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22 de out. de 2011

A feminização da família


William O. Einwechter
O feminismo é um movimento radical. Como tal, ele atinge até as raízes do relacionamento entre homem e mulher, e busca alterar a estrutura social e institucional, que é percebida como conflitante com as ideias e objetivos do feminismo. Janet Richards declara que “O feminismo é em sua natureza radical... nós protestamos primeiramente contra as instituições sociais... se considerarmos o passado não há dúvida de que toda a estrutura social foi planejada para manter a mulher inteiramente sob a dominação do homem.”[1] Sendo uma ideologia radical, o objetivo do feminismo é a revolução. Gloria Steinem fala pelas feministas quando diz: “Pregamos uma revolução, não apenas uma reforma. É uma mudança mais profunda que qualquer outra.”[2] As feministas querem criar uma “nova sociedade” onde as condições restritivas sociais do passado sejam para sempre removidas.[3] Quão bem sucedidas as feministas foram em promover sua agenda de revolução social? Davidson diz: “Hoje, o feminismo é a ideologia de gênero da nossa sociedade. Desde as universidades até as escolas públicas, da mídia até as Forças Armadas, o feminismo decide as questões, determina os termos do debate, e intimida oponentes em potencial ao ponto de fazer com que todos fiquem em silêncio absoluto.”[4]
A instituição social que o feminismo tem mirado como uma das mais opressivas a mulher é a família tradicional. Por “família tradicional” queremos dizer a estrutura familiar desenvolvida na sociedade Ocidental, sob a influência direta do Cristianismo e a Bíblia. Na família tradicional, o homem é o cabeça do lar e o responsável por prover as coisas necessárias para o sustento da vida. A mulher é a “mantenedora do lar”, e sua principal responsabilidade é o cuidado com as crianças. A família tradicional assim definida é de acordo com o plano bíblico para o lar. As feministas odeiam a família que é padronizada de acordo com a Palavra de Deus porque é contrária a tudo que aceitam como verdade. Portanto, seu objetivo é a destruição total da família tradicional. A feminista Roxanne Deunbar disse claramente: “Em última análise, queremos destruir os três pilares da sociedade de classes e castas — a família, a propriedade privada, e o estado.”[5] As feministas buscam subverter a família tradicional, e no seu lugar almejam uma instituição social radicalmente diferente que seja moldada segundo o dogma feminista.
Quando consideramos a natureza radical do feminismo e da sua agenda para subverter a família que é estruturada segundo o modelo bíblico, seria sábio parar um pouco e refletir o quão bem sucedidas as feministas têm sido em remodelar a família de acordo com o seu próprio desígnio. O fato é que na sociedade ocidental o feminismo tem sido enormemente bem sucedido em destruir a família tradicional. A feminização da família já foi estabelecida! Por “feminização da família” queremos dizer o moldar da família de acordo com as crenças e objetivos do feminismo. Essa feminização ocorreu nos últimos trinta anos e com pouca oposição dos homens. Os homens sumiram amedrontados com as acusações feministas de sexismo, repressão, tirania e exploração, como um covarde fugiria diante de acusações de determinado inimigo em campo de batalha. Nada parece ter aterrorizado tanto os homens do que penetrantes e irados olhares e palavras das militantes feministas.
Agora, quando dizemos que a feminização da família já foi estabelecida, não queremos dizer que as feministas alcançaram totalmente seus objetivos em relação à família. Queremos dizer, no entanto, que uma revolução na vida da família por influência feminista e de acordo com a ideologia feminista já foi estabelecida na sociedade ocidental. Hoje, a instituição social da família está mais alinhada com a visão de Betty Friedan do que com os ensinamentos do apóstolo Paulo. Isso representa um triunfo (pelo menos parcial) da visão radical feminista de revolução social.
A feminização da família é observada em pelo menos seis áreas:
1. O casamento foi desestabilizado, e o divórcio está em crescimento.
A “demonização” feminista do casamento fez do divórcio algo “socialmente e psicologicamente aceitável, através da ideia de que é uma possível solução para uma instituição defeituosa e já em seu leito de morte.”[6] O ensinamento bíblico de que o casamento é uma instituição divina e pactual que une homem e mulher para o resto da vida através de um voto sagrado (Gen. 2:18-24; Mat. 19:3-9) foi repudiado pela sociedade moderna. O conceito bíblico foi substituído pela noção de que o casamento é uma mera instituição humana, e por isso imperfeita, e que o divórcio é uma forma aceitável de lidar com qualquer problema associado ao casamento.
2. A liderança masculina na família foi substituída por uma organização “igualitária” onde marido e esposa “compartilham” as responsabilidades da liderança na família.
A ideia bíblica de que o homem é o cabeça da família (1 Cor. 11:3-12; Ef. 5:22-23) e senhor do seu lar (1 Pe. 3:5-6) é considerada pelas feministas algo tirânico e bárbaro, um vestígio do homem primitivo e sua habilidade de dominar fisicamente sua parceira. Nos nossos dias, a esmagadora maioria de tanto de homens quanto mulheres zombam da noção de que a esposa deve se submeter à autoridade do marido.
3. O papel do homem como provedor foi rejeitado, e introduzido um novo modelo de responsabilidade econômica compartilhada.
A visão da nossa era é que a mulher não tem menor responsabilidade do que o homem no dever de prover as necessidades financeiras da família. As feministas creem que o ensinamento bíblico de que o homem é o provedor da família (1 Tim. 5:9) é parte de uma conspiração masculina para manter as mulheres sob seu domínio por meio de medidas que as tornem economicamente dependentes dos homens.
4. A mulher como uma dona do lar de tempo integral é zombada, e a mulher que trabalha fora buscando realização e independência é agora a norma cultural.
O mandamento bíblico para que a mulher seja “dona do lar” (Tito 2:4-5) ou é desconhecido ou ignorado. Pessoas com a mentalidade feminista consideram algo indigno que uma mulher fique em casa e limite suas atividades à esfera do lar e da família. Uma carreira profissional é considerada mais conveniente e significante para as esposas e mães de hoje.
5. A norma bíblica da mulher como cuidadora de suas crianças foi substituída pelo ideal feminista de uma mãe que trabalha fora e deixa seus filhos na creche para que ela possa cuidar de outros assuntos importantes.
A responsabilidade do papel da mãe é vista em termos muito diferentes do que no passado. O chamado bíblico para a mãe estar com suas crianças, amá-las, treiná-las, ensiná-las, e protegê-las (1 Tim. 2:15; 5:14) é rejeitado pela visão feminista de uma mulher que foi libertada de tais limitações sobre sua individualidade e realização própria.
6. A ideia de que uma família grande é uma “bênção” é rejeitada por uma noção de que uma família pequena de um ou dois filhos (e para alguns, nenhum filho) é muito melhor.
O conceito de “planejamento familiar” objetivando reduzir o número de crianças num lar é defendido por quase todos. O ensino bíblico de que uma família grande é sinal de bênçãos e da soberania de Deus (Salmo 127; 128) é ignorado por famílias modernas, até mesmo aquelas se proclamam como cristãs. A visão feminista que nós determinamos o número de crianças que nós teremos, e que nós somos soberanos sobre esse assunto é agora aceita sem questionamento. E é claro, essa suposta soberania humana sobre a vida e o nascimento leva à justificação do aborto, que é o maior controle de natalidade de todos.
Sim, a feminização da família foi estabelecida no Ocidente! O conceito cristão de família foi substituído pela ideia feminista de família: o divórcio fácil substituiu a visão pactual do casamento; o igualitarismo substituiu a liderança masculina; o homem e a mulher como provedores em parceria substituiu o homem como provedor; a esposa e mãe que trabalha fora do lar substituiu a mulher como dona do lar; a mãe como uma empregada profissional substituiu a mãe como cuidadora de suas crianças; “planejamento familiar” e “controle de natalidade” substituíram a grande família.
Dois fatores contribuíram significantemente para o sucesso do feminismo na subversão da estrutura e prática familiar que é baseada na Bíblia.
O primeiro fator é a covardia dos homens; sim, até mesmo homens cristãos. Até certo ponto é compreensível (mesmo assim vergonhoso) que homens não-cristãos se acovardassem diante das feministas e seus ataques contra eles e a família tradicional. Mas que homens cristãos, que têm a Palavra de Deus, igualmente tenham se rendido é realmente lamentável. Deus chamou o homens para defenderam a Sua verdade no mundo e viverem Seus preceitos. Mas uma olhada no lar evangélico cristão comum revelará que até mesmos eles foram em grande parte feminizados. Feministas radicais e anticristãs transformaram nossos lares, e os homens cristãos quase não fizeram objeção a isso, nem disputaram por esse santo território, que é o padrão familiar bíblico. Além disso, maridos e pais cristãos também demonstraram covardia ao serem incapazes de liderar e assumir a responsabilidade que Deus entregou a eles. Eles estiveram mais que dispostos a abrir mão da carga total de liderança e provisão para suas famílias; eles estiveram mais que alegres de compartilhar (ou despejar) essas cargas com (ou sobre) suas esposas. A família foi feminizada porque homens cristãos abandonaram seus postos.
O segundo fator é o silêncio e a passividade da igreja. A feminização da família ocorreu em boa parte porque a igreja na maior parte do tempo esteve em silêncio sobre a questão. A igreja não resistiu os ataques feministas com a espada da Palavra de Deus. Ao invés disso, e vergonhosamente, a igreja abandonou seu posto diante da investida feminista, e na verdade até absorveu várias ideias feministas. A igreja vem sendo cúmplice ao ensinar coisas como um casamento igualitário, “planejamento familiar”, e por apoiar a ideia de mulheres profissionais e mães trabalhando fora. Muito da culpa deve ser depositada aos pés de pastores e anciãos que ou foram enganados ou se acovardaram de pregar ou se posicionar pela verdade concernente à família como Deus a revelou na Sua Santa Palavra. Feministas tem sido bem sucedidas em alterar a família porque a igreja falhou em viver e ensinar a doutrina bíblica positiva sobre a família e não expôs, denunciou, e respondeu as mentiras das feministas.
Qual deve ser a nossa resposta como cristãos diante da feminização da família? Nossa resposta começa com o reconhecimento de que isso aconteceu. Negar o fato não nos fará bem algum. Então, devemos assumir a tarefa de “desfeminização” da família e da “recristianização” da família. Essa tarefa é o dever de cada família cristã individualmente; mas é principalmente o dever de maridos e pais cristãos que foram escolhidos por Deus como líderes de seu lar. Homens devem liderar através de preceitos e exemplos na erradicação de todos os aspectos da influência feminista da vida e estrutura de suas famílias, e a restaurar segundo o padrão bíblico. Homens devem ser homens e tomar sobre si a carga total da responsabilidade confiada a eles por Deus. Homens devem parar de se intimidar com a retórica feminista e devem promover a ordem de Deus em suas famílias sem receio.
A tarefa de reconstrução da família de acordo com a Palavra de Deus também faz necessário que a igreja ensine fielmente o que a Bíblia diz sobre a família, e em muitos casos, a alterarem a estrutura de suas igrejas e ministérios (que também foram feminizados) para fortalecerem a família em vez de miná-la. Faz-se necessário que pastores e anciãos respeitam a instituição pactual da família, e parem de entregar o senhorio de suas famílias, e parem de perseguir aqueles homens que buscam uma “desfeminização” das suas próprias famílias. Faz-se necessário que pastores e anciãos sejam um exemplo para o rebanho na “desfeminização” das suas próprias famílias. E faz-se necessário que professores e pregadores com a coragem e a convicção de João Knox e João Calvino exponham as mentiras venenosas do dogma feminista e declararem e defendam o padrão bíblico para a família desde o púlpito.
1. Citado por Michael Levin em Feminism and Freedom (Feminismo e Liberdade) (New Brunswick, 1988), p. 19.
2. Idem.
3. Idem.
4. Nicholas Davidson, “Prefácio,” em Gender Sanity (Sanidade de Gênero), ed. Nicholas Davidson (New York, 1989), p. vi.
5. Citado por Rita Kramer em “The Establishment of Feminism,” (Estabelecendo o Feminismo) Gender Sanity (Sanidade de Gênero), p. 12 (ênfase acrescentada).
6. Levin, Feminism and Freedom (Feminismo e Liberdade), p. 277.



A FIGUEIRA ESTÉRIL



I. NAS VINHAS DA PALESTINA, costumavam-se plantar árvores junto com as cepas. E é num lugar desse tipo que Jesus situa a parábola do Evangelho da Missa de hoje1: Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi buscar fruto nela e não o encontrou. Isso já tinha acontecido anteriormente: plantada num lugar apropriado do terreno, rodeada de cuidados, a figueira, ano após ano, não dava figos. Então o dono mandou ao vinhateiro que a cortasse: Para que há de ocupar terreno em vão?

A figueira simboliza Israel2, que não soube corresponder aos cuidados que Javé, dono da vinha, lhe dispensava; representa também todo aquele que permanece improdutivo3 diante de Deus.

O Senhor colocou-nos no melhor lugar, onde podíamos dar mais frutos de acordo com as nossas condições e as graças recebidas, e, desde o momento da nossa concepção, fomos objeto dos maiores cuidados por parte do mais competente de todos os vinhateiros: deu-nos um Anjo da Guarda para que nos protegesse até o fim da vida, conferiu-nos – talvez poucos dias depois de termos nascido – a graça do Batismo, deu-se Ele próprio a cada um de nós em alimento na Sagrada Comunhão, ofereceu-nos uma formação cristã... São incontáveis as graças e favores que recebemos do Espírito Santo.

No entanto, é possível que o Senhor tenha motivos para queixar-se do pouco fruto, e talvez de um ou outro fruto amargo, que haja na nossa vida. É possível que a nossa situação pessoal tenha podido recordar vez por outra a triste parábola relatada pelo profeta Isaías:Cantarei ao meu amado o cântico dos seus amores pela sua vinha: O meu amado possuía uma vinha plantada numa colina fertilíssima. E cercou-a de uma sebe, e tirou dela as pedras, e plantou-a de cepas escolhidas. Edificou-lhe uma torre no meio e construiu nela um lagar; e esperava que desse boas uvas, mas só produziu agraços4, frutos amargos. Por que tão maus resultados, quando tinham sido tomados todos os cuidados para que desse bons frutos?

Apesar de tudo, Deus volta a tomar sucessivamente novos cuidados: é a paciência de Deus5 com a alma. Ele não desanima com as nossas faltas de correspondência, antes sabe esperar, pois conhece não só as nossas fraquezas, mas a capacidade que temos de fazer o bem. Nunca considera ninguém como perdido; confia em todos nós, ainda que nem sempre tenhamos correspondido às suas esperanças. Não nos disse Ele que não quebrará a cana rachada nem apagará a mecha que ainda fumega?6 As páginas do Evangelho são um contínuo testemunho dessa consoladora verdade: o Senhor trata-nos como à samaritana e a Zaqueu, procura-nos como o pastor em busca da ovelha perdida, acolhe-nos como o pai do filho pródigo...

II. SENHOR, DEIXA-A AINDA este ano, enquanto eu lhe cavo em volta e lhe lanço esterco, para ver se assim dá fruto... É Jesus quem intercede diante de Deus Pai por nós, que “somos como uma figueira plantada na vinha do Senhor”7. “Intercede o agricultor; intercede quando já o machado está levantado para cortar as raízes estéreis; intercede como Moisés diante de Deus... Mostrou-se mediador quem queria mostrar-se misericordioso”8, comenta Santo Agostinho. Senhor, deixa-a ainda este ano... Quantas vezes não se tem repetido esta mesma cena! Senhor, deixa-o ainda um ano...! “Saber que me amas tanto, meu Deus, e... não enlouqueci?!”9

Cada pessoa tem uma vocação particular, e toda a vida que não corresponde a esse desígnio divino perde-se. O Senhor espera correspondência a tantos desvelos, a tantas graças concedidas, embora nunca possa haver igualdade entre o que damos e o que recebemos, “pois o homem nunca pode amar a Deus tanto como Ele deve ser amado”10. Com a graça, podemos oferecer-lhe cada dia muitos frutos de amor: de caridade, de empenho apostólico, de trabalho bem feito...

Todas as noites, no nosso exame de consciência, temos de saber encontrar esses frutos pequenos em si mesmos, mas que o amor e o desejo de corresponder a tanta solicitude divina tornaram grandes. E quando partirmos deste mundo, “teremos que ter deixado impressa a nossa passagem, tornando a terra um pouco mais bela e o mundo um pouco melhor”11: uma família com mais paz, um trabalho que tenha significado um progresso para a sociedade, uns amigos fortalecidos na fé pela nossa amizade...

Vejamos na nossa oração: se tivéssemos que apresentar-nos agora diante do Senhor, estaríamos alegres, com as mãos cheias de frutos para oferecer ao nosso Pai-Deus? Pensemos no dia de ontem..., na última semana..., e vejamos se estamos repletos de boas obras feitas por amor a Deus, ou se, pelo contrário, uma certa dureza de coração ou o egoísmo de pensarmos excessivamente em nós impediu e impede que ofereçamos ao Senhor tudo aquilo que Ele espera de cada um de nós.

Sabemos muito bem que, quando não damos toda a glória a Deus, a existência converte-se num viver estéril. Tudo o que não se faz de olhos postos em Deus, perecerá. Aproveitemos hoje para fazer propósitos firmes: “Deus concede-nos talvez um ano mais para o servirmos. Não penses em cinco nem em dois. Pensa só neste: em um, no que começamos...”12, e que daqui a uns meses terminará.

III. NISTO É GLORIFICADO meu Pai, em que deis muito fruto e sejais meus discípulos13. Isto é o que Deus quer de todos: não aparência de frutos, mas realidades que permanecerão para além deste mundo: pessoas que conseguimos aproximar do sacramento da Penitência, horas de trabalho terminadas com profundidade profissional e pureza de intenção, pequenos sacrifícios durante as refeições – que manifestavam estarmos conscientes da presença de Deus e termos o corpo dominado por amor ao Senhor –, vitórias sobre os estados de ânimo, ordem nos livros, na casa, nos instrumentos de trabalho, empenho para que o cansaço de um dia intenso não influísse no ambiente, pequenos serviços aos que precisavam de ajuda... Não nos contentemos com as aparências; examinemos se as nossas obras – pelo amor que nelas colocamos e pela retidão de intenção – resistem ao olhar penetrante de Jesus. As minhas obras são fruto que corresponde às graças que recebo?: é a pergunta que poderíamos fazer na intimidade da nossa oração.

O tempo escoa-se, e temos de aproveitá-lo. Se São Lucas segue realmente uma ordem cronológica nos acontecimentos que narra, a parábola da figueira “foi dita imediatamente depois do problema proposto acerca do sangue dos galileus misturado por Pilatos com os sacrifícios, e acerca dos dezoito homens sobre os quais caiu a torre de Siloé (Lc 13, 4). Devia supor-se que esses homens eram especialmente pecadores, para merecerem tal sorte? O Senhor responde que não, e acrescenta: Mas se não fizerdes penitência, todos perecereis do mesmo modo.

“O que importa não é a morte do corpo, mas a disposição da alma que a recebe; e o pecador que, tendo-lhe sido dado tempo para arrepender-se, não faz uso dessa oportunidade, não se sai melhor do que se tivesse sido lançado repentinamente na eternidade, como aqueles homens”14.

Mas não podemos desanimar, porque, se “neste momento chega a parábola da figueira, que nos previne acerca de um limite para a longa paciência de Deus todo-poderoso, parece, no entanto, pelo que ouvimos do agricultor, que é possível intervir para suplicar que se prolongue o prazo da tolerância divina. Não resta dúvida de que isso é importante. Podem as nossas orações ser úteis para que o pecador alcance um prazo que lhe permita arrepender-se? Claro que podem”15.

E nós mesmos podemos interceder junto do Senhor para que se prolongue essa paciência divina com aquelas pessoas que talvez, com uma constância de anos, pretendemos que se aproximem de Jesus. “Portanto, não nos apressemos a cortar, mas deixemos crescer misericordiosamente, não aconteça que arranquemos a figueira que ainda pode dar fruto”16. Tenhamos paciência e procuremos servir-nos de todos os meios ao nosso alcance, humanos e sobrenaturais, no trabalho com essas pessoas que parecem tardar em empreender o caminho que leva a Jesus.

A nossa Mãe Santa Maria alcançar-nos-á, neste sábado de outubro em que tantas vezes recorremos a Ela, a graça abundante de que as nossas almas necessitam para dar mais fruto, e a que os nossos familiares e amigos também precisam para acelerarem o passo em direção ao seu Filho, que os espera.

(1) Lc 13, 6-9; (2) cfr. Os 9, 10; (3) cfr. Jer 8, 13; (4) Is 5, 1-3; (5) cfr. 2 Pe 3, 9; (6) Mt 12, 20; (7) Teofilacto, em Catena Aurea, vol. VI; (8) Santo Agostinho, Sermão 254, 3; (9) Bem-aventurado Josemaría Escrivá, Caminho, n. 425; (10) São Tomás de Aquino, Suma teológica, I-II, q. 6, a. 4; (11) Georges Chevrot, El evangelio al aire libre, Herder, Barcelona, 1961, pág. 169; (12) Bem-aventurado Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 47; (13) Jo 15, 8; (14) Ronald A. Knox, Sermones pastorales, págs. 188-189; (15) ibid.; (16) São Gregório Nazianzeno, Oração 26, em Catena Aurea, vol. VI, pág. 135.

Fonte: http://www.hablarcondios.org/pt/meditacaodiaria.asp