Por Reinaldo de Azevedo.
“Estão tentando trazer 2005 para a eleição de 2010, mas não acho que isso seja eficaz”.
A frase é da ainda ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência da República. Ela está se referindo ao fato de que os senadores da oposição na CPI das ONGs conseguiram aprovar a convocação de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT e ex-presidente da Bancop, para depor. Também foram convidados Hélio Malheiro, irmão de Luís Eduardo Malheiro, já morto, que presidiu a cooperativa antes de Vaccari, o promotor José Carlos Blat e o doleiro Lúcio Funaro.
Helio trabalhava com Luís Eduardo e diz que o irmão colaborava com o esquema de desvio de recursos da cooperativa, que lesou milhares de pessoas, para o PT; Blat investiga a lambança, e Funaro, em depoimento sigiloso à Procuradoria Geral da República, disse que Vaccari cobrava pedágio dos bancos que recebiam investimentos dos fundos de pensão das estatais. Por isso Dilma fala que estão “querendo ressuscitar 2005″.
Ela sabe muito bem o que aconteceu naquele ano. Seu partido foi flagrado naquele que pode ser considerado o maior e mais grave esquema de corrupção do período republicano: o mensalão do PT. Tanto é assim, que há 40 réus processados pelo Supremo Tribunal Federal.
NINGUÉM PODE RESSUSCITAR O QUE NÃO MORREU, CANDIDATA! O MENSALÃO ESTÁ VIVO, E, ATÉ AGORA, NENHUM DOS QUADRILHEIROS PETISTAS FOI PUNIDO, COMO A SENHORA SABE MUITO BEM. JOSÉ ROBERTO ARRUDA PRECISA DE COMPANHIA PARA JOGAR DOMINÓ!
O escândalo do Bancoop não tem nada a ver com mensalão. O que ele tem em comum com aquele escândalo é uma personagem: Vaccari. Não se sabia, e VEJA revelou na semana passada: Funaro, o doleiro também processado no caso do mensalão, acusou, em depoimento na Procuradoria Geral da República, Vaccari de cobrar propina dos bancos que recebiam recursos dos fundos de pensão — com a anuência desses, é óbvio. Tanto a Procuradoria considera suas informações relevantes que ele recebeu o benefício da delação premiada. POR QUE VACCARI NÃO É O 41º ELEMENTO? Eis um bom mistério da República.
O tom
Dilma fala em “ressuscitar 2005″ naquele tom de quem sugere que nada de errado aconteceu naqueles dias, que tudo não passou de uma grande conspiração, coisa da “imprensa golpista”, como acusou, então, a filósofa e moralista Marilena Chaui, aquela que começou estudando Spinoza e terminou justificando Delúbio Soares, coitada!!!
Dilma, falando por si mesma, tudo indica, vai render. Até agora, nós só a vimos escondida atrás de Lula, como teleguiada dele, como subordinada, como boneco de ventríloquo, como títere. Pensando por conta própria, ela realmente é capaz de enormidades.
NÃO CUSTA LEMBRAR QUE DILMA É FILHA DO MENSALÃO.
Eu explico: sem o escândalo, que esterilizou uma geração de petistas — incluindo estrelas de primeira grandeza como José Dirceu, Antônio Palocci (numa escândalo derivado) e José Genoino —, ela seria até hoje uma burocrata cinzenta e meio enfezada, a falar uma estranha língua na fronteira do português com o tecnocratês mal digerido.
Assim, o escândalo do mensalão vive, sobretudo, na candidata Dilma Rousseff. Sem as estrepolias criminosas de seus companheiros, não seria ela a candidata do PT. Simples, não é mesmo, candidata?