16 de set. de 2011

Oposição alemã quer boicotar discurso do Papa no Parlamento em Berlim.


Grande parte dos parlamentares da oposição anunciaram que não querem participar da sessão na qual o papa Bento 16 falará ao Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) no próximo 22 de setembro. Gesine Lötzsch, líder da bancada do partido A Esquerda, declarou que metade dos 76 deputados esquerdistas não irá comparecer ao Parlamento no dia da visita do Papa.

Entre os social-democratas, a estimativa é de que 25% dos 146 parlamentares não compareçam. Entre os verdes, acredita-se que a bancada terá um desfalque de mais de 30%, noticia a agência alemã de notícias DPA. A conservadora União Social Cristã (CSU, do alemão) qualificou a iniciativa dos parlamentares oposicionistas de “comportamento intolerante”. As cadeiras vazias no Bundestag serão preenchidas com ex-parlamentares, que receberão convites para comparecer ao Parlamento naquele dia.

Contra a “neutralidade religiosa do Estado”

Críticos da visita do Papa afirmam que ele não poderia falar ao Parlamento alemão, pois sua presença no Bundestag vai contra a “neutralidade religiosa do Estado”. Os defensores de Bento 16 revidam, afirmando que ele visita o Bundestag como chefe de Estado do Vaticano e não como líder religioso.

A social-cristã Gerda Hasselfeldt acusou os parlamentares que aderirem ao boicote de falta de respeito perante o Papa. “A Esquerda prova mais uma vez que seu meio é a luta nas ruas e não o debate através de argumentos”, declarou. O porta-voz de A Esquerda, Hendrik Thalheim, ressaltou que a liberdade de opinião na Alemanha inclui também críticas à Igreja Católica no país.

Pouca importância

Nos bastidores da Igreja Católica, aumenta a preocupação com uma escalada dos protestos em torno da visita de Bento 16. “Faz parte receber um convidado como esse com a cordialidade, o respeito e a cortesia necessários”, afirmou Robert Zollitsch, presidente da Conferência Alemã dos Bispos, ao jornal Passauer Neue Presse. “Lamento que os deputados se ausentem e boicotem o discurso. Todos têm o direito de criticar ou protestar, mas espero que tumultos nas ruas não predominem no país” durante a visita do Papa, salientou Zollitsch.

Enquanto parlamentares e autoridades debatem detalhes a respeito da visita do Sumo Pontífice ao país, uma enquete,publicada pela revista Stern, aponta que a maioria (86%) dos alemães não acredita que a presença de Bento 16 no país tenha qualquer importância.Apenas 14% dos entrevistados veem algum sentido na visita. Nem mesmo entre os católicos a visita é tida como importante – entre estes, 63% não veem, do ponto de vista pessoal, nenhuma relevância na presença de Bento 16 na Alemanha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário