31.01.2011 - A mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial da Paz O Papa comenta que “também o ano que encerra as portas esteve marcado pela perseguição, pela discriminação, por terríveis actos de violência e de intolerância religiosa”.
Infelizmente, 2011 não parece que vá ser melhor. Apenas meia hora depois de ter começado o novo ano, explodia uma bomba no exterior da igreja copta dos Santos, na cidade egípcia de Alexandria, enquanto 1.000 pessoas saíam dela, informou naquele dia Associated Press. A cifra inicial de mortes foi de 21, que aumentaram depois a 25, e cerca de uma centena de pessoas ficaram feridas.
Segundo uma reportagem da BBC de 1 de janeiro, após a explosão, o presidente do país, Hosni Mubarak, chamou a unidade contra o terrorismo de muçulmanos e cristãos. Nos dias que seguiram à explosão, houve vários enfrentamentos entre grupos de cristãos e muçulmanos.
“O sangue de seus mártires se mesclou em Alexandria para dizer-nos que todo Egito é objetivo e que o terrorismo cego não diferencia entre um copta e um muçulmano”, declarou em uma emissão à televisão estatal, informava a BBC.
A BBC assinalava que era o segundo Natal consecutivo amargado pelo derramamento de sangue da comunidade copta do Egito. A 6 de janeiro de 2010, seis fiéis e um oficial de polícia muçulmanos foram assassinados em um tiroteio próximo de uma igreja na cidade de Naga Hamady.
O ataque não dissuadiu as pessoas de voltarem no dia seguinte à missa de manhã, segundo um artigo do New York Times de 2 de janeiro. Segundo a reportagem, os bancos da igreja estavam quase cheios. Bento XVI condenou o ataque. Falando antes de rezar o Angelus no dia 2 de janeiro, o pontífice deplorava tanto o ataque do Egito como as bombas colocadas próximo das casas dos cristãos do Iraque em dias anteriores.
Grave escalada de violência
Os ataques, disse o pontífice, eram uma ofensa a Deus e à humanidade. Ele animava as comunidades eclesiais a perseverar na fé e no testemunho da mensagem de não violência contida nos Evangelhos.
A igreja copta divulgou uma declaração, qualificando o ataque como uma “grave escalada” de violência contra os cristãos, segundo informou no dia 3 de janeiro o Los Angeles Times.
A declaração pedia uma investigação pública do ataque e solicitava das autoridades que fizessem públicos os detalhes do crime o quanto antes.
A bomba no Egito foi precedida da violência no Iraque. Foram colocadas dez bombas próximo de lares de famílias cristãs em Bagdá. As explosões causaram a morte de duas pessoas, com 20 feridos, informava no dia 30 de dezembro o New York Times.
O último ataque aconteceu após outro evento, em que vários pistoleiros entraram na igreja de Nossa Senhora da Salvação, em Bagdá, em outubro, causando a morte de dezenas de fiéis.
Antes das últimas bombas, muitas igrejas tinham cancelado suas celebrações de Natal, por temor de possíveis agressões dos extremistas islâmicos.
Segundo o New York Times, desde outubro, ao menos 1.000 famílias cristãs abandonaram o Iraque, buscando refúgio na Síria, Turquia e outros lugares. Alguns estimam que mais da metade do 1,4 milhão de cristãos do país tenha abandonado o Iraque desde 2003.
Violência cresce
A Índia é outro país onde os cristãos enfrentam hostilidades e, segundo um informe de Compass Direct, houve um aumento dos episódios de violência.
Segundo o informe de 30 de dezembro, os cristãos da Índia foram o objetivo de mais de 130 ataques por ano desde 2001, com cifras muito mais altas no ano de 2007 e em 2008. Em 2010, houve ao menos 149 ataques violentos.
A maioria dos incidentes aconteceu em quatro Estados: Karnataka, Andhra Pradesh, Madhya Pradesh e Chhattisgarh. Dos 23 milhões de cristãos da Índia, 2,7 milhões vivem nos quatro Estados onde há mais perseguição.
A situação é não menos grave no Paquistão, em particular por causa das leis de blasfêmia. Os cristãos costumam ser objetivo de acusações sob essas leis. O caso mais recente é de Asia Bibi, mãe de cinco filhos, sentenciada à morte após ser acusada de blasfêmia.
Salman Taseer, governador da província de Punjab, foi assassinado por um de seus escoltas após ter falado a favor das mulheres e das minorias religiosas, segundo uma reportagem da Reuters de 4 de janeiro.
O escolta, Malik Mumtaz Hussain Qadr, citou a oposição de Taseer às leis de blasfêmia para justificar sua ação.
“Salman Taseer é um blasfemo, e este é o castigo para um blasfemo”, disse Qadr em comentários difundidos pela televisão.
Tensão na China
A violência não é a única preocupação da Igreja Católica. Em dezembro, aumentaram as tensões com o governo chinês, em consequência da decisão das autoridades de obrigar todos os bispos a participar de uma reunião.
O Papa disse aos bispos católicos que não participassem do encontro, informava a 7 de dezembro o Washington Post. Segundo o artigo, o governo não deu outra opção aos bispos. O texto descrevia uma cena em que a polícia tirava da catedral de Jing, província de Hebei, o bispo Feng Xinmao.
“Mons. Feng foi sequestrado e forçado a participar desta reunião”, disse um frade, entrevistado por telefone pelo jornal.
O artigo observava que a reunião aconteceu só duas semanas depois da ordenação de um novo bispo na província de Hebei, sem a aprovação do Vaticano. Em uma nota com data de 17 de dezembro, o Vaticano criticava a decisão das autoridades chinesas de celebrar a reunião.
Liberdade
“A maneira como se convocou e desenvolveu [a reunião] manifestam uma atitude repressiva em relação ao exercício da liberdade religiosa, que se esperava já superada na China atual”, afirmava a declaração do Vaticano.
“O desejo persistente de controlar a esfera mais íntima da vida dos cidadãos, quer dizer, sua consciência, e de interferir na vida interna da Igreja Católica não faz honra à China”, acrescentava.
Posteriormente, em sua mensagem urbi et orbi, a 25 de dezembro, Bento XVI pedia que a celebração do Natal consolidasse a fé e a valentia da Igreja na China continental.
As autoridades chinesas, no entanto, não mostraram sinal algum de mudança e, como reação à mensagem de Natal do Papa, advertiram que o Vaticano deve “enfrentar os fatos” sobre a religião na China, se quiser melhorar as relações com o país, informou o jornal London Telegraph no dia 28 de dezembro.
“O direito à liberdade religiosa funda-se na própria dignidade da pessoa humana, cuja natureza transcendente não se pode ignorar ou descuidar”, afirma o Papa em sua mensagem para o Dia da Paz.
“A liberdade religiosa – acrescenta o Santo Padre – há de se entender não só como ausência de coação, mas antes ainda como capacidade de ordenar as próprias opções segundo a verdade”. Uma verdade perante a qual parece que nem todos estão abertos.
Infelizmente, 2011 não parece que vá ser melhor. Apenas meia hora depois de ter começado o novo ano, explodia uma bomba no exterior da igreja copta dos Santos, na cidade egípcia de Alexandria, enquanto 1.000 pessoas saíam dela, informou naquele dia Associated Press. A cifra inicial de mortes foi de 21, que aumentaram depois a 25, e cerca de uma centena de pessoas ficaram feridas.
Segundo uma reportagem da BBC de 1 de janeiro, após a explosão, o presidente do país, Hosni Mubarak, chamou a unidade contra o terrorismo de muçulmanos e cristãos. Nos dias que seguiram à explosão, houve vários enfrentamentos entre grupos de cristãos e muçulmanos.
“O sangue de seus mártires se mesclou em Alexandria para dizer-nos que todo Egito é objetivo e que o terrorismo cego não diferencia entre um copta e um muçulmano”, declarou em uma emissão à televisão estatal, informava a BBC.
A BBC assinalava que era o segundo Natal consecutivo amargado pelo derramamento de sangue da comunidade copta do Egito. A 6 de janeiro de 2010, seis fiéis e um oficial de polícia muçulmanos foram assassinados em um tiroteio próximo de uma igreja na cidade de Naga Hamady.
O ataque não dissuadiu as pessoas de voltarem no dia seguinte à missa de manhã, segundo um artigo do New York Times de 2 de janeiro. Segundo a reportagem, os bancos da igreja estavam quase cheios. Bento XVI condenou o ataque. Falando antes de rezar o Angelus no dia 2 de janeiro, o pontífice deplorava tanto o ataque do Egito como as bombas colocadas próximo das casas dos cristãos do Iraque em dias anteriores.
Grave escalada de violência
Os ataques, disse o pontífice, eram uma ofensa a Deus e à humanidade. Ele animava as comunidades eclesiais a perseverar na fé e no testemunho da mensagem de não violência contida nos Evangelhos.
A igreja copta divulgou uma declaração, qualificando o ataque como uma “grave escalada” de violência contra os cristãos, segundo informou no dia 3 de janeiro o Los Angeles Times.
A declaração pedia uma investigação pública do ataque e solicitava das autoridades que fizessem públicos os detalhes do crime o quanto antes.
A bomba no Egito foi precedida da violência no Iraque. Foram colocadas dez bombas próximo de lares de famílias cristãs em Bagdá. As explosões causaram a morte de duas pessoas, com 20 feridos, informava no dia 30 de dezembro o New York Times.
O último ataque aconteceu após outro evento, em que vários pistoleiros entraram na igreja de Nossa Senhora da Salvação, em Bagdá, em outubro, causando a morte de dezenas de fiéis.
Antes das últimas bombas, muitas igrejas tinham cancelado suas celebrações de Natal, por temor de possíveis agressões dos extremistas islâmicos.
Segundo o New York Times, desde outubro, ao menos 1.000 famílias cristãs abandonaram o Iraque, buscando refúgio na Síria, Turquia e outros lugares. Alguns estimam que mais da metade do 1,4 milhão de cristãos do país tenha abandonado o Iraque desde 2003.
Violência cresce
A Índia é outro país onde os cristãos enfrentam hostilidades e, segundo um informe de Compass Direct, houve um aumento dos episódios de violência.
Segundo o informe de 30 de dezembro, os cristãos da Índia foram o objetivo de mais de 130 ataques por ano desde 2001, com cifras muito mais altas no ano de 2007 e em 2008. Em 2010, houve ao menos 149 ataques violentos.
A maioria dos incidentes aconteceu em quatro Estados: Karnataka, Andhra Pradesh, Madhya Pradesh e Chhattisgarh. Dos 23 milhões de cristãos da Índia, 2,7 milhões vivem nos quatro Estados onde há mais perseguição.
A situação é não menos grave no Paquistão, em particular por causa das leis de blasfêmia. Os cristãos costumam ser objetivo de acusações sob essas leis. O caso mais recente é de Asia Bibi, mãe de cinco filhos, sentenciada à morte após ser acusada de blasfêmia.
Salman Taseer, governador da província de Punjab, foi assassinado por um de seus escoltas após ter falado a favor das mulheres e das minorias religiosas, segundo uma reportagem da Reuters de 4 de janeiro.
O escolta, Malik Mumtaz Hussain Qadr, citou a oposição de Taseer às leis de blasfêmia para justificar sua ação.
“Salman Taseer é um blasfemo, e este é o castigo para um blasfemo”, disse Qadr em comentários difundidos pela televisão.
Tensão na China
A violência não é a única preocupação da Igreja Católica. Em dezembro, aumentaram as tensões com o governo chinês, em consequência da decisão das autoridades de obrigar todos os bispos a participar de uma reunião.
O Papa disse aos bispos católicos que não participassem do encontro, informava a 7 de dezembro o Washington Post. Segundo o artigo, o governo não deu outra opção aos bispos. O texto descrevia uma cena em que a polícia tirava da catedral de Jing, província de Hebei, o bispo Feng Xinmao.
“Mons. Feng foi sequestrado e forçado a participar desta reunião”, disse um frade, entrevistado por telefone pelo jornal.
O artigo observava que a reunião aconteceu só duas semanas depois da ordenação de um novo bispo na província de Hebei, sem a aprovação do Vaticano. Em uma nota com data de 17 de dezembro, o Vaticano criticava a decisão das autoridades chinesas de celebrar a reunião.
Liberdade
“A maneira como se convocou e desenvolveu [a reunião] manifestam uma atitude repressiva em relação ao exercício da liberdade religiosa, que se esperava já superada na China atual”, afirmava a declaração do Vaticano.
“O desejo persistente de controlar a esfera mais íntima da vida dos cidadãos, quer dizer, sua consciência, e de interferir na vida interna da Igreja Católica não faz honra à China”, acrescentava.
Posteriormente, em sua mensagem urbi et orbi, a 25 de dezembro, Bento XVI pedia que a celebração do Natal consolidasse a fé e a valentia da Igreja na China continental.
As autoridades chinesas, no entanto, não mostraram sinal algum de mudança e, como reação à mensagem de Natal do Papa, advertiram que o Vaticano deve “enfrentar os fatos” sobre a religião na China, se quiser melhorar as relações com o país, informou o jornal London Telegraph no dia 28 de dezembro.
“O direito à liberdade religiosa funda-se na própria dignidade da pessoa humana, cuja natureza transcendente não se pode ignorar ou descuidar”, afirma o Papa em sua mensagem para o Dia da Paz.
“A liberdade religiosa – acrescenta o Santo Padre – há de se entender não só como ausência de coação, mas antes ainda como capacidade de ordenar as próprias opções segundo a verdade”. Uma verdade perante a qual parece que nem todos estão abertos.
Fonte: Rainha Maria