Máxima solenidade na celebração
de São Pedro e São Paulo, neste 29 de junho, de manhã, na basílica do Vaticano.
Foi ainda antes da Missa propriamente dita que Bento XVI entregou o pálio,
símbolo da honra e autoridade dos metropolitas, a 43 arcebispos nomeados nos
últimos doze meses, incluindo um angolano, D. Benedito Roberto, de Malanje.
Momento prévio, mas prolongado, pois o Papa deteve-se com cada um deles, num
breve colóquio. A dimensão ecuménica desta celebração, desde sempre marcada
pela presença de uma delegação do Patriarcado de Constantinopla, contou também,
desta vez, com a participação do Coro da Abadia de Westminster, em Londres, que
cantou lado a lado com a Capela Sistina.
Na homilia, Bento XVI começou por
sublinhar o especial significado que assume o facto de a Igreja de Roma desde
sempre associar numa única festa a memória dos dois Apóstolos, Pedro e Paulo,
verdadeiras “colunas da Igreja”, “inseparáveis”, até porque “representam,
juntos, todo o Evangelho de Cristo”. “Pedro e Paulo, apesar de humanamente
bastante diferentes, e não obstante os conflitos que não faltaram no seu mútuo
relacionamento, realizaram um modo novo e autenticamente evangélico de ser
irmãos, tornado possível precisamente pela graça do Evangelho que neles
operava. Só o seguimento de Cristo conduz a uma nova fraternidade.” “Esta é, para cada um de nós, a
primeira e fundamental mensagem da solenidade de hoje, cuja importância se
reflete também na busca da plena comunhão, à qual anelam o Patriarca Ecuménico
e o Bispo de Roma, bem como todos os cristãos” – sublinhou ainda o Papa.
Comentando o Evangelho desta
celebração – episódio conhecido como a “entrega das chaves” a São Pedro, depois
da confissão de fé da parte deste, que proclama Jesus como o Filho do Deus
vivo, o Papa observou o facto de, logo depois, o Senhor ter anunciado a sua
paixão, suscitando a reação negativa do Apóstolo e a dura réplica de Jesus… “O
discípulo que, que, por dom de Deus, se pode tornar numa rocha firme (observou
Bento XVI), surge aqui como ele é na sua fraqueza humana: uma pedra no caminho,
uma pedra onde se pode tropeçar (em grego, skandalon). Por aqui, se vê
claramente a tensão que existe entre o dom que provém do Senhor e as
capacidades humanas”. Nesta cena de Jesus com Simão Pedro – sublinhou o Papa -
aparece de alguma forma antecipado o drama da história do próprio Papado…
“o drama da história do próprio
papado, caracterizada precisamente pela presença conjunta destes dois
elementos: graças à luz e força que provêm do Alto, o Papado constitui o
fundamento da Igreja peregrina no tempo, mas, ao longo dos séculos assoma
também a fraqueza dos homens, que só a abertura à acção de Deus pode
transformar.”
Na parte final da homilia, Bento
XVI deteve-se sobre o símbolo das chaves e a expressão correspondente “ligar e
desligar”, cujo significado converge e se reforça reciprocamente: “é claro que
a autoridade de «desligar e ligar» consiste no poder de perdoar os pecados. E
esta graça, que despoja da sua energia as forças do caos e do mal, está no
coração do ministério da Igreja. Esta não é uma comunidade de seres perfeitos,
mas de pecadores que se devem reconhecer necessitados do amor de Deus,
necessitados de ser purificados através da Cruz de Jesus Cristo”. “Os ditos de
Jesus sobre a autoridade de Pedro e dos Apóstolos deixam transparecer
precisamente que o poder de Deus é o amor: o amor que irradia a sua luz a
partir do Calvário” – insistiu o Papa.
Ao meio-dia, como habitualmente
nos domingos e dias santos, Bento XVI assomou à janela dos seus aposentos sobre
a praça de são Pedro para saudar os fiéis e turistas ali congregados. O Papa
recordou, naturalmente, os dois padroeiros de Roma: “Roma tem inscritos na sua
história os sinais da vida e da morte gloriosa do humilde Pescador da Galileia
e do Apóstolos dos gentios, que justamente escolheu como Protetores. Fazendo
memória do seu luminoso testemunho, recordamos os venerandos inícios da Igreja
que em Roma crê, reza e anuncia Cristo Redentor.”
O Papa evocou a entrega, nesta
manhã, aos novos arcebispos do símbolo da sua responsabilidade… “Um rito sempre eloquente, que sublinha a
íntima comunhão dos Pastores com o Sucessor de Pedro e o elo profundo que os
liga à tradição apostólica. Trata-se de um duplo tesouro de santidade, em que
se fundem conjuntamente a unidade e a catolicidade da Igreja: um tesouro
precioso que há que redescobrir e viver com renovado entusiasmo e empenho
constante”.
Não faltou uma saudação especial
à delegação do Patriarcado de Constantinopla, vinda como todos os anos a tomar
parte nas celebrações deste dia. “Que a Virgem Santa conduza todos os crentes
em Cristo à meta da plena unidade”.
De entre as saudações aos
diversos grupos linguísticos presentes, Bento XVI não esqueceu os lusófonos:
“Uma saudação especial para os
Arcebispos do Brasil e de Angola que acabaram de receber o pálio e também para
os familiares e amigos que os acompanham: À Virgem Maria confio vossas vidas,
famílias e dioceses, para todos implorando o dom do amor e da unidade sobre a
rocha de Pedro”.
Fonte: Rádio Vaticano
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