Foi sepultado nesta quarta-feira,
dia 11 de julho, na catedral metropolitana do Rio de Janeiro o corpo do cardeal
arcebispo emérito do Rio de Janeiro, o cardeal Eugenio de Araujo Sales. A santa
missa de exéquias reuniu diversas autoridades civis e religiosas, e mais de
cinco mil pessoas que, fervorosamente, rogaram a Deus pelo descanso eterno
deste que era o cardeal mais antigo da Igreja Católica, que será lembrado pela
sua fidelidade à Igreja e ao Papa.
A celebração, presidida pelo
arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, foi concelebrada por 40 bispos e
cardeais, entre eles o núncio apostólico para o Brasil Dom Giovanni d'Aniello,
o presidente da CNBB Dom Raymundo Damasceno e o cardeal arcebispo emérito do Rio
Dom Eusébio Oscar Sheid além de 250 sacerdotes e 43 diáconos de diversas
dioceses do país que acompanharam os prelados na cerimônia.
A característica de dom Eugênio
mais exaltada durante o rito litúrgico foi o seu amor a Igreja e sua obediência
e fidelidade a Santa Sé na figura de Pedro e seus sucessores. Em mensagem
destinada à arquidiocese, o Papa Bento XVI expressou seu profundo pesar pela
perda do “intrépido e generoso pastor” que “buscou apontar (com sua vida) a
verdade”. O santo padre declarou ainda que em dom Eugênio “encontramos um
seguro ponto de obediência à Sé Apostólica”.
O secretário de Estado do
Vaticano, cardeal Tarcísio Bertone, também enviou uma mensagem de solidariedade
aos fiéis brasileiros e parentes de dom Eugênio exaltando que o cardeal “sempre
viveu em profunda união com o Santo Padre na vivência dos valores evangélicos”.
O núncio Dom Giovanni d'Aniello
completou dizendo que as obras do cardeal ficarão como legado e testemunho do
seu amor a Igreja.
Com o lema episcopal Impendam et
Superimpendar (de bom grado me gastarei e me desgastarei em favor de vós), Dom
Eugenio marcou a Igreja e o Brasil com suas obras em favor dos mais pobres.
Segundo Dom Orani, a vivencia radical deste lema fez do cardeal “um pastor que
cuidou do rebanho, enfrentou os lobos e se tornou um sinal não só para a
Igreja, mas para toda a sociedade”.
Dom Orani destacou o jeito
silencioso de agir de dom Eugenio que o levou a algumas incompreensões. Mas
afirmou que sua “verdadeira coroa de glória foi sua profunda conformidade com
Nosso Senhor Jesus Cristo”. “Somos testemunhas de que esse irmão guardou a fé
até o fim dos seus dias. Dom Eugenio se consumiu por inteiro. Deu de muita boa
vontade o que era seu”, disse o arcebispo.
Dom Eugênio morreu aos 91 anos na
noite desta segunda-feira. Foi cardeal por 46 anos e durante seu episcopado
ordenou cerca de 200 sacerdotes. Em sua homilia, Dom Orani leu o testamento
espiritual do prelado, escrito no dia 7 de outubro de 2003. Nele, dom Eugenio
declarou seu amor a Deus e a Igreja e afirmou: “Nunca me arrependi de ter feito
a minha entrega.” E ainda, “quero morrer sempre fiel ao papa.”
Seguindo o rito, o corpo de dom
Eugênio foi conduzido ao som de cânticos e orações até a cripta que fica no
subsolo da catedral metropolitana. Com o barrete, chapéu utilizado pelos
cardeais, em cima do caixão, o corpo do prelado foi acompanhado com salvas de
palmas dos fiéis. Cercado por seu irmão, sobrinhos e funcionários que
conviveram com ele nos seus últimos dias, o corpo foi depositado no túmulo ao
cântico da Salve Regina. A lápide do cardeal fica próxima a dos bispos Dom
Nabal Setencel, Dom João D'Avila, Dom Romeu Brigenti e de Dom João Esbeard (o
primeiro arcebispo do Rio).
Dom Eugênio foi velado desde a
tarde de ontem na catedral onde foram celebradas 10 missas de corpo presente.
Ontem, durante o horário do velório, todas as 262 igrejas da cidade tocaram
seus sinos em homenagem ao cardeal.
Fonte: ACI Digital