4 de jun. de 2010
Máfia do aborto. dinheiro de sangue BloodMoney ( video em PT)
Este filme será lançado em breve, vejam este trecho: “Nós tínhamos todo um plano para vender abortos, e se chamava ‘educação sexual’. Quebrar a inocência natural das meninas, separá-las de seus pais e dos valores, tornarmo-nos ‘experts’ de sexo para elas, assim elas se voltariam para nós. Quando nós então daríamos pílulas anticoncepcionais de baixa dosagem que as fariam ficar grávidas, ou camisinhas defeituosas. Nossa meta era 3 a 5 abortos em cada garota entre 13 e 18 anos”.
Mundo necessita cristãos que anunciem a verdade: Jesus Cristo, diz o Papa Bento XVI
(foto Radiovaticana.org)
Nicósia, 04 Jun. 10 /
.- Na igreja Ágia Kiriaki Chrysopolitissa, lugar de culto ortodoxo aberto desde 1987 aos católicos e anglicanos por vontade do então bispo ortodoxo de Paphos e atual arcebispo do Chipre, Sua Beatitude Crisóstomo II, o Papa Bento XVI assinalou que "a comunhão eclesiástica na fé apostólica é ao mesmo tempo um dom e uma chamada à missão", tarefa urgente que o mundo necessita sedento da verdade que é Jesus Cristo.
Assim o indicou o Santo Padre na igreja de onde se vê umas ruínas onde se encontram os restos da basílica paleocristiana do século IV e muito perto a "Coluna de São Paulo", objeto de devoção popular e ligada à estadia do Apóstolo de Gentes na ilha.
À sua chegada, Bento XVI foi recebido pelo pároco da comunidade latina e depois de rezar uns minutos em silêncio no templo, saiu pela antiga porta central para saudar os fiéis reunidos na zona arqueológica. O arcebispo ortodoxo do Chipre, Sua Beatitude Crisóstomo II, saudou o Papa e depois da leitura do relato da primeira viagem de São Barnabé e São Paulo à ilha, o Pontífice pronunciou um discurso.
Desde este lugar, disse o Papa, "a mensagem do Evangelho começou a estender-se por todo o Império e a Igreja fundada sobre a predicação apostólica, foi capaz de plantar raízes em todo mundo então conhecido".
Por isso, "a Igreja do Chipre pode sentir-se legitimamente orgulhosa de seus laços diretos com a predicação de Paulo, Barnabé e Marcos e da comunhão na fé apostólica, que a une a todas as igrejas que têm a mesma regra de fé. Esta é a comunhão real, embora imperfeita, que já nos une e nos impulsiona a superar nossas divisões e lutar para restaurar a plena unidade visível que o Senhor deseja para todos os seus seguidores".
"A comunhão eclesiástica na fé apostólica é ao mesmo tempo um dom e uma chamada à missão", sublinhou o Papa. Por isso, todos os cristãos devem dar "testemunho profético do Senhor ressuscitado e do seu Evangelho de reconciliação, misericórdia e paz. Neste contexto, a Assembléia Especial para o Oriente Médio do Sínodo dos Bispos refletirá sobre o papel vital dos cristãos na região, animá-los-á em seu testemunho do Evangelho e os ajudará a fomentar um maior diálogo e cooperação entre os cristãos na região. É significativo que os trabalhos do Sínodo se enriqueçam com a presença de delegados fraternos de outras Igrejas e comunidades cristãs da zona, como um signo de compromisso compartilhado ao serviço da Palavra de Deus e de nossa abertura à força de sua graça que reconcilia".
A unidade de todos os discípulos de Cristo, prosseguiu o Papa, "é um dom que se implora ao Pai, com a esperança de que reforce o testemunho do Evangelho no mundo de hoje. Há cem anos, durante a Conferência Missionária de Edimburgo, a aguda consciência de que as divisões entre os cristãos eram um obstáculo para a difusão do Evangelho deu origem ao movimento ecumênico moderno".
"Hoje devemos estar agradecidos ao Senhor, que, através do seu Espírito, levou-nos especialmente nas últimas décadas a redescobrir a rica herança apostólica compartilhada pelo Oriente e Ocidente e, mediante um diálogo paciente e sincero, a encontrar os caminhos para nos aproximar uns aos outros, superando as controvérsias do passado e olhando para um futuro melhor", continuou.
"A Igreja do Chipre, que demonstrou ser uma ponte entre o Oriente e Ocidente, contribuiu muito a este processo de reconciliação. O caminho que leva a meta da plena comunhão não estará, certamente, isento de dificuldades, mas a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa do Chipre se comprometeram a avançar no caminho do diálogo e a cooperação fraterna".
"Que o Espírito Santo ilumine nossas mentes e fortaleça nossa decisão, para que juntos possamos levar a mensagem de salvação aos homens e mulheres de nosso tempo, que têm sede dessa verdade que leva à autêntica liberdade e à salvação, essa verdade, cujo nome é Jesus Cristo!", finalizou o Papa.
Depois de rezar o Pai Nosso e escutar um canto bizantino, o Papa voltou a entrar na igreja e abençoou uma placa que será colocada em uma nova residência de anciãos realizada pela comunidade católica do Chipre. Dali se deslocou em automóvel a Nicósia, a capital da ilha.
Assim o indicou o Santo Padre na igreja de onde se vê umas ruínas onde se encontram os restos da basílica paleocristiana do século IV e muito perto a "Coluna de São Paulo", objeto de devoção popular e ligada à estadia do Apóstolo de Gentes na ilha.
À sua chegada, Bento XVI foi recebido pelo pároco da comunidade latina e depois de rezar uns minutos em silêncio no templo, saiu pela antiga porta central para saudar os fiéis reunidos na zona arqueológica. O arcebispo ortodoxo do Chipre, Sua Beatitude Crisóstomo II, saudou o Papa e depois da leitura do relato da primeira viagem de São Barnabé e São Paulo à ilha, o Pontífice pronunciou um discurso.
Desde este lugar, disse o Papa, "a mensagem do Evangelho começou a estender-se por todo o Império e a Igreja fundada sobre a predicação apostólica, foi capaz de plantar raízes em todo mundo então conhecido".
Por isso, "a Igreja do Chipre pode sentir-se legitimamente orgulhosa de seus laços diretos com a predicação de Paulo, Barnabé e Marcos e da comunhão na fé apostólica, que a une a todas as igrejas que têm a mesma regra de fé. Esta é a comunhão real, embora imperfeita, que já nos une e nos impulsiona a superar nossas divisões e lutar para restaurar a plena unidade visível que o Senhor deseja para todos os seus seguidores".
"A comunhão eclesiástica na fé apostólica é ao mesmo tempo um dom e uma chamada à missão", sublinhou o Papa. Por isso, todos os cristãos devem dar "testemunho profético do Senhor ressuscitado e do seu Evangelho de reconciliação, misericórdia e paz. Neste contexto, a Assembléia Especial para o Oriente Médio do Sínodo dos Bispos refletirá sobre o papel vital dos cristãos na região, animá-los-á em seu testemunho do Evangelho e os ajudará a fomentar um maior diálogo e cooperação entre os cristãos na região. É significativo que os trabalhos do Sínodo se enriqueçam com a presença de delegados fraternos de outras Igrejas e comunidades cristãs da zona, como um signo de compromisso compartilhado ao serviço da Palavra de Deus e de nossa abertura à força de sua graça que reconcilia".
A unidade de todos os discípulos de Cristo, prosseguiu o Papa, "é um dom que se implora ao Pai, com a esperança de que reforce o testemunho do Evangelho no mundo de hoje. Há cem anos, durante a Conferência Missionária de Edimburgo, a aguda consciência de que as divisões entre os cristãos eram um obstáculo para a difusão do Evangelho deu origem ao movimento ecumênico moderno".
"Hoje devemos estar agradecidos ao Senhor, que, através do seu Espírito, levou-nos especialmente nas últimas décadas a redescobrir a rica herança apostólica compartilhada pelo Oriente e Ocidente e, mediante um diálogo paciente e sincero, a encontrar os caminhos para nos aproximar uns aos outros, superando as controvérsias do passado e olhando para um futuro melhor", continuou.
"A Igreja do Chipre, que demonstrou ser uma ponte entre o Oriente e Ocidente, contribuiu muito a este processo de reconciliação. O caminho que leva a meta da plena comunhão não estará, certamente, isento de dificuldades, mas a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa do Chipre se comprometeram a avançar no caminho do diálogo e a cooperação fraterna".
"Que o Espírito Santo ilumine nossas mentes e fortaleça nossa decisão, para que juntos possamos levar a mensagem de salvação aos homens e mulheres de nosso tempo, que têm sede dessa verdade que leva à autêntica liberdade e à salvação, essa verdade, cujo nome é Jesus Cristo!", finalizou o Papa.
Depois de rezar o Pai Nosso e escutar um canto bizantino, o Papa voltou a entrar na igreja e abençoou uma placa que será colocada em uma nova residência de anciãos realizada pela comunidade católica do Chipre. Dali se deslocou em automóvel a Nicósia, a capital da ilha.
Somente a Bíblia?
"Assim, pois, irmãos, permanecei firmes, e conservai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa." (2 Ts 2,15)
Para os protestantes, a Bíblia é a única regra de fé, ou melhor, a Bíblia é a autoridade máxima da igreja. Mas será que esta também era a fé dos primeiros cristãos? (Por Cristãos, entenda-se Católicos)
A Doutrina da Igreja vem do ensino oral que Cristo deixou para os Apóstolos. Note que nos primeiros quatro séculos, muitos cristãos nasceram, viveram e morreram, sem mesmo saber quais eram os livros que deveriam compor a Bíblia. Nos primeiros quatro séculos a Igreja vivia somente da Tradição e do Magistério.
Foi com base na Tradição Apostólica, é que o Magistério Católico definiu o catálogo sagrado. Isto mostra claramente que a Bíblia é filha da Igreja e não sua mãe. Como diz meu amigo Professor Carlos Ramalhete: "pode algo maior sair de algo menor?", é claro que não. A própria Bíblia declara que "A Igreja é a Coluna e o Fundamento da Verdade" (1Tm 3,15).A Igreja é tão anterior à Bíblia que a própria Igreja é citada na Bíblia.
A doutrina protestante "Sola Scriptura", isto é, "Somente as Escrituras", não encontra amparo na Tradição Apostólica, no Magistério da Igreja e nem nas próprias Escrituras. Vamos utilizar a própria Bíblia para desmentir tal doutrina:
A Bíblia não contém toda revelação
- "Jesus fez muitas outras coisas. Se cada uma delas fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que seriam escritos." (Jo 21,25) - o testemunho do apóstolo fala tudo, nem tudo que Jesus ensinou e realizou foi escrito, mas ficou mantido na Tradição Apostólica.
- "[Jesus] depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias e falando do que respeita ao reino de Deus." (At 1,3) - o que Jesus ensinou aos apóstolos nestes quarenta dias após sua ressurreição não foi importante? Será que Jesus esteve com eles à toa? A Bíblia não nos relata o que Jesus ensinou neste período, mas a Tradição Apostólica sim.
- "Tenho muito a vos escrever, mas não quero fazê-lo com papel e tinta. Antes, espero ir ter convosco e falar face a face, para que nossa alegria seja completa" (2Jo 1,12)."Tenho muitas coisas que te escrever, mas não quero fazê-lo com tinta e pena. Espero, porém, ver-te brevemente, e falaremos face a face" (3Jo 1,13-14) - São João ensinou muitas coisas oralmente.
- "E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados." (Tg 5,10) - São Tiago Menor recebeu tal instrução da Tradição Apostólica, já que em nenhum lugar da Bíblia, Nosso Senhor Jesus Cristo ensina tal coisa.
A Tradição Apostólica tem autoridade
- "Assim, pois irmãos, permanceis firmes, e conservai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa." (2Ts 2,15)
- "E o que de mim, através de muitas testemunhas ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para ensinarem outros." (2Tm 2,2)
- "Ó Timóteo, guarda o depósito [a tradição] que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência [gnose]." (1Tm 6,20)
- "E [os cristãos] perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações." (At 2,42)
- "E, quando [Paulo, Timóteo e Silas] iam passando pelas cidades, lhes entregavam, para serem observados, os decretos que haviam sido estabelecidos pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém." (At 16,4) - forte testemunho da ação do Magistério da Igreja no cristianismo primitivo.
Este é o testemunho da própria Bíblia sobre a doutrina protestante da "Sola Scriptura".
Papa Bento XVI fala sobre Santo Tomás de Aquino
Caros irmãos e irmãs,
depois de algumas catequeses sobre o sacerdócio e de minhas últimas viagens, retornamos hoje ao nosso tema principal, isto é, à meditação sobre alguns dos grandes pensadores da Idade Média. Havíamos visto, na última vez, a grande figura de São Boaventura, franciscano, e hoje desejo falar daquele que a Igreja chama Doctor communis: isto é, Santo Tomás de Aquino. O meu venerado Predecessor, o Papa João Paulo II, na sua Encíclica Fides et ratio, recordou que Santo Tomás “foi sempre proposto pela Igreja como mestre de pensamento e modelo quanto ao reto modo de fazer teologia” (n. 43). Não surpreende que, depois de Santo Agostinho, entre os escritores eclesiásticos mencionados no Catecismo da Igreja Católica, Santo Tomás venha citado mais que qualquer outro, precisamente sessenta e uma vezes! Ele foi chamado também Doctor Angelicus, provavelmente por suas virtudes, em particular a sublimidade do pensamento e a pureza de vida.
Tomás nasceu entre 1224 e 1225 no castelo que a sua família, nobre e abastada, possuía em Roccasecca, nas proximidades de Aquino, vizinho à célebre abadia de Montecassino, aonde foi enviado pelos pais a fim de receber os primeiros elementos de sua instrução. Alguns anos depois se transferiu para a capital do Reino da Sicília, Nápoles, onde Frederico II fundara uma prestigiosa universidade. Ali era ensinado, sem as limitações vigentes alhures, o pensamento do filósofo grego Aristóteles, no qual o jovem Tomás foi introduzido, e cujo grande valor subitamente intuiu. Mas sobretudo, naqueles anos transcorridos em Nápoles, nasceu a sua vocação dominicana. Tomás foi, na verdade, atraído pelo ideal da Ordem fundada poucos anos antes por São Domingos. Todavia, quando revestiu o hábito dominicano, a sua família se opôs a esta escolha e ele foi constrangido a deixar o convento e a passar algum tempo com a família.
Em 1245, já maior de idade, pode retomar o seu caminho de resposta ao chamado de Deus. Foi enviado a Paris para estudar teologia sob a direção de um outro santo, Alberto Magno, sobre o qual falei recentemente. Alberto e Tomás cultivaram uma verdadeira e profunda amizade e aprenderam a estimar-se e a se querer bem, a ponto de Santo Alberto querer que seu discípulo o seguisse a Colônia, aonde o próprio Alberto fora enviado pelos Superiores da Ordem a fundar uma escola de teologia. Tomás teve então contato com todas as obras de Aristóteles e de seus comentadores árabes, que Alberto esclarecia e explicava.
Naquele período, a cultura do mundo latino fora profundamente estimulada pelo encontro com as obras de Aristóteles, que permaneceram desconhecidas por muito tempo. Tratava-se de escritos sobre a natureza do conhecimento, sobre ciências naturais, sobre metafísica, sobre a alma e sobre a ética, ricos de informações e de intuições que pareciam válidas e convincentes. Era toda uma visão completa do mundo desenvolvida sem Cristo e antes d’Ele, somente com a razão, e parecia impor-se à razão como “a” própria visão; despertava, pois, um incrível fascínio nos jovens ver e conhecer esta filosofia. Muitos acolheram com entusiasmo, até mesmo com entusiasmo acrítico, esta enorme bagagem do saber antigo, que parecia poder renovar vantajosamente a cultura, abrir totalmente novos horizontes. Outros, porém, temiam que o pensamento pagão de Aristóteles estivesse em oposição à fé cristã e se recusavam a estudá-lo. Encontraram-se duas culturas: a cultura pré-cristã de Aristóteles, com sua radical racionalidade, e a clássica cultura cristã. Certos ambientes foram levados à rejeição de Aristóteles também pela apresentação que de tal filósofo fora feita pelos comentadores árabes Avicena e Averróis. De fato, foram eles que transmitiram ao mundo latino a filosofia aristotélica. Por exemplo, estes comentadores haviam ensinado que os homens não dispõem de uma inteligência pessoal, mas que neles há um único intelecto universal, uma substância espiritual comum a todos, que opera em todos como “única”: portanto uma despersonalização do homem. Um outro ponto discutível veiculado pelos comentadores árabes era aquele segundo o qual o mundo é eterno como Deus. Compreensivelmente surgiram, no mundo universitário e no eclesiástico, disputas sem fim. A filosofia aristotélica estava sendo difundida inclusive entre o povo simples.
Tomás de Aquino, na escola de Alberto Magno, desenvolveu uma operação de fundamental importância para a história da filosofia e da teologia, eu diria, para a história da cultura:estudou a fundo Aristóteles e os seus intérpretes, buscando novas traduções latinas dos textos originais gregos. Assim não se apoiava mais somente nos comentadores árabes, mas podia ler pessoalmente os textos originais, e comentou grande parte das obras aristotélicas, distinguindo nelas o que era válido daquilo que era dúbio ou que devesse ser recusado totalmente, mostrando a consonância com os dados da Revelação cristã e utilizando ampla e agudamente o pensamento aristotélico na exposição dos escritos teológicos que compôs. Em definitivo, Tomás de Aquino mostrou que entre a fé cristã e a razão existe uma natural harmonia. E esta foi a grande obra de Tomás, que naquele momento de conflito entre duas culturas – momento no qual parecia que a fé devia dobrar-se diante da razão – mostrou que ambas caminham juntas, que quando aparecia uma razão não compatível com a fé não era razão, e quando aparecia uma fé não era fé, enquanto oposta a uma verdadeira racionalidade; assim ele criou uma nova síntese que formou a cultura dos séculos seguintes.
Por seus excelentes dotes intelectuais, Tomás foi chamado a Paris como professor de teologia na cátedra dominicana. Ali também deu início a sua produção literária, que prosseguiu até a morte, e que há algo de prodigioso:comentários à Sagrada Escritura, porque o professor de teologia era sobretudo intérprete da Escritura, comentários aos escritos de Aristóteles, obras sistemáticas poderosas, entre as quais se destaca a Summa Theologiae, tratados e discursos sobre vários temas. Para a composição de seus escritos era coadjuvado por alguns secretários, entre os quais o confrade Reginaldo de Piperno, que o seguiu fielmente e ao qual se ligou por uma profunda e sincera amizade, caracterizada por uma grande familiaridade e confiança. Esta é uma característica dos santos: cultivam a amizade, porque ela é uma das manifestações mais nobres do coração humano e que tem em si algo de divino, como o próprio Tomás explicou em algumas quaestiones da Summa Theologiae, na qual escreve: “A caridade é a amizade do homem com Deus principalmente, e com os seres que a Ele pertencem” (II, q. 23, a. 1).
Não permanece muito tempo e estavelmente em Paris. Em 1259 participou do Capítulo Geral dos Dominicanos em Valenciennes, onde foi membro de uma comissão que estabeleceu o programa de estudos na Ordem. Depois, de 1261 a 1265, Tomás estava em Orvieto. O Papa Urbano IV, que nutria por ele uma grande estima, lhe confiou a composição dos textos litúrgicos para a festa de Corpus Christi, que celebramos amanhã, instituída em seguida ao milagre eucarístico de Bolsena. Tomás teve uma alma autenticamente eucarística. Os belíssimos hinos que a liturgia da Igreja canta para celebrar o mistério da presença rela do Corpo e do Sangue do Senhor na Eucaristia são atribuídos à sua fé e à sua sabedoria teológica. De 1265 até 1268 Tomás residiu em Roma, onde, provavelmente, dirigia um Studium, isto é, uma Casa de estudos da Ordem, e onde começou a escrever a sua Summa Theologiae (cf. Jean-Pierre Torrell, Tommaso d’Aquino. L’uomo e il teologo, Casale Monf., 1994, pp. 118-184).
Em 1269 foi novamente chamado a Paris para um segundo ciclo de magistério. Os estudantes – compreende-se bem – eram entusiastas de suas aulas. Um ex-aluno seu declarou que uma grande multidão de estudantes seguia os cursos de Tomás, tanto que as salas mal podiam comportá-los e acrescentava, com uma anotação pessoal, que “escutá-lo era para ele uma felicidade profunda”. A interpretação de Aristóteles dada por Tomás não era aceita por todos, mas mesmo os seus adversários no campo acadêmico, como Godofredo de Fontaines, por exemplo, admitiam que a doutrina de frei Tomás fosse superior às outras por utilidade e valor e servia como corretivo às de todos os outros doutores. Talvez também a fim de subtraí-lo às intensas discussões em curso, os Superiores o enviaram uma vez mais a Nápoles, à disposição do rei Carlos I, que pretendia reorganizar os estudos universitários.
Além do estudo e do ensino, Tomás se dedicou também à pregação ao povo. E também o povo, de boa vontade, ia escutá-lo. Eu diria que é verdadeiramente uma grande graça quando os teólogos sabem falar com simplicidade e fervor aos fiéis. O ministério da pregação, por outro lado, ajuda os próprios estudiosos de teologia com um saudável realismo pastoral, e enriquece de vivos estímulos suas pesquisas.
Os últimos meses de vida terrena de Tomás permanecem circundados por uma atmosfera particular, diria até misteriosa. Em dezembro de 1273 chamou o seu amigo e secretário Reginaldo para comunicar-lhe a decisão de interromper todo trabalho, porque, durante a celebração da Missa, havia compreendido, em seguida a uma revelação sobrenatural, que tudo quanto havia escrito até então era somente “um monte de palha”. É um episódio misterioso que nos ajuda a compreender não somente a humildade pessoal de Tomás, mas também o fato de que tudo aquilo que conseguimos pensar e dizer sobre a fé, não obstante elevado e puro, é infinitamente superado pela grandeza e pela beleza de Deus, que nos será revelada em plenitude no Paraíso. Alguns meses depois, sempre mais absorvido em uma profunda meditação, Tomás morreu enquanto viajava para Lyon, para onde se dirigia a fim de tomar parte no Concílio Ecumênico convocado pelo Papa Gregório X. Expirou na Abadia cisterciense de Fossanova, depois de ter recebido o Viático com sentimentos de grande piedade.
A vida e a doutrina de Santo Tomás de Aquino se poderia resumir em um episódio transmitido pelos antigos biógrafos. Enquanto o Santo, como seu costume, estava em oração diante do Crucifixo, logo pela manhã na Capela de São Nicolau, em Nápoles, Domingos de Caserta, o sacristão da igreja, ouviu desenvolver-se um diálogo. Tomás perguntava, preocupado, se tudo o que havia escrito sobre os mistérios da fé cristã estava correto. E o Crucifixo responde: “Tu falaste bem de mim, Tomás. Qual será a tua recompensa?”. E a resposta que Tomás deu é aquela que também nós, amigos e discípulos de Jesus, queremos sempre dar-lhe: “Nada além de Ti, Senhor!” (Ibid., p. 320).
BENEDICTUS PP. XVI
Fonte: Santa Sé, 2 de junho de 2010
Tradução: OBLATVS
Tradução: OBLATVS