Uma Visão Inadequada sobre a RCC
Nota-se que o artigo foi escrito por alguém que conhece a RCC mais de "ouvir falar" ou de ler sobre ela do que de "participar de sua vida"; corre-se o perigo de alguém que conhece uma laranjada de ouvir falar dela e não de saboreá-la. Por isso, a matéria apresenta uma visão inadequada da RCC.
Depois de descrever ligeiramente algumas atividades da RCC, diz Libânio: "Um líder oferece maior segurança num caminho por si mesmo extremamente pessoal e subjetivo". E falando desses líderes da RCC diz que a ligação das pessoas com ele se faz "pelos laços afetivos de confiança mútua, criados entre todos e, de modo especial com o guru".
Quem conhece a RCC e participa dela sabe que a segurança que os líderes oferecem aos demais não são "pessoais" e nem "subjetivas", mas baseadas na mais pura fé católica: na Palavra de Deus, na força dos Sacramentos, na doutrina sem erro da Igreja, aprendidas no Catecismo da Igreja; na união à sagrada Hierarquia; na oração pessoal e comunitária (Terço, adoração e bênção do Santíssimo Sacramento, meditação da Palavra, cânticos de louvor, adoração, reparação, intercessão...), no jejum, na esmola e na caridade. Não é uma ação subjetiva de um líder isolado; se fosse, a RCC não teria sobrevivido e crescido nesses 40 anos e nem mesmo seria aprovada pelos Papas. Ela foi amplamente reconhecida pelo "Conselho Pontifício para os Leigos", e atualmente são mais de cem milhões de católicos que vivem a experiência da RCC, segundo confirma Alan Panozza, presidente dos «Serviços Internacionais da Renovação Carismática Católica» (ICCRS, por suas siglas em inglês), com sede no Vaticano. Ela está presente em mais de 200 países. ( 25 de setembro de 2003 - ZENIT.org).
O Frei Inácio Cantalamessa; pregador do Papa, e assíduo nos Encontros internacionais da RCC, disse que ela é "uma corrente de graças que está destinada a transformar toda a Igreja". Nesta mesma entrevista (25/9/2003 - www. Zenit.org) ele disse: "O batismo no Espírito não é uma invenção humana, é uma invenção divina. É uma renovação do batismo e de toda a vida cristã, de todos os sacramentos. Para mim foi também uma renovação de minha profissão religiosa, de minha confirmação, de minha ordenação sacerdotal. Todo o organismo espiritual se reaviva como quando o vento sopra sobre uma chama. Por que o Senhor decidiu atuar neste tempo desta maneira tão forte? Não sabemos. É a graça de um novo pentecostes."
O pregador do Papa atesta que Paulo VI afirmou em 1974 que "a Renovação Carismática é uma oportunidade para a Igreja". Cantalamessa ainda disse: "Não há que ter medo. Há Conferências Episcopais, por exemplo, na América Latina - é o caso do Brasil-, onde a hierarquia descobriu que a Renovação Carismática não é um problema: é parte da solução ao problema dos católicos que se afastam da Igreja porque não encontram nela uma palavra viva, a Bíblia vivida, uma possibilidade de expressar a fé de maneira gozosa, de forma livre, e a Renovação Carismática é um meio formidável que o Senhor pôs na Igreja para que se possa viver uma experiência do Espírito, pentecostal, na Igreja católica, sem necessidade de sair dela. Tampouco se deve considerar que se trata de uma «ilha» na qual se reúnem algumas pessoas que são um pouco emocionais. Não é uma ilha. É uma graça destinada a todos os batizados. Os sinais externos podem ser diferentes, mas em sua essência é uma experiência destinada a todos os batizados" (ibidem).
Bento XVI já aprovava a RCC quando era cardeal: "Certamente [a Renovação no Espírito] trata-se de uma esperança, de um positivo sinal dos tempos, de um dom de Deus para a nossa época. È a redescoberta da alegria e da riqueza da oração contra a teoria e práxis sempre mais enrijecidas e ressecadas no tradicionalismo secularizado. Eu mesmo constatei pessoalmente a sua eficácia em Munique...". (Vittorio Messori, J. Ratzinger, A Fé em Crise? O Cardeal Ratzinger se interroga. E.P.U, São Paulo, 1985, pg. 117-118)
Libânio fala em "guru" na RCC. Nada mais estranho! Ora, nas comunidades e nos grupos de oração não há "gurus", um venerável mestre espiritual como no hinduísmo, em torno do qual se reúnem os "seus" discípulos para ouvir e viver a "sua" doutrina. Não. Na RCC o Senhor único é Jesus Cristo, o Mestre; sua Palavra é a doutrina; a fé em seu Nome e na Eucaristia dão a força da unidade; os sacramentos são os canais da graça da salvação e a autoridade, "Mater et Magistra" é a Igreja. Os líderes na RCC não são chefes, mas "servos". Por isso mesmo, não é verdade o que diz Libânio, que a RCC "baliza-lhes a trajetória sem com isso traze-los necessariamente a alguma instituição eclesial oficial". Ora, a RCC, como disse o frei Cantalamessa, traz o povo de volta para a Igreja católica, como nenhuma outra instituição da Igreja. Na "Conferência Internacional da Renovação Carismática", na Itália, em outubro de 1998, João Paulo II, disse: "A Renovação Carismática Católica tem ajudado muitos cristãos a redescobrirem a presença e o poder do Espírito Santo em suas vidas, na vida da Igreja e do mundo; e esta redescoberta tem levantado neles uma fé em Cristo cheia de alegria, um grande amor pela Igreja e uma generosa dedicação a sua missão evangelizadora". São um tanto enigmáticas as palavras de Libânio quando ele diz que: "As comunidades emocionais resistem e vivem à margem da correnteza maior da sociedade moderna - da lógica racional e pragmática, governada pela razão instrumental... para viver da força do Espírito".
As comunidades nascidas da RCC, como o Shalom, a Canção Nova, Obra de Maria, Pantokrator, ... e tantas outras que já são cerca de 500 só no Brasil, são uma poderosíssima força de evangelização no Brasil e no mundo, com seus filhos capacitando-se cada vez mais na teologia e em outras ciências. Não é à toa que no Pentecostes de 1998 o Papa se referiu a elas como sendo "a resposta do Espírito Santo para o novo milênio".
Pregador do Papa: Não se deve ter medo da Renovação Carismática
CASTEL GANDOLFO, 25 de setembro de 2003 (ZENIT.org).- Longe de ser uma realidade que deva ser observada com «prevenção», a experiência do batismo no Espírito faz da Renovação Carismática Católica um formidável meio querido por Deus para revitalizar a vida cristã, constatou esta quinta-feira o padre Raniero Cantalamessa, pregador oficial da Casa Pontifícia.
Em 18 de fevereiro de 1967, trinta estudantes e professores da universidade de Duquesne (Pensilvânia, Estados Unidos), fizeram um retiro espiritual para aprofundar na força do Espírito dentro da Igreja primitiva. O chamado teve uma resposta surpreendente, estendendo-se pelos cinco continentes.
Reconhecida pelo Conselho Pontifício para os leigos, atualmente mais de cem milhões de católicos vivem esta experiência, segundo confirma Alan Panozza, presidente dos «Serviços Internacionais da Renovação Carismática Católica» (ICCRS, por suas siglas em inglês), com sede no Vaticano.
Hoje, depois de 35 anos, a Renovação Carismática está presente em mais de duzentos países.
Considerando os fiéis das Igrejas protestantes, evangélicas e pentecostais, e alguns da Igreja ortodoxa, estima-se que no total os cristãos que tiveram esta experiência carismática somam cerca de 600 milhões no mundo.
Mais de 1.000 líderes da Renovação Carismática Católica procedentes de 73 países se reuniram na localidade italiana de Castel Gandolfo em torno ao tema da santidade --à luz da Encíclica de João Paulo II «Novo Millenio Ineunte»-- de 20 a 25 de setembro em um retiro cuja pregação foi encomendada ao padre Cantalamessa, ofm. Cap.
O Cardeal James Francis Stafford, presidente do Conselho Pontifício para os Leigos, e o bispo Stanislaw Rylko, secretário deste organismo vaticano, estiveram entre os convidados à reunião internacional convocada pelo ICCRS.
Por seus testemunhos de primeira mão na experiência «carismática», Zenit entrevistou o padre Raniero Cantalamessa momentos antes da Conclusão do encontro.
- Na Igreja há fiéis que consideram que o «batismo no Espírito» é uma invenção dos carismáticos. Inclusive que puseram nome a uma vivência, mas que não está «catalogada» na Igreja. Poderia explicar, desde sua própria experiência, o que é o batismo no Espírito?
- Pe. Raniero Cantalamessa: O batismo no Espírito não é uma invenção humana, é uma invenção divina. É uma renovação do batismo e de toda a vida cristã, de todos os sacramentos. Para mim foi também uma renovação de minha profissão religiosa, de minha confirmação, de minha ordenação sacerdotal. Todo o organismo espiritual se reaviva como quando o vento sopra sobre uma chama. Por que o Senhor decidiu atuar neste tempo desta maneira tão forte? Não sabemos. É a graça de um novo pentecostes.
Não é que a Renovação Carismática tenha inventado o batismo no Espírito. De fato, muitos o receberam sem saber nada da Renovação Carismática. É uma graça; depende do Espírito Santo. É uma vinda do Espírito Santo que se traduz em arrependimento dos pecados, que faz ver a vida de uma maneira nova, que revela Jesus como o Senhor vivo --não como um personagem do passado-- e a Bíblia se converte em uma palavra viva. A verdade é que não se pode explicar.
Há uma relação com o batismo, porque o Senhor diz que quem crê será batizado e será salvo. Nós recebemos o batismo de crianças e a Igreja pronunciou nosso ato de fé; mas chega o momento em que nós temos que ratificar o que sucedeu no batismo. Esta é uma ocasião para fazê-lo, não como um esforço pessoal, mas sob a ação do Espírito Santo.
Não se pode afirmar que milhões de pessoas estejam equivocadas. Yves Congar, este grande teólogo que não pertencia à Renovação Carismática, em seu livro sobre o Espírito Santo afirmava que a realidade é que esta experiência mudou profundamente a vida de muitos cristãos. E é um fato. A mudou e iniciou caminhos de santidade.
- Como vive seu ministério como pregador da Casa Pontifícia desde sua experiência na Renovação Carismática?
- Pe. Raniero Cantalamessa: Para mim tudo o que passou desde 1977 é um fruto de meu batismo no Espírito. Era professor na Universidade. Dedicava-me à pesquisa científica na história das origens cristãs. E quando aceitei não sem resistência esta experiência, depois tive o chamado de deixar tudo e colocar-me à disposição da pregação, e também a nomeação como pregador da Casa Pontifícia chegou depois de que tinha experimentado esta «ressurreição». Vejo isso como uma grande graça. Depois de minha vocação religiosa, a Renovação Carismática foi a graça mais assinalada de minha vida.
- Desde seu ponto de vista, os membros da Renovação Carismática têm uma vocação específica dentro da Igreja?
- Pe. Raniero Cantalamessa: Sim e não. A Renovação Carismática, temos que dizer e repetir, não é um movimento eclesial. É uma corrente de graça que está destinada a transformar toda a Igreja: a pregação, a liturgia, a oração pessoal, a vida cristã. Assim que não é uma espiritualidade própria. Os movimentos têm uma espiritualidade e acentuam um aspecto, por exemplo a caridade. Antes de tudo, a Renovação Carismática não tem fundador; nenhum pensa em atribuir à Renovação Carismática um fundador porque é algo que começou em muitos lugares de diferentes maneiras. E não tem uma espiritualidade; é a vida cristã vivida no Espírito.
Mas pode-se dizer que como a gente que viveu esta experiência constitui socialmente uma realidade --são pessoas que fazem determinados gestos, oram de certa maneira-- então se pode identificar uma realidade social cujo papel é simplesmente o de colocar-se à disposição para que outros possam ter a mesma experiência. O cardeal Leo Jozef Suenens, que foi o grande protetor e partidário da Renovação Carismática no início, dizia que o destino final da Renovação Carismática poderá ser o de desaparecer quando esta corrente de graça tenha contagiado toda a Igreja.
- A ponto de concluir a pregação de um retiro no qual estiveram mil líderes carismáticos de todo o mundo, que mensagem gostaria de deixar ao crente que desconhece a Renovação?
- Pe. Raniero Cantalamessa: Quero dizer aos fiéis, aos bispos, aos sacerdotes, que não tenham medo. Desconheço por que há medo. Talvez em alguma medida porque esta experiência começou entre outras confissões cristãs, como pentecostais e protestantes. Contudo, o Papa não tem medo. Falou dos movimentos eclesiais, inclusive da Renovação Carismática, como de sinais de uma nova primavera da Igreja, e muito com freqüência faz referência na importância disso. E Paulo VI afirmou que era uma oportunidade para a Igreja.
Não há que ter medo. Há Conferências Episcopais, por exemplo na América Latina --é o caso do Brasil--, onde a hierarquia descobriu que a Renovação Carismática não é um problema: é parte da solução ao problema dos católicos que se afastam da Igreja porque não encontram nela uma palavra viva, a Bíblia vivida, uma possibilidade de expressar a fé de maneira gozosa, de forma livre, e a Renovação Carismática é um meio formidável que o Senhor pôs na Igreja para que se possa viver uma experiência do Espírito, pentecostal, na Igreja católica, sem necessidade de sair dela.
Tampouco se deve considerar que se trata de uma «ilha» na qual se reúnem algumas pessoas que são um pouco emocionais. Não é uma ilha. É uma graça destinada a todos os batizados. Os sinais externos podem ser diferentes, mas em sua essência é uma experiência destinada a todos os batizados.