Desde os anos 90, a Igreja da Unificação do reverendo Moon, através da Associação das Famílias para a Unificação e a Paz Mundial, instalou-se no oeste do Mato Grosso do Sul, comprando enormes extensões de terra, abrindo vários projetos, como a fazenda New Hope, de 22 mil hectares, em Jardim, além de outras terras no Paraguai.
No lado brasileiro, seriam 83 mil hectares entre Porto Murtinho, Corumbá, Guia Lopez da Laguna, Miranda e Jardim. O projeto instalado na fazenda Salobra, por exemplo, no município de Miranda, quer transformar um antigo hotel de pesca existente no local, numa fazenda “de ecoturismo cultural para desenvolver um turismo mundial e favorecer as famílias dos moradores que poderão ter no turismo uma atividade de desenvolvimento sustentável, através de uma exploração racional dos recursos naturais do Pantanal”.
No Paraguai, as terras compradas são ainda maiores: 350 mil hectares! A compra dessas áreas, conforme o presidente da Associação pela Unificação das Famílias para Unificação e a Paz Mundial brasileira, Maurício Raimundo Baldini, foi possível graças a doações vindas legalmente do exterior, através do Banco do Brasil, e que não puderam ser enviadas para fora do País. O capital serviria para o desenvolvimento da obra de Moon, como a compra de fazendas, casas, implantação do trabalho missionário, centros esportivos, escolas e um hotel. Na realidade, porém, a Associação já recebeu uma multa de mais de 3,7 milhões de reais das Secretarias Estaduais de Meio Ambiente, Turismo e Cultura, por irregularidades ambientais cometidas na fazenda New Hope de Jardim, e outra de mais de 47 mil reais pela retirada sem autorização dos órgãos de fiscalização competentes, de 60 toras. A Associação ainda teve obras embargadas na fazenda Loma Porá, em Porto Murtinho, devido à ampliação de 10 km de uma estrada que avançava numa reserva ambiental.
Os jornais de Campo Grande, Correio do Estado e a Folha do Povo, na edição do dia 1 de dezembro de 2001, denunciaram que haveria uma pressão sobre os trabalhadores rurais dessas fazendas para que adiram ao projeto New Hope, inclusive através de casamentos, geralmente decididos pelo rev. Moon.
Quais os reais interesses do rev. Moon no Pantanal?
Todo esse interesse de ampliar imensamente as propriedades nesses dois países, em regiões de fronteira de segurança nacional, separados somente pelo rio Paraguai, será que se restringe somente a motivos religiosos?
Esse acúmulo de terras, de fato, está levantando as suspeitas das autoridades nacionais, civis e militares de que haveria outros interesses menos “espirituais”. Como denunciou o gen. Sérgio Ernesto Conforto, do Comando Militar do Oeste, as terras compradas pelo rev. Moon são de pouca viabilidade para uma economia rentável, especialmente para a agropecuária: são terrenos que, uma vez desmatados, perdem rapidamente sua fertilidade agrícola e “ninguém gastaria tanto dinheiro à toa, sem esperar retorno desse capital”, enfatiza o general.
Outro ponto de suspeita é que, naquela região, não há tanta gente para evangelizar, a menos que se assentem mais pessoas, mas aquela área, geograficamente, não as suportaria. Num discurso na ONU, em outubro do ano passado, o rev. Moon manifestou o desejo de adquirir 1,2 milhão de hectares nos países do Mercosul para organizar áreas destinadas a absorver refugiados e imigrantes de outras nações e desenvolver nelas uma ação para educar famílias para a paz. Será que esse projeto começaria nessas áreas pantaneiras, que possuem um solo pobre, mas um subsolo muito rico?
Quais seriam, então, as verdadeiras intenções de todos esses investimentos em terras de segurança nacional? Essas intenções estão sendo investigadas pelo Exército e não se descarta a suspeita de que o rev. Moon queira juntar as áreas brasileiras e paraguaias numa espécie de feudo pessoal. Também não se descarta a hipótese de lavagem de dinheiro, conforme notícias veiculadas pelos jornais locais.
A audiência pública em Campo Grande
Diante dessas suspeitas bastante fundamentadas, a Assembléia do Mato Grosso do Sul realizou, no dia 30 de novembro, uma sessão especial com audiência pública, para que se esclarecessem todas as dúvidas que pairam no ar. Dela participaram representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e, obviamente, da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), além do gen. Conforto, comandante militar da região pantaneira, e o representante jurídico da Associação.
A audiência realizada na mesma Assembléia estadual confirmou ainda mais essas suspeitas, embora o representante jurídico da Associação, Neudir Simão Ferrabolli, tentasse justificar todas as atividades como um serviço à fé pregada pela seita Moon: “As atividades econômicas em Mato Grosso não são fim, mas sim o meio. No Pantanal o objetivo é desenvolver o turismo contemplativo”. Citando ainda o projeto New Hope em Jardim, Neudir afirmou que este gera mais de 400 empregos e atende
a mais de 300 alunos. “Queremos estabelecer um plano modelo em educação que possa atingir 33 cidades”.
Quem é o rev. Moon
O rev. Sun Myung Moon nasceu na Coréia em 1920, filho de uma família de fazendeiros convertida ao cristianismo. Em 1939, estudou engenharia na universidade de Waseda, no Japão.
Em 1945, iniciou seu ministério público, tendo já organizado o conteúdo doutrinal da Igreja da Unificação que fundou, oficialmente, em 1954, com o nome de “Associação do Espírito Santo para a Unificação do Cristianismo Mundial” e simplificado de “Igreja da Unificação”.
A partir de então, a seita de Moon difunde-se pelo mundo afora. No Brasil, em fevereiro de 1999, ele iniciou, no mato Grosso, o projeto New Hope, realizando cerimônias religiosas em hotéis da região, como o Hotel Nabileque e Americano, pregando a libertação e arrepen-dimento de Satanás. Depois da benção de 360 milhões de casais (sic), conforme biografia de Neudir Ferabolli, “O Fenômeno Moon”, Satanás rendeu-se diante de Deus.
A doutrina
É difícil e complicado fazer uma síntese doutrinal da Igreja da Unifi-cação, pois é muito contraditória em si mesma. Citamos no quadro abaixo, frases de discursos de Moon, retira-das da biografia (aliás, bajulatória e exaltada) já citada de Neudir Ferabolli e que resume todo o conteúdo sobre a doutrina.
Apesar de tantas contradições doutrinais, o rev. Moon construiu um grande império econômico espalha-do em muitos países, fundou muitas associações, entre as quais, a Associação das Famílias para Unifi-cação e Paz Mundial, lançada em Washington, em 1966. Na visão do fundador, a família é o principal meio de salvação dos homens, a chave para a paz social, nacional e mundial.
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Libertei-me da Seita Moon Steve Hassan conta como se libertou da seita do rev. Moon, revelando as técnicas de conquista utilizadas pelas seitas Os dez princípios do reverendo Moon
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