2 de set. de 2010

Explicação da Ave Maria por São Tomás de Aquino

PRÓLOGO

1. — A saudação angélica é dividida em três partes: A primeira, composta pelo Anjo: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo, bendita és tu entre as mulheres. (Lc 1, 28).
A segunda é obra de Isabel, mãe de João Batista, que disse: Bendito é o fruto do teu ventre.
A terceira parte, a Igreja acrescentou: Maria
O Anjo não disse: Ave Maria e sim, Ave, Cheia de graça. Mas este nome de Maria, efetivamente, se harmoniza com as palavras do Anjo, como veremos mais adiante.

AVE

2. — Na antiguidade, a aparição dos Anjos aos homens era um acontecimento de grande importância e os homens sentiam-se extremamente honrados em poder testemunhar sua veneração aos Anjos.
A Sagrada Escritura louva Abraão por ter dado hospitalidade aos Anjos e por tê-los reverenciado.
Mas um Anjo se inclinar diante de uma criatura humana, nunca se tinha ouvido dizer antes que o Anjo tivesse saudado à Santíssima Virgem, reverenciando-a e dizendo: Ave.
3. — Se na antiguidade o homem reverenciava o Anjo e o Anjo não reverenciava o homem, é porque o Anjo é maior que o homem e o é por três diferentes razões:
Primeiramente, o Anjo é superior ao homem por sua natureza espiritual.
Está escrito: Dos seres espirituais Deus fez seus Anjos. (Sl 103).
4. — O homem tem uma natureza corrutível e por isso Abraão dizia a Deus: (Gn 18, 27) Falarei a meu Senhor, eu que sou cinza e pó.
Não convém que a criatura espiritual e incorruptível renda homenagem à criatura corruptível.
Em segundo lugar, o Anjo ultrapassa o homem por sua familiaridade com Deus.
Com efeito, o Anjo pertence à família de Deus, mantendo-se a seus pés. Milhares de milhares de Anjos o serviam, e dez milhares de centenas de milhares mantinham-se em sua presença, está escrito em Daniel (7, 10).
Mas o homem é quase estranho a Deus, como um exilado longe de sua face pelo pecado, como diz o Salmista: (54, 8) Fugindo, afasteime de Deus.
Convém, pois, ao homem honrar o Anjo por causa de sua proximidade com a majestade divina e de sua intimidade com ela.
Em terceiro lugar, o Anjo foi elevado acima do homem, pela plenitude do esplendor da graça divina que possui. Os Anjos participam da própria luz divina em mais perfeita plenitude. Pode-se enumerar os soldados de Deus, diz Jó (25, 3) e haverá algum sobre quem não se levante a sua luz? Por isso os Anjos aparecem sempre luminosos. Mas os homens participam também desta luz, porém com parcimônia e como num claro-escuro.
Por conseguinte, não convinha ao Anjo inclinar-se diante do homem, até, o dia em que apareceu urna criatura humana que sobrepujava os Anjos por sua plenitude de graças (cf n° 5 a 10), por sua familiaridade com Deus (cf. n° 10) e por sua dignidade.
Esta criatura humana foi a bem-aventurada Virgem Maria. Para reconhecer esta superioridade, o Anjo lhe testemunhou sua veneração por esta palavra: Ave.

CHEIA DE GRAÇA

5. — Primeiramente, a bem-aventurada Virgem ultrapassou todos os Anjos por sua plenitude de graça, e para manifestar esta preeminência o Arcanjo Gabriel inclinou-se diante dela, dizendo: cheia de graça; o que quer dizer: a vós venero, porque me ultrapassais por vossa plenitude de graça.
6. — Diz-se também da Bem-aventurada Virgem que é cheia de graça, em três perspectivas:
Primeiro, sua alma possui toda a plenitude de graça. Deus dá a graça para fazer o bem e para evitar o mal. E sob esse duplo aspecto a Bem-aventurada Virgem possuía a graça perfeitissimamente, porque foi ela quem melhor evitou o pecado, depois de Cristo.
O pecado ou é original ou atual; mortal ou venial.
A Virgem foi preservada do pecado original, desde o primeiro instante de sua concepção e permaneceu sempre isenta de pecado mortal ou venial.
Também está escrito, no Cântico dos Cânticos: (4, 7) Tu és formosa, amiga minha, e em ti não há mácula.
«Com exceção da Santa Virgem, diz Santo Agostinho, em seu livro sobre a natureza e a graça; todos os santos e santas, em sua vida terrena, diante da pergunta: «estais sem pecados?» teriam gritado a uma só voz: «Se disséssemos: estamos sem pecado (cf. 1, Jo 1, 6), estaríamos enganando-nos a nós mesmos e a verdade não estaria conosco».
«A Virgem santa é a única exceção. Para honrar o Senhor, quando se trata a respeito do pecado, não se faça nunca referência à Virgem Santa. Sabemos que a ela foi dada uma abundância de graças maior, para triunfar completamente do pecado. Ela mereceu conceber Aquele que não foi manchado por nenhuma falta».
Mas o Cristo ultrapassou a Bem-aventurada Virgem. Sem dúvida, um e outro foram concebidos e nasceram sem pecado original. Mas Maria, contrariamente a seu Filho, lhe é submissa de direito. E se ela foi, de fato, totalmente preservada, foi por uma graça e um privilégio singular de Deus Todo Poderoso que é devido aos méritos de seu Filho, Jesus Cristo, Salvador do gênero humano. (N.T.).
7. — A Virgem realizou também as obras de todas as virtudes. Os outros santos se destacam por algumas virtudes, dentre tantas. Este foi humilde, aquele foi casto, aquele outro, misericordioso, por isto são apresentados como modelo para esta ou aquela determinada virtude; como, por exemplo, se apresenta São Nicolau, como modelo de misericórdia.
Mas a Bem-aventurada Virgem é o modelo e o exemplo de todas as virtudes. Nela achareis o modelo da humildade. Escutai suas palavras: (Lc 1, 38) Eis a escrava do Senhor. E mais (Lc 1, 48): O Senhor olhou a humildade de sua serva. Ela é também o modelo da castidade: ela mesma confessa que não conheceu homem (cf. Lc 1, 43). Como é fácil constatar, Maria é o modelo de todas as virtudes.
A Bem-aventurada Virgem é pois cheia de graça, tanto porque faz o bem, como porque evita o mal.
8. — Em segundo lugar, a plenitude de graça da Virgem Santa se manifesta no reflexo da graça de sua alma, sobre sua carne e todo o seu corpo.
Já é uma grande felicidade que os santos gozem de graça suficiente, para a santificação de suas almas. Mas a alma da Bem-aventurada Virgem Maria possui uma tal plenitude de graça, que esta graça de sua alma reflete sobre sua carne, que, por sua vez, concebe o Filho de Deus.
Porque o amor do Espírito Santo, nos diz Hugo de São Vitor, arde no coração da Virgem com um ardor singular, Ele opera em sua carne maravilhas tão grandes, que dela nasceu um Homem Deus, como avisa o Anjo à Virgem santa: (Lc 1, 35) Um Filho santo nascerá de ti e será chamado Filho de Deus.
9. — Em terceiro lugar, a Bem-aventurada Virgem é cheia de graça, a ponto de espalhar sua plenitude de graça sobre todos os homens.
Que cada santo possua graça suficiente para a salvação de muitos homens é coisa considerável. Mas se um santo fosse dotado de uma graça capaz de salvar toda a humanidade, ele gozaria de uma abundância de graça insuperável. Ora, essa plenitude de graça existe no Cristo e na Bem-aventurada Virgem.
Em todos os perigos, podemos obter o auxílio desta gloriosa Virgem. Canta o esposo, no Cântico dos Cânticos: (4, 4) Teu pescoço é como a torre de Davi, edificada com seus baluartes. Dela estão pendentes mil escudos, quer dizer, mil remédios contra os perigos.
Também em todas as ações virtuosas podemos beneficiar-nos de sua ajuda. Em mim há toda a esperança da vida e da virtude (Ecl 24, 25).

MARIA

10. — A Virgem, cheia de graça, ultrapassou os Anjos, por sua plenitude de graça. E por isto é chamada Maria, que quer dizer, «iluminada interiormente», donde se aplica a Maria o que disse Isaias: (58, 11) O Senhor encherá tua alma de esplendores. Também quer dizer: «iluminadora dos outros», em todo o universo; por isso, Maria é comparada, com razão, ao sol e à lua.

O SENHOR É CONVOSCO

11. — Em segundo lugar, a Virgem ultrapassa os Anjos em sua intimidade com o Senhor. O arcanjo Gabriel reconhece esta superioridade, quando lhe dirige estas palavras: O Senhor é convosco, isto é, venero-vos e confesso que estais mais próxima de Deus do que eu mesmo estou. O Senhor está, efetivamente, convosco.
O Senhor Pai está com Maria, pois Ele não se separa de maneira nenhuma de seu Filho e Maria possui este Filho, como nenhuma outra criatura, até mesmo angélica. Deus mandou dizer a Maria, pelo Arcanjo Gabriel (Lc 1, 35) Uma criança santa nascerá de ti e será chamada Filho de Deus.
O Senhor está com Maria, pois repousa em seu seio. Melhor do que a qualquer outra criatura se aplicam a Maria estas palavras de Isaias: (12, 6) Exulta e louva, casa de Sião, porque o Grande, o Santo de Israel está no meio de ti.
O Senhor não habita da mesma maneira com a Bem-aventurada Virgem e com os Anjos. Deus está com Maria, como seu Filho; com os Anjos, Deus habita como Senhor.
O Espírito Santo está em Maria, como em seu templo, onde opera. O arcanjo lhe anunciou: (Lc 1, 35) O Espírito Santo virá sobre ti. Assim, pois, Maria concebeu por efeito do Espírito Santo e nós a chamamos «Templo do Senhor», «Santuário do Espírito Santo». (cf. liturgia das festas de Nossa Senhora).
Portanto, a Bem-aventurada Virgem goza de uma intimidade com Deus maior do que a criatura angélica.
Com ela está o Senhor Pai, o Senhor Filho, o Senhor Espírito Santo, a Santíssima Trindade inteira. Por isso canta a Igreja: «Sois digno trono de toda a Trindade».
É esta então a palavra mais nobre, a mais expressiva, como louvor, que podemos dirigir à Virgem.

MARIA

12. — Portanto o Anjo reverenciou a Bem-aventurada Virgem, como mãe do Soberano Senhor e, assim, ela mesma como Soberana. O nome de Maria, em siríaco significa soberana, o que lhe convém perfeitamente.
13. — Em terceiro lugar, a Virgem ultrapassou aos Anjos em pureza.
Não só possuía em si mesma a pureza, como procurava a pureza para os outros.
Ela foi puríssima de toda culpa, pois foi preservada do pecado original e não cometeu nenhum pecado mortal ou venial, como também foi livre de toda pena.

BENDITA SOIS VÓS ENTRE AS MULHERES

14. — Três maldições foram proferidas por Deus contra os homens, por causa do pecado original.
A primeira foi contra a mulher, que traria seu filho no sofrimento e daria à luz com dores.
Mas a Bem-aventurada Virgem não está submetida a estas penas. Ela concebeu o Salvador sem corrupção, trouxe-o alegremente em seu seio e o teve na alegria. A Ela se aplica a palavra de Isaias: (35, 2) A terra germinará, exultará, cantará louvores.
15. — A segunda maldição foi pronunciada contra o homem (Gn 3, 9): Comerás o teu pão com o suor de teu rosto.
A Bem-aventurada Virgem foi isenta desta pena. Como diz o Apóstolo (1 Cor 7, 32-34): Fiquem livres de cuidados as virgens e se ocupem só com o Senhor.
A terceira maldição foi comum ao homem e à mulher. Em razão dela devem ambos tornar ao pó.
A Bem-aventurada Virgem disto também foi preservada, pois foi, com o corpo, assunta aos céus. Cremos que, depois de morta, foi ressuscitada e elevada ao céu. Também se lhe aplicam muito apropriadamente as palavras do Salmo 131, 8: Levanta-te, Senhor, entra no teu repouso; tu e a arca da tua santificação.

MARIA

A Virgem foi pois isenta de toda maldição e bendita entre as mulheres. Ela é a única que suprime a maldição, traz a bênção e abre as portas do paraíso.
Também lhe convém, assim, o nome de Maria, que quer dizer, «Estrela do mar», Assim como os navegadores são conduzidos pela estrela do mar ao porto, assim, por Maria, são os cristãos conduzidos à Glória.

BENDITO É O FRUTO DE VOSSO VENTRE

18. — O pecador procura nas criaturas aquilo que não pode achar, mas o justo o obtém. A riqueza dos pecadores está reservada para os justos, dizem os Provérbios (13, 22). Assim Eva procurou o fruto, sem achar nele a satisfação de seus desejos. A Bem-aventurada Virgem, ao contrário, achou em seu fruto tudo o que Eva desejou.
19. — Eva, com efeito, desejou de seu fruto três coisas:
Primeiro, a deificação de Adão e dela mesma e o conhecimento do bem e do mal, como lhe prometera falsamente o diabo: Sereis como deuses (Gn 3, 5), disse-lhes o mentiroso. O diabo mentiu, porque ele é mentiroso e o pai da mentira (cf. Jo 8, 44). E por ter comido do fruto, Eva, em vez de se tornar semelhante a Deus, tornou-se dessemelhante. Por seu pecado, afastou-se de Deus, sua salvação, e foi expulsa do paraíso.
A Bem-aventurada Virgem, ao contrário, achou sua deificação no fruto de suas entranhas. Por Cristo nos unimos a Deus e nos tornamos semelhantes a Ele. Diz-nos São João: (1 Jo 3, 2) Quando Deus se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque o veremos como Ele é.
20. — Em segundo lugar, Eva desejava o deleite (cf. Gn 3, 6), mas não o encontrou no fruto e imediatamente conheceu que estava nua e a dor entrou em sua vida.
No fruto da Virgem, ao contrário, encontramos a suavidade e a salvação. Quem come minha carne tem a vida eterna (Jo 6, 55).
21. — Enfim, o fruto de Eva era sedutor no aspecto, mas quão mais belo é o fruto da Virgem que os próprios Anjos desejam contemplar (cf. 1 Pe 1, 12). É o mais belo dos filhos dos homens (Sl 44, 3), porque é o esplendor da glória de seu Pai (Heb 1, 3) como diz S. Paulo.
Portanto, Eva não pôde achar em seu fruto o que também nenhum pecador achará em seu pecado.
Acharemos, no entanto, tudo o que desejamos no fruto da Virgem. Busquemo-lo.
22. — O fruto da Virgem Maria é bendito por Deus, que de tal forma encheu-o de graças que sua simples vinda já nos faz render homenagem a Deus. Bendito seja Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que nos abençoou com toda a bênção espiritual em Cristo, declara São Paulo (Ef 1, 3).
O fruto da Virgem é bendito pelos Anjos. O Apocalipse (7, 11) nos mostra os Anjos caindo com a face por terra e adorando o Cristo com seus cantos: O louvor, a glória, a sabedoria, a ação de graças, a honra, o poder e a força ao nosso Deus pelos séculos dos séculos. Amém.
O fruto de Maria é também bendito pelos homens: Toda a língua confesse que o Senhor Jesus Cristo está na glória de Deus Pai, nos diz o Apóstolo (Fp 2, 11). E o Salmista (Sl 117, 26) o saúda assim: Bendito o que vem em nome do Senhor.
Assim, pois, a Virgem é bendita, porém, bem mais ainda, é o seu fruto.

Fonte: Pai Nosso e Ave Maria – Sermões de Santo Tomás de Aquino. Editora Permanência, Rio de Janeiro, 2003.

Apelo a Todos os Brasileiros e Brasileiras (Dom Alberto Taveira Corrêa)

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará
Apelo a Todos os Brasileiros e Brasileiras
Nós, participantes do 2º Encontro das Comissões Diocesanas em Defesa da Vida (CDDVs), organizado pela Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB e realizado em S. André no dia 03 de julho de 2010,
considerando que, em abril de 2005, no IIº Relatório do Brasil sobre o Tratado de Direitos Civis e Políticos, apresentado ao Comitê de Direitos Humanos da ONU (nº 45)o atual governo comprometeu-se a legalizar o aborto,
considerando que, em agosto de 2005, o atual governo entregou ao Comitê da ONU para a Eliminação de todas as Formas de Descriminalização contra a Mulher (CEDAW) documento no qual reconhece o aborto como Direito Humano da Mulher,
considerando que, em setembro de 2005, através da Secretaria Especial de Polítíca das Mulheres, o atual governo apresentou ao Congresso um substitutivo do PL 1135/91, como resultado do trabalho da Comissão Tripartite, no qual é proposta a descriminalização do aborto até o nono mês de gravidez e por qualquer motivo, pois com a eliminação de todos os artigos do Código Penal, que o criminalizam, o aborto, em todos os casos, deixaria de ser crime,
considerando que, em setembro de 2006, no plano de governo do 2º mandato do atual Presidente, ele reafirma, embora com linguagem velada, o compromisso de legalizar o aborto,
considerando que, em setembro de 2007, no seu IIIº Congreso, o PT assumiu a descriminalização do aborto e o atendimento de todos os casos no serviço público como programa de partido, sendo o primeiro partido no Brasil a assumir este programa,
considerando que, em setembro de 2009, o PT puniu os dois deputados Luiz Bassuma e Henrique Afonso por serem contrários à legalização do aborto,
considerando como, com todas estas decisões a favor do aborto, o PT e o atual governo tornaram-se ativos colaboradores do Imperialismo Demográfico que está sendo imposto em nível mundial por Fundações Internacionais, as quais, sob o falacioso pretexto da defesa dos direitos reprodutivos e sexuais da mulher, e usando o falso rótulo de “aborto - problema de saúde pública”, estão implantando o controle demográfico mundial como moderna estratégia do capitalismo internacional,
considerando que, em fevereiro de 2010, o IVº Congresso Nacional do PT manifestou apoio incondicional ao 3º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH3), decreto nª 7.037/09 de 21 de dezembro de 2009, assinado pelo atual Presidente e pela ministra da Casa Civil, no qual se reafirmou a descriminalização do aborto, dando assim continuidade e levando às últimas consequências esta política antinatalista de controle populacional, desumana, antisocial e contrária ao verdadeiro progresso do nosso País,
considerando que este mesmo Congresso aclamou a própria ministra da Casa Civil como candidata oficial do Partido dos Trabalhadores para a Presidência da República,
considerando enfim que, em junho de 2010, para impedir a investigação das origens do financiamento por parte de organizações internacionais para a legalização e a promoção do aborto no Brasil, o PT e as lideranças partidárias da base aliada boicotaram a criação da CPI do aborto que investigaria o assunto,
RECOMENDAMOS encarecidamente a todos os cidadãos e cidadãs brasileiros e brasileiras, em consonância com o art. 5º da Constituição Federal, que defende a inviolabilidade da vida humana e, conforme o Pacto de S. José da Costa Rica, desde a concepção, independentemente de sua convicções ideológicas ou religiosas, que, nas próximas eleições, deem seu voto somente a candidatos ou candidatas e partidos contrários à descriminalizacão do aborto.
Convidamos, outrossim, a todos para lerem o documento “Votar Bem” aprovado pela 73ª Assembléia dos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB, reunidos em Aparecida no dia 29 de junho de 2010 e verificarem as provas do que acima foi exposto no texto “A Contextualização da Defesa da Vida no Brasil” [http://www.cnbbsul1.org.br/arquivos/defesavidabrasil.pdf], elaborado pelas Comissões em Defesa da Vida das Dioceses de Guarulhos e Taubaté, ligadas à Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB, ambos disponíveis no site desse mesmo Regional.
COMISSÃO em DEFESA da VIDA
do REGIONAL SUL 1 da CNBB

Santo Agostinho



Quem não conhece Santo Agostinho? Quem não conhece as Confissões, onde deplora os desvarios da juventude? Quem não conhece sua mãe, Santa Mônica, chorando noite e dia aquele filho, seguindo-o por toda a parte e implorando sem cessar ao céu, em seu favor?

Nasceu a 13 de novembro de 354, na pequena cidade de Tagaste, perto de Madaura e de Hipona, na Numídia, a Argélia atual. Seus pais era, de condição honesta; o pai, membro do corpo municipal, chamava-se Patrício, a mãe Mônica.
Tiveram grande cuidado em o fazer instruir nas letras humanas e todos notavam nele um espírito excelente e disposições maravilhosas para as ciências. Tendo caído doente na infância, em perigo de morte, pediu o batismo sendo logo catecúmeno, pelo sinal da cruz e pelo sal. Sua mãe, piedosa e fervorosa cristã, dispunha tudo para a cerimônia. Mas de repente ele melhorou e o batismo foi adiado.
Estudou primeiro, em Madaura, gramática e retórica até a idade de dezesseis anos, quando o pai o fez voltar a Tagaste e aí ficou um ano, enquanto se preparavam as coisas necessárias para que fosse terminar os estudos em Cartago; a paixão de mandar esse filho estudar obrigava o pai a esforços superiores à sua fortuna, que era medíocre.

Durante a permanência em Tagaste, o jovem Agostinho, desprezando os sábios conselhos de sua mãe, começou por se deixar levar a amores desonestos, convidado pela ociosidade e pela complacência do pai, que ainda não era cristão. Mas o foi antes da morte, que aconteceu pouco depois. Agostinho chegou a Cartago e afundou-se cada vez mais no amor das mulheres, que fomentava com espetáculos dos teatros. Não deixava de pedir a Deus a castidade, mas, acrescenta, que não seja agora. Entretanto caminhava com grande êxito nos estudos, que tinham por objetivo chegar a cargos e à magistratura, pois a eloquência lhes era então o caminho.

Entre as obras de Cícero, que estudava, leu o Hortensius que não temos mais e que era uma exortação à filosofia. Ele ficou encantado e começou então, na idade de dezenove anos, a desprezar as vãs esperanças do mundo e a desejar a sabedoria e os bens imortais. Foi o primeiro movimento de sua conversão.
A única coisa que o desgostava nos filósofos é que neles não encontrava o nome de Jesus Cristo que tinha recebido com o leite de mãe e que tinha causado profunda impressão em seu coração. Quis então ler as Sagradas Escrituras, mas a simplicidade do estilo desagradou-lhe, habituado como estava à elegância de Cícero. Depois, caiu nas mãos dos maniqueus que, falando somente de Jesus Cristo, do Espírito Santo e da verdade, o seduziram com seus discursos pomposos, deram-lhe o gosto por suas ilusões e aversão pelo Novo Testamento.

Entretanto, sua mãe, mais aflita do que se tivesse visto morto, não queria mais comer com ele; veio consolá-la este sonho: Ela estava num bosque e um jovem resplandecente vinha a ela, sorrindo, perguntando-lhe a causa de seus penas; ela respondeu-lhe que chorava a perda do filho. Vede, disse ele, está convosco! De fato, viu-o junto de si, no mesmo lugar. Contou depois o sonho a Agostinho, que lhe disse: Vós vereis o que eu sou. Mas ela respondeu sem hesitar: Não! Porque não me disseram: Tu estarás onde ele está mas ele estará onde tu estás. Desde aquele tempo, viveu e comeu com ele, como antes.

Dirigiu-se a um santo bispo e rogou-lhe falasse ao filho. O bispo respondeu: ainda é muito indócil e está muito cheio daquela heresia, que lhe é nova. Deixai-o, e contentai-vos de rogar por ele, ele verá, lendo, qual é seu erro. Eu que vos falo, na minha infância fui entregue aos maniqueus por minha mãe, que tinham seduzido; não somente li, mas transcrevi quase todos os seus livros e eu mesmo me enganei. A mãe não se contentou com as palavras do santo bispo; chorando abundantemente, continuou a insistir que falasse ao filho; o bispo respondeu com certo humor: Ide, é impossível que o filho de tantas lágrimas pereça! O que ela ouviu como um oráculo do céu. Seu filho, todavia, ficou nove anos maniqueu desde os dezenove anos até os vinte e oito.
Tendo terminado os estudos, ensinou, na sua cidade de Tagaste, gramática e depois retórica. Um arúspice se ofereceu para fazê-lo ganhar o prêmio numa disputa de poesia, por meio de alguns sacrifícios de animais; mas ele rejeitou-o com horror não querendo ter relação alguma com demônios. Todavia, não fazia dificuldade em consultar os astrólogos e ler-lhes os livros. Mas disso foi dissuadido por um sábio ancião, chamado Vindiciano, médico famoso, que tinha reconhecido, por experiência, a vaidade desse estudo. Agostinho tinha então um amigo íntimo, que ele também fizera maniqueu, pois cuidava de seduzir os outros. O amigo caiu doente e ficou muito tempo fora de si: como se perdera a esperança de o salvar, deram-lhe o batismo.

 Quando voltou a si, Agostinho quis zombar do batismo que tinha recebido naquele estado: mas o doente repeliu as palavras com horror e disse-lhe, com inesperada liberdade, que, se queria ser seu amigo, não lhe devia nunca mais falar daquele modo. Morreu poucos dias depois, fiel à graça. Agostinho, que o amava como a si mesmo, ficou inconsolável com a morte. Tinha mais ou menos vinte e seis anos, quando escreveu dois ou três livros: – Da beleza e da Decência – que não chegaram até nós.

Descobriu, nesse tempo, que sob a máscara de piedade os maniqueus, que se chamavam de santos e eleitos, ocultavam os costumes mais depravados. Cita vários escândalos públicos. Ao mesmo tempo começava a se aborrecer com as lendas que contavam, principalmente sobre o sistema do mundo, a natureza dos corpos e dos elementos. Tais conhecimentos, dizia, não são necessários à religião: é preciso não mentir e não se vangloriar de saber o que não se sabe, principalmente quando se quer passar, como Manés, por ser guiado pelo Espírito Santo. Gostava muito mais das razões que os matemáticos e os filósofos davam dos eclipses, dos solstícios e do curso de astros.

Naquele tempo persuadiram-no a ensinar em Roma, onde os alunos eram mais razoáveis que em Cartago. Embarcou contra a vontade de sua mãe e a enganou sob o pretexto de acompanhar um amigo até o porto. Chegando a Roma, caiu doente de febre que o levou às últimas; mas não pediu o batismo. Morava em casa de um maniqueu e continuava a frequentá-los, preso pelos laços de amizade; não mais esperava encontrar a verdade entre eles e não se decidia a procurá-la na igreja católica, tanto tinha prevenções contra tal doutrina. Começou então, a pensar que os filósofos acadêmicos, que duvidavam de tudo, poderiam bem ser os mais sábios e repreendia o hospedeiro por sua excessiva fé nas fábulas dos maniqueus. Entretanto, a cidade de Milão mandou pedir a Símaco, prefeito de Roma, um professor de retórica e pelo prestígio dos maniqueus, Agostinho obteve lugar, depois de ter feito prova de sua capacidade, com um discurso. Assim veio a Milão, no ano 384, tendo trinta anos de idade.

Santo Ambrósio, recebeu-o com tão paterna bondade, que começou por lhe ganhar o coração. Agostinho ouvia-lhe assiduamente os sermões, somente pela beleza do estilo e para ver se sua eloquência correspondia à fama. Estava encantado com a sua suavidade da linguagem, ma sábia que a de Fausto,, mas com menos graça na recitação. Não prestava, a princípio, atenção às coisas que dizia Santo Ambrósio; mas insensivelmente e sem que tomasse cuidado, as coisas entravam-lhe no espírito com as palavras e viu que a doutrina católica era pelo menos sustentável. Resolveu então, de repente, deixar os maniqueus e ficar na qualidade de catecúmeno, como era, na Igreja, que seus pais lhe tinham recomendado, isto é, na Igreja Católica, até que a verdade lhe aparecesse mais claramente.

Santa Mônica tinha vindo procurá-lo com tal fé, que passando o mar consolava os marinheiros, mesmo nos maiores perigos, pela certeza que Deus lhe tinha dado de que muito em breve estaria junto do filho. Quando ele lhe disse que não era mais maniqueu, mas que ainda não era católico, ela não ficou admirada; respondeu tranquilamente que tinha certeza de o ver fiel católico antes de sair desta vida. Entretanto, continuava suas orações e ouvia os sermões de Santo Ambrósio que ela amava como um anjo de Deus, sabendo que tinha levado o filho àquele estado de dúvida, que devia ser a crise do mal.

Santo Ambrósio, amava, por sua vez, Santa Mônica pela piedade e boas obras e muitas vezes felicitava Agostinho por ter tal mãe, pois toda sua vida tinha sido virtuosa. Ela tinha nascido numa família cristã, onde tivera boa educação. Tinha sido perfeitamente sujeita a seu marido, sofrendo mau proceder e mais tratos com paciência que servia de exemplo a outras mulheres e ela o ganhou a Deus, no fim da vida. Tinha um talento particular em reunir pessoas divididas. Depois que enviuvou, deu-se às obras de piedade; fazia grandes esmolas,servia os pobres, jamais deixava de levar sua oferta ao altar, nem de ir duas vezes a igreja, pela manhã e à noite, para ouvir a palavra de Deus e fazer as orações, que eram toda sua vida. Deus comunicava-se a ela por visões; sabia distinguir sonhos e pensamentos naturais. Assim era Santa Mônica, com relação a Santo Agostinho. (…)

Santo Agostinho foi batizado por Santo Ambrósio com seu amigo Alípio e seu filho Adeodato, de mais ou menos quinze anos. Foram batizados na Vigília da Páscoa que naquele ano, 387, foi o dia 25 de abril, como Santo Ambrósio tinha determinado, sendo consultado pelos bispos da Província da Emília. Foi, como se crê, nessa ocasião que Santo Ambrósio fez aos recém-batizados a instrução que compõe seu livro – Dos mistérios, – ou daqueles que foram iniciados.

Santo Agostinho, depois do batismo, tendo examinado em que lugar poderia servir a Deus mais utilmente, resolveu voltar à África com a mãe, o filho, o irmão e um jovem chamado Evódio. Este era também de Tagaste; sendo agente do imperador, converteu-se, recebeu o batismo, antes de Santo Agostinho e deixou o emprego para servir a Deus. Quando chegaram a Óstia, descansaram da longa viagem que tinham feito desde Milão e prepararam-se para embarcar.

Um dia, Santo Agostinho e sua mãe, apoiados a uma janela com extrema doçura, esquecendo todo o passado e levando os pensamentos para o futuro, indagaram qual seria a vida eterna dos santos. Elevaram-se acima de todos os prazeres dos sentidos; percorreram por graus todos os corpos o céu mesmo e os astros. Chegaram até às almas e passando por todas as criaturas mesmo espirituais, chegaram às sabedoria eterna, pela qual existem e que existe sempre, sem diferença e tempo. Atingiram, por um momento, a ponta do espírito e sentiram ser obrigados a voltar ao rumor da voz, onde a palavra começa e termina. Então sua mãe disse: Meu filho! Quanto ao que me concerne, não tenho mais nenhum prazer nesta vida. Não sei o que ainda faço aqui agora, nem por que cá estou. A única coisa que me fazia desejar ficar aqui era ver-vos um cristão católico antes de morrer. Deus me concedeu mais do que isso, eu vos vejo consagrado a seu serviço, tendo desprezado a felicidade terrestre.

Mais ou menos cinco dias depois, caiu doente de febre. Durante a enfermidade desfaleceu, um dia; quando voltou a si, olhou Agostinho, e seu irmão Navígio, e disse-lhes: Onde estava eu? Depois, vendo-os tomados de dor, acrescentou: Deixareis aqui vossa mãe. Navígio desejava que ela morresse em sua terra natal. Mas ela olhou severamente para ele, como para o repreender e disse a Agostinho: Vedes o que diz! Enfim, dirigindo-se a ambos: Ponde este corpo, disse ela, onde vos aprouver, não vos inquieteis. Rogo-vos somente que me lembreis no altar do Senhor, em qualquer parte onde estiverdes. Morreu no nono dia da doença, na idade de cinquenta e seis anos e aos trinta e três de Santo Agostinho, isto é, no mesmo ano de seu batismo, 387.

Logo que passou à eternidade, Agostinho fechou-lhe os olhos. O jovem Adeodato soltava gritos de dor; mas todos os assistentes o fizeram calar, não vendo motivo algum de lágrimas naquela morte e Agostinho reteve as suas, fazendo-se muita violência. Evódio tomou o saltério e começou a cantar o salmo 100: Cantarei em vosso louvor, ó Senhor, a misericórdia e a justiça: Todos respondiam e logo se reuniu grande quantidade de pessoas piedosas de um e outro sexo. Levaram o corpo; ofereceu-se pela falecida o sacrifício de nossa Redenção; fizeram´se ainda orações junto do sepulcro, segundo o costume, na presença do corpo, antes de o enterrar. Santo Agostinho, não chorou durante toda a cerimônia, mas por fim, de noite, deixou correrem as lágrimas para aliviar a dor. Rogou por sua mãe, como fazia muito tempo depois, escrevendo todas as circunstâncias daquela morte no livro de suas – Confissões – ele roga aos leitores lembrarem-se no santo altar, de Mônica, sua mãe e sei pai, Patrício.

Depois da morte de sua mãe, Santo Agostinho voltou de Óstia para Roma, onde ficou o resto do ano 387 e todo o ano 388. Seus primeiros trabalhos, depois do batismo, foram para a conversão dos maniqueus, cujos erros acabava de deixar. Não podia tolerar a insolência com a qual aqueles impostores elogiavam a pretensa continência e abstinências supersticiosas, para enganar os ignorantes e caluniar a Igreja. Compôs então dois livros: – Da Moral e dos Costumes, Da Igreja Católica, e Da Moral e dos Costumes dos maniqueus. (…)
Sua aflição tornou-se ainda bem maior quando viu a cidade de Hipona sitiada. Entretanto, tinha a consolação de ver consigo vários bispos, entre outros Possídio de Cálamo, um dos mais ilustres de seus discípulos, o mesmo que nos deixou sua biografia. Uniam seus penares, seus gemidos e suas lágrimas. Santo Agostinho pedia a Deus, em particular, lhe aprouvesse libertar Hipona dos inimigos que a cercavam, ou que pelo menos, desse aos servos a força de suportar os males de que estavam ameaçados, ou enfim de os retirar do mundo e de os chamar a si. De fato caiu doente de febre no terceiro mês do cerco e viu-se logo que Deus não tinha rejeitado a oração de seu servo.

Durante a doença mandou escrever e colocar junto da parede, perto de seu leito, os salmos Davi sobre a penitência; lia-os derramando lágrimas. Dez dias antes da morte, rogou aos amigos mais íntimos e aos mesmos bispos, que ninguém entrasse em seu quarto, senão quanto viesse o médico para o ver, ou lhe trouxessem o alimento; empregava todo o tempo em oração.
Enfim, chegou seu último dia; Possídio e os outros amigos vieram juntar orações às suas, que ele só interrompeu, quando adormeceu em paz.. Até então, tinha conservado o uso de todos os membros e nem o ouvido, nem a vista se tinham debilitado. Como tinha abraçado a pobreza voluntária, não fez testamento; nada tinha a deixar, mas recomendou-se se conservasse com cuidado a biblioteca da igreja e todos os livros que podia ter em casa, para aqueles que viessem depois dele. Possídio conta que tendo sido a cidade de Hipona incendiada algum tempo depois, essa biblioteca foi conservada no meio do saque dos bárbaros. Põe-se a morte de Santo Agostinho a 28 de agosto de 430. Vivera setenta e seis anos, e servira a Igreja perto de quarenta na qualidade de padre e de bispo.

Com Santo Agostinho morreu de algum modo a África cristã e civilizada. Depois desse tempo, até que espirou sob os ferros dos muçulmanos, sua existência foi somente uma longa agonia. Hoje pareceria que a Providência a quer ressuscitar e ressuscitá-la pela mesma província que Santo Agostinho ilustrou por sua vida e morte, o país da Argélia e de Bone.

Quem não conhece Santo Agostinho? Quem não conhece as Confissões, onde deplora os desvarios da juventude? Quem não conhece sua mãe, Santa Mônica, chorando noite e dia aquele filho, seguindo-o por toda a parte e implorando sem cessar ao céu, em seu favor? Foi somente na idade de trinta e dois anos que esse filho de tantas lágrimas se livrou inteiramente da heresia maniquéia e da escravidão das paixões corrompidas e recebeu o batismo das mãos de Santo Ambrósio. Mas quem poderia dizer quanto sua conversão foi perfeita! Com que amarga trsiteza chorou faltas passadas, embora tivesse sido apagadas inteiramente pelo batismo; com que ardor amou a Deus; com que zelo trabalhou para sua glória! Ai de nós; se o imitamos mais ou menos nos seus desvarios, quando o imitaremos na santidade de vida?
Mas que nos impede chorar nossas faltas como ele, amarmos a Deus como ele, sermos humildes como ele? Pois ele também, esse grande santo, foi religioso. Pouco depois da conversão, renunciou a tudo o que possuía de bens e viveu em comunidade religiosa, com os amigos. E quando foi feito bispo de Hipona, fez de sua casa episcopal um mosteiro, onde vivia em religião, com seus padres e diáconos. Como o exemplo desse grande santo, depois do de tantos outros nos deve fazer estimar e amar a vocação religiosa. Desejamos saber de Santo Agostinho mesmo qual é a verdadeira fonte de santidade? Escutemos o que diz: a primeira coisa para se chegar à verdadeira sabedoria é a humildade; a segunda é a humildade; a terceira é a humildade e tantas vezes quantas me fizésseis essa pergunta, tantas vezes vos daria a mesma resposta. Não, que não haja outros preceitos, mas se a humildade não preceder, não acompanhar e não seguir, o orgulho tirará de nossas mãos tudo o que fizermos de bem.

(Vida dos Santos, Padre Rohbacher, Volume XV, p. 268 à 305)

Masturbação e pornografia: como parar esse mal?

Por Raymond Lloyd Richmond, Ph.D.

Perguntas e Respostas
Há cerca de um ano atrás eu fui para a confissão, e disse ao Padre que me masturbava e que via pornografia. Disse também o número de vezes, e também que já tinha ido comungar antes de confessar esses pecados. O padre então me disse que nada daquilo era pecado mortal no meu caso, porque aquilo estava me levando para o amor, e que eu devia continuar a comungar. O que dizer disso? Essa resposta me confundiu. De qualquer modo, continuo a ter problemas com esses vícios, e não sou capaz de resistir às tentações. Ainda vejo pornografia e ainda me masturbo. O que é que não consigo compreender, ou qual minha motivação por trás desse desejo, e por que não consigo parar?
Você já ouviu o ditado: “Com um amigo desses, você não precisa de inimigos”. Olha, com um padre como esse que você encontrou, você não precisa de demônios que tentam perder a sua alma. Jesus Cristo disse a Pedro: “Alimentai minhas ovelhas” (João 21, 15-19). No entanto, padres como esse estão entregando suas ovelhas para os lobos!

Ponto de vista teológico
Esse padre está errado teologicamente porque (a) o próprio Jesus Cristo nos disse que a luxúria – mesmo a luxúria apenas no coração – é um pecado mortal (1), segundo Mateus 5, 28. Ele também está errado porque (b) a Tradição da Igreja Católica preservou o ensinamento de Cristo através das gerações, e porque (c) o Catecismo da Igreja Católica (parágrafos 2351 a 2354) continua confirmando esse ensinamento.

Ponto de vista psicológico
Além disso, esse padre está errado psicologicamente, porque ele não entende o que é, realmente, o amor.
Auto-estimulação autística (ou seja, masturbação), não é uma questão de amor, é uma degradação do amor. O verdadeiro amor não busca nada para si próprio; ao invés, o verdadeiro amor é um ato de auto-sacrifício em prol da salvação das outras almas. A masturbação quer tudo para si; é uma forma sutil de vingança por não ter recebido o amor dos seus pais – especialmente o amor do pai.
Quando era criança, você se sentiu sozinho e abandonado, e teve que resolver as coisas com as próprias mãos. Você, basicamente, teve que crescer por si mesmo, sem a orientação dos pais. Então agora, já adulto, quando você se sente incapaz, sozinho, e abandonado, o que você faz? Você resolve as coisas com as próprias mãos – literalmente.

A pornografia surge da necessidade de depreciar uma “outra” pessoa. Na superfície, parece que a pornografia é apenas uma questão de prazer erótico. Mas quando o corpo humano se torna um brinquedo biológico, ele perde toda a dignidade humana, e sua degradação é um ato de agressão. A hostilidade pode ser inconsciente, ou pode ser abertamente violenta, mas, seja qual for o caso, tem sua raiz no ressentimento. E a quem esse ressentimento é dirigido? Como em todas as coisas psicológicas, o ressentimento se volta contra os pais. Lá no fundo, debaixo de toda aquela aparente excitação, e apesar da atração pelo que está sendo visto, existe escondida no escuro uma necessidade de machucar e insultar – “voltar a” – o que está por trás das cenas: uma mãe que devorou, rejeitou, ou abandonou, ao invés de cuidar; ou um pai que deixou de ensinar, guiar e proteger.

O erro nos fatos
Finalmente, esse padre está errado na própria realidade dos fatos, porque seu conselho não lhe ajudou em nada, além de confundir você.
Então, por que você se masturba?
O desejo de se masturbar
A ânsia em se masturbar começa porque, de algum modo, você tem se sentido incapaz, sem esperança, ou desfavorecido. Ela cresce em você por causa da (a) raiva inconsciente dos pais por eles não terem cuidado de você com amor verdadeiro, e (b) raiva inconsciente de si mesmo por se sentir tão incompetente devido à falta de amor verdadeiro. Esses sentimentos de desesperança e vazio variam em seus detalhes, de pessoa para pessoa e de situação para situação. Mas a questão é que, ao invés de se voltar para Deus na hora da sua dor emocional, você se deixa levar pelo desejo de resolver as coisas com as próprias mãos e se aliviar você mesmo do próprio desespero. Literalmente.
Onde está o amor nisso tudo? Esse tipo de comportamento não leva você ao amor, ele arrasta você direto para o hedonismo sado-masoquista do inferno.

O processo de cura
Para ficar curado dessa escravidão, primeiro aprenda a reconhecer esses sentimentos de desesperança e vazio, logo quando começam a aparecer. Perceba como eles se manifestam nas suas circunstâncias particulares. Será que eles surgem porque você está sobrecarregado de obrigações, sem assistência e orientação adequada, de modo que você se sente fatigado e solitário? Será que eles são uma questão de se sentir ofuscado pelos outros, de se sentir insultado e esquecido? Será que eles surgem a partir da sua própria confusão interior e da sua falta de confiança, de modo que você se sente preso e frustrado? Ou será que o problema está em outra questão?

Daí, então, transforme os sentimentos em linguagem; ou seja, explique conscientemente para si mesmo como esses sentimentos se conectam a sentimentos similares da sua infância. Lembre-se dos verdadeiros eventos da sua infância que fizeram surgir esses sentimentos, e descreva-os em detalhe.

Por fim, junte tudo isso e leve para a presença de Jesus Cristo, em oração. Peça que Ele lhe dê coragem e força para seguir em frente no meio desses sentimentos dolorosos, até alcançar a confiança na proteção divina. Procure a humildade da confiança, e não a satisfação de competir com os outros para fazer você se sentir mais forte. Admita sua miséria, e peça a graça para amar e para rezar por todos – mesmo seus inimigos – apesar do tratamento errado que você recebeu dos seus pais na infância, e que continua a receber, mesmo agora, de outras pessoas. E peça a Deus que o desejo de ter e sentir o verdadeiro amor cresça em você, e se sobreponha a todos os outros desejos.

Faça isso e você não apenas vai compreender o amor, você vai começar a vivê-lo.


Fonte: Vida e Castidade