O Manifesto de Dresden
Um
grupo de teólogos luteranos (protestantes) da Alemanha Oriental
publicou um texto denominado “Manifesto de Dresden”, na revista
“Spiritus Domini”, número 5, em maio de 1982. Eis alguns trechos:
“Em
Lourdes, em Fátima e em outros santuários marianos, a crítica imparcial
se encontra diante de fatos sobrenaturais, que tem relação direta com a
Virgem Maria, seja mediante as aparições, seja por causa das graças
milagrosas solicitadas pela sua intercessão. Estes fatos são tais que
desafiam toda a explicação natural.
Sabemos
ou deveríamos saber que as curas de Lourdes e Fátima são examinadas
com elevado rigor científico por médicos católicos e não-católicos.
Conhecemos a praxe da Igreja Católica, que deixa transcorrer vários anos
antes de declarar alguma cura milagrosa. Até hoje, 1200 curas
ocorridas em Lourdes foram pelos médicos consideradas cientificamente
inexplicáveis. Todavia a Igreja Católica só declarou milagrosas 44
delas. Nos últimos 30 anos, 11000 médicos passaram por Lourdes. Todos
os médicos, qualquer que seja a sua religião ou posição científica,
tem livre acesso ao “Bureau des Constatations Medicales”. Por
conseguinte, uma cura milagrosa é cercada das maiores garantias
possíveis.
Qual
é, pois, o sentido profundo destes milagres no plano de Deus? Bem
parece que Deus quer dar uma resposta irrefutável à incredulidade dos
nossos dias. Como poderá um incrédulo continuar a viver de boa fé na sua
incredulidade diante de tais fatos? E também nós, cristãos-evangélicos,
podemos ainda, em virtude de preconceitos, passar ao lado destes fatos
sem nos aplicarmos a um atento exame? Uma tal atitude não implicaria
grave responsabilidade para nós? Por que um cristão evangélico pode ter o
direito de ignorar tais realidades pelo fato de se apresentarem na
Igreja Católica e não na sua comunidade religiosa? Tais fatos não
deveriam, ao contrário, levar-nos a restaurar a figura da Mãe de Deus na
Igreja Evangélica?
Somente Deus pode permitir que Maria se dirija ao mundo, através de aparições.
Não
nos arriscamos talvez a cometer um erro fatal, fechando os olhos diante
de tais realidades e não lhes dando atenção alguma? Cristãos
Evangélicos da Alemanha, deveremos talvez continuar a opor-lhes recusa e
indiferença? Continuaremos a nos comportar de modo que o inimigo de
Deus nos mantenha em atitude de intencional cegueira?
Não
deveremos talvez abrir o nosso coração a esta luz que Deus faz brilhar
para a nossa salvação? Tal problema evidentemente merece exame,: não
deve ser afastado de antemão, por preconceito, pelo único motivo de que
tais curas são apresentadas pela Igreja Católica. Uma tal atitude
acarretaria grave dano para nós mesmos e para o mundo inteiro. Grande
responsabilidade nos toca. Temos o direito de examinar tias fatos. Não
nos é possível passar ao largo e encampar tudo no silêncio. Hoje, em
alguns países, está em causa a existência mesmo do Cristianismo. Seria o
cúmulo da tolice ignorarmos a voz de Deus que fala ao mundo, pela
mediação de Maria, e dar-lhe as costas, unicamente, porque Ele faz
ouvir sua voz através da Igreja Católica. Como quer que seja, não
podemos calar por muito tempo sobre tais realidades. Temos que
examiná-las, sem preconceito, pois é iminente uma catástrofe.
Poderia
acontecer que, rejeitando ou ignorando a mensagem que Deus nos faz
chegar através de Maria, estejamos recusando a última graça que ele nos
oferece para a nossa salvação. É, por isso, um dever muito grave para
todos os chefes da Igreja luterana e para outras comunidades cristãs
examinar tais fatos e tomar uma posição objetiva.
Este
dever impõe-se também pelo fato de que a Mãe de Deus não foi esquecida
somente depois da Guerra dos 30 anos e na época dos livres pensadores da
metade do século XVIII.
Sufocando no coração dos evangélicos o culto da Virgem, destruíram os sentimentos mais delicados da piedade cristã.
No
seu Magnificat, Maria declara que todas as gerações a proclamarão
bem-aventurada até o fim dos tempos. Todos nós verificamos que esta
profecia se cumpre na Igreja Católica e, nestes tempos dolorosos, com
intensidade sem precedentes. Na Igreja Evangélica, tal profecia caiu em
tão grande esquecimento que dificilmente se encontra algum vestígio da
mesma. Ainda uma vez estas reflexões nos impõe o dever de examinar os
fatos acima citados e de tirar dos mesmos todas as conclusões
pertinentes.”
Fonte: Apostolado Spiritus Paraclitus