de filhos dos mesmos pais, mas sim de parentes.
9. Mas o Profético Salmo 68 Afirma: "os filhos de sua mãe"!
O Salmo 68 é um salmo profético, pois o versículo 10 é aplicado à Jesus pelos discípulos em Jo 2,17: "O zelo pela tua casa me consumiu". Dessa forma, se o versículo 10 foi aplicado a Jesus, muitos sugerem que o versículo 9 também deve ser aplicado, pois está adjacente ao versículo 10. Vejamos o que diz o versículo 9:
"Tornei-me um estranho para meus irmãos, um desconhecido para os filhos de minha mãe."
Observe: "para os filhos de minha mãe"! Daí muitos concluem que Maria teve outros filhos além de Jesus.
O que dizer?
Ocorre, porém, que dado um contexto que contenha um versículo profético, se é verdade que todos os versículos deste contexto sejam todos igualmente proféticos, então o versículo 6 deste Salmo também deveria ser profético e aplicado a Jesus, pois pertence ao mesmo contexto dos versículos 9 e 10. Mas o que diz o versículo 6 ?
"Vós conheceis, ó Deus, a minha insipiência, e minhas faltas não vos são ocultas." (Sl 68,6)
No salmo 68, o sujeito dos versículos 9 e 10 é o mesmo sujeito do versículo 6. Se o versículo 9 deve ser aplicado a Jesus porque o versículo 10 foi, então o versículo 6 também teria que ser, pois pertencem ao mesmo contexto. Mas o versículo 6 é a confissão de um sujeito insipiente e pecador. Porém, o NT nos garante que Jesus jamais cometeu um pecado (Jo 8,46; Hb 4,15; 1Pd 2,22; Is 53,9; 1Jo 3,5). Logo, concluímos que se um versículo do At for aplicável a Jesus (ou a alguém ou a algum fato do NT) não significa que todo os versículos adjacentes a ele (ou todo o contexto onde ele está inserido), também sejam obrigatoriamente proféticos e igualmente aplicáveis. No caso citado, o versículo 10 é aplicado a Jesus, mas os versículos 6 e 9, não.
Em acréscimo, observe o versículo 22 deste mesmo salmo. Ele também é profético e aplicado a Jesus (Mt 27,34; Jo 19,29). Igualmente os versículos 23, 24 e 26 são todos proféticos. Porém, enquanto o 23 e 24 são aplicado a Israel (Rm 11,9s), o versículo 26 é aplicado a Judas (At 1,20). Isto também comprova que os versículos são aplicados a sujeitos distintos sem qualquer vínculo com o contexto onde se encontra. E ainda, neste mesmo contexto, observe como os versículos 25, 28 e 29 destoam profundamente de Lc 23,34. Novamente observamos que não é porque alguns versículos são proféticos e aplicáveis ao NT que todos os versículos adjacentes o devem ser. Portanto, o versículo do Sl 68,9 não garante que Maria tenha tido outros filhos.
7. Quem Seriam os "Irmãos" de Jesus?
Há vários textos no NT que mencionam os "irmãos de Jesus": Mt 12,46-50; 13,55; Mc 3,31-35; Lc 8,19-21; Jo 2,12; 7,2-10; At 1,14; Gl 1,19; 1Cor 9,5. Vejamos, por exemplo, Mc 6,3:
"Não é este o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E as suas irmãs não estão aqui entre nós?"
O que dizer?
A expressão "irmãos de Jesus" foi concebida, não em ambiente grego, mas no mundo semita, onde a língua falada era o aramaico. Ora, em aramaico (e também em hebraico), a palavra "irmãos" (se escreve "ah"), designa não somente os filhos dos mesmos pais, mas também, os primos ou até parentes mais remotos. No AT há 20 passagens que atestam o amplo significado da palavra "irmão". Vejamos alguns exemplos:
Primeiro Exemplo:
Gn 11,27: "Taré gerou Abrão, Nacor e Arã. Arã gerou Ló."
Logo, Ló é sobrinho de Abrão, como confirma Gn 12,5: "Abrão tomou sua mulher Sarai, seu sobrinho Ló, ...". Vejamos agora o que diz Gn 13,8:
"Abrão disse a Ló: Que não haja discórdia entre mim e ti, ... , pois somos IRMÃOS."
Segundo Exemplo:
1Cr 23,21-23: "Os filhos de Merari foram Moholo e Musi. Os filhos de Moholi foram Eleázaro e Cis. Eleázaro morreu sem ter filhos, mas apenas filhas. Os filhos de Cis, SEUS IRMÃOS, as tomaram por mulheres."
Ora, como Eleázaro e Cis eram verdadeiros irmãos, então os filhos de Cis não eram irmãos das filhas de Eleázaro, mas sim primos. No entanto, a Bíblia utiliza o conceito amplo da palavra "ah" para chamá-los de irmãos, embora fossem primos.
Terceiro Exemplo:
Gn 29,15: "Então Labão disse a Jacó: Por seres meu IRMÃO, irás servir-me de graça?"
Seria Labão irmão de Jacó? Não! Era seu tio. Confira:
Gn 29,10: "Logo que Jacó viu Raquel, filha de Labão, irmão de sua mãe, aproximou-se..."
Leia também: 1Cr 15,4-10.
Em conclusão, o uso dos termos "irmãos e irmãs" de Jesus, na verdade, designam simplesmente que se trata de parentes de Jesus, pois o termo hebraico "ah" (traduzido por "irmão") possui este sentido amplo. Portanto, não eram filhos de Maria, mas sim parentes de Jesus, provavelmente seus primos ou filhos do viúvo José.
8. Mas o NT foi Escrito em Grego e não em Aramaico. E aí?
Em grego existem palavras definidas para irmão (ADELPHOS) e primo (ANEPSIOS). Paulo conhecia muito bem o grego pois chegou a discursar com muita eloquência num aerópago grego. Certamente, os autores sagrados conheciam muito bem as palavras ADELPHOS e ANEPSIOS. Inclusive, Paulo chegou a usar o termo ANEPSIOS (primo) em Cl 4,10:
"Saúda-vos Aristarco, meu companheiro de prisão, e Marcos, o PRIMO de Barnabé"
E ainda: "Saudai a Herodião, meu PARENTE" (Rm 16,11)
O mesmo se pode dizer do livro de Tobias, escrito em grego: "Como este jovem é parecido com meu PRIMO" (Tb 7,2)
Portanto, se os "irmão do Senhor" fossem primos de Jesus, ao escrever o NT em grego, os autores sagrados usariam a palavra ANEPSIOS (primo), e não ADELPHOS (irmão). Porém, o NT sempre se refere aos "irmãos do Senhor" usando o termo ADELPHOS (irmão) e nunca ANEPSIOS (primo).
O que dizer?
Ocorre que os escritores sagrados quiseram preservar o sabor semítico da palavra aramaica "ah" ("irmão" para qualquer grau de parentesco próximo) ao fazer a tradução para o grego. A expressão semita "irmãos do Senhor" já era muito usual entre os cristãos (como demonstra as várias inserções no NT) e os apóstolos quiseram preservá-la, pois "ah" é diretamente traduzido para o grego por "ADELPHOS". Um contexto, portanto, bem diferente das passagens de Paulo e Tobias acima citadas, pois nestes casos Paulo e Tobias não estavam traduzindo um termo hebraico para o grego. Esta preservação do aramaico ou do sabor semita na tradução para o grego ocorre também em outras passagens do NT. Vejamos algumas:
- Pedro, em algumas passagens é chamado pelo nome CEFAS (pedra em aramaico), preservando assim o sabor semita com que os discípulos se acostumaram a chamar Pedro.
- Lc 14,26: "Se alguém vem a mim e não ODEIA seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs, sim, até a própria vida, não pode ser meu discípulos"
Teria Jesus pregado o odio? Óbvio que não! Ocorre que o aramaico não tem estruturas de comparação, tipo "amar mais" ou "amar menos". Jesus, portanto, usou o vocábulo aramaico que traz a idéia de "amar menos" (ou seja, o mesmo que é traduzido por "odiar"), e que foi traduzido para o grego mantendo o sabor semita. Lucas podia usar a estrutura grega correspondente a "amar menos", mas tal como no caso dos "irmãos do Senhor", optou por manter o sabor semita do ensinamento, embora houvesse no grego termos mais apropriados.
- São Paulo cita Ml 1,2-3: "Eu amei Jacó e ODIEI Esaú" (Rm 9,13).
Obviamente, a tradução correta seria: "Eu amei mais a Jacó do que a Esaú". Porém, Paulo mantêm o semitismo, embora o grego em que escreveu lhe proporcionasse termos mais adequados.
- Em várias passagens, São Paulo frequentemente faz uso do termo grego "dikaiosyne" não na forma estrita utilizada pelo sentido grego, mas na forma ampla do sentido hebraico de "sedaqah".
- Lucas utiliza com frequencia o aditivo "kai" ("e", em português), que reflete o aditivo hebraico "wau". Ex: Lc 5,1 "... E ele se encontrava de pé ...". A palavra "e" poderia existir no hebraico, mas não no grego, nem mesmo no aramaico. Lucas nos diz que tomou grande cuidado, conversou com testemunhas oculares e checou relatos escritos sobre Jesus. Estes relatos escritos poderiam estar em grego, hebraico ou aramaico. Estas estranhas estruturas usada por Lucas em alguns pontos parece demonstrar que ele usou, em certos momentos, documentos hebraicos e os traduziu com extremo cuidado, tão extremo a ponto de manter a estrutura hebraica no texto grego. Lucas sabia como escrever em grego culto, como demonstra certas passagens. Mas por que escreveu assim? Certamente por causa de seu extremo cuidado, para ser fiel aos textos originais que usava.
Há muitos outros lugares no NT onde devemos considerar o fundamento hebraico para obter o sentido correto do grego. Demos apenas alguns exemplos que são suficientes para mostrar como os escritores do NT escreveram em grego mantendo o sabor semita das expressões, embora o grego tivesse estruturas e vocábulos mais apropriados, tais como "primos" em lugar de "irmãos".
Em acréscimo, podemos observar que quando o AT foi traduzido para o grego (versão dos Setenta), alguns séculos antes de Cristo, o termo aramaico "ah" sempre foi traduzido para o grego ADELPHOS (irmão), mesmo quando era evidente que não se tratava de filhos da mesma mãe, mas sim de parentes próximos. Por exemplo, conforme visto acima, em Gn 13,8 "ah" deveria ser traduzido para o grego correspondente a "parentes" (tio e sobrinho), mas preservou-se o sabor semita "irmãos". Portanto, não se deve admirar o fato do hagiógrafo do NT manter o sabor semita do vocábulo "ah" referente aos parentes, pois este também foi o critério usado na tradução do AT, alguns séculos antes de Cristo nascer. O linguajar grego da Versão dos Setenta, que conservava seu fundo semita, influiu profundamente na linguagem dos escritores do NT, familiarizados que estavam com a tradução dos Setenta. E quando se traduz a Bíblia para as línguas modernas, português, inglês, etc., o termo correspondente a "irmão" também é mantido mesmo nos casos onde é evidente que não se tratam de filhos dos mesmos pais, mas sim de parentes.
9. Mas o Profético Salmo 68 Afirma: "os filhos de sua mãe"!
O Salmo 68 é um salmo profético, pois o versículo 10 é aplicado à Jesus pelos discípulos em Jo 2,17: "O zelo pela tua casa me consumiu". Dessa forma, se o versículo 10 foi aplicado a Jesus, muitos sugerem que o versículo 9 também deve ser aplicado, pois está adjacente ao versículo 10. Vejamos o que diz o versículo 9:
"Tornei-me um estranho para meus irmãos, um desconhecido para os filhos de minha mãe."
Observe: "para os filhos de minha mãe"! Daí muitos concluem que Maria teve outros filhos além de Jesus.
O que dizer?
Ocorre, porém, que dado um contexto que contenha um versículo profético, se é verdade que todos os versículos deste contexto sejam todos igualmente proféticos, então o versículo 6 deste Salmo também deveria ser profético e aplicado a Jesus, pois pertence ao mesmo contexto dos versículos 9 e 10. Mas o que diz o versículo 6 ?
"Vós conheceis, ó Deus, a minha insipiência, e minhas faltas não vos são ocultas." (Sl 68,6)
No salmo 68, o sujeito dos versículos 9 e 10 é o mesmo sujeito do versículo 6. Se o versículo 9 deve ser aplicado a Jesus porque o versículo 10 foi, então o versículo 6 também teria que ser, pois pertencem ao mesmo contexto. Mas o versículo 6 é a confissão de um sujeito insipiente e pecador. Porém, o NT nos garante que Jesus jamais cometeu um pecado (Jo 8,46; Hb 4,15; 1Pd 2,22; Is 53,9; 1Jo 3,5). Logo, concluímos que se um versículo do At for aplicável a Jesus (ou a alguém ou a algum fato do NT) não significa que todo os versículos adjacentes a ele (ou todo o contexto onde ele está inserido), também sejam obrigatoriamente proféticos e igualmente aplicáveis. No caso citado, o versículo 10 é aplicado a Jesus, mas os versículos 6 e 9, não.
Em acréscimo, observe o versículo 22 deste mesmo salmo. Ele também é profético e aplicado a Jesus (Mt 27,34; Jo 19,29). Igualmente os versículos 23, 24 e 26 são todos proféticos. Porém, enquanto o 23 e 24 são aplicado a Israel (Rm 11,9s), o versículo 26 é aplicado a Judas (At 1,20). Isto também comprova que os versículos são aplicados a sujeitos distintos sem qualquer vínculo com o contexto onde se encontra. E ainda, neste mesmo contexto, observe como os versículos 25, 28 e 29 destoam profundamente de Lc 23,34. Novamente observamos que não é porque alguns versículos são proféticos e aplicáveis ao NT que todos os versículos adjacentes o devem ser. Portanto, o versículo do Sl 68,9 não garante que Maria tenha tido outros filhos.
Parte III: Ainda Respondendo às Objeções Protestantes
10. A Bíblia diz: "Até que..." (Mt 1,25)
"José não conheceu Maria (= não teve relações com Maria) ATÉ QUE ela desse à luz um filho (Jesus)".
Significa isto que, depois de ter dado à luz a Jesus, Maria teve relações conjugais com José?
Não necessariamente. A expressão "até que" corresponde ao grego "heos hou" e ao hebraico "ad ki". Esta partícula designa apenas o que se deu (ou não se deu) no passado, sem indicação do que havia de acontecer no futuro. Ou seja, a passagem quer afirmar que Jesus nasceu sem que José e Maria tivessem relações. O termo grego "heos hou" ("até que") nada insinua se depois que Jesus nasceu houve ou não relação entre Maria e José, mas simplesmente relata algo que ocorreu no passado, no caso, Mateus quis relatar o fato extraordinário de que Jesus nasceu estando sua mãe virgem. Vejamos diversos casos semelhantes:
2Sm 6,23: "Micol, filha de Saul, não teve filhos ATÉ a morte." Não significa que, após morrer, tenha tido filhos.
Sl 109,1: Deus Pai convida o Messias a sentar-se à sua direita ATÉ QUE Ele faça dos seus inimigos o escabêlo dos seus pés. Isto não significa que, após vencidos os inimigos, o Messias deixará de se assentar à direita do Pai.
Gn 28,15: "Diz o Senhor a Jacó: Não te abandonarei ATÉ QUE eu tenha realizado o que te prometi." Certamente Deus não abandonou Jacó depois de cumprir as suas promessas.
Dt 34,6: Moisés foi enterrado "e ATÉ hoje ninguém sabe onde se encontra sua sepultura". Isto era verdade no dia em que o autor do Deuteronômio relatou o fato; e continua sendo verdade ainda hoje.
1Tm 4,13: O Apóstolo pede para que Timóteo se devote à leitura, exortação e ensinamento "ATÉ eu (Paulo) chegar". Isso não quer dizer que Timóteo deveria parar de fazer tais coisas após a chegada de Paulo.
Mt 13,33: "O reino dos céus é semelhante ao fermento, que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que [heos hou] tudo esteja levedado." Isso não quer dizer que depois que levedou ja não havia mais 3 medidas de farinha.
Mt 26,36: "Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto [heos hou] vou além orar." Observe que Jesus ordena para que os discípulos esperem sentados. Isto não significa que, ao retornar da oração, eles deveriam novamente se levantar. Não! Quando Jesus voltasse, eles poderiam permanecer sentados conversando, ou irem durmir ou se levantarem. Observe como o HEOS HOU nada nos informa sobre o estado futuro.
Lc 24,49: "E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que [heos hou] do alto sejais revestidos de poder." Quer dizer que, após Pentecostes, todos os apóstolos saíram de Jerusalém? De modo algum. Observe como HEOS HOU refere-se apenas ao passado, sem nada indicar sobre o futuro. A ordem de Jesus era para que antes de Pentecostes não saíssem de Jerusalém de modo algum. Depois, pouco lhe importa se permaneceriam ou se sairiam dali.
Alguns protestantes, porém, ainda contra-argumentam afirmando que no período entre 100 AC e 100 DC (época em que o NT foi escrito), a partícula "até que" (HEOS HOU, em grego) não era usada sem fazer referências ao futuro. Este argumento também é falso. Podemos citar, por exemplo, um escrito da época citada que diz:
"E Aseneth foi deixada com as sete virgens, e continuou a ser oprimida e a chorar ATÉ (HEOS HOU) o sol se pôr. E não comeu pão nem bebeu água. E a noite veio, e todos da casa dormiram, e somente ela estava acordada, continuando a se desesperar e a chorar."
Fonte: História "Joseph e Aneseth" de C. Burchard, que pode ser encontrada em Old Testament Pseudepigrapha. Vol. 2, Expansions of the Old Testament and Legends, Wisdom and Philosophical Literature, Prayers, Psalms, and Odes, Fragments of Lost Judeo-Hellenistic Works, ed. James H.Charlesworth, p. 215. New York: Doubleday, 1985.
Notamos pelo contexto que Aneseth chorou até o pôr do sol, mas que ela continuou a chorar pela noite. Eis um caso clássico, da época de Cristo, onde "heos hou" não implica em mudança de ação futura, pois o próprio contexto não dá margem a qualquer outra possibilidade. Portanto, ou "heos hou" termina o ato, ou o continua. Neste exemplo ele certamente não terminou o ato, senão é fato que Aneseth deveria ter parado de chorar, e não continuado, depois que o sol se pôs.
Todos esses exemplos são casos em que se faz referência ao passado, sem referências do futuro. Essa locução era frequente entre os semitas e foi usada em Mt 1,25. A tradução mais clara deste versículo seria "Sem que José tivesse tido relações com Maria, ela deu à luz um filho".
11. Se Jesus era o Primogênito, então foi o Primeiro de outros Filhos
Lc 2,7: "Maria deu à luz o seu filho primogênito"
Literalmente, "primogênito" é o primeiro filho, independente de haver ou não um segundo filho. Em hebrico "bekor" (primogênito) podia designar simplesmente "o bem-amado", pois o primogênito é certamente aquele dos filhos no qual durante certo tempo se concentra todo o amor dos pais. Além disto, os hebreus julgavam o primogênito como alvo de especial amor de Deus, pois devia ser consagrado ao Senhor (Lc 2,22; Ex 13,2; 34,19).
A palavra "primogênito" podia mesmo ser sinônima de "unigênito" (único filho), pois um e outro vocábulos na mentalidade semita designam "o bem-amado". Veja, por exemplo, Zc 12,10:
"Quanto àquele que transpassaram, irão chorá-lo como se chora um filho unigênito; irão chorá-lo amargamente como se chora um primogênito"
Da mesma forma, Maquir que é o único filho de Manassés é chamado de "primogênito" em Jos 17,1. A descendência de Manassés é descrita em Nm 26,29-34.
Observe como "primogênito" refere-se apenas a condição do primeiro filho, sem nada afirmar sobre outros filhos:
Ex 13,2: "Consagra-me todo primogênito, todo o que abre o útero materno entre os filhos de Israel. Homem ou animal será meu."
Ex 34,19: "Todo o que sair por primeiro do seio materno será meu: Todo macho, todo primogênito das tuas ovelhas e do teu gado."
Lc 2,23: "Todo macho que abre o útero será consagrado ao Senhor"
Numa inscrição sepulcral judaica datada de 5 AC e descoberta em Tell-el-Yedouhieh (Egito), em 1922, lê-se que uma jovem chamada Arsinoé MORREU "nas dores do parto do seu filho primogênito". Ora, se ela morreu, então não teve outros filhos além do filho dito "primogênito". E mais ainda: no apócrifo "Antiguidades Bíblicas", a filha de Jefté (Jz 11,29-39) ora é dita primogênita (primeira filha), ora é dita unigênita (única filha). Portanto, embora fosse a única filha, também era chamada de primogênita.
E para confirmar definitivamente que o primogênito não necessariamente têm outros irmãos, São Jerônimo apresenta Lc 2,22-24 que diz:
"Concluídos os dias da sua purificação, de acordo com a lei de Moisés, eles o levaram a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor [como está prescrito na lei do Senhor, todo macho que abre o útero deve ser consagrado ao Senhor] e para oferecer em sacrifício de acordo com o que é prescrito na lei do Senhor, um par de rolinhas ou duas pombas novas"
Como não havia tempo suficiente, até o dia da sua purificação, para Maria conceber novamente, é certo que Jesus foi consagrado ao Senhor (lei da primogenitura) antes de ter qualquer irmão. Ora, se o primogênito fosse restrito àqueles que possuem irmãos, ninguém estaria sujeito a lei da primogenitura, enquanto não nascesse seu irmão. Mas visto que, o primeiro filho (que ainda não tem irmãos mais novos), poucos dias depois de nascer já é sujeito à lei da primogênitura, deduzimos que é chamado primogênito aquele que abre o útero da mãe e que não foi precedido por ninguém, e não aquele cujo nascimento foi seguido por outro de irmão mais novo.
Vimos, portanto, que o primeiro filho homem será consagrado a Deus. Este é o primogênito. Mesmo que não seja o primeiro filho, mas se for o primeiro filho homem, ele é o primogênito. E, se for o único filho, ele também é o primogênito porque foi o primeiro e único. Enfim, o termo "primogênito" possui o mesmo modo de falar de Mt 1,25: "primogênito" vem a ser apenas o filho antes do qual não houve outro, não necessariamente aquele após o qual houve outros.
12. Se Maria fez voto de virgindade, como pode ter desposado José?
Santo Agostinho explica:
"O que tornou a virgindade de Maria tão santa e agradável a Deus não foi porque a concepção de Cristo a preservou, impedindo que sua virgindade fosse violada por um esposo, mas porque antes mesmo de conceber ela já a tinha dedicado a Deus e merecido, assim, ser escolhida, para trazer Cristo ao mundo.
É o que indicam as palavras de Maria em resposta ao anjo que lhe anunciava a maternidade: "Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?" (Lc 1,34). Por certo, ela não teria falado assim, se não houvesse consagrado anteriormente sua virgindade a Deus. Mas como esse voto ainda não tinha entrado nos costumes dos judeus, ela fora dada em casamento a um varão justo o qual, longe de lhe tirar o que ela já havia consagrado a Deus, seria ao contrário o seu fiel guardião. Ainda que ela apenas tivesse dito: "Como é que vai ser isso", sem acrescentar: "se eu não conheço homem algum", não ignorava que, como mulher, não precisaria perguntar como daria à luz esse filho prometido, no caso de estar casada para ter filhos.
Poderia também ter recebido uma ordem do céu de permanecer virgem, a fim de que o Filho de Deus tomasse nela a forma de escravo por algum grande milagre. Mas por estar destinada a servir de modelo às futuras virgens consagradas, era preciso não deixar parecer que unicamente ela deveria ser virgem, ela que merecera conceber fora do leito nupcial.
Assim, consagrou sua virgindade a Deus, enquanto ainda ignorava de quem havia sido chamada a ser mãe. Desse modo, ela ensinava, às outras, a possibilidade de imitação da vida do céu, em um corpo terrestre e mortal, em virtude de um voto e não de um preceito, e realizando-o por opção toda de amor, não por necessidade de obedecer. Cristo, assim, nascendo de uma virgem que, antes mesmo de saber de quem seria mãe, já tinha resolvido permanecer virgem, esse Cristo preferiu aprovar a santa virgindade a impô-la. Dessa maneira, mesmo na mulher da qual haveria de receber a forma de servo, ele quis que a virgindade fosse o efeito da vontade livre." (A Santa Virgindade - Santo Agostinho)
Vejamos, agora, o que nos diz o Papa João Paulo II:
"No momento da anunciação, Maria encontra-se então na situação de noiva. Podemos perguntar-nos porque ela tinha aceito o noivado, dado que havia feito o propósito de permanecer virgem para sempre. (...) Pode-se supor que entre José e Maria, no momento do noivado, houvesse um entendimento sobre o projeto de vida virginal.
De resto, o Espírito Santo, que tinha inspirado Maria à escolha da virgindade em vista do mistério da Encarnação, e queria que esta acontecesse num contexto familiar idôneo ao crescimento do Menino, pôde suscitar também em José o ideal da virgindade." (João Paulo II - Catequese - 17 a 24/08/1996)
Em acréscimo, lembro também que na cultura judaica uma mulher sem marido não era bem vista (veja, por exemplo, 1Cor 7,36). Desposando de José, homem justo, Maria não passaria por tal constrangimento e ainda cumpriria o voto de virgindade. Uma segunda observação, é que quando o Papa fala no ideal de virgindade de José, este ideal pode ter sido suscitado após sua viuvez, uma vez que existem relatos de que José teria tido filhos em seu primeiro casamento.
PINTO, Cláudio. Apostolado Veritatis Splendor: OS "IRMÃOS" DE JESUS: MARIA TEVE OUTROS FILHOS?. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/4852. Desde 07/03/2008.
10. A Bíblia diz: "Até que..." (Mt 1,25)
"José não conheceu Maria (= não teve relações com Maria) ATÉ QUE ela desse à luz um filho (Jesus)".
Significa isto que, depois de ter dado à luz a Jesus, Maria teve relações conjugais com José?
Não necessariamente. A expressão "até que" corresponde ao grego "heos hou" e ao hebraico "ad ki". Esta partícula designa apenas o que se deu (ou não se deu) no passado, sem indicação do que havia de acontecer no futuro. Ou seja, a passagem quer afirmar que Jesus nasceu sem que José e Maria tivessem relações. O termo grego "heos hou" ("até que") nada insinua se depois que Jesus nasceu houve ou não relação entre Maria e José, mas simplesmente relata algo que ocorreu no passado, no caso, Mateus quis relatar o fato extraordinário de que Jesus nasceu estando sua mãe virgem. Vejamos diversos casos semelhantes:
2Sm 6,23: "Micol, filha de Saul, não teve filhos ATÉ a morte." Não significa que, após morrer, tenha tido filhos.
Sl 109,1: Deus Pai convida o Messias a sentar-se à sua direita ATÉ QUE Ele faça dos seus inimigos o escabêlo dos seus pés. Isto não significa que, após vencidos os inimigos, o Messias deixará de se assentar à direita do Pai.
Gn 28,15: "Diz o Senhor a Jacó: Não te abandonarei ATÉ QUE eu tenha realizado o que te prometi." Certamente Deus não abandonou Jacó depois de cumprir as suas promessas.
Dt 34,6: Moisés foi enterrado "e ATÉ hoje ninguém sabe onde se encontra sua sepultura". Isto era verdade no dia em que o autor do Deuteronômio relatou o fato; e continua sendo verdade ainda hoje.
1Tm 4,13: O Apóstolo pede para que Timóteo se devote à leitura, exortação e ensinamento "ATÉ eu (Paulo) chegar". Isso não quer dizer que Timóteo deveria parar de fazer tais coisas após a chegada de Paulo.
Mt 13,33: "O reino dos céus é semelhante ao fermento, que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que [heos hou] tudo esteja levedado." Isso não quer dizer que depois que levedou ja não havia mais 3 medidas de farinha.
Mt 26,36: "Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto [heos hou] vou além orar." Observe que Jesus ordena para que os discípulos esperem sentados. Isto não significa que, ao retornar da oração, eles deveriam novamente se levantar. Não! Quando Jesus voltasse, eles poderiam permanecer sentados conversando, ou irem durmir ou se levantarem. Observe como o HEOS HOU nada nos informa sobre o estado futuro.
Lc 24,49: "E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que [heos hou] do alto sejais revestidos de poder." Quer dizer que, após Pentecostes, todos os apóstolos saíram de Jerusalém? De modo algum. Observe como HEOS HOU refere-se apenas ao passado, sem nada indicar sobre o futuro. A ordem de Jesus era para que antes de Pentecostes não saíssem de Jerusalém de modo algum. Depois, pouco lhe importa se permaneceriam ou se sairiam dali.
Alguns protestantes, porém, ainda contra-argumentam afirmando que no período entre 100 AC e 100 DC (época em que o NT foi escrito), a partícula "até que" (HEOS HOU, em grego) não era usada sem fazer referências ao futuro. Este argumento também é falso. Podemos citar, por exemplo, um escrito da época citada que diz:
"E Aseneth foi deixada com as sete virgens, e continuou a ser oprimida e a chorar ATÉ (HEOS HOU) o sol se pôr. E não comeu pão nem bebeu água. E a noite veio, e todos da casa dormiram, e somente ela estava acordada, continuando a se desesperar e a chorar."
Fonte: História "Joseph e Aneseth" de C. Burchard, que pode ser encontrada em Old Testament Pseudepigrapha. Vol. 2, Expansions of the Old Testament and Legends, Wisdom and Philosophical Literature, Prayers, Psalms, and Odes, Fragments of Lost Judeo-Hellenistic Works, ed. James H.Charlesworth, p. 215. New York: Doubleday, 1985.
Notamos pelo contexto que Aneseth chorou até o pôr do sol, mas que ela continuou a chorar pela noite. Eis um caso clássico, da época de Cristo, onde "heos hou" não implica em mudança de ação futura, pois o próprio contexto não dá margem a qualquer outra possibilidade. Portanto, ou "heos hou" termina o ato, ou o continua. Neste exemplo ele certamente não terminou o ato, senão é fato que Aneseth deveria ter parado de chorar, e não continuado, depois que o sol se pôs.
Todos esses exemplos são casos em que se faz referência ao passado, sem referências do futuro. Essa locução era frequente entre os semitas e foi usada em Mt 1,25. A tradução mais clara deste versículo seria "Sem que José tivesse tido relações com Maria, ela deu à luz um filho".
11. Se Jesus era o Primogênito, então foi o Primeiro de outros Filhos
Lc 2,7: "Maria deu à luz o seu filho primogênito"
Literalmente, "primogênito" é o primeiro filho, independente de haver ou não um segundo filho. Em hebrico "bekor" (primogênito) podia designar simplesmente "o bem-amado", pois o primogênito é certamente aquele dos filhos no qual durante certo tempo se concentra todo o amor dos pais. Além disto, os hebreus julgavam o primogênito como alvo de especial amor de Deus, pois devia ser consagrado ao Senhor (Lc 2,22; Ex 13,2; 34,19).
A palavra "primogênito" podia mesmo ser sinônima de "unigênito" (único filho), pois um e outro vocábulos na mentalidade semita designam "o bem-amado". Veja, por exemplo, Zc 12,10:
"Quanto àquele que transpassaram, irão chorá-lo como se chora um filho unigênito; irão chorá-lo amargamente como se chora um primogênito"
Da mesma forma, Maquir que é o único filho de Manassés é chamado de "primogênito" em Jos 17,1. A descendência de Manassés é descrita em Nm 26,29-34.
Observe como "primogênito" refere-se apenas a condição do primeiro filho, sem nada afirmar sobre outros filhos:
Ex 13,2: "Consagra-me todo primogênito, todo o que abre o útero materno entre os filhos de Israel. Homem ou animal será meu."
Ex 34,19: "Todo o que sair por primeiro do seio materno será meu: Todo macho, todo primogênito das tuas ovelhas e do teu gado."
Lc 2,23: "Todo macho que abre o útero será consagrado ao Senhor"
Numa inscrição sepulcral judaica datada de 5 AC e descoberta em Tell-el-Yedouhieh (Egito), em 1922, lê-se que uma jovem chamada Arsinoé MORREU "nas dores do parto do seu filho primogênito". Ora, se ela morreu, então não teve outros filhos além do filho dito "primogênito". E mais ainda: no apócrifo "Antiguidades Bíblicas", a filha de Jefté (Jz 11,29-39) ora é dita primogênita (primeira filha), ora é dita unigênita (única filha). Portanto, embora fosse a única filha, também era chamada de primogênita.
E para confirmar definitivamente que o primogênito não necessariamente têm outros irmãos, São Jerônimo apresenta Lc 2,22-24 que diz:
"Concluídos os dias da sua purificação, de acordo com a lei de Moisés, eles o levaram a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor [como está prescrito na lei do Senhor, todo macho que abre o útero deve ser consagrado ao Senhor] e para oferecer em sacrifício de acordo com o que é prescrito na lei do Senhor, um par de rolinhas ou duas pombas novas"
Como não havia tempo suficiente, até o dia da sua purificação, para Maria conceber novamente, é certo que Jesus foi consagrado ao Senhor (lei da primogenitura) antes de ter qualquer irmão. Ora, se o primogênito fosse restrito àqueles que possuem irmãos, ninguém estaria sujeito a lei da primogenitura, enquanto não nascesse seu irmão. Mas visto que, o primeiro filho (que ainda não tem irmãos mais novos), poucos dias depois de nascer já é sujeito à lei da primogênitura, deduzimos que é chamado primogênito aquele que abre o útero da mãe e que não foi precedido por ninguém, e não aquele cujo nascimento foi seguido por outro de irmão mais novo.
Vimos, portanto, que o primeiro filho homem será consagrado a Deus. Este é o primogênito. Mesmo que não seja o primeiro filho, mas se for o primeiro filho homem, ele é o primogênito. E, se for o único filho, ele também é o primogênito porque foi o primeiro e único. Enfim, o termo "primogênito" possui o mesmo modo de falar de Mt 1,25: "primogênito" vem a ser apenas o filho antes do qual não houve outro, não necessariamente aquele após o qual houve outros.
12. Se Maria fez voto de virgindade, como pode ter desposado José?
Santo Agostinho explica:
"O que tornou a virgindade de Maria tão santa e agradável a Deus não foi porque a concepção de Cristo a preservou, impedindo que sua virgindade fosse violada por um esposo, mas porque antes mesmo de conceber ela já a tinha dedicado a Deus e merecido, assim, ser escolhida, para trazer Cristo ao mundo.
É o que indicam as palavras de Maria em resposta ao anjo que lhe anunciava a maternidade: "Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?" (Lc 1,34). Por certo, ela não teria falado assim, se não houvesse consagrado anteriormente sua virgindade a Deus. Mas como esse voto ainda não tinha entrado nos costumes dos judeus, ela fora dada em casamento a um varão justo o qual, longe de lhe tirar o que ela já havia consagrado a Deus, seria ao contrário o seu fiel guardião. Ainda que ela apenas tivesse dito: "Como é que vai ser isso", sem acrescentar: "se eu não conheço homem algum", não ignorava que, como mulher, não precisaria perguntar como daria à luz esse filho prometido, no caso de estar casada para ter filhos.
Poderia também ter recebido uma ordem do céu de permanecer virgem, a fim de que o Filho de Deus tomasse nela a forma de escravo por algum grande milagre. Mas por estar destinada a servir de modelo às futuras virgens consagradas, era preciso não deixar parecer que unicamente ela deveria ser virgem, ela que merecera conceber fora do leito nupcial.
Assim, consagrou sua virgindade a Deus, enquanto ainda ignorava de quem havia sido chamada a ser mãe. Desse modo, ela ensinava, às outras, a possibilidade de imitação da vida do céu, em um corpo terrestre e mortal, em virtude de um voto e não de um preceito, e realizando-o por opção toda de amor, não por necessidade de obedecer. Cristo, assim, nascendo de uma virgem que, antes mesmo de saber de quem seria mãe, já tinha resolvido permanecer virgem, esse Cristo preferiu aprovar a santa virgindade a impô-la. Dessa maneira, mesmo na mulher da qual haveria de receber a forma de servo, ele quis que a virgindade fosse o efeito da vontade livre." (A Santa Virgindade - Santo Agostinho)
Vejamos, agora, o que nos diz o Papa João Paulo II:
"No momento da anunciação, Maria encontra-se então na situação de noiva. Podemos perguntar-nos porque ela tinha aceito o noivado, dado que havia feito o propósito de permanecer virgem para sempre. (...) Pode-se supor que entre José e Maria, no momento do noivado, houvesse um entendimento sobre o projeto de vida virginal.
De resto, o Espírito Santo, que tinha inspirado Maria à escolha da virgindade em vista do mistério da Encarnação, e queria que esta acontecesse num contexto familiar idôneo ao crescimento do Menino, pôde suscitar também em José o ideal da virgindade." (João Paulo II - Catequese - 17 a 24/08/1996)
Em acréscimo, lembro também que na cultura judaica uma mulher sem marido não era bem vista (veja, por exemplo, 1Cor 7,36). Desposando de José, homem justo, Maria não passaria por tal constrangimento e ainda cumpriria o voto de virgindade. Uma segunda observação, é que quando o Papa fala no ideal de virgindade de José, este ideal pode ter sido suscitado após sua viuvez, uma vez que existem relatos de que José teria tido filhos em seu primeiro casamento.