30 de set. de 2011

Bioética e Reprodução assistida.


Costumam-se chamar técnicas de Reprodução Assistida (RA) aquelas que importam na implantação artificial de gametas ou embriões humanos no aparelho reprodutor de mulheres receptoras com a finalidade de facilitar a procriação. Que dizer a respeito disso? É bom e louvável ajudar os casais inférteis a terem filhos. Os meios utilizados para isso, no entanto, nem sempre são moralmente aceitáveis.

Diz o Catecismo da Igreja Católica: “As pesquisas que visam diminuir a esterilidade humana devem ser estimuladas, sob a condição de serem colocadas ‘a serviço da pessoa humana, de seus direitos inalienáveis, de seu bem verdadeiro e integral, de acordo com o projeto e a vontade de Deus’”(Catecismo… n.º 2375).

Dizia Pio XII, por exemplo, em seu discurso às parteiras, que é lícito o uso de meios artificiais encaminhados unicamente a facilitar a realização natural do ato sexual ou, uma vez este ato realizado normalmente, que seja alcançado o seu fim. No entanto, a Igreja ensina que nunca é lícito “fabricar” um filho fora do ato sexual. Todo ser humano tem o direito de ser gerado em uma união física de amor, dentro do matrimônio. O matrimônio não dá aos cônjuges o direito a terem filhos, custe o que custar, mas lhes dá o direito a realizar os atos naturais que podem ter como resultado a procriação. Se assim não fosse, o matrimônio em que um ou os dois cônjuges fosse estéril seria antinatural.

A esterilidade não deve levar o casal ao desespero de “fabricar” um filho em laboratório. “O Evangelho mostra que a esterilidade física não é um mal absoluto. Os esposos que, depois de terem esgotados os recursos legítimos da medicina, sofrerem de infertilidade, unir-se-ão à Cruz do Senhor, fonte de toda fecundidade espiritual. Podem mostrar a sua generosidade adotando crianças desamparadas ou prestando relevantes serviços em favor do próximo” (Catecismo… n.º 2379).

Inseminação Artificial

A introdução artificial do esperma dentro do organismo da mulher, ainda que o esperma tenha sido produzido por seu marido (inseminação artificial homóloga) é um ato gravemente desordenado. A malícia aumenta quando o esperma é proveniente de um terceiro (inseminação artificial heteróloga), pois, neste caso, trata-se de um adultério.

Fertilização in vitro

A fertilização in vitro (FIV) — seja ela homóloga ou heteróloga —, na qual o óvulo e o esperma são juntados em um tubo de proveta e posteriormente se introduzem alguns embriões no aparelho reprodutor da mulher, constitui também uma ofensa à dignidade do matrimônio e à transmissão da vida.

Tanto a inseminação artificial como a fecundação in vitro têm um agravante: o esperma do homem é obtido mediante a masturbação, que é um pecado grave.

No caso da fecundação in vitro, ocorre ainda outro problema: o excesso de embriões. Para garantir êxito, o médico estimula uma super-ovulação, com injeções diárias de hormônios durante dez dias. A mulher produz, então, cerca de 15 óvulos, ao invés de um. Os óvulos, então, são postos em contato com os espermatozóides e são fecundados. Há agora quinze ovos ou zigotos, ou seja, quinze seres humanos, como eu ou você, dentro de um tubo de ensaio. Dos quinze, cerca de dez chegam ao estágio de embrião. Obviamente não se colocam os dez embriões dentro do útero da mãe. Transferem-se normalmente quatro, dos quais vários vão morrer sem conseguir ser implantados no endométrio. O eventual sobrevivente desse holocausto nascerá, será fotografado e exibido em capa de revista, como uma resultado glorioso da tecnologia.

E agora, uma pergunta crucial: o que fazer com os outros seis embriões que não foram transferidos? A “solução” encontrada tem sido congelá-los em nitrogênio líquido (criopreservação).

Resolução Normativa 1.358/92 do Conselho Federal de Medicina

“Normas Éticas para a Utilização das Técnicas de Reprodução Assistida”.

“V – Criopreservação de Gametas ou Pré-Embriões[1]

1 – As clínicas, centros ou serviços podem criopreservar espermatozóides, óvulos e pré-embriões.

2 – O número total de pré-embriões produzidos em laboratório será comunicado aos pacientes, para que se decida quantos pré-embriões serão transferidos a fresco, devendo o excedente ser criopreservado, não podendo ser descartado ou destruído.”

Mas… congelar até quando? A crioconservação é cara e nem sempre os pais estão dispostos a implantar os embriões excedentes. “Não se sabe exatamente quantos embriões congelados existem no país. Mas pode-se ter uma idéia: três das maiores clínicas em São Paulo reúnem, cada uma, cerca de mil embriões. Foram obrigadas a dobrar o espaço nas geladeiras” (Excessos de Proveta, Época, 30 de agosto de 1999, p. 86).

Há no Congresso Nacional projetos de lei tentando “regulamentar” a chamada “reprodução assistida”. Lamentavelmente, há a tendência de se permitir, ou até obrigar o descarte dos embriões humanos excedentes.

O têrmo “pré-embrião” é preconceituoso. Designa os embriões já concebidos, mas ainda não implantados no útero. O motivo pelo qual recentemente se têm chamado tais embriões de “pré-embriões” é sugerir que não se tratam de seres humanos e que, portanto, podem ser descartados ou manipulados. Apesar disso, a Resolução Normativa ainda não autoriza o seu descarte ou destruição.

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz – Curso de Bioética -

Escatologia errônea das Seitas


Ao passar dos séculos, diversas civilizações, indivíduos e seitas quiseram julgar, interpretar e catalogar a data especifica em que ocorrerá o "fim dos tempos". Os maias, civilização indígena da América Central, por exemplo, antes mesmo de Cristianismo chegar as Américas, elaborando uma previsão do fim. Ao que consta e demonstra a História, várias seitas e hereges tentaram ao longo de anos preverem quando seria e se daria o advento de Cristo, mas falharam.

Não é um típico fenômeno de nossa época, existir estes grupos. Se estudarmos de forma exegética as Sagradas Escrituras perceberemos que já na segunda Epístola de Paulo aos Tessalonicenses (3, 10-12). Registra-se a existência de pessoas desordeiras que davam ouvidos a aqueles que diziam que o fim estava próximo e por isso deixaram seus afazeres civis, esperando o retorno de Jesus Cristo para eles "imediato". Entretanto, São Paulo os corrige duramente dizendo que se não trabalhassem não teriam também o direito de comer.

Não só temos um exemplo, como demonstrado nas Escrituras. Há cerca de mil e novecentos anos atrás. Nos últimos 50 anos cresceram os grupos, movimento, seitas e comunidades "cristãs" que disseminam de forma literal e como eminente a volta de Jesus.

Na edição de 15 de novembro de 1984, as Testemunhas de Jeová publicaram material em sua revista intitulada "A Sentinela" dizendo que a geração de 1914 não passaria. Menciona ainda que ao menos parte dessa geração conseguiria se manter viva, para desfrutar da concretização das profecias sobre a vinda de Jesus.

Mas não foram somente as TJs que quiseram predizer o que nem Jesus sabia como disse aos apóstolos. (cf. Mt 24, 36). Os adventistas também quiseram marcar a volta de Cristo para o ano de 1843, mas não tiveram êxito. Nos dias atuais, os adventistas costumam dizer que o fim será "em breve".

Curioso é o arranjo dessas seitas. Os adventistas, por exemplo, não parecem, ao menos em princípio, ter um estudo profundamente exegético e escatológico das Sagradas Escrituras. Seus teólogos inventaram que o Papa seria a besta do apocalipse, não conseguindo provar com sólidos argumentos esta falácia. Exemplo disto é o suposto título que assimilam como nome de cargo [no caso o Papa] "Vigário do Filho de Deus", os adventistas concluem que a soma dessa frase em latim (Vicarivs Filli Dei) resulta em no total de 666, o número da besta. Entretanto, a soma correta resulta em 664 e não em 666.

Outro problema para esta interpretação truncada é o fato de o Novo Testamento ter sido escrito em grego, e não em latim; seria mais lógico que a soma resultasse 666 em grego ou hebraico, que são as línguas bíblicas, mas jamais em latim [pois os autores desconheciam primariamente e língua latina]. Existe outro obstáculo, o Papa jamais foi chamado canonicamente de "Vigário do Filho de Deus" se existe algum registro histórico é provável que sua utilização fora excepcional, É comum utilizar os termos "Vigário de Cristo" como verificado nos últimos séculos. A exegese católica sugere que a besta narrada no Apocalipse tenha sido um imperador romano, como César Nero, perseguidor de cristãos, assim como a outras alusões.

Os adventistas por várias vezes também foram acusados de plágios e mentirosos dentre eles, ex-membros da seita. Além de tudo isso, os adventistas demonstram um apego exagerado à lei dos judeus. Essa lei consistia em uma série de dietas alimentares, hábitos de lavar as mãos, guardar o sábado, circuncidar os fiéis e vários outros preceitos. A lei antiga foi, todavia, abolida por Jesus no Novo Testamento da Bíblia, especificamente "levada à perfeição" (cf. Lc 6, 5; Gl 4, 4-5; Rm 10, 4; Gl 4, 10-11, Gl 5, 4; Mt 15, 1-11; At 15, 1-30).

O Senhor Jesus ensinou-nos que toda a planta que o Pai não plantou será arrancada pela raiz (cf. Mt 15, 13) e certamente, esta erva daninha, assim como outras que infiltraram-se no que o Pai plantou,será extirpada. São Paulo também alerta que a lei é o ministério da morte e que o ministério de Cristo é algo muito superior a lei (cf. II Cor 3, 7-8).

Há muitos equívocos e erros oriundos das "hermenêuticas" que orientam estas seitas como as Testemunhas de Jeová, que por sua vez condenam a doação de sangue, a política e a submissão ao estado. Ora, a submissão ao estado é claramente recomendada por São Paulo (cf. Rm 13, 1-7).

Essas duas seitas teimaram, conforme já visto, em prever o fim dos tempos e tendo em comum algumas similaridades. As TJs têm, entretanto, um ponto extremamente diferente quanto a uma das pessoas da Trindade, pois negam a divindade de Cristo, o que é dito as claras São João (cf. Jo 1, 1-18) Já os Adventistas até alguns anos atrás, negavam a S.S. Trindade como entendida desde a antiguidade cristã pela Igreja Católica.

Para a exacerbada preocupação dessas duas seitas com os "tempos do Fim", entretanto, Jesus deixa uma mensagem reveladora. Segundo a qual ninguém siga; as pessoas que pregam que o fim está próximo (cf. Lc 21, 8). Essas duas seitas, todavia, fazem mais que pregar o fim dos tempos. Pregam com terror que são as únicas igrejas de Cristo, ameaçando as pessoas a uma destruição eterna se não as seguirem, tendo em vista que nem uma e nem outra acreditam na existência do inferno.

Jesus não disse necessariamente que devemos nos preocupar exageradamente com o fim dos dias. Antes é melhor nós preocuparmos com o nosso fim, praticando o amor, que é a maior das virtudes (cf. 1 Cor 13). É triste ver como comunidades e movimentos que se intitulam cristãos possuem essa filosofia terrorista e pregação do medo, aspecto principal do fundamentalismo religioso ameaça as pessoas e defendem que apenas 144.000 pessoas serão salvas como dizem as TJs ou que é a igreja remanescente do Apocalipse, consta nos Adventistas, parece que seus adeptos pelo Mundo já superam os dados de 144.000.

Que possamos enraizados em Deus, tratar na caridade estes homens e mulheres que não alcançaram a verdade plenamente. Rezemos para amadurecimento e consumação de nossa missão. Em viver os ensinamentos contidos nos Evangelhos e não a usá-los com a finalidade de ameaças, sim com apego a verdade. O senhor não veio para condenar, mas para salvar os que estavam perdidos (cf. Lc 19, 10).

Por fim não podemos usar o Evangelho para pregar um Reino de Deus através do medo e condenação como fazem os fundamentalistas, que possamos junto aos nossos pastores na fé proclamar o evangelho unidos a única e verdadeira Igreja fundada por Cristo e entregue a Pedro (cf. Mt 16, 18). Portanto é incoerente crer nos adventistas e nas testemunhas de Jeová, bem como outros grupos, e conceder alguma confiança a estas fundações humanas e falhas. Não podemos pensar que Jesus tardou mais de 1800 anos para fundar sua Igreja, o que significa um erro crasso. Na concepção ideológica dessas comunidades, isso significa automaticamente que por mais de 1800 anos as almas se perderam, já que ninguém se salvará fora delas. Não é isso, entretanto, que Jesus pregou, fundando sobre São Pedro a sua única Igreja, que se manterá até "o fim do mundo" cf. Mt 28, 20.

Fonte: http://www.veritatis.com.br

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Notas:


TJ; siglas que significam abreviadamente "Testemunhas de Jeová"

Referências:

EX TESTEMUNHAS DE JEOVA. 1914 A geração que não passará, profetizou a Torre. Disponível em:
http://extestemunhasdejeova.net/forum/viewtopic.php?f=46&t=3700
Acesso em: 14 novembro 2010.

DE CASTRO, F. C. O Apocalipse hoje. Editora Santuário, Aparecida, São Paulo. 1989, p. 123-132.

REA, P. W. T. A mentira branca. Edições eletrônicas. Disponível em:
http://www.scribd.com/doc/3288026/A-Mentira-Branca-Walter-T-Rea
Acesso em: 14 novembro de 2010.

ARAÚJO, U. T. A Igreja de vidro. Edições eletrônicas, disponível em:
http://www.veritatis.com.br/ebooks/a_igreja_vidro.pdf
Acesso em: 14 novembro de 2010.

DE MELO, F. R. Religião e religiões: perguntas que muita gente faz. Editora Santuário, Aparecida, São Paulo. 1997, p. 79-83; 85-90.

“Melhor agnósticos do que falsos fiéis”. Palavra do Papa na Alemanha.


La Stampa

Na missa conclusiva de sua visita a Alemanha ,no aeroporto de Friburgo (diante de 100 mil participantes e de todos os bispos das 27 dioceses da Alemanha), o Papa exortou os crentes a não serem apenas fiéis por simples hábito. Com um elogio inusitado e destinado a deixar marca nos “agnósticos que, por causa da questão de Deus não encontram paz, pessoas que sofrem por causa dos nossos pecados e desejam ter um coração puro”. Eles estão “mais perto do Reino de Deus do que os fiéis ‘de rotina’, que na Igreja só veem agora o aparato, sem que o ser coração seja tocado pela fé”.

A Igreja não é uma multinacional da filantropia. Não bastam estruturas eficientes, instituições sociais e de caridade capazes de desenvolver um serviço que “requer competência objetiva e profissional”. É preciso mais, isto é, “um coração que se deixe tocar pelo amor de Cristo”.

Embora expressando gratidão aos que “colocam à disposição tempo e forças no voluntariado”, o papa exorta os católicos, em todos os níveis, “a se interrogar sobre a relação pessoal com Deus”. E recomenda “oração, participação na missa dominical, meditação da Sagrada Escritura, estudo do catecismo”. Não há renovação na Igreja sem conversão e fé renovada.

Aos seus compatriotas, o pontífice faz uma acurada denúncia do “relativismo combativo” e da “campanha de opinião contra a Igreja”. Mas é o “fronte interno” que o preocupa mais. Joseph Ratzinger muitas vezes não encontra, por trás de estruturas eclesiásticas bem organizadas, “força espiritual e fé”.

Além disso, “uma excedência das estruturas com relação ao Espírito” torna vã qualquer tentativa de reforma. Por isso, Bento XVI apela à honestidade intelectual tanto de quem se diz cristão, quanto daqueles que não professam a fé, mas deveriam respeitá-la. A dimensão religiosa, de fato, é essencial para que a sociedade seja plenamente humana.

É necessário que “as paróquias, as comunidades e os movimentos se sustentem e se enriqueçam mutuamente”, que “os batizados e crismados, em união com o bispo, mantenham alta a tocha de uma fé capaz de iluminar conhecimentos e capacidades”.

Da sua pátria, o pontífice dirige um vibrante lembrete à unidade da Igreja em resposta às instâncias de reforma disseminadas sobre os divorciados em segunda união, sobre o celibato sacerdotal e sobre a ordenação das mulheres. Não é disso que se precisa, adverte o pontífice.

A Igreja, rebate o papa, “irá superar os desafios presentes e futuros” somente se “sacerdotes, pessoas consagradas e leigos” permaneçam fiéis à “sua própria vocação específica colaborando em unidade”.


Fonte: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/