6 de jul. de 2011

Liberdade religiosa é muito mais do que a liberdade de culto.


Rádio Vaticano

Dias atrás a Igreja Católica e os delegados das máximas instituições cristãs assinaram um documento intitulado “Testemunho cristão num mundo multirreligioso. Recomendações para um Código de conduta”.

Além do Conselho Ecumênico de Igrejas e da Aliança Evangélica Mundial encontrava-se presente em Genebra, na Suíça, representando a Santa Sé, o Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean-Louis Tauran.

A Rádio Vaticano pediu ao purpurado francês que nos ilustrasse a importância desse documento ecumênico. Eis o que disse:

Cardeal Jean-Louis Tauran:- Esse documento é importante porque evidencia a necessidade de colocar à disposição da sociedade todo o patrimônio que temos em comum, quando se trata de testemunhar Cristo num mundo multirreligioso.

Nesse âmbito temos um certo número de princípios que podem ser muito úteis no diálogo que os nossos cristãos são chamados a promover em nível das paróquias, da escola e da sociedade em geral. Os valores cristãos que proclamamos, apesar das nossas divisões, devem ser fatores de comunhão também para a sociedade, porque o diálogo inter-religioso não é diálogo entre as religiões, mas é diálogo entre os fiéis e, portanto, na família, na escola e na vida cultural. Esses valores cristãos, que são promovidos por diversas Igrejas cristãs ou por comunidades cristãs, podem servir de inspiração e mostrar que é possível viver a unidade na diversidade.”

RV: O documento insiste também sobre a importância da liberdade religiosa: um tema muito apreciado pelo Santo Padre…

Cardeal Jean-Louis Tauran:- “Sim, porque há uma grande ambigüidade no fundo da questão: a liberdade religiosa é muito mais do que a liberdade de culto. A liberdade de culto é ter um templo para praticar a própria religião, e isso é o mínimo. Mas a liberdade religiosa representa uma dimensão social: os fiéis, todos os fiéis, devem poder contribuir para o bem da sociedade, participando do diálogo público e mediante o engajamento político, cultural e em todos os campos da vida social e não somente individual. Aí, evidentemente, existem dificuldades.”

RV: Qual será, a seu ver, a reação das outras religiões, por exemplo, sobre o difícil tema da conversão?

Cardeal Jean-Louis Tauran:- “O documento não trata da conversão. A conversão é o encontro de duas liberdades: a liberdade de Deus e a liberdade do homem, e aí ninguém pode intervir. Esse é o grande mistério. A conversão forçada não tem nenhum valor para nós. O diálogo inter-religioso é olhar-nos, ouvir-nos, entender-nos e colocar tudo aquilo que temos em comum à disposição da sociedade para o bem de todos.”


Fonte: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/

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