27 de mar. de 2010
Tepidez do clero é pior que os escândalos
Padre Cantalamessa pede renovação da amizade com Cristo
CIDADE DO VATICANO,26/04/2010
Os recentes escândalos envolvendo sacerdotes provocam grande dano e sofrimento à Igreja; diante disso, o clero deve-se renovar na fidelidade e na amizade com Cristo, disse o frei Raniero Cantalamessa.
Esse foi um dos pontos da reflexão oferecida nessa sexta-feira pelo pregador da Casa Pontifícia, em sua terceira pregação da Quaresma, proferida na presença de Bento XVI e seus colaboradores da Cúria Romana.
“Fidelidade! – rogou o padre Cantalamessa. O Santo Padre usou esta palavra como título e programa do ano sacerdotal: ‘Fidelidade de Cristo, fidelidade de sacerdote’”.
A palavra fidelidade “tem dois significados fundamentais. O primeiro é o de constância e perseverança; o segundo é o de lealdade, retidão, o oposto, em suma, de infidelidade, perfídia e traição”.
A esta fidelidade exigida especialmente do clero “se opõe a traição da confiança depositada por Cristo e pela Igreja, a vida dupla, o pouco caso para com os deveres de sua condição, especialmente no que se refere ao celibato e à castidade”.
“Sabemos por dolorosa experiência quanto dano pode ser provocado à Igreja e às almas com este tipo de infidelidade. Esta talvez seja a mais dura provação enfrentada pela Igreja neste momento”, disse o frade capuchinho.
Com palavras duras, o pregador da Casa Pontifícia advertiu que “a tepidez de uma parte do clero, a falta de zelo e a inércia apostólica” são “os principais fatores que enfraquecem a Igreja, ainda mais que os escândalos ocasionais de alguns sacerdotes, que chamam mais atenção e são mais fáceis de reparar”.
“Não se deve generalizar – recordou Cantalamessa –, mas igualmente não podemos nos calar.”
Segundo o pregador, o que a Igreja precisa neste momento é de um “impulso de esperança”. Ele desejou que o “fruto mais belo” do Ano Sacerdotal em curso na Igreja Católica seja “um retorno a Cristo, uma renovação de nossa amizade com Ele”.
Vaticano acusa mídia de tentar manchar reputação do Papa
26.03.2010 - CIDADE DO VATICANO - O Vaticano atacou furiosamente a mídia nesta quinta-feira pelas reportagens sobre abuso sexual de crianças por padres, dizendo que havia uma "tentativa ignóbil" de manchar "a qualquer custo" a reputação do papa Bento 16.
O editorial num jornal do Vaticano foi publicado um dia depois que vítimas de abuso fizeram um protesto perto da Praça São Pedro para exigir que o papa abra os arquivos sobre clérigos pedófilos e exonere os "padres predadores" e um cardeal falou de "conspiração" contra a Igreja.
"A tendência prevalecente na mídia é ignorar os fatos e deturpar interpretações com o objetivo de disseminar a imagem da Igreja Católica como a única responsável por abusos sexuais, algo que não corresponde à realidade", disse o jornal do Vaticano.
Há uma "claramente uma tentativa clara e ignóbil para atingir o papa Bento 16 e seus assessores mais próximos a qualquer custo", disse.
O editorial contestou uma reportagem do New York Times sobre o caso do reverendo Lawrence Murphy, acusado de abusar sexualmente de até 200 garotos surdos nos Estados Unidos entre os anos 1950 e 1970.
Entre os 25 documentos internos da Igreja que o Times divulgou em seu site estava uma carta de 1996 sobre Murphy ao cardeal Joseph Ratzinger, então a principal autoridade doutrinária do Vaticano e agora papa, mostrando que ele havia sido informado sobre o caso.
O assessor de Ratzinger primeiro aconselhou um julgamento disciplinar secreto, mas reverteu a decisão em 1998 depois que Murphy apelou diretamente a Ratzinger por clemência. O padre morreu ainda naquele ano.
O jornal do Vaticano disse: "Não houve cobertura no caso do padre Murphy." O Vaticano afirmara que ele não foi repreendido porque as leis da Igreja não exigem punição automática.
A reportagem saiu em meio às crescentes acusações de abuso sexual por padres na Europa e à pressão para que os bispos, em sua maioria na Irlanda, renunciem por não denunciar os casos às autoridades civis.
Fonte: UOL noticias
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Lembrando...
Vaticano vê campanha para difamar igreja em denúncias de abusos
16.03.2010 - O Vaticano sugeriu nesta terça-feira haver uma campanha contra a Igreja Católica por trás dos atuais escândalos sobre abuso sexual infantil por parte do clero na Europa.
Novas acusações agora surgiram na Áustria, somando-se a centenas de casos na Alemanha e na Holanda, o que levou o secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, número 2 na hierarquia vaticana, a admitir que "houve uma redução na fé em todas as instituições, inclusive a igreja".
"A igreja ainda desfruta de grande confiança por parte dos fiéis, só que alguém está tentando abalar isso", afirmou, sem citar diretamente os escândalos. "Mas a igreja tem uma ajuda especial, de cima".
Nas últimas semanas, prelados importantes têm argumentado que casos de pedofilia ocorrem também nas instituições seculares, e que a mídia está exagerando o problema da igreja.
Na Áustria, a imprensa noticiou na terça-feira que um crescente número de fiéis tem deixado a Igreja Católica por causa dos escândalos de pedofilia que chocam o país.
Novas acusações surgiram na província do Tirol, onde cinco clérigos foram suspensos de um monastério que está no centro de um caso existente. Um jornal publicou um pedido de desculpas de um dos homens a seus ex-pupilos, dizendo: "Nunca quis ser um sádico."
Papa
Na Alemanha, onde já apareceram mais de 200 denúncias de abusos em instituições católicas, o escândalo envolve o próprio papa Bento 16, que era arcebispo de Munique na época em que um padre pedófilo foi transferido de Essen (norte) para a sua diocese e, sem o conhecimento dele, foi colocado para trabalhar com crianças, situação em que abusou de mais uma menina.
O Vaticano negou no sábado (13) que ele tenha tentado acobertar abusos, mas muitos alemães criticaram o pontífice por não se pronunciar prontamente na sexta-feira (12) depois de receber o chefe da Igreja Católica alemã, Robert Zollitsch, para discutir o tema.
Fiéis irlandeses já haviam feito uma queixa semelhante no passado, e o papa deve divulgar em breve uma carta pastoral ao povo irlandês falando sobre os abusos sexuais cometidos pelo clero no país, os quais, segundo um recente relatório do governo, foram acobertados pelas autoridades eclesiásticas ao longo de 30 anos.
Fonte: UOL noticias