22 de ago. de 2011

China mascara passado de crimes em história oficial do comunismo


Luis Dufaur

Causou espanto o livro oficial sobre a “História do Partido Comunista Chinês, 1949-1978”, publicado por ocasião dos 90 anos do partido.

A causa do estarrecimento foi o silêncio deliberado sobre as dezenas de milhões de pessoas mortas para a implantação da utopia socialista.

“Não menos do que 60 milhões”, disse Frank Dikötter, historiador da Universidade de Hong Kong que está escrevendo um livro sobre os primeiros anos da República do Povo.

A já contestada história oficial forma um volume de 1.074 páginas que visa ludibriar os 82 milhões de membros do partido e os ingênuos ou amigos do Ocidente.

Os historiadores apontam como exemplo o modo de se apresentar a Campanha Anti-Direitista de 1957.

Esta é mencionada num só parágrafo, que se refere superficialmente a protestos, greves e saques.

Na realidade os cidadãos morriam de fome aos milhões, em decorrência da reforma agrária e de políticas industriais coletivistas.

Nessa campanha, mais de 550 mil intelectuais foram tachados de “direitistas”, demitidos de seus empregos, torturados e enviados para campos de trabalho onde muitos morreram.

Cinicamente, uma nota de rodapé reconhece que “98%” das vítimas da campanha foram acusadas “equivocadamente”.

Porém, a história oficial elogia os morticínios e a eliminação fatal dos “direitistas”, dizendo que foi “necessária e correta” para implantar o socialismo.

Os crimes de massa continuam sendo um método aprovado pela China que hoje finge cortejar o capitalismo.

Sobre o Grande Salto Adiante de 1958-62, de Mao Tsé Tung, a campanha de coletivização e industrialização que causou um dos maiores morticínios culposos de massa da História da humanidade, o livro constata apenas estatisticamente que a população da China caiu em 10 milhões de 1959 a 1960.

Entre dois e três milhões de pessoas foram mortas em 1949-51 pelo fato de serem proprietárias de terras ou “contra-revolucionárias”, denunciadas falsamente como bandidos ou espiões do Kuomintang.

Mas a história oficial não menciona sequer um número, embora elogie a reforma agrária e outras campanhas contra os proprietários urbanos e industriais que morreram chacinados.

O livro faz de Mao apenas uma restrição: ele teria cometido erros “esquerdistas”, como a Revolução Cultural. Porém, diz maquiavelicamente que os mesmos foram “necessários” e põe a culpa em etéreas “expansões” equivocadas.

Em última análise, ninguém teve culpa pelo extermínio de dezenas de milhões de chineses proprietários, fazendeiros, intelectuais, nobres e simples populares sacrificados no altar fanático do socialismo de Estado.

“É uma espécie de ilusão mostrar que eles estão fazendo um esforço para contar a verdade, quando sabemos que eles não estão”, disse a historiadora Zhou Zun, da Universidade de Hong Kong.

O presidente Hu Jintao apadrinhou uma equipe de pesquisadores encarregada de suprimir fatos ou interpretações indesejáveis da história.

Assim saiu a atual história, que o governo comemora como “um esforço coletivo”, disse Frank Dikötter.

O passado imediato da China não é tão passado assim. Ele vive acalentado nos espíritos da dirigência socialista atual.


Fonte: http://www.ipco.org.br

Um comentário:

  1. Me espanta saber que ainda há pessoas que acreditam no Socialismo como a salvação da humanidade. Será que não percebem que ele é a destruição da humanidade?

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