Uma
das “grandes armas” que o protestantismo pensa ter para atacar a Igreja
Católica são as imagens. Em qualquer conversa com protestantes a
respeito de religião, seja qual assunto for, ele sempre tende que pender
para as imagens da Igreja Católica. Quando isso acontece os
protestantes sempre aparecem com a famosa passagem da suposta proibição
de imagens do livro de Êxodo, ela é:
“Não
farás para ti imagem de escultura, nem alguma
semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas
águas debaixo da terra.” (Ex 20, 4)
Bem, essa parece ser uma proibição
absoluta tanto da fabricação quanto da adoração de imagens. Qualquer um
que ler a primeira vista vai tirar esta conclusão. Porém a bíblia não
deve ser interpretada em versículos isolados nem em traduções
tendenciosas, nem tudo que parece ser, é realmente.
Se
virarmos algumas páginas depois de Êxodo 20, em Êxodo 25, veremos Deus
ordenando Moisés fabricar imagens:
“Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório.” (Ex 25,18)
Ora,
Deus está se contradizendo? Em um lugar ele proibiu a fabricação de
imagens e 5 capítulos após, ele mesmo manda fazer imagens? Pode Deus se
contradizer? Claro que não!
Deus
nunca proibiu a fabricação de imagens, o que Ele proibiu foi a
fabricação de ídolos. Uma análise bem feita do texto e uma verificação
do texto original provarão isso.
Se
olhar os versículos que antecedem e sucedem a passagem veremos que:
“Não terás outros deuses diante de mim.
“Não terás outros deuses diante de mim.
Não farás
para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos
céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
Não te encurvarás a elas nem
as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que
visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta..”
(Êxodo 20, 3-5)
Pelo
próprio contexto vemos que a passagem não se refere a “imagens” e sim a
“deuses”, ou seja era a proibição das imagens desses deuses. Acontece
que o povo judeu estava saindo Egito e embebido da idolatria pagã
egípcia. Os deuses egípcios eram todos representados em imagens e
pinturas, daí vem a proibição para que os judeus não mais fizessem as
representações destes deuses.
Analisando
o texto no hebraico encontraremos a palavra “פֶסֶל֙ ”
(fessel ou pecel), essa palavra não significa “imagens de escultura” e
sim “ídolos”.
A Exaustiva concordância Strong
(dicionário das linguas bíblicas, e protestante) traduz essa palavra
como:
06459 pecel
procedente de 6458; DITAT - 1788a; n. m.
1) ídolo, imagem
Como
vemos a palavra não diz respeito a qualquer imagem, e sim a ídolos
esculpidos, ou seja imagens de ídolos. De fato pode ser traduzida como
imagem, mas não diz respeito a qualquer imagem e sim especificamente
ídolos esculpidos.
Dessa
forma vemos que a passagem é uma clara referência aos deuses do Egito,
como constataremos a baixo:
“Não farás para ti ídolos ou coisas alguma que tenha a forma de algo que se encontre no alto do céu…”. (êxodo 20, 4):
O que
estava no céu, eram os deuses dos ares do Egito:
RÁ (ou Rê), o criador dos
deuses e da ordem divina egípcia. Foi retratado pela arte egípcia sob
muitas formas e denominações e era também representado por um falcão,
por um homem com cabeça de falcão ou ainda, mais raramente, por um
homem. Quando representado por uma cabeça de falcão estabelecia-se uma
identidade com Hórus, outro deus solar adorado em várias partes do país
desde tempos remotos.
Í BIS,
uma ave pernalta de bico longo e recurvado. Existe uma espécie negra e
outra de plumagem castanha com reflexos dourados, mas era o íbis branco,
ou íbis sagrado,que era considerado pelos egípcios como encarnação do
deus Thoth. Um homem com cabeça de íbis, era outra das representações
daquele deus.
HÓRUS, filho de Isis e
Osíris. Ele é representado como um homem com cabeça de falcão ou como um
falcão, sempre usando as duas coroas do Alto e Baixo Egito. Na
qualidade de deus do céu, Hórus é o falcão cujos olhos são o sol e a
lua.
TOTH,
era o deus-escriba e o deus letrado por excelência. Representado como
um íbis ou um homem com cabeça de íbis, ou ainda um babuíno.
“…embaixo na terra…”. (Êxodo 20, 4):
O que
estava na terra eram os deuses e animais terrestres do Egito:
ANÚBIS,
filho de Seth e Néftis, é o mestre dos cemitérios e o patrono dos
embalsamares. É na realidade o primeiro entre eles, a quem se deve o
protótipo das múmias, a de Osíris. Todo egípcio esperava beneficiar-se
em sua morte do mesmo tratamento e do mesmo renascimento desta primeira
múmia. Anúbis também introduz os mortos no além e protege seus túmulos
com a forma de um cão, vigilante.
ÁPIS, o boi sagrado que
os antigos egípcios consideravam como a expressão mais completa da
divindade sob a forma animal e que encarnava, ao mesmo tempo, os deuses
Osíris e Ptah. O culto do boi Ápis, em Mênfis, existia desde a I
dinastia pelo menos. Também em Heliópolis e Hermópolis este animal era
venerado desde tempos remotos. Essa antiga divindade agrária,
simbolizava a força vital da natureza e sua força geradora.
KHEPRA,
(escaravelho, em egípcio) ou um homem com um escaravelho no lugar da
cabeça também representavam o deus-Sol. Nesse caso o besouro simbolizava
o deus Khepra e sua função era nada menos que a de mover o Sol, como
movia a bolazinha de excremento que empurrava pelos caminhos. Associados
à idéia mitológica de ressurreição, os escaravelhos eram motivo
freqüente das peças de ourivesaria encontradas nos túmulos egípcios.
BABUINO ou cinocéfalo é um
grande macaco africano, cuja cabeça oferece alguma semelhança com os
cães. No antigo Egito este animal estava associado ao deus Thoth,
considerado o deus da escrita, do cálculo e das atividades intelectuais.
Era o deus local em Hermópolis, principal cidade do Médio Egito. Deuses
particularmente numerosos parecem ter se fundido no deus Thoth:
deuses-serpentes, deuses-rãs, um deus-íbis, um deus-lua e este
deus-macaco.
APÓFIS,
a serpente que habitava o além-túmulo, representava as tempestades e as
trevas. As serpentes estavam entre os adversários mais perigosos e o
demônio líder de todos eles era Apófis a grande serpente.
BASTET,
uma gata ou uma mulher com cabeça de gata simbolizava a deusa Bastet e
representava os poderes benéficos do Sol. Seu centro de culto era
Bubástis, cujo nome em egípcio ( Per Bast ) significa a casa de Bastet.
Em seu templo naquela cidade a deusa-gata era adorada desde o Antigo
Império e suas efígies eram bastante numerosas, existindo, hoje, muitos
exemplares delas pelo mundo.
GEB,
o deus da Terra é irmão e marido de Nut. É o suporte físico do mundo
material, sempre deitad o sob a curva do corpo de Nut. Ele é o
responsável pela fertilidade e pelo sucesso nas colheitas. Ele estimula o
mundo material dos indivíduos e lhes assegura enterro no solo após a
morte. Geb umedece o corpo humano na terra e o sela para a eternidade.
Nas pinturas é sempre representado com um ganso sobre a cabeça.
“…ou nas águas debaixo da terra.”. (Êxodo 20,
4):
Por
fim o que estava nas águas eram justamente os deuses animais que ficavam
nas águas e que eram adorados no Egito:
SEBEK,
um crocodilo ou um homem com cabeça de crocodilo representavam essa
divindade aliada do implacável deus Seth. O deus-crocodilo, era venerado
em cidades que dependiam da água, como Crocodilópolis.
TUÉRIS,
(Taueret ) era a deusa-hipopótamo que protegia as mulheres
grávidas e os nascimentos. Ela assegurava fertilidade e partos sem
perigo. Adorada em Tebas, é representada em inúmeras estátuas e
estatuetas sob os traços de um hipopótamo fêmea erguido, com patas de
leão, de mamas pendente s e costas terminadas por uma espécie de
cauda de crocodilo.
Será
que é mera coincidência, Deus ter proibído as “imagens” justamente
quando os judeus saíram do Egito? E por que esta proibição se assemelha
tanto aos deuses do Egito? É apenas uma coincidência?
Para
que não haja mesmo qualquer dúvida ou questionamento de que Deus se
referia aos falsos deuses do Egito, ao pedir que o povo não praticasse
idolatria, nem fizesse "imagens", leremos agora um trecho do livro de
Josué, que foi quem substitui Moises:
“Agora,
pois, temei o Senhor e o servi-o com inteligência e fidelidade. Afastai
os deuses aos quais vossos pais serviram do outro lado do rio e no
Egito, e servi ao Senhor”. (Josué 24, 14).
E
para termos ainda mais certeza de que Deus falava claramente dos falsos
deuses do Egito, leiamos o que fala também, Ezequiel 8, 8-10:
“Filho
do homem, disse-me ele, fura a muralha, quando a furei, divisei uma
porta. Aproxima-te, diz ele, e contempla as horríveis abominações a que
se entregam aqui. Fui até ali para olhar: enxerguei aí toda
espécie de imagens de répteis e animais imundos e, pinturas em volta da
parede, todos os ídolos da casa de Israel”.
O que
podemos perceber com essa passagem bíblica? Obviamente que os
sacerdotes estavam adorando os falsos deuses em forma de répteis e
animais, que Deus havia proibido que fossem adorados.
O
próprio Josué que condenou as imagens dos ídolos, se prostrou diante das
imagens da Arca da Aliança e isso não foi caracterizado como idolatria:
"Josué rasgou suas vestes e
prostrou-se com a face por terra até a tarde diante da arca do Senhor,
tanto ele como os anciãos de Israel, e cobriram de pó as suas cabeças"
(Josué 7, 6)
Deus
nunca iria se contradizer, proibindo e ao mesmo tempo mandando que se
fabricassem imagens e permitindo de seus servos se prostrassem diante
delas, como podemos ver em diversos versículos.
A serpente de Bronze:
"E
disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente ardente e põe-na sobre uma
haste; e será que viverá todo mordido que olhar para ela. E
Moisés fez uma serpente de metal e pô-la sobre uma haste; e era que,
mordendo alguma serpente a alguém, olhava para a serpente de metal e
ficava vivo." (Nm 21,8-9)
A
própria serpente de bronze foi uma prefiguração de Cristo e ele próprio
confirma isto, ou seja a crucificação de Cristo foi representada com uma
imagem de cobra:
“Como
Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho
do Homem,” (João 3, 17)
Estaria
Moisés cometendo idolatria?
O templo de Salomão:
“E
no oráculo fez dois querubins de madeira de oliveira,
cada um da altura de dez côvados.” (I Reis 6, 23)
“E
revestiu de ouro os querubins. E todas as paredes da casa, em
redor, lavrou de esculturas e entalhes de querubins, e de
palmas, e de flores abertas, por dentro e por fora.” (I Reis, 6,
28-29)
“E
sobre as cintas que estavam entre as molduras havia leões,
bois, e querubins, e sobre as molduras uma base por cima;
e debaixo dos leões e dos bois junturas de obra estendida.”
(I Reis 7, 29).
“Para
o interior do Santo dos Santos, mandou esculpir dois querubins e
os revestiu de ouro.” (II Crônicas 3,10)
Era neste mesmo templo que os apóstolos e Jesus iam para orar:
"Jesus passeava no templo,
no pórtico de Salomão." (João 10,23)
"Enquanto isso, realizavam-se entre o
povo pelas mãos dos apóstolos muitos milagres e prodígios. Reuniam-se
eles todos unânimes no pórtico de Salomão."(Atos 5, 12)
Estariam Jesus e os apóstolos sendo
idólatras ao frequentar um templo repletos de imagens de escultura?
Fica
provado, portanto, que Deus nunca proibiu a fabricação de imagens e sim
de ídolos para a adoração, colocando-os no lugar do próprio Deus.
Desmascaramos assim mais uma falsa interpretação protestante.
Referencias
LIMA, Alessandro. Deus proibe a Fabricação de Imagens? Disponível em: <http://www.veritatis.com.br/apologetica/123-imagens-santos/554-deus-proibe-confeccao-imagens>. Acesso: 06/06/2012
MAGIA DO ORIENTE. Deuses egípicios. Dsiponível em:
<http://magiadooriente.vilabol.uol.com.br/mitologia.htm>. Acesso
em: 06/06/2012.
Para citar:
RODRIGUES,
Rafael. Deus proibiu a fabricação de Imagens. Apologistas Católicos.
Disponível em: <http://apologistascatolicos.com.br/index.php/apologetica/imagens/524-deus-proibiu-a-fabricacao-de-imagens>. Desde 06/06/2012.
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