"Deixai vir a mim as crianças, porque delas é o Reino dos Céus".(Mt 19, 13-15)
Irmãos,
Hoje fomos bombardeados pela tragédia acontecida na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Estávamos acostumados a ver uma coisa dessas ocorrer nos EUA, onde homens assassinavam a esmo. Agora isso chegou ao nosso país.
Sabemos que tudo isso é sinal dos finais dos tempos, onde os homens e as mulheres, com os seus corações longes de Deus, passaram a agir conforme os desejos da carne, que é desiquilibrada, cruel, má.
Como mãe eu tentei me colocar, por um único segundo, no lugar de todas as mães, inclusive a do rapaz que causou tudo isso. Imaginem, meus irmãos, quanta dor, quanta angústia... Se você têm filhos sabe do que eu falo. Nenhum pai quer enterrar sua cria. Antes mesmo dá a vida por ela. Imaginem, então, os pensamentos de uma das mães cuja filha faleceu? Imaginem se esta filha não queria ir a escola por preguiça, mas a mãe, por insistência e a fim de ensiná-la a ter disciplina e compromisso, obriga-a a ir. Imaginem a sensação de culpa que esta mãe carrega? Ela sabe que não tem culpa - e não tem mesmo! -, mas entende ter. Jamais ela o teria. Que mãe manda seu filho para a escola para morrer??? Nenhuma!
Rezemos, meus irmãos, por todas as crianças que foram assassinadas. Rezemos por estes sangues inocentes que lavaram esta escola no RJ. Peçamos ao Senhor que recolha as almas de todas elas em Seu Reino glorioso, e que estas estejam lá, rogando por nós.
Peçamos, também, ao Senhor, por este jovem. Que a Virgem Santíssima advogue por ele em seu juízo. É fato que sentimos ódio e repulsa por este rapaz. Eu mesma, ao ouvir a notícia, soltei todos os palavrões que podia. É demais para nós ver isto. Mas sejamos cristãos. Cristo pediu que orássemos pelos nossos inimigos. Rezemos por este jovem para que Deus lhe conceda o perdão e que ele purgue suas culpas para, também, pela misericórdia de Deus, entrar em Seu Reino.
Se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor,
E prepara a tura alma para a provação.
2: Humilha teu coração, espera com paciência.
Dá ouvidos e acolhe as palavras de sabedoria; Não te perturbe no tempo da infelicidade. 3: Sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência. A fim de que no derradeiro momento da tua vida se enriqueça.
4: Aceita tudo o que te acontecer.
Na dor permanece firme; na humilhação, tem paciência.
5: Pois é pelo fogo que sexperimentam o outro e a prata,
E os homens agradáveis a Deus, pelo cadinho da humilhação.
6: Põe tua confiança no Senhor e Ele te salvará; Orienta bem o teu caminho e espera Nele. Conserva o temor Dele até na velhice.
Reza a história que um dia Santa Tereza de Ávila foi à inauguração de um mosteiro que ela havia ajudado a soerguer. Estava linda, com as vestes de gala das carmelitas. Havia chovido na noite anterior, e por isso a terra estava enlamada. Ficava incomodada com aqueles respingos que molhavam a sua bainha. Por fim, quando menos esperava, seu cavalo deu um trote, jogando-a numa poça de lama. Zangada, disse: "Senhor, porque permitistes isso? Não vês que estou indo inaugurar algo que é Teu?" "Oh, Tereza! Permito isto apenas aos meus amigos". "Talvez seja por isso que o Senhor tenha tão poucos", retrucou a Santa.
Sempre sai uma risada quando se lê ou ouve esta história. Parece cômico ouvir o que Jesus disse, bem como a resposta dela. Mas se olharmos com compaixão às palavras do Senhor, veremos que Ele só compartilha conosco aquilo que quer mostrar a nós de Seu Coração. Permitir à Santa que sujasse a roupa não é nada perto da forma como Ele se sujou por nós; não de lama, mas de sangue; não numa poça, mas na cruz. Logo, Cabia a Tereza louvar a Jesus; porém, nosso egoísmo não nos permite enxergar os bens das vergonhas e sujeiras que passamos. Creio eu que a resposta para isso está sabiamente nas palavras de São Josemaria Escrivá:
Falta-te espírito de sacrifício. E sobra-te espírito de curiosidade e de exibição. (Caminho, ponto 48)
Ao olharmos para a passagem bíblica de Eclesiástico, juntamente com a frase do Santo, notamos que não gostamos das humilhações. Porque as humilhações, de certo modo, mostra-nos quem somos. Quando somos humilhados, na maioria das vezes, ficamos despidos de dignidade. Ficamos expostos a toda sorte de zombarias, fomentos, maledicências... No entanto, há um bem para nós escondido aí e que só enxergaremos com, por e pela graça divina.
Quando somos humilhados, provados, zombados, perseguidos, devemos agradecer e bendizer ao Senhor pois esta é a via do encontro com Ele. Ninguém pode chegar ao Senhor pelo caminho da exaltação, da exibição, da aparência. Quanto mais queremos ser e ter, mais nos afastamos dEle que nada quiser ou ter a não ser o que já era e tinha. Cristo nunca quis assumir um posto que não fosse seu e aceitou a humilhação por amor. Sabia que apenas por ela conseguiria realizar os seus portentos. Por que a nós isso seria diferente?
Não gostamos de sair da zona de conforto. Não nos conformamos quando dizem ou falem algo de nós que não concordamos. Detestamos as críticas. Mas não podem ser elas as vias de graças para a nossa santificação?
Devemos entender que os sacrifícios que precisamos passar para alcançarmos a santidade -e por fim, o céu- não são apenas na carne. São, sobretudo, na alma, no espírito. Os sacrifícios que verdadeiramente nos farão santos são aqueles que soubermos dominar internamente, muito mais que externamente. Afinal, os frutos da Constância, da Paciência, da Sabedoria e da Justiça só poderão vir de dentro para fora, e não ao contrário. Por isso a importância do jejum. Como dominaremos nosso espírito se não soubermos dominar nossa carne? Por isso a importância da castidade. Como seremos fiéis no santo matrimônio se não o éramos antes dele, mesmo que tivéssemos relações sexuais apenas com o parceiro com quem nos casamos? É daí a necessidade da modéstia. Como quereremos ser vistos comos homens e mulheres do céu se falamos desmedidamente, se nos vestimos inapropriadamente, se testemunhamos, com os nossos exemplos, muito mais as coisas de baixo às coisas do alto?
É pelo sacrifício - e somente por ele - que poderemos exercitar as virtudes. Jamais aprenderemos a ser pacientes se não passarmos por uma situação que peça; jamais seremos piedosos se não nos aparecer que dela precise; nunca poderemos falar do amor se não soubermos o que é, verdadeiramente, o amor.
Sobretudo, meus irmãos e irmãs, só conheceremos a eficácia e a benevolência do sacrifício, chamando-o como São Francísco, de 'irmão', quando unirmos nossa cruz à de Cristo, quando vivermos integralmente as palavras de São Paulo Apóstolo:
"Estou pregado à cruz de Cristo. Vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente na carne, eu a vivo na fé, crendo no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim" Gálatas 2, 19b-20
Só é capaz de dizer as palavras de Paulo quem já se fez como Paulo. Em miúdos: aquele que abraçou os sofrimentos, que aceitou os sacrifícios e que os viu como via de santificação, pode ter Cristo nele a viver.
Que esta Quaresma que está a terminar traga em nós o desejo de abraçar o sacrifício como convém.
A canção Espera no Senhor" da cantora Eliana Ribeiro resume minhas palavras.
06.04.2011 - O juiz Evandro Cangassu, de João Monlevade (MG), expediu na tarde de hoje (5, terça-feira) liminar dando 24 horas ao presidente da Câmara Municipal, Carlos Roberto Lopes (PV), o pastor Carlinhos, para colocar o crucifixo (foto) no plenário de onde tirou no começo do ano. A cidade tem cerca de 75 mil habitantes e fica a 110 km de Belo Horizonte .
A decisão do juiz atende a uma ação popular movida pelo advogado Teotino Damasceno Filho. A justificativa do pastor Carlinhos para retirada do crucifixo foi de que o Estado é laico e, por isso, as repartições públicas não podem ostentar símbolos religiosos.
Contudo, católicos entenderam o gesto com intolerância de crença, porque, para eles, se houvesse na Câmara uma referência evangélica, o pastor a manteria intacta.
Na ação popular, o advogado Damasceno argumentou que a presença de símbolos religiosos em repartições públicas é uma expressão da cultura brasileira, não ferindo, portanto, segundo ele, a laicidade do Estado.
O expurgo do crucifixo da Câmara dividiu os evangélicos da cidade. Para alguns, o pastor Carlinhos tomou uma iniciativa belicosa sem necessidade, e, para outros, a reação dos católicos foi despropositada, impedindo que a Câmara se dedique a assuntos mais importantes.