11 de abr. de 2012
O Supremo abre as portas para o aborto à força de eufemismos. Por enquanto, só uma voz destoa
Julgamento no STF: o voto insidioso do Ministro Marco Aurélio
“A doutrina moral católica (…) exclui claramente a perspectiva de uma laicidade concebida como autonomia da lei moral: A ‘laicidade’, de fato, significa, em primeiro lugar, a atitude de quem respeita as verdades resultantes do conhecimento natural que se tem do homem que vive em sociedade, mesmo que essas verdades sejam contemporaneamente ensinadas por uma religião específica, pois a verdade é uma só. Buscar sinceramente a verdade, promover e defender com meios lícitos as verdades morais concernentes à vida social ― a justiça, a liberdade, o respeito à vida e aos demais direitos da pessoa ― é direito e dever de todos os membros de uma comunidade social e política.”- Compêndio da DSI, n. 571
Júlia, a anencéfala que deixou saudades
(seus pais resistiram à pressão para praticarem um aborto)
Com a proximidade da sessão em que o Supremo Tribunal Federal votará a ADPF 54 (aborto de anencéfalos), convém assistir ao comovente depoimento dos pais de Júlia, uma criança anencéfala nascida em Anápolis (GO) em 04/03/2010 às 7h30min. Batizei-a logo após o parto. A mãe foi trazida em uma maca para se despedir de sua filha, conforme desejava. A criança morreu cerca de uma hora após o nascimento. Sabiamente, os pais de Júlia tomaram a decisão de amá-la até o último momento, rejeitando a “solução” do aborto que lhes fora proposta. Na transcrição a seguir, procurou-se conservar a linguagem falada, entrecortada por emoções.
Carla, mãe de Júlia:
Descobri no quinto mês de gravidez o problema da Júlia. Quando eu descobri o problema dela, a médica me explicou que poderia ser feito um aborto. Perguntei à médica se poderia continuar com a gravidez. Ela disse que poderia, mas que não tinha necessidade, que eu iria sofrer muito se prosseguisse com a gravidez. E se eu fizesse um aborto, […] iria evitar mais sofrimento para mim. Eu já estava decidida a continuar com a gravidez. Procurei o Pró-Vida de Anápolis para me orientar de alguma coisa. Foi no Pró-Vida que eu descobri o problema de minha filha, que eu entendi o problema dela. Eu sabia que ela não tinha formado o crânio. Até então era só isso. E que não tinha chance nenhuma de vida. Foi através do Pró-Vida que eu vi o relato de outras mães, que eu vi fotos de bebês anencéfalos, e entendi o problema da minha filha. E eu tive uma orientação e uma força muito grande para poder continuar coma minha gravidez. Eu tive um apoio muito grande.
Eu tinha um bebê de quatro meses [de nascido] quando descobri que estava grávida. E no início foi um susto muito grande. Eu estava tão feliz com a gravidez anterior que eu desejava muito essa criança. E ao mesmo tempo eu tinha que me preparar para o desfecho que teria esta outra filha que eu estava esperando. Tentei aproveitar ao máximo a minha gravidez. Pedi muito a Deus que eu queria vê-la antes de ela morrer. Era o meu maior desejo. Poder dar o Batismo para ela, ficar com ela pelo menos um momento que fosse...
Consegui levar minha gravidez até o final. Minha filha morreu uma hora depois do parto. Conheci minha filha. Vi ela viva ainda. É um sentimento que não tenho como explicar. Hoje eu penso nela... Eu queria ter mais tempo ainda com ela. Cada minutinho que eu passei com ela compensou todo o sofrimento que eu tive. Quando eu vi o rosto dela, foi a melhor sensação que eu já tinha sentido na minha vida.
Tenho outros dois filhos. Não tem como explicar. Quando eu olho as fotos da minha filha, quando eu me lembro dela, do meu parto… Como que as pessoas querem tirar... abortar uma criança que... tem tudo? Ela só não ia viver. Eu só não ia ver a minha filha. Mas durante a minha gravidez ela mexia muito, como a minha outra filha, às vezes até mais... [...] Ela morreu uma hora depois do parto. Eu fui para a Santa Casa ganhar neném. Olhar as fotos dela, lembrar dela… Nunca, nunca na minha vida, é uma coisa que não tem como nem pensar a questão de aborto. Não tem como pensar nisso. Como é que uma pessoa consegue?
Quando me cogitaram a ideia de fazer aborto — e foram várias vezes que minha médica tentou — eu não consigo imaginar palavras... Como eu poderia estar hoje se eu tivesse feito aborto da minha filha? É um sentimento, uma coisa que eu não consigo passar pela minha cabeça. Para mim não existe. É uma coisa que não existe.
Mas se tivesse [feito aborto], não me ajudaria em nada. Só iria piorar o sentimento que eu estava. O que ajudou muito foi o tempo que eu passei com minha filha... [...]
Mas tudo que eu pudesse imaginar se eu tivesse tirado... não iria me ajudar em nada e sim [teria] piorado muito mais a minha situação.
Como mãe, a maior satisfação que eu tenho foi o dia em que minha filha nasceu, que eu olhei para ela, que todo o amor que eu tinha por ela, quando eu olhei nela, aquilo me valeu a pena. Valeu e eu viveria tudo de novo se eu pudesse estar mais tempo com ela.
Eu não me arrependo, em momento nenhum de não ter feito aborto. [...] Mãe, ela está aqui para dar a vida e não para estipular uma hora e nem que esse filho tem que viver até aqui e pronto. Ela está dando a vida pelo filho... Se ele tem saúde, se ele vai viver ou não, independente do tempo que ele vai viver, ela vai dar a vida para ele; agora, tirar não.
Eu não me arrependo novamente de não ter feito o aborto. [...]. Eu acho que não tem como uma mãe estipular uma hora até que o filho tenha que viver. Uma mãe nunca vai se arrepender de carregar o filho, passar por uma gravidez, por qualquer dificuldade que seja. A dificuldade maior é saber que eu estipulei até uma hora de meu filho viver: “ele vai viver até aqui porque não vai ser bom para mim”.
Eu acho que a satisfação de uma gravidez, da hora de um parto, independente da hora que o filho vai viver, isso apaga qualquer sofrimento que uma mãe passa.
Kleber, pai de Júlia:
Graças a Deus, a gente conduziu até o final essa gravidez [...].
O aborto é um crime na verdade. As pessoas falam como se fosse uma coisa banal, e não é.
A gente conduziu até o final, graças a Deus, com a ajuda de Deus.
No dia que ela nasceu, a Carla ficou internada, eu acompanhei o enterro da minha filha. E depois que teve o desfecho do enterro, a sensação era de um dever cumprido, consciência limpa, graças a Deus. Acho que a principal lição foi essa: de consciência limpa perante a sociedade e perante Deus principalmente, de não ter feito alguma coisa de errado.
Eu sinto saudade da minha filha... [...] Não tem nada que preencha o espaço dela. Eu tenho dois filhos, mas o lugar dela para mim está lá. Ela é minha terceira filha. Para mim não tem nada que preencha o lugar dela. É a minha filha. É alguém que... Hoje ela estaria com quatro meses. Então a gente lembra: “Hoje ela estaria com um mês, dois meses... E se ela estivesse aqui, como seria?...” A gente se lembra dela como alguém lá em casa. Ela tem um lugar dela para mim e nenhum dos meus filhos substitui ela. A gente pensa como ela estaria hoje... o tamanho com que ela estaria crescendo...
Primeira parte:
Segunda parte:
Anápolis, 13 de agosto de 2011.
Presidente do Pró-Vida de Anápolis
Dioceses de todo Brasil rezarão hoje pela vida e contra a legalização do aborto dos anencéfalos
REDAÇÃO CENTRAL, 10 Abr. 12 / 03:05 pm (ACI)
Respondendo ao apelo da CNBB, realizado na última sexta-feira através de uma carta assinada pelo seu presidente, o Cardeal Arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno e demais membros da presidência da entidade, arquidioceses e dioceses em todo Brasil farão vigílias pelavida nesta terça-feira pedindo que na votação de amanhã, 11, o Supremo Tribunal Federal não aprove a ADPF 54, um recurso que legalizaria oaborto de bebês diagnosticados com anencefalia.
Em Brasília, os movimentos pró-vida Legislação e Vida (de São Paulo) e Pró-Vida e Família (de Brasília) estarão organizando hoje uma grande vigília em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal que terá início às 18h e contará com a presença de líderes e defensores da vida de todo o país, além da presença de artistas que apóiam o direito a nascer de todos os bebês brasileiros como a cantora Elba Ramalho. Elba, que em um emotivo testemunho à Canção Nova confessou ter feito um aborto e hoje é uma das mais destacadas defensoras da vida nascente no país animará a noite e rezará com os pró-vidas que se reunirão na capital brasileira para pedir que o Supremo não legalize o aborto dos anencefálicos.
Por sua parte, Dom Carmo João Rhoden, bispo de Taubaté e líder do movimento Legislação e Vida, convidou todos os brasileiros a participarem da grande vigília na Praça dos Três Poderes hoje.
Em entrevista exclusiva a ACI Digital Dom Roden afirmou: “Eu quero aliar minha voz à dos meus colegas do Episcopado que estão conclamando os católicos a que rezem, escrevam, se relacionem com o STF no sentido de lutarmos para que não seja aprovada a ADPF 54 que visa a morte das crianças portadoras de anencefalia”.
“A Igreja é a favor da vida. Luta pela vida. Briga pela vida. Jesus veio para que todos tivessem vida. Nós, que somos Seus discípulos queremos o mesmo. Portanto, somos contra toda espécie de aborto diretamente provocado. Queremos que a dignidade da pessoa humana seja reconhecida, especialmente no caso das crianças portadoras de anencefalia”, asseverou o bispo de Taubaté.
Na arquidiocese de São Paulo (SP), os católicos também se reunirão para rezar pela vida. Em unidade com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, solicitou ao clero e a todos os fiéis que realizem nas paróquias vigílias de oração nesta terça-feira, 10, “para que a vida humana seja respeitada e preservada em todas as circunstâncias”.
“Só Deus é senhor da vida e não cabe ao homem eliminar seu semelhante, dando-lhe a morte”, afirma a carta de convocação de Dom Odilo aos fiéis da capital paulista.
A arquidiocese também preparou um subsídio chamado “Rezando pela vida”, que poderá ser usado em vigílias em outras dioceses:
http://www.arquidiocesedesaopaulo.org.br/sites/arquidiocesedesaopaulo.pucsp.br/files/Rezando%20pela%20vida_ArquidiocesDeS%C3%A3oPaulo.pdf
A Arquidiocese do Rio também realizará na noite de hoje uma vigília pela vida nascente a pedido do seu arcebispo metropolitano, Dom Orani João Tempesta e da Conferência Episcopal brasileira. Todas as paróquias e capelas da Arquidiocese do Rio de Janeiro estarão unidas em oração pela defesa da vida dos bebês portadores de anencefalia na noite desta terça, véspera da votação no Supremo.
A nota oficial da Arquidiocese convocando para o evento recorda que “se o STF definir esse tipo de aborto como constitucional poderá estar abrindo precedente para a descriminalização de outras formas de aborto, como as que já foram propostas em projeto que tramita no Congresso Nacional”.
“Mesmo que seja breve, todos têm direito à vida, e por isso ela deve ser acolhida como dom e compromisso. Nós, que acreditamos em Cristo, não podemos permitir que a legislação abra caminhos para que a vida seja desvalorizada em nosso país”, afirmou o arcebispo Dom Orani.
Em Belo Horizonte, Jovens da Arquidiocese mineira se preparam para a vigília de oração em defesa da vida, desta terça-feira, que terá lugar no Santuário de Adoração Perpétua Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem. A vigília terá início às 20h30, com a reza do terço na Praça Sete, centro de Belo Horizonte, saindo em procissão para a igreja, onde farão a adoração do Santíssimo Sacramento até à meia-noite.
Com a vigília, os jovens se unem em oração às 269 paróquias da Arquidiocese de Belo Horizonte e às dioceses e arquidioceses de todo o país, contra o aborto de anencéfalos, que será julgado pelo Superior Tribunal Federal (STF) dia 11 de abril.
Atendendo ao pedido do Arcebispo de Maringá, Dom Anuar Battisti, o grupo de oração Raio de luz, da Renovação Carismática Católica da Arquidiocese, fará hoje (10) a partir das 20h um grande momento de Oração pela Vida e contra a proposta de descriminalização do aborto de anencéfalos – casos em que o feto tem má formação no cérebro. Todos os grupos de oração e de reflexão da Arquidiocese são chamados a realizar momentos de oração por esta causa.
Finalmente, em consonância com o pedido da CNBB e as manifestações de diversos bispos brasileiros, a diocese de Frederico Westaphalen informou que “Hoje, 10 de abril, será celebrada Santa Missa em Defesa da Vida. A Celebração será na Cripta da Catedral Diocesana, a partir das 20h00min, presidida pelo Bispo Dom Antonio Carlos Rossi Keller”.
Dom Keller compartilhou em exclusiva a ACI Digital sua posição sobre a ADPF 54; uma questão que segundo o bispo “certamente irá afetar e muito a vida de tantas pessoas no Brasil”.
“No Brasil, a meu ver, o aborto vem sendo tratado com uma aparente normalidade. Parece que é uma questão a ser resolvida e que não envolve outras questões junto. Na verdade, é lamentável este caminho que tenha sido escolhido: o de que algumas pessoas se outorguem o direito de decidirem sobre a vida de outras pessoas”, disse Dom Keller.
“No Brasil não temos a pena de morte, contudo, o país encaminha-se para aceitar, numa lei, a pena de morte daqueles que ainda não nasceram; daqueles que não terão chance de nascer; daqueles que não terão chance de receber o sacramento do Batismo”, afirmou.
“Esse é um momento para que nós, bispos do Brasil, católicos do Brasil e todas as pessoas de boa-vontade que têm sensibilidade para a vida, nos unamos para expressarmos nossa opinião contrária a essa decisão de aprovação do aborto”, concluiu o prelado exortando todos os brasileiros à oração pela vida e a dar valor a toda vida nascente na nossa sociedade e nas leis brasileiras.