Dom Henrique
A situação da Igreja: uma ameaça, uma chance.
Caro
Internatua, saiu o resultado do último censo no tocante à religião no
Brasil. Diminuiu o número de católicos, como já era de se esperar. Por
todos os lados aparecem análises desse resultado. Em maio de 2006 escrevi sobre este tema. Não mudo uma vírgula do que escrevi naquela época. Cada
vez que sai uma nova pesquisa, republico o meu texto, porque é o que
penso e me apraz compartilhar com outros esta análise… Aqui vai ela mais
uma vez, toda inteira, tal como escrevi em maio de 2006, sem tirar nem
pôr!
***
Recente
estudo, apresentado na PUC de São Paulo, dá conta que a cada ano, no
Brasil, a Igreja católica perde 1% de seus fiéis. Há gente muitíssimo
preocupada com isso. É bom mesmo! Gostaria de partilhar com você, caro
Visitante, alguns pensamentos sobre esta realidade.
(1)
É necessário, antes de tudo, compreender que parte deste fenômeno
é típico de nossa época e, neste sentido, não podemos fazer nada para
detê-lo. Pela primeira vez na história humana a população mundial é
preponderantemente urbana, vivendo
num intenso processo de massificação, desenraizamento cultural e
despersonalização e pressionada por uma gama desumanizante de
informação. Os meios de comunicação, com sua incrível força de penetração, e o excesso de ideias em circulação desestabilizam os valores das pessoas e das sociedades de modo nunca antes imaginado. Esse fenômeno faz com que se perca o sentido e o valor da tradição.
Não faz muito tempo, cada
pessoa era situada em relação à sua família à sua comunidade. O
indivíduo sabia quem era, de onde vinha, quais seus valores, qual seu
universo existencial… Agora, isso acabou: cada um se sente só, numa
corrida louca para ser feliz a qualquer custo, iludido, pensando que os
valores dos antepassados e do seu grupo só são valores se interessarem a
si próprio, individualmente: é verdade o que é verdade para mim; é bom o que realiza meus desejos e expectativas; cada um é a medida do bem e do mal.
É triste, mas cada pessoa acha que tem o direito e o dever de começar
do zero e “redescobrir a roda”, de fabricar sua receita de felicidade,
determinando de modo autônomo o que é certo e o que é errado, o que é
bom e o que não é. Isto é pura loucura, mas é assim! E lá vamos nós,
gritando: “Eu tenho o direito de ser feliz; a vida é minha e faço como
eu quero. Eu decido o que é certo e o que é errado…”
(2) No
tocante à religião, o homem da sociedade consumista e hedonista do
Ocidente não está à procura da verdade, mas sim do bem-estar. A sociedade ocidental já não crê que se possa atingir a Verdade e viver na Verdade. Agora há somente a verdadezinha de cada um, feita sob medida: é “verdade para mim” o que me faz sentir bem, o que resolve minhas necessidades imediatas. Religião não é mais questão de aderir à Verdade que dá sentido à existência,
mas sim de entrar num grupo que resolva meus problemas afetivos,
emocionais, de saúde e até materiais… Religião não é um modo de servir a
Deus e nele me encontrar, mas um modo de me servir de Deus para resolver minhas coisas... Como
diz o Edir Macedo, a Bíblia é uma ferramenta para se conseguir aquilo
que se quer! Vivam RR Soares, Edir Macedo e companhia…
(3) A urbanização violenta e
massificante faz com que as pessoas busquem refúgio em pequenos
grupos que lhes proporcionem aconchego e segurança. Por isso as seitas
atraem tanto: elas criam um diferencial entre mim e o mundo cão; dão-me a
sensação de estar livre do monstro da desumanização, do anonimato, da
nadificação…
Veja bem, meu Leitor, que contra esta realidade a Igreja não pode fazer muito. A multidão continuará presa das ideias desvairadas dos meios de comunicação;
a busca do bem-estar egoístico continuará fazendo as pessoas buscarem a
religião como um refúgio e um pronto socorro e, finalmente, a busca de
se sentir alguém, fará as pessoas procurarem pequenos grupos nos quais
se sintam acolhidas e valorizadas.
Mas, por que este fenômeno atinge sobretudo os católicos?
Por vários motivos:
a) Somos a massa da população brasileira e não temos como dar assistência pastoral personalizada a todos os fiéis. Isso seria praticamente impossível, mesmo que tivéssemos o triplo do número de padres e agentes de pastoral…
b) Historicamente, nossa catequese deixou muito a desejar e
nas últimas décadas piorou muito: é uma catequese de ideias vagas, mais
ideológica que propositiva, ambígua, que não tem coragem de apresentar a
fé com todas as letras… Ao invés, apresenta a opinião desse ou daquele
teólogo… Assim, troca-se a clareza e simplicidade da fé católica (como o
Catecismo a apresenta) por complicadas e inseguras explicações, fazendo a fé parecer uma questão de opinião e não uma certeza que vem de Deus;
algo acessível a especialistas letrados e não aos simples mortais. Céu,
inferno, anjos, diabo, purgatório, valor da missa, doutrina moral –
cada padre diz uma coisa, cada um acha que pode construir sua verdade…
Tudo tende a ser relativizado… Uma religião assim não segura ninguém e não atrai ninguém.Religião
é lugar de experimentar a certeza que vem de Deus, não as dúvicas e
vacilações dos tateamentos das opiniões humanas. É preciso que as
opiniões cedam lugar à certeza da fé da Igreja!
c) No Brasil há, desde os anos
setenta, uma verdadeiraanarquia litúrgica, ferindo de morte o núcleo da
fé da Igreja. Bagunçou-se de tal modo a liturgia, inventou-se tanta
moda, fez-se tanta arbitrariedade, que as pessoas saem da missa mais
vazias que o que entraram. A missa virou o show do padre ou o show
“criativo e maravilhoso” da comunidade. A missa tornou-se autocelebração… Mas, as
pessoas não querem show, criatividade nem bom-mocismo: as pessoas
querem encontrar Deus nos ritos sagrados! Hoje, infelizmente, celebra-se
com mais respeito e seriedade um culto protestante ou um toque da
umbanda que uma missa católica!
No culto não se inventa, na
umbanda não se inventa; na liturgia da Igreja do Brasil, o clero se
sente no direito absurdo de inventar! Isso é um gravíssimo abuso e
uma tirania sobre a fé do povo de Deus! É muita invenção, é muita
criatividade fajuta. Bastaria abrir o missal e celebrar com devoção e
unção, cumprindo as normas litúrgicas…
d) A
Igreja no Brasil, em nome de uma preocupação com o social (que em si é
necessária e legítima) descuidou-se dos valores propriamente religiosos e
muitas vezes fez pouco da religiosidade popular (quantas vezes se negou
uma bênção, uma oração de cura, a administração de um sacramento, uma
procissão com a presença do padre, o valor de uma novena e de uma
romaria…). Ora, hoje o “mercado” de religião é diversificado: se o
padre não sabe falar de Deus, o pastor sabe; se na homilia não se prega
a palavra, mas se a instrumentaliza política e ideologicamente, o
pastor prega a palavra; se o padre não dá uma bênção, o pastor dá… Infelizmente, às
vezes, tem-se a impressão que a Igreja é uma grande ONG, preocupada com
um monte de coisas e não muito atenta a pregar Jesus Cristo e a sua
salvação… Não se vê muito nossos padres e freiras apaixonados por
Cristo e pelo Evangelho. Fala-se muito em valores do Reino, compromisso
cristão, etc… Isso não encanta! Quem encanta, atrai, comove, converte e dá sentido a vida é uma Pessoa: Jesus Cristo!
e) Outra triste realidade é o processo de dessacralização.
Parece que o clero e os religiosos perderam o sentido do sagrado. Adeus
ao hábito religioso, adeus à batina, adeus ao clergyman, adeus à oração
fiel e obediente da Liturgia das Horas, adeus ao terço diário (”para
que terço?”), adeus ao ethos,
isto é, àquele conjunto de realidades, de modo de ser e de viver que
fazia com que o povo reconhecesse o padre como padre, o religioso como
religioso, a freira como freira.Parece que se faz questão de transgredir, de chocar, de desnortear a expectativa do povo, de negar a identidade… Hoje tudo é ideologizado:
a pobreza é “espiritual” e não real, material, concreta; assim também a
obediência, a vida mística, a penitência e a mortificação e, muitas
vezes, os votos e compromissos… Tem-se, portanto,uma religião cerebral e
não encarnada na carne da vida, da existência concreta material… E nada
mais anticristão que um cristianismo cerebral…
f) Nossas
comunidades são meio frias; nossos padres não têm muito tempo. Não
temos leigos capacitados para da acolhida, que faça com que nossas
igrejas estejam abertas e tenham pessoas para ouvir, aconselhar,
consolar… Infelizmente, ainda que não queiramos, às vezes a
Igreja parece uma grande repartição pública e impessoal… A paróquia
somente terá futuro como cadeia de comunidades vivas e aconchegantes,
nas quais se façam efetivamente a experiência da proximidade de Deus e
dos irmãos…
g) As homilias em nossas missas são chatas e moralizantes:
só dizem que devemos ser bonzinhos, justos, honestos… A homilia deveria
ser anúncio alegre da Palavra que comunica Jesus e sua salvação, tal
como a Igreja sempre creu, celebrou e anunciou. A
homilia deve ainda ser fruto de uma experiência de Deus; somente assim
reflete um testemunho e não um exercício de propaganda. A fé que
devemos anunciar é a fé da Igreja, não nossas teorias e nossas idéias
estapafúrdias… Isso desnorteia e destrói a fé do povo de Deus.
Por que alguém seria católico se nem os ministros da Igreja acreditam
realmente na sua doutrina e na sua moral? Os padres nisso têm uma imensa
responsabilidade e uma imensa parcela de culpa!
Sinceramente, penso que o
número de católicos diminuirá mais e drasticamente. Mas, não devemos nos
assustar. Veja, caro Visitante, e pense:
1. O cristianismo nunca deveria ser uma religião de massa.
A fé cristã deve nascer de um encontro pessoal e envolvente com Cristo
Jesus. Somente aí é que eu posso abraçar o ser cristão com todas as suas
exigências de fé e moral. Nós
estamos vendo o fim do cristianismo de massa, que começou com o Edito
de Milão, em 313, e com o batismo de Clóvis, rei dos francos, e de todo o
seu povo, em 496, na Alta Idade Média. No Brasil, esse
cristianismo de massa começou com a colonização e o sistema do padroado.
Aí, ser brasileiro e ser católico eram a mesma coisa. Ora, será que no
cristianismo pode mesmo haver conversão de massa?
2. A
Igreja voltará a ser um pequeno rebanho, presente em todo o mundo, mas
com cristãos de tal modo comprometidos com o Evangelho, de tal modo
empolgados com Cristo, de tal modo formando comunidades de vida, oração,
fé e amor fraterno, que serão um sinal, uma luz, uma opção de vidapara
todos os povos da terra. Era isso que os Padres da Igreja
desejavam: não que todos fossem cristãos a qualquer custo, mas que os
cristãos fossem, a qualquer custo, cristãos de verdade, sal da terra e
luz do mundo, entusiasmados por Cristo e por sua Igreja católica.
3. O
fato de sermos minoria e mais coerentes com o Evangelho, nos
fará diferentes do mundo e redescobriremos a novidade e singularidade do
ser cristão. Isso nos fará atraentes para aqueles que buscam com sinceridade a Luz e a Verdade. Por isso mesmo, a
Igreja não deve cair em falsas soluções de um cristianismo frouxo e
agradável ao mundo, de uma moral ao sabor da moda, de um ecumenismo
compreendido de modo torto e de um diálogo interreligioso que coloque
Cristo no mesmo nível das outras tradições religiosas.
Ecumenismo e diálogo religioso sim, mas de acordo com a fé católica! O
remédio para a crise atual e o único verdadeiro futuro da Igreja é a
fidelidade total e radical a Cristo, expressa na adesão total à fé
católica.
4. É imprescindível também
melhorar e muito a formação dos nossos padres e religiosos. Como está,
está ruim. Precisamos de padres com modos de padres e religiosos com
modos de religiosos; precisamos de padres e religiosos bem formados
humana, afetiva, teológica e moralmente. O padre e o religioso são
pessoas públicas e devem honrar a imagem da Igreja e o nome de cristãos;
devem saber portar-se ante o mundo, as autoridades e a sociedade. Nisso
tem havido grave deficiência no clero e nos religiosos do Brasil…
É importante perceber
que, apesar de diminuir o número de católicos, nunca as comunidades
católicas foram tão vivas, nunca os leigos participaram tanto, nunca se
sentiram tão Igreja, nunca houve tantas vocações. Muitas vezes, os
leigos são até mais fervorosos e radicais (no bom sentido) que padres e
religiosos. A Igreja está viva, a Igreja é jovem, a Igreja continua
encantada por Cristo! O clero e
os religiosos deveriam deixar de lado as ideologias, as teorias pouco
cristãs e nada católicas defendidas em tantos cursos de teologia e
livros muito doutos e pouco fiéis, e serem mais atentos ao clamor do
povo de Deus e aos sinais dos tempos – sinais de verdade, que estão aí para quem quiser ver, e não os inventados por uma teologia ideologizada de esquerda!Além
disso, é necessário considerar que a Igreja não é nossa: é de Cristo.
Ele a está conduzindo, está purificando-a, está levando-a onde ele sabe
ser o melhor para que seu testemunho seja mais límpido, coerente e puro.
Nós temos os nossos caminhos, Deus tem os dele; temos os nossos planos e
modos que, nem sempre, coincidem com os do Senhor. Pois bem, façamos a
nossa parte. Deus fará o resto!
Isso é o que eu penso, sinceramente, e com todo o meu coração.
POR ISSO NÃO PODEM SALVAR-SE AQUELES SABENDO QUE A IGREJA CATÓLICA... Catecismo Católico, n° 846
ResponderExcluirA Igreja não perde fiéis, mas de quem se diz católico, de falsos membros, desconhecedores dela e sua fundamentação teológica, de Jesus, Ele mesmo, veja Cl 1, 18; Cl 1,22, Ef 1.22-23 e 1 Cor 12.,12+ etc., cujo número confiável, sabedor do porque de ser pertencer à Igreja é muito baixo. A prova disso que tantas injustiças grassam e há muita participação de supostos católicos, inclusive aliando-se a seitas, espiritismo nas mais diversas manifestações, maçonaria, partidos socialistas e comunistas e à herética Teologia da Libertação e a outras graves incompatibilidades na fé.
Quanto ao crescimento supostamente evangélico é muito relativo; subdividem-se em milhares de seitas formais, sem contar as não formais todas humano-fundamentadas, onde nelas cada um interpreta como quer ou convém a Bíblia; até a homilia do pastor é submetida a crivo pessoal, sujeita à aprovação ou não individual. Há as que aceitam batismo de crianças, outras não; a Eucaristia para algumas é símbolo, para outros Presença Real e milhares de paradoxos e umas intitulam as outras de heresias!
Quase todas têem cultos semelhantes a centros espíritas, com gritaria, rodopios, expulsão de supostos maus espíritos e pessoas em aparentes transes... Afinal, que evangélicos dissensos são esses? Antes, não eram católicos de fato; agora uma porção de desagregados reunidos fisicamente, porém com as mentes e os corações distantes uns dos outros no contexto teológico-exegético-doutrinário, cada vez mais em quantidade aumentando, porém, em Mt 12,25 ...reinos divididos contra si mesmos...", não passando de massa religiosa disforme; tanto na Igreja ou doutro lado são os mesmos, inclusive migrando de seita em seita, sempre se batizando - um pastor de uma igreja não confia no outro - à procura de uma "igreja boa, mais ideal". Há as que aprovam aborto, outtras ordenação feminina, outras homosexualismo, outra adultério, um "self service" doutrinário à escolha do cliente. E ao sairem para doutrinar, cada qual ensina a seu modo pessoal: uma imensa babel doutrinária, tudo dentro do mais absoluto relativismo bíblico-hermenêutico! Que vantagem e qualidade há nisso?
Convém possuir apenas 1 amigo confiável ou nenhum mas descartam-se 100 aparentando-o; aliás, certos supostos católicos da Igreja, por sinal, por serem infiéis, indesejosos de mudanças, talvez o lugar ideal seja-lhes nas seitas; sentir-se-ão à vontade nessas ideologias religiosas, funcionando de acordo com a mentalidade de cada fundador ou membro, assim como permanecer em qualquer seita ou montar outra para si dá no. Que vantagem há nessa massa católica ainda numericamente superior se elegem presidente e representantes nos poderes a pessoas e partidos anti Cristo e a tudo adverso à sua vontade, implantando com seu aval leis anticristãs, inclusive homicidas, aprovando aborto, outras adultério, outras homossexualismo etc., o caso dos adeptos da sectária Teologia da Libertação que é a prática da fé católica sob a ótica marxista e outras abominações anti cristãs?
Após o poder centrar-se em socialistas-comunistas ateus e materialistas eleitos por católicos(?) dá nisso: subvertem a fé cristã com a ajuda de membros apostasiados, convertendo tudo em "supermercados religiosos", de diversificada heterogeneidade ideológico-cristãs, esoteristas das várias tendências e nuances etc., à escolha de cada cliente.
1 Jo 2,19: Eles saíram de entre nós, mas não eram dos nossos. Se tivessem sido dos nossos teriam permanecido conosco.
Veja no "You Tube" pastores famosos evangélicos como "se amam" em recíprocas acusações nas diversas modalidades, inclusive de pertença formal à maçonaria... E a heresia de famoso pastor V Santiago: "cruz é sinônimo de maldição, palhaçada"...