Um panfleto atribuído à Regional Sul 1 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) foi distribuído nesta terça-feira (12) nas entradas da Basílica em Aparecida (SP). O documento, intitulado "Votar bem", prega o voto em quem não defende o aborto e critica o PT. A Basílica recebe hoje milhares de fiéis por causa do dia da padroeira do Brasil. O aborto tem sido tema da campanha presidencial.
Panfleto distribuído em Aparecida
Primeira página do panfleto
Documento cita o atual governo Lula
Trecho recomenda voto em quem é contra o aborto
O panfleto critica o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos do governo Lula, que, segundo ressalta o documento, é "assinado pelo atual presidente e pela ministra da Casa Civil [Dilma Rousseff], no qual se reafirmou a descriminalização do aborto".
O panfleto diz ainda que, em fevereiro deste ano, durante o quarto congresso nacional do PT, a sigla manifestou apoio incondicional ao programa.
"Este mesmo congresso aclamou a ministra da Casa Civil como candidata oficial do Partido dos Trabalhadores para a Presidência da República", registra o panfleto. Ao fim, o documento recomenda que, nas eleições, os cidadãos deem seu voto somente a candidatos ou candidatos e partidos contrários à descriminalização do aborto.
O UOL tentou contato com representantes da Igreja para que comentassem o conteúdo do panfleto, mas ninguém se manifestou. O telefone do escritório da Regional Sul 1 não atendeu. A assessoria de imprensa da CNBB nacional informou que desconhecia o documento e que somente a regional poderia comentar.
Em Aparecida, os responsáveis por atender a imprensa afirmaram que só cuidavam das festividades da padroeira e não poderiam falar sobre o documento, mesmo tendo sido distribuído nas entradas da Basílica. Uma das pessoas que entregavam a nota e que não quis se identificar afirmou ser de uma paróquia de Taubaté (SP).
Em janeiro deste ano, a mesma regional da CNBB
havia distribuído uma nota em que acusava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ser o "novo Herodes". Herodes, segundo a Bíblia, ordenou a "matança de inocentes". A nota de janeiro se referia também ao 3º Programa Nacional de Direitos Humanos.