24 de set. de 2011

Papa na Alemanha: 70 mil dentro do estádio, 8 mil protestam fora. Essa é a diferença!


Por Alexandra Hudson – Reuters

Os alemães contrários aos ensinamentos do papa sobre sexualidade e revoltados com os casos de abusos cometidos por padres protestaram em Berlim nesta quinta-feira, enquanto membros do Parlamento boicotaram um discurso do pontífice no início de uma visita de quatro dias de Bento 16 a seu país.

O papa encontrou a chanceler Angela Merkel, lideranças políticas e autoridades judaicas, e recebeu aplausos calorosos durante um discurso ao Parlamento no prédio do Reichstag, uma honra rara.

Mas cerca de 100 deputados no Parlamento de 620 assentos boicotaram seu discurso, o que provocou debates fervorosos entre o povo alemão sobre a separação de Igreja e Estado.

Cerca de 8.000 pessoas que se opõem às posições conservadoras de Bento 16 sobre a sexualidade e os escândalos dos padres pedófilos protestaram no centro de Berlim, carregando cartazes escritos “Vá para casa, papa” e “Menos religião = mais direitos humanos”.

O papa ainda ouviu críticas de um líder judaico que no passado tinha elogiado os esforços de Bento para melhorar as relações entre cristãos e judeus. O líder comunitário alertou ao papa que os judeus ficariam feridos se o papa do período da guerra Pio 12 fosse beatificado.

O pontífice nascido na Baviera terminou o dia com uma missa para 70 mil pessoas, que rezaram sob chuva no Estádio Olímpico da cidade.

Bento começou a viagem com um apelo aos alemães para não deixarem a Igreja por causa dos escândalos de abuso sexual, que levaram um recorde de 181 mil fiéis a abandonarem o catolicismo em protesto no ano passado.

“A Igreja é uma rede do Senhor, que pesca os peixes bons e peixes ruins”, disse ele, usando uma imagem do evangelho de Jesus como um pescador. Mas isso não foi o bastante para acalmar os manifestantes mantidos a uma distância segura por uma presença policial repressiva no centro de Berlim

Dezenas de milhares de católicos lotaram o estádio, incluindo centenas de peregrinos da vizinha Polônia vestindo longas capas vermelhas com uma cruz e a imagem de Cristo.

“Nós amamos ele e quisemos mostrar que, enquanto há aqueles que protestam, há tantas pessoas que o amam”, disse a polonesa de 23 anos Anna Ogorzalek, que viajou 10 horas de ônibus.

“Durante décadas nós tivemos um momento difícil como católicos no comunismo da Alemanha Oriental, por isso é realmente ótimo que Bento tenha vindo para nos ver”, disse a enfermeira de 50 anos Walburga Treibmann, do Estado de Brandenburgo, perto de Berlim.

Bento 16 disse entender que as pessoas estejam “escandalizadas por esses crimes”, mas exortou os católicos a permanecer na Igreja enquanto a instituição trabalha para corrigir os erros cometidos em suas fileiras.


Fonte: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/

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