De Thiago Augusto ( Comunidade Católica Deus Existe - Ipatinga-MG)
Em entrevista ao jornalista Peter Seewald para o livro O Sal da Terra, o Cardeal Ratzinger – hoje Papa Bento XVI comenta sobre o resultado que a “poluição interior” em nós causa no ambiente exterior.
Segue um trecho da entrevista: “[A] poluição do ambiente exterior que observamos é o espelho e o resultado da poluição do ambiente interior, à qual não prestamos suficiente atenção. Julgo que é também o que falta aos movimentos ecológicos. Combatem com uma paixão compreensível e justificada a poluição do ambiente; a poluição espiritual que o Homem faz a si mesmo continua, pelo contrário, a ser tratada como um dos seus direitos de liberdade. Há aqui uma desigualdade.”
Diante deste comentário trago à tona o tema da Campanha da Fraternidade, “Fraternidade e a Vida no Planeta”. Pelo tema em si, a campanha se faz bastante oportuna, principalmente nesse período de quaresma. Por ela, é possível refletirmos o estrago ambiental a partir da poluição espiritual do homem e então buscarmos acentuar nossa espiritualidade, elevar a alma a Deus. Com efeito, o estrago do ambiente exterior é fruto da poluição no ambiente interior.
Assim, qualquer militância ecológica é supérflua sem um empenho, antes de tudo, na ecologia do homem, na consciência de que somos a mais perfeita das criaturas, e que por sermos imagem e semelhança do Criador devemos nos afeiçoar, ou seja, nos aproximar, nos moldar a Ele. Então seremos levados naturalmente à consciência ambiental. A preocupação com ambiente exterior é, portanto, secundária, pois o homem é a criatura primária e a ele foi confiado o domínio sobre toda criação, cf. Gn 1,26-31. Ora, a humanidade é o centro da criação, em Jesus, Deus se fez homem e habitou entre nós. De tal modo o que se organiza nos movimentos da Igreja Militante deve se inspirar na Igreja Triunfante, com atitudes de louvor ao Criador e não de adoração à criatura. Levar a um desejo de santidade, de aversão ao pecado, de intensa obediência a Deus, a uma visão celeste e daí contemplar a beleza terrestre.
Mas o que existe, por parte dos movimentos ecológicos é uma tentativa de aliviar a consciência do homem tratando sua desordem interior como um dos seus direitos de liberdade. Igualmente, alguns humanitários se preocupam apenas com a piedade, e a piedade deles (lamento dizê-lo) é muitas vezes falsa. Eles têm a estranha idéia de que tornará mais fácil o perdão dos pecados dizendo que não há pecados a perdoar. Estes são realmente inimigos da raça humana – por serem tão humanos. Contudo, “o salário do pecado é a morte” (Rm 6,23), por isso, “a criação geme em dores de parto” (Rm 8,22), e ela “aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus” (Rm 8,19).
Concluo com o Papa: “enquanto mantivermos essa caricatura de liberdade, continuarão imperturbavelmente os seus efeitos exteriores. Não é apenas a natureza que tem as suas regras e as suas formas de vida, que temos de respeitar, se quisermos viver dela e nela, mas também o Homem é interiormente uma criatura e está sujeito à ordem da criação”. É Pedro quem fala, ele é em Cristo nosso bom pastor.
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