Vaticano, 14 Abr. 11 / 04:37 pm (ACI)
O Escritório de Imprensa da Santa Sé comunicou hoje uma mensagem na que o Papa Bento XVI alenta os católicos da China a defenderem a fé, mesmo por meio de sacrifícios, para crescer na unidade e na comunhão.
Assim o assinala o texto publicado ao finalizar a reunião plenária realizada no Vaticano de 11 a 13 de abril da comissão instituída pelo Papa Bento XVI em 2007, para estudar a realidade da Igreja Católica na China.
No encontro que ocorreu ao final da reunião plenária, o Santo Padre reconheceu "o desejo de unidade com a Sede de Pedro e com a Igreja universal, que os fiéis na China não deixam de manifestar, em meio de muitas dificuldades e aflições".
"A fé da Igreja, exposta no Catecismo da Igreja Católica e que deverá ser defendida ao custo de sacrifícios, é o fundamento sobre o qual as comunidades católicas na China têm que crescer na unidade e a comunhão".
Na mensagem a comissão expressa sua esperança de que "o diálogo sincero e respeitoso com as autoridades civis ajude a superar as dificuldades do momento atual para que também as relações com a Igreja Católica contribuam à harmonia na sociedade".
Ante os desafios atuais como as dioceses sem bispos e a incerteza de alguns católicos, os membros da comissão alentaram os prelados e os sacerdotes a intensificarem seu trabalho e a "esforçar-se por construir, onde falte e sejam necessários, novos lugares de culto e de educação na fé, sobre tudo para formar comunidades cristãs amadurecidas".
Depois de exortar todos os católicos chineses a continuaram na tarefa da evangelização, a Comissão revisou uma série de episódios contrários à unidade, como a recente ordenação episcopal em Chengde em novembro de 2010, que foi feita sem autorização do Papa, o que a torna "gravemente ilegítima" e "também ilegítimo o exercício do ministério".
O texto recorda as palavras do Papa Bento XVI em sua carta aos católicos da China sobre este tema: "a Santa Sé segue com suma atenção a nomeação dos Bispos, dado que isto afeta o coração mesmo da vida da Igreja, já que a nomeação dos Bispos por parte do Papa é garantia da unidade da Igreja e da comunhão hierárquica".
"Por este motivo o Código de Direito Canônico (cf. canon 1382) estabelece graves sancione tanto para o Bispo que confere livremente a ordenação sem mandato apostólico como para quem a recebe; com efeito, esta ordenação representa uma dolorosa ferida para a comunhão eclesiástica e uma grave violação da disciplina canônica".
"O Papa, quando concede o mandato apostólico para a ordenação de um Bispo, exerce sua autoridade espiritual suprema: autoridade e intervenção que ficam no âmbito estritamente religioso. Não se trata, portanto de uma autoridade política que se entremete indevidamente nos assuntos interiores de um Estado e vulnera sua soberania", conclui o numeral 9 da missiva de 2007.
Sobre a 8ª Assembléia Nacional de Representantes Católicos, convocada pelas autoridades chinesas e à qual obrigaram bispos fiéis ao Papa a comparecerem, a mensagem da comissão recorda também as palavras proferidas pelo Santo Padre:
"Considerando o plano original de Jesus, resulta evidente que a pretensão de alguns organismos, que o Estado quis e que são alheios à estrutura da Igreja, de ficar por cima dos próprios Bispos e de dirigir a vida da comunidade eclesiástica, não está de acordo com a doutrina católica, segundo a qual a Igreja é apostólica, como reiterou também o Concílio Vaticano II".
"A finalidade declarada dos mencionados organismos de pôr em prática os princípios de independência e autonomia, autogestão e administração democrática da Igreja, é também inconciliável com a doutrina católica".
A Comissão que estuda o tema da Igreja na China assinala, além disso, a importância da formação dos seminaristas e religiosos, e recordam que para superar a difícil situação atual "a oração será de grande ajuda. Poder-se-ão organizar diversas iniciativas que os ajudarão a renovar sua comunhão de fé em Jesus, nosso Senhor e de fidelidade ao Papa, para que a unidade entre vós seja cada vez mais profunda e visível".
A China só permite o culto católico à Associação Patriótica Católica Chinesa, subordinada ao Partido Comunista da China, e rechaça a autoridade do Vaticano. A Igreja Católica, fiel ao Papa e clandestina na China, é perseguida permanentemente.
As relações diplomáticas entre a China e o Vaticano foram interrompidas em 1951, dois anos depois da chegada ao poder dos comunistas que expulsaram os clérigos estrangeiros.
Fonte: ACI