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8 de abr. de 2005

OS IRMÃOS DE JESUS



Jesus teve outros irmãos, filhos de Maria?            (Arcy Lopes Estrela – São Gonçalo/RJ.)

Segundo me disse um evangélico, a Igreja Católica defende que o termo “irmãos” de Jesus foi utilizado porque não havia nas línguas semitas (hebraico, aramaico) o termo “primo”. Mas, nas referências do N.T. sobre os irmãos de Cristo, a palavra grega que sempre é usada é adelfoV, adelphos (irmão), nunca se usou sungeneV, sungenes (parentes), ou anhyioV, anepsiós (primos), palavra esta que Paulo usou em Cl 4,10, e que foi traduzida corretamente como primo.
                (Guilherme Viegas Reis – Belo Horizonte/MG.)

            Um exame atento do contexto dos Evangelhos nos permite concluir que Jesus era filho único, apesar de algumas passagens  mencionarem Tiago, José, Simão e Judas como “irmãos” de Jesus (Mc 6,3; Mt 13,55).
            De fato, as línguas hebraica e aramaica não possuíam vocábulos próprios para definir diferentes graus de parentesco, como “primo”, “tio”, “sobrinho”. Todos esses parentes eram designados pela palavra “irmão”. Há numerosos textos do Antigo Testamento que o atestam, como por exemplo:
            “Os filhos de Mooli eram: Eleazar e Cis. Eleazar morreu sem deixar filhos, mas teve filhas que foram desposadas pelos filhos de Cis, seus irmãos.” (1 Cr 23,21-22)
            2Cr 36,9-10 diz que Nabucodonosor, rei da Babilônia, mandou prender e deportar o rei Joaquim, e constituiu Sedecias, seu irmão, como rei em seu lugar. Já em 2 Rs 24,17, Sedecias é apresentado como tio de Joaquim.
            Embora Lot fosse sobrinho de Abraão (Gn 11,27-31), este lhe diz: “Somos irmãos” (Gn 13,8). Também Labão, sogro de Jacó, refere-se a ele como “seu irmão” (Gn 29,15), embora seja na verdade seu tio, irmão de sua mãe (Gn 27,43 e 29,10-11).
            Há vários outros exemplos semelhantes a esses. Mas a inexistência de termos adequados não é o único, nem o principal motivo pelo qual os hebreus usavam a palavra “irmão” num sentido mais amplo. O verdadeiro motivo é cultural. A língua é sempre expressão de uma cultura e atende às suas necessidades: se as distinções entre os diversos graus de parentesco não eram previstas no vocabulário semita, é porque não eram consideradas importantes.
            O conceito de família entre os israelitas era muito diferente do nosso, e bem mais amplo. Eram considerados “irmãos” todos aqueles que pertenciam a uma mesma linhagem familiar. Os descendentes de um antepassado comum, mesmo depois da segunda ou terceira geração, eram considerados seus “filhos” e, portanto, irmãos entre si. Até no tempo de Jesus, os israelitas ainda se diziam “Filhos de Abraão”, e Jesus foi chamado “filho de Davi”, por ser da descendência desse rei.
            Os casamentos eram realizados, de preferência, dentro da mesma família. Por isso Abraão mandou um servo até sua terra natal, para buscar em sua família uma esposa para seu filho Isaac (Gn 24,3-4). Também Jacó desposou sua prima Raquel. No Cântico dos Cânticos, o pastor chama à sua amada: “Minha irmã, minha noiva” (Ct 4,9-10).
            Por respeito a essa questão cultural é que, quando o Antigo Testamento foi traduzido para o grego, conservou-se a palavra “irmão”, embora a língua grega, mais complexa, possuísse termos próprios para “primo”, “tio” e “sobrinho”. Essa tradução destinava-se às comunidades israelitas que viviam em território grego, e elas mantinham seus conceitos culturais, mesmo usando uma outra língua. Para eles, a unidade familiar (o “clã”) importava mais do que o grau exato de parentesco. Usar “primo”, “tio” ou “parente” reduziria o sentido do parentesco a um laço meramente biológico, que não era o que os autores bíblicos tinham em mente. Para os hebreus, os laços que uniam suas famílias representavam muito mais do que isso: era algo que atingia o nível espiritual e ontológico, relacionando-se com seu senso de pertença ao povo eleito de Deus e às doze tribos que o compunham.
            Em Cl 4,10, Paulo escrevia para uma comunidade grega e se referia a pessoas de origem grega, que não tinham o conceito cultural semita, por isso usou a palavra específica para “primo”, já que se referia mesmo ao parentesco biológico. Mas ele também usou, muitas vezes, a palavra “irmãos” no sentido amplo, quando se referia à comunidade dos cristãos, novo povo de Deus. Os próprios evangélicos costumam tratar-se dessa forma entre si...
            Não é, portanto, no termo empregado que se fundamenta a convicção católica de que Jesus era filho único, mas sim no contexto geral dos Evangelhos, que apresentam vários indícios nesse sentido, como por exemplo:           
- Lc 12,41-56 mostra Jesus aos 12 anos, acompanhando seus pais a Jerusalém, na festa da Páscoa, e sendo por eles perdido e procurado por 3 dias. Nada se fala sobre a presença de outras crianças com eles, e não é provável que fossem deixadas sozinhas em casa. Até os 12 anos, portanto, tudo indica que Jesus era filho único. Se os tais “irmãos” tivessem nascido depois disso, seriam ainda novos demais para o papel que desempenham nos evangelhos, durante o ministério público de Jesus.
- Embora se fale em “irmãos” de Jesus, em nenhuma passagem esses irmãos são apresentados como “filhos de Maria e José”. Ao contrário, Maria é sempre mencionada unicamente como mãe de Jesus, nunca como mãe de mais alguém. Nenhuma passagem diz, por exemplo: “Maria e seus filhos”. A Escritura sempre diz: “Maria, a mãe de Jesus, e os irmãos dele” (At 1,14). Essa distinção seria desnecessária e até estranha, se esses “irmãos” fossem também filhos dela.
            - Em Jo 19,25-27, Jesus confia sua mãe à proteção do discípulo João. Isso leva a crer que, por essa altura, José já havia falecido. Segundo o costume judaico, porém, se Maria tivesse outros filhos, seria o mais velho destes quem deveria assumir o encargo de cuidar de sua mãe, após a morte de Jesus. Por que, então, Jesus a confia a João, que não era seu parente? E por que afirma que o filho dela, de agora em diante, será João?
            Os irmãos de Jesus, mencionados no Evangelho, são na verdade seus primos, como podemos deduzir dos seguintes textos:
Mt 27,56 diz que, junto à cruz de Jesus, estavam presentes, entre outras mulheres, Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu. Nada indica que essa “Maria, mãe de Tiago e de José” pudesse ser também a mãe de Jesus. Se fosse, isso não deixaria de ser mencionado.
            Jo 19,25 diz: “Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, Mulher de Cléofas, e Maria Madalena.”
            Atos 1,13 menciona, entre os discípulos, “Tiago, filho de Alfeu”. Sabe-se que os nomes “Cléofas” e “Alfeu” são traduções gregas do mesmo nome aramaico “Claphai”. Portanto, essa Maria, mulher de Cléofas e mãe de Tiago e de José, era outra Maria, parente da mãe de Jesus. Segundo um historiador antigo, era sua cunhada, pois Cléofas era provavelmente irmão de São José.
Pode-se ainda perguntar por que, no Evangelho, Maria aparece algumas vezes acompanhada pelos “irmãos de Jesus”. Isso se explica porque, segundo o costume judaico, as mulheres não podiam apresentar-se sozinhas em público, mas deviam ser sempre acompanhadas por parentes próximos do sexo masculino. Se José já havia falecido, e Jesus tinha saído de casa para cumprir sua missão, era natural que os primos de Jesus passassem a acompanhar sua tia.
Mas, além dos indícios bíblicos, a doutrina católica também se fundamenta na Tradição. Desde os mais remotos tempos, sempre houve na Igreja a convicção de que Jesus era filho único, convicção transmitida aos descendentes por aqueles que com ele conviveram. Não haveria razão para que se criasse essa tradição se não fosse verdadeira, já que o fato de ter irmãos seria algo muito natural, que em nada ofenderia a pessoa ou a missão de Jesus. O que não é natural é que, depois de quinze séculos, alguém comece a defender como verdade uma idéia completamente desconhecida na comunidade cristã até então, com base em termos que essa mesma comunidade cristã sempre conheceu e sempre interpretou diferentemente.

                                                                                                                         Margarida Hulshof

A VENERAÇÃO DE MARIA

Gostaria que comentasse o conteúdo desse artigo que saiu em um jornal de confissão luterana, com o título: “Virgem Venerada”.                                                       (Hilário Cargnin – Tubarão/SC.)

            O artigo em questão, publicado no jornal “O Pescador”, é transcrito de outra publicação, chamada “Sinais dos Tempos”, e não traz indicação do autor.
            O texto pretende ser uma resposta à seguinte pergunta: “Como surgiu o dogma católico da veneração de Maria?”, pergunta feita, evidentemente, por alguém que desconhece a nossa fé, já que a veneração de Maria não é um dogma.
            Mas, talvez porque a pergunta fala em dogma, a resposta aborda a história dos dogmas marianos. Felizmente não há erros nas citações dos documentos da Igreja, mas o texto pretende mostrar que a doutrina da Igreja sobre Maria não tem validade, por ser “totalmente desprovida de base bíblica”. E com isso, como sempre, contradiz a própria Bíblia na qual diz basear-se.
            Diz o artigo que “a Igreja apostólica jamais atribuiu a Maria qualquer função especial junto à comunidade dos crentes”. Essa é uma interpretação gratuita, já que o fato de “não estar escrito” não prova que alguma coisa não aconteceu. O objetivo dos Atos dos Apóstolos não era detalhar as funções de cada membro das comunidades, mas sim documentar a propagação do Evangelho pela ação missionária dos apóstolos, com a fundação das primeiras comunidades. E o objetivo das Cartas era transmitir orientações e tirar dúvidas dessas mesmas comunidades, no que diz respeito à fé. Naturalmente, essa não era a função de Maria, nem de qualquer outra mulher naquele tempo, mas isso não significa que Maria não tivesse “nenhuma função especial”. É significativo o fato de que ela estava presente junto aos apóstolos no acontecimento de Pentecostes, quando a Igreja nasceu “oficialmente”, por meio da infusão do Espírito Santo, que capacitou os apóstolos para continuar a missão de Cristo. E é evidente, também, que o testemunho de Maria está na base das narrativas evangélicas sobre a concepção e o nascimento de Jesus, bem como sobre sua infância, uma vez que nenhum dos evangelistas presenciou esses fatos. Isso mostra, no mínimo, que Maria mantinha contato com os apóstolos, e conversava com eles com alguma freqüência. Embora esse contato não esteja explícito nos Atos ou nas Cartas, está certamente implícito... e era certamente importante, já que contribuiu, no mínimo, para a redação dos Evangelhos.
 Se a pregação dos apóstolos deu frutos, e se a fé cristã se conservou até nossos dias, é claro que isso supõe a ação de muitas outras pessoas, e também outros tipos de ação, além daquelas narradas na Bíblia. Supõe, principalmente, a profunda formação na fé realizada no seio das famílias e transmitida de geração em geração... e isso, como todo mundo sabe, é principalmente tarefa das mulheres. E Maria a terá desempenhado, junto aos primeiros cristãos, com particular excelência, ela que, mais do que ninguém, tinha intimidade com Jesus e seus ensinamentos.
Os protestantes, porém, restringem a ação do Espírito Santo unicamente ao que está escrito na Bíblia, como se, fora dela, nada tivesse valor ou merecesse crédito. Como se, depois dos tempos apostólicos, a ação iluminadora do Espírito Santo deixasse de ser necessária, bastando seguir “o que está escrito”... eles não percebem que essa é uma interpretação contrária à própria Bíblia, já que Jesus prometeu o Espírito Santo à sua Igreja até o fim dos tempos, e não apenas para inspirar os redatores bíblicos. Ele nem sequer menciona a Escritura ao falar da missão da Igreja. Quando Jesus se refere às Escrituras, é geralmente para alertar contra o perigo de interpretá-las erradamente... O Espírito, na Bíblia, é sempre dado a pessoas, e a função de ensinar e de zelar pela ortodoxia da fé é transmitida pela imposição das mãos dos apóstolos aos sucessores por estes indicados. Está na Bíblia... O critério de infalibilidade apontado por Jesus é a palavra dos apóstolos (“quem vos ouve, a mim ouve”... “o que ligares na terra será ligado nos céus”... etc.), e, se a Igreja estava destinada a permanecer e continuar atuando também depois dos tempos bíblicos, não faz sentido supor que, com a morte dos apóstolos, Deus tenha retirado o seu Espírito da Igreja, para limitá-lo à Escritura, como se, a partir daí, nada mais pudesse evoluir, como se não houvesse sempre situações novas a exigir discernimento e decisões, a fim de manter viva a mensagem e conservar a ortodoxia em matéria de fé. Afinal, Jesus diz: “Estarei convosco até o fim dos tempos”, e não apenas no tempo dos Apóstolos. A Bíblia não diz que toda a ação da Igreja deveria, a partir de certo momento, passar a pautar-se unicamente pela Escritura. Nada nela faz prever essa “extinção” da ação do Espírito. Ao contrário, ela mostra a preocupação dos apóstolos em formar seus sucessores... Os protestantes desprezam os próprios critérios bíblicos ao rejeitar o dinamismo já presente na Igreja apostólica, para idolatrar a escritura como único critério de ortodoxia... coisa que, absolutamente, a Bíblia não ensina. O Novo Testamento nem sequer existia no tempo dos Apóstolos... e, de qualquer forma, as evidências mostram que a Escritura, sozinha, é insuficiente como critério de unidade e de valores, se não houver para ela uma interpretação autorizada.
Essa “idolatria da escritura”, desprovida de critérios, leva o autor do artigo a considerar a doutrina dos Padres da Igreja sobre a veneração devida a Maria por seu papel relevante na obra da redenção, assim como a noção de sua virgindade perpétua e de sua qualidade de Mãe de Deus (que depois se tornaram dogmas), como “teorias especulativas” que “começaram a se infiltrar no cristianismo pós-apostólico”, como se o fato de ser “pós-apostólico” fosse indicador de invalidade. Como se a opinião de pessoas nascidas dois mil anos depois dos apóstolos tivesse mais valor, ou pudesse ser mais fiel ao seu ensinamento do que aquilo que foi assimilado e vivido por seus herdeiros diretos e imediatos... ao menos aquilo que foi legitimado pelo Magistério, que não perdeu a assistência do Espírito Santo (se quisermos crer na promessa de Jesus).
O articulista diz que “foi a oração da Ave-Maria, originária do século 11, que mais contribuiu para popularizar essa veneração”, que, segundo um outro autor por ele citado, teria degenerado em adoração, “a ponto de suplantar a própria adoração de Cristo”.
Além de apresentar um julgamento gratuito e errôneo (pois a veneração a Maria nunca foi confundida, em nossa Igreja, com a adoração devida a Cristo, nem a superou), o autor se esquece de que as palavras da Ave-Maria, em sua primeira parte, são palavras da Bíblia... e que o próprio Deus já exaltava Maria, pela boca do anjo, muito antes de nós, tendo Maria profetizado – também na Bíblia – que todas as gerações a proclamariam bem-aventurada – o que Isabel e João Batista já tinham feito pouco antes. Nossa veneração tem, sim, portanto, uma forte base bíblica. Se o próprio Deus exalta Maria, não faz muito sentido supor que isso seja algo contrário à vontade de Deus...
O artigo interpreta as palavras de Jesus em Lucas 11,27-28 (onde ele diz que “os que ouvem a palavra de Deus e a observam” são mais felizes do que “as entranhas que o trouxeram e os seios que o amamentaram”) como uma advertência de Jesus contra a veneração a Maria. Na verdade, isso em nada desmerece Maria, já que ninguém ouviu ou observou as palavras de Jesus melhor do que ela. Essa passagem diz, simplesmente, que os laços de sangue nada são em si mesmos, sem a fé e a prática da fé. É uma advertência dirigida aos judeus, que se consideravam justos e justificados pelo simples fato de serem “filhos de Abraão”... e, no entanto, não reconheceram o Messias enviado por Deus. Quanto ao fato de que Jesus se coloca como caminho necessário e único para chegar ao Pai (como também lembra o artigo), isso não impede que o próprio Jesus tenha agido a pedido de Maria, nas bodas de Cana, assim como escolheu, também, vir ao mundo por meio dela. Pedir a intercessão de Maria não significa negar o caráter indispensável e exclusivo da mediação de Jesus. Sabemos que Maria não faz nada sem Jesus, mas isso em nada impede que peçamos a ela para transmitir a Jesus os nossos pedidos e interceder em nosso favor, como ela fez em Cana, e para nos trazer Jesus como fez em Belém. A intercessão de Maria certamente não é indispensável para a salvação, mas também não se opõe ao ensinamento de Jesus, já que ele mesmo quis condicionar a salvação dos homens ao consentimento e colaboração dela. E o mais importante é que a devoção mariana, longe de prejudicar,  pode favorecer nossa fidelidade a Jesus – na verdade, é nisso que consiste o seu valor. Nosso amor por Maria só tem sentido na medida em que nos conduz para mais perto de Jesus. O papel de Maria em nossa fé é semelhante ao que a Bíblia desempenha junto aos protestantes. Num e noutro podem ocorrer desvios e erros, mas nem por isso devemos desprezar os auxílios que o próprio Deus nos envia para nossa caminhada de fé.
É claro que nossa devoção supõe a convicção de que Maria está viva junto de Deus, assim como todos os santos. E aqui, de novo, o articulista contradiz a Bíblia, ao escrever: “O próprio dogma da assunção de Maria ao paraíso cai por terra se levarmos em consideração o ensino bíblico de que os mortos permanecem em estado de completa inconsciência na sepultura, aguardando o dia da ressurreição final. Maria foi uma pessoa piedosa e temente a Deus, mas ainda não se encontra no Céu, e, como qualquer outra criatura, jamais deveria ser venerada (ver Apoc. 22,8-9).”
Para contradizer a Igreja Católica, os protestantes preferem dar relevo a uma crença do Antigo Testamento, já superada no tempo de Jesus, ao invés de acatar as palavras do próprio Jesus... que afirma que o Pai “não é Deus de mortos, mas de vivos, pois todos vivem para ele” (Lc 20,38; Mt 22,32), e que também promete ao bom ladrão: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”... Há ainda a parábola do rico e de Lázaro (Lc 16, 19-31) onde Jesus diz que “o pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão”, que era diferente da “mansão dos mortos”, lugar de tormentos para onde foi o rico. Essa parábola refere-se claramente a uma vida consciente depois da morte, na qual os justos já gozam da bem-aventurança e os injustos são dela privados, mesmo antes da ressurreição dos corpos. Também o Apocalipse fala nos justos que estão junto de Deus e com ele dialogam (estão vivos, portanto), enquanto aguardam que se complete o número dos escolhidos (Apoc 6, 9-11). O trecho citado pelo articulista também fala em um ser vivente, um anjo, que não deve ser adorado porque não é Deus – o que nós também sabemos – mas nada tem a ver com a suposta inconsciência dos mortos.
Enfim: se nós estamos “contradizendo o ensino bíblico”, Jesus o fez antes de nós. São antes os protestantes que o fazem, nessa e em outras acusações, ao ignorar as palavras de Jesus na Bíblia. É claro que cada um tem o direito de acreditar no que quiser, e nós não obrigamos ninguém a pensar como nós. Só digo isso para mostrar a inconsistência dos argumentos utilizados pelos protestantes em suas acusações contra a Igreja Católica...                                           Margarida Hulshof (Dezembro/2003)

QUESTÕES SOBRE MARIA

Nossa Senhora era filha única?                                                      (Angelina Lima – Santa Cruz/RJ.)

            Provavelmente, sim. O proto-evangelho de Tiago, um documento apócrifo (não reconhecido como inspirado por Deus), traz os nomes dos pais de Nossa Senhora, Joaquim e Ana, e diz que Ana era estéril, tendo concebido por um favor especial de Deus, fato comum na geração das mais importantes figuras bíblicas, e que simboliza a total soberania e iniciativa de Deus na condução da história do seu povo. Nesses casos, geralmente, a gravidez é única. O mesmo documento diz que Maria foi consagrada a Deus e educada no templo a partir dos três anos de idade.

Se Nossa Senhora nasceu sem o pecado original, logicamente ela deve ter ficado isenta das dores do parto, que foram impostas à mulher como conseqüência do seu pecado por ter comido o fruto da árvore da Ciência do Bem e do Mal (Gen 3,16). Se isso é uma verdade, por que, no terço do Pe. José Maria, transmitido diariamente pela TV Século 21, na representação que fazem no mistério do nascimento de Cristo, a artista que representa Nossa Senhora aparece deitada, contorcendo-se de dores no parto de Jesus?                               
          (Marcello de Azevedo Penna Chaves – Campinas/SP.)

            De fato, sendo todas as dores humanas uma conseqüência do pecado, é mais do que lógico acreditar que a Mãe de Deus não experimentou as dores do parto, uma vez que foi concebida sem pecado, e também devido à natureza sobrenatural da concepção e do parto de Jesus.
            É verdade que a doutrina católica nada estabelece sobre esse pormenor. Afirma, entretanto, a virgindade perpétua de Nossa Senhora, antes, depois e também durante o parto de Jesus. E, se não houve mutilação física, provavelmente também não houve dor. É o que sempre professou a Tradição. São João Damasceno, por exemplo, escreveu (por volta do ano 730): “Assim como ela deu à luz sem dor, também sua morte esteve isenta de dores.” (Homilia da Natividade de Maria, 3).
            Entretanto, o parto virginal, por si só, não prova a ausência de dores. A dor nem sempre é uma conseqüência do pecado, pode ser também um ato de amor a Deus ou de oblação em favor dos irmãos, como no caso dos sofrimentos de Jesus e dos santos mártires. O “castigo” das dores de parto imposto à mulher como conseqüência do pecado original é apenas uma figura, significando que neste mundo não existe felicidade plena ou isenta de sofrimentos, mas que estes são a oportunidade que Deus nos dá para nosso aperfeiçoamento e conversão, para que um dia cheguemos ao estado de vida plena junto de Deus. Significa também que a vida sempre brota da morte, da dor, do dom de outra vida, como Jesus mostrou no Calvário e na imagem da semente que precisa morrer, para dar frutos.
            O fato é que não se pode dizer que seja um erro teológico representar Maria em dores de parto, já que não há definições doutrinárias concretas a esse respeito, apenas suposições.
            Em minha opinião, é muito mais edificante e respeitoso acreditar na ausência de dores. Mais ainda, não vejo necessidade alguma de examinar essa questão, nem de recorrer a esse tipo de apelação para representar o mistério do nascimento de Jesus. A mídia, porém – especialmente em nossos tempos – gosta de imagens fortes, que impressionem, que choquem até. Nota-se a tendência a um realismo extremo, muitas vezes caricatural. E essa tendência contamina também a mídia católica, que talvez acredite que uma cena mais “marcante” agradará mais. O que pode até ser verdade, no caso do público mais jovem.
            Diante de tais coisas, só nos resta ter paciência e rezar, entregando a Deus nossa perplexidade e pedindo-lhe que, apesar de tudo, as pessoas continuem podendo encontrar e seguir o caminho que leva ao céu. Afinal, é isso o que importa. Tenhamos confiança mesmo em meio às tempestades, cientes de que o Espírito Santo jamais abandonará a Igreja de Cristo.
                                                                                                                             
Depois do nascimento de Cristo, Maria levou as duas ofertas que a lei mandava, a oferta queimada e a oferta pelo pecado (Lc 2,22-24 e Lv 12, 6-8). Mas, se Maria não tinha pecado, para que levar as ofertas?                                          (Guilherme Viegas Reis – Belo Horizonte/MG.)

            Para cumprir a lei, como boa judia que era. Jesus também não tinha pecado, e apesar disso quis receber o batismo de conversão ministrado por João Batista. Foi circuncidado e consagrado a Deus como todo primogênito, e participava de bom grado, com sua família, de todos os ritos judaicos de purificação, pois quis ser em tudo semelhante aos homens, exceto no pecado. Ele não tinha pecado, mas assumiu sobre si os pecados de todos os homens, a ponto de imolar-se em sacrifício por eles. Diante disso, por que estranhar que sua Mãe se unisse a ele na humildade e na obediência? Se o Criador e Senhor se faz servo, assumindo totalmente a condição humana, dentro da cultura de seu povo, e se ainda por cima se deixa tratar como o pior do pecadores, como poderia sua mãe agir de outra forma? Além disso, ela provavelmente não sabia que tinha sido preservada do pecado. Foi dócil instrumento aos planos de Deus sem ter consciência da própria grandeza, como sempre acontece aos santos.

Por que a ressurreição de Maria não consta na Bíblia? É verdade que existe o Evangelho de Maria, à parte?                                                                                  (Pedro Heitor – Espera Feliz/MG.)

            A finalidade dos Evangelhos não é falar de Maria, e sim de Jesus e de seus ensinamentos, que são o fundamento da doutrina da Igreja. O que se fala de Maria, ali, é somente aquilo que está diretamente relacionado com Jesus. Já os demais livros do Novo Testamento documentam a pregação dos apóstolos, com a formação das primeiras comunidades. A exaltação de Maria por Deus e seu papel de medianeira e de mãe da Igreja só começou a ser compreendido mais tarde, quando o Novo Testamento já estava encerrado. Logo se difundiu a crença de que Maria foi levada ao céu em corpo e alma, antecipando a ressurreição que nos aguarda a todos. Por não ter sido contaminada com o pecado, ela também não teria sofrido a conseqüência do pecado, que é a deterioração do corpo após a morte. O Dogma da Assunção Corporal de Maria foi definido oficialmente em 1950, pelo Papa Pio XII. Sua assunção difere da ascensão de Jesus porque este subiu ao céu por seus próprios meios, enquanto Maria foi levada por Deus (as representações artísticas a mostram carregada por anjos). O dogma não define se Maria chegou a experimentar a morte, ou se passou ainda em vida para a glória celeste. Essa questão permanece em aberto. A maioria dos teólogos acha que, se Jesus passou pela morte, também Maria não poderia deixar de fazê-lo. É certo, porém, que seu corpo não sofreu a corrupção, e que ela já está na glória em corpo e alma, diferentemente dos demais seres humanos, cujo corpo só ressuscitará no fim dos tempos.
            Existe um documento apócrifo chamado Evangelho de Maria, assim como há outros (de Tomé, de Tiago, etc.). São documentos antigos que contêm narrativas mais ou menos contemporâneas aos quatro evangelhos, e que podem conter informações verídicas, mas que a Igreja não reconhece como inspirados por Deus. Não se pode garantir a autenticidade de seu conteúdo. Ao lado de fatos verídicos, eles podem conter outros que não passam de fantasia. Tais documentos não são considerados matéria de fé.

Há em minha cidade uma antiga igreja barroca dedicada a Nossa Senhora da Boa Morte. Quando essa igreja tornou-se sede de uma paróquia, esta passou a chamar-se “paróquia da Assunção”, porque o pároco afirma que Nossa Senhora não morreu, sendo elevada aos céus em corpo e alma sem passar pela morte. Muitos têm dificuldade para aceitar essa idéia, habituados que já estão com a tradição da morte e ressurreição de Nossa Senhora, antes de sua assunção, havendo inclusive a “Confraria de Nossa Senhora da Boa Morte”. Penso que qualquer uma das duas hipóteses pode ser aceita pelos católicos, mas gostaria de saber qual a doutrina mais aceita pela Igreja a esse respeito.        (Clodoaldo Dantas Mota – Barbacena/MG.)
           
            Realmente, qualquer das duas hipóteses pode ser igualmente aceita, porque a Igreja não define essa questão, mas a deixa “em aberto”. A doutrina afirma apenas que, “terminado o curso de sua vida terrestre”, Nossa Senhora foi elevada ao céu em corpo e alma, ou seja, é a única pessoa, além de Jesus, que já passou pela “ressurreição da carne”, por sua dignidade especial de mãe de Deus. É legítimo acreditar que, mesmo não estando sujeita à lei da morte por ter nascido sem o pecado original, ela experimentou a morte para solidarizar-se com seu divino Filho também nesse aspecto. Creio que essa é a hipótese mais aceita, mas não se pode afirmar com certeza nem uma, nem outra. O pároco pode ter a sua crença a esse respeito conforme preferir, mas não a pode impor aos seus paroquianos como sendo doutrina da Igreja, porque a Igreja não se pronuncia sobre esse aspecto. Da mesma forma, os confrades de Nossa Senhora da Boa Morte têm todo o direito de dar continuidade a seu culto e suas tradições, mas não podem afirmar que o pároco está errado. Para não prejudicar a unidade da paróquia, seria bom que se conseguisse chegar a um acordo.
            Podemos também invocar Nossa Senhora da Boa Morte com vistas à nossa própria morte, como aquela que nos pode assistir e interceder por nós “agora e na hora de nossa morte”, como dizemos na Ave-Maria. Ou seja, ela pode ser chamada “Nossa Senhora da Boa Morte” mesmo que não tenha morrido, porque nós, certamente, morreremos... e sabemos que ela, como boa Mãe, não deixará de estar ao nosso lado nessa hora difícil e decisiva.
           
                                                                                                                           Margarida Hulshof

31 de mar. de 2005

A MAIS ANTIGA ORAÇÃO MARIANA


Saiba qual é a mais antiga oração Mariana


"À vossa proteção recorremos Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas Em nossas necessidades, Mas livrai-nos sempre de todos os perigos, Ó Virgem gloriosa e bendita!". A oração "Sub tuum praesidium" (À vossa proteção) é a mais antiga oração a Nossa Senhora que se conhece. Encontrada num fragmento de papiro, em 1927, no Egito, remonta ao século III. Tem uma excepcional importância histórica pela explícita referência ao tempo de perseguições dos cristãos (?Estamos na provação? e ?Livrai-nos de todo perigo) e uma particular importância teológica por recorrer à intercessão de Maria invocada com o título de Theotókos (Mãe de Deus). Este título é o mais importante e belo da Virgem Santíssima. Já no século II era dirigido a Maria e foi objeto de definição conciliar em Éfeso em 431. O texto primitivo do qual derivam as diversas variações litúrgicas (copta, grega, ambrosiana e romana) é o seguinte: ?Sob a asa da vossa misericórdia nós nos refugiamos, Theotókos; não recuse os nossos pedidos na necessidade e salva-nos do perigo: somente pura, somente bendita? .


Fonte: Dom Hélder

AS GRANDEZAS DE MARIA SANTÍSSIMA NA BÍBLIA


Por Desconhecido
Fonte: site do Seminário de Campos


 As Grandezas de Maria na Bíblia
- Que a Santa Mãe do Divino Salvador tenha recebido de Deus prerrogativas que Lhe são exclusivas, é verdade que se deduz de várias passagens da Bíblia. Para o provar, vamos examinar os vários textos sagrados, que a Ela se referem.
Note-se desde já que a Bíblia abre-se e se fecha (Gên. 3,15 - Apoc.12,1) sob o signo da Mulher vitoriosa e bendita, sempre em luta com o dragão.
 - Eis alguns textos áureos da Bíblia Sagrada:
a) ?Porei  inimizade  entre  ti  e  a  Mulher, e  entre  a tua descendência e a dEla. Ela te esmagará a cabeça, e tu tentarás ferir o seu calcanhar?. (Gên. 3,15)
 Comentário: o texto acima é a 1ª profecia da vinda do Salvador feita por Deus logo após a queda de nossos primeiros pais. Nele, ao grupo dos vencidos (Adão e Eva) Deus contrapõe o grupo dos vencedores (Jesus e sua Mãe). - A ?descendência da mulher? (no original: sêmen, prole), é, num 1º  plano, Jesus Cristo; e, num 2º plano, são todos os remidos que correspondem à graça da Redenção.  - O termo "Ela",  como sujeito de ?esmagará?, se refere diretamente à "prole", a Jesus. Mas, será através da natureza humana de Cristo, recebida de Maria, que o poder de Satã será quebrado por Cristo unido à sua Mãe. Logo, também Ela, a "Mulher invicta" desta profecia, com o seu Filho, quebrará a cabeça de Satã. - O termo "inimizade" indica a incompatibilidade absoluta entre Cristo e sua Mãe de um lado, e Satã e os seus aliados, do outro; indica ainda a vitória completa de ambos sobre o Maligno.
b)  Dois textos de Isaías:?Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um Filho, o Emanuel (Deus conosco)?. (Is. 7,14) ?Nasceu-nos um menino ...Ele será Deus forte ...?. (Is. 9,5)
c) Outros textos de S. Lucas:?Ave, ó cheia de graça...? (Lc. 1,28);?...darás à luz um Filho, e Lhe porás onome de Jesus;  (...) Ele será Filho do Altíssimo? (Lc. 1,32); e "Filho de Deus"  (Lc. 1,35); "Bendita és tu entre as mulheres; ( ...) donde me vem a dita de vir a mim a  Mãe de meu Senhor?". (Lc. 1,42-43)
- Esses textos sagrados destacam as várias grandezas singulares de Nossa Senhora:
3 - A Maternidade Divina:  É  evidente:  -  1º )  no  texto ?a?, a descendência da Mulher (sêmen, prole)  é, no 1º plano, Jesus Cristo. E então a ?mulher singular"  da profecia é a sua verdadeira Mãe. E como Cristo é Deus, Ela pode e deve chamar-se Mãe de Deus.
2º)  Confirma-se isso com os textos da letra ?b? (Is. 7,14), pois ?a Virgem? é predita aí como a verdadeira Mãe do Emanuel (Deus conosco), portanto, Mãe de Deus.
3º)  O mesmo afirmam os textos da letra ?c? (Lc. 1,31-32;1,42-43), pois aí se declara que Maria Santíssima é a verdadeira Mãe "do Filho do Altíssimo??do Filho de Deus? e a "Mãe de meu Senhor?.
Argumento de razão  -  Podemos e devemos chamar a Virgem Maria ?Mãe de Deus? porque o objeto-termo de toda maternidade é a pessoa. Não se diz que a mãe é mãe da natureza do filho, mas da sua pessoa. E a Pessoa, em Cristo, é a 2ª da Santíssima  Trindade, o Filho de Deus. Na Virgem Maria se realiza, pois, este mistério: ser Ela, ao mesmo tempo, "Mãe de Deus e de Deus filha"Ela participa  do mistério do seu Filho que é "Deus e Homem ao mesmo tempo".
 Maternidade espiritual - também De fato, como no 2º plano, aquela "Mulher" é Mãe da "prole" também no sentido de "descendência", Maria Santíssima é Mãe espiritual dos remidos. O que o próprio Jesus na Cruz confirmou,  na  pessoa de São João, ao dizer à sua Mãe: "Mulher, eis aí o teu filho".  São João, então, representava a todos os remidos.
- Medianeira   - também.  Realmente, como Deus deu às mães, como ofício próprio da maternidade, prover o alimento dos filhos, assim Cristo, ao dar à sua Santa Mãe o ofício da maternidade espiritual, deu-Lhe também todas as graças necessárias para a salvação de seus filhos espirituais. Senão esse título seria meramente nominal. Ela é, pois, Medianeira de todas as graças de Cristo para nós.
- A Imaculada Conceição - Essa prerrogativa é conseqüência da primeira. Destinada a ser Mãe verdadeira e virginal de Cristo-Deus, não podia Ela ter contato com o pecado. Ademais, se a alguém fosse dado poder escolher a própria mãe, não escolheria a mais virtuosa, a mais pura, a mais santa?  E Jesus não só pôde escolher a Sua Mãe, mas criá-lA, pois é Deus. Ele A fez, pois, imaculadaisenta de toda a culpa original. É a razão de conveniência.
Mas, essa verdade está contida no próprio texto da Bíblia (Gên. 3,15), pois aí se prediz para o futuro Salvador e  para a  sua Mãe, uma inimizade total  com Satã, que implica derrota total deste. Isso é incompatível com a condição de quem tivesse estado, por um momento sequer, sob o pecado e, pois, sob o poder do Maligno. É claro que isso pressupõe a concepção imaculada, não só de Cristo-Homem, mas também de sua Santa Mãe.
O ofício de Corredentora -  Também está  contida no texto de Gên. 3,15 a verdade de que aquela Mulher invicta, posta por Deus em total inimizade com o Demônio, ia participar de todos os sofrimentos e lutas do futuro Redentor. De fato, a Virgem Maria participou da Paixão de Jesus no grau máximo, sofrendo em união com Ele as dores mais atrozes, oferecendo-O a Deus Pai como Vítima por nós. Ela sacrificou-Lhe também o direito natural de Mãe sobre o próprio Filho. Todos esses sacrifícios já estavam incluídos na aceitação da maternidade divina. Ela cooperou voluntariamente para nossa Redenção.
- A Assunção corpórea ao céu  - A vitória de Cristo sobre Satã, o pecado e a morte foi realizada  na Paixão e Morte na Cruz, mas se tornou completa e patente  com a sua Ressurreição e Ascensão ao Céu. Ora, o texto do Gênesis associa inseparavelmente  o Messias  e a sua  Mãe na mesma luta na mesma Vitória final e completaOra, a vitória de Maria Santíssima não seria completa se o seu corpo imaculado e virginal tivesse ficado sujeito à  corrupção do sepulcro. Jesus Cristo não o permitiu, mas A elevou ao Céu em corpo e alma, no fim de sua vida. Assim cumpriu-se plenamente aquela magnífica profecia.                              
RESPONDENDO OBJEÇÕES 
- Os protestantes não cessam de injuriar a Jesus, rebaixando a sua Santa Mãe à condição de uma mulher comum, pela  interpretação errônea que dão a alguns textos.
Vejamos na Bíblia  como isso é falso:  - No encontro de Jesus no Templo, Ele não argüiu a Sua Mãe de  não saber que Ele?devia cuidar dos interesses de seu Pai?. (Lc. 2,49)  Não era esse o sentido das suas palavras no contexto. Era antes o seguinte: "Não sabeis que devo estar no que é de meu Pai ?" (sentido literal) Assim, era normal que sua Mãe entendesse a resposta no sentido de "ficar  morando  no Templo", a exemplo de  Samuel. Por isso, em Lc. 2,50 lemos: "Eles não entenderam o que Jesus lhes dissera"
 9 -  Em  Caná, a Mãe de Jesus Lhe informou ter acabado o vinho para os convidados. Jesus respondeu usando a expressão semítica (da língua hebraica): ?Mulher, que há  entre mim e ti??  E acrescentou: ?A minha hora ainda não chegou?.  (Jo.2,4) A expressão usada por Jesus tem um sentido próprio daquela língua.
 De fato, verificou-se que ela foi  usada, pelo menos seis (6) vezes  na Bíblia do Anigo Testamento, nas quais se supõe resposta negativa: ?não há nada?; uma ou outra vez, indica que ?não há  nada? porque háoposição; as outras indicam que as partes estão de acordo.  (Cf.  2 Reis 3,13; 2 Sam.16,10; 19,22; Jz. 11,12; 1 Reis 17,18; 2 Crôn. 35,21)
 Note-se que essas citações conferem com a tradução literal da frase latina:"Quid mihi et tibi est?" = ?Que há entre mim e ti??, sem as acomodações ao nosso modo de falar, como por ex., ?Que nos importa isso a mim e a ti??, ou ?Que queres de mim ??, como hoje se costuma fazer.
 Em Caná é claro o sentido de pleno acordo quanto ao fato da providência solicitada (o milagre), com pequena restrição quanto à sua oportunidade. Daí Jesus dizer:?a minha hora ainda não chegou?Mas antecipou essa hora, e fez o milagre, atendendo a intenção caritativa de sua Santa Mãe.
 10 - Quanto ao apelativo ?Mulher?, dizem os peritos da língua que Jesus falava, o aramaico, que tem um sentido respeitoso equivalente a ?Senhora?. E que dizer do acento de respeito desta palavra na boca de Jesus ao dirigir-se à sua Santa  Mãe!  Sobretudo  no contexto de Caná  e da Cruz. Jesus, o melhor dos Filhos, deve ter-Se dirigido à sua santa Mãe com acentuado carinho e respeito filiais. Nesse contexto, tal apelativo lembra ainda a "Mulher"  da profecia do Gênesis. (3,15) Então, Jesus Se projeta ao lado de sua Mãe comodando cumprimento àquela profecia.
 11 - Por fim, Jesus pregava numa casa cheia de gente. Avisam-Lhe que lá fora estão sua Mãe e os seus (chamados) irmãos. (primos-Ver ?F. C. nº 12)  Jesus responde:"Minha Mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática". (Lc. 8,21) É claro que Jesus não está negando à sua Santa Mãe a honra de ser a primeiríssima entre os ouvintes e praticantes da palavra de Deus, antes o supõe, e é seu principal título de glória. O mesmo se diga de Lc.11,27-28.

25 de mar. de 2005

UMA DEFESA BÍBLICA DE MARIA

Por Antoine Valentin
Tradução: Jaime Francisco de Moura

Há uma palavra no aramaico, "Gebirah" que quer dizer "Rainha Mãe".  Próximo ao trono do Rei estava um segundo trono. Muitos assumiriam que o segundo trono pertenceu à esposa do Rei. O Gebirah era uma posição oficial, que todo o mundo ( Jesus e os discípulos incluíram) era completamente familiar.  O papel dela era como defensora das pessoas; qualquer um que teve uma petição ou buscou uma audiência com o Rei fez assim por ela.  Ela era uma intercessora, que apresentava os desejos e preocupações das pessoas ao Rei.  Isto não insinua que o Rei era inabordável, ou que as pessoas tinham medo ou eram incapaz de falar com ele.  significa que o Rei honrou sua mãe e levou os pedidos dela em consideração.  As pessoas, sentiam-se próximos, como se fossem seus filhos.
Este papel é mencionado em: (2 Reis 10,13) " Nós somos irmãos de Ocosias, responderam eles. Descemos para fazer uma visita aos filhos do rei e aos filhos da rainha."
O lugar específico dela de honra e intercessão, é ilustrado dramaticamente na passagem seguinte de (1 Reis 2, 13-21)
?Adonias, filho de Hagit, foi ter com Betsabé, mãe de Salomão. Ela disse-lhe: vens como amigo? Sim disse ele, preciso falar-te ?fala? ele continuou! ?Sabes que o reino era meu, e que todo o Israel me considerava como o seu futuro Rei. Mas o trono foi transferido a outro,passando para meu irmão, porque o Senhor lho deu. Tenho a esse respeito um pedido a fazer-te; não mo recuses ? ?Fala?  ?Pede ao Rei Salomão, que nada te recusa, que me dê Abisag, a sunanita, por mulher? ?Está bem, respondeu Betsabé, falarei por ti ao Rei?. Betsabé foi, pois, ter com o Rei para falar-lhe em favor de Adonias. O Rei levantou-se para ir-lhe ao encontro, fez-lhe uma profunda reverência e sentou-se no trono. Mandou colocar um trono para sua mãe, e ela sentou-se à sua direita: ?Tenho um pequeno pedido a fazer-te, disse ela; não mo recuses? ? ?Pede, minha mãe, respondeu o Rei, porque nada te recusarei?. Disse Betsabé: ?Peço-te que Abisag, a sunanita, seja dada por mulher ao teu irmão Adonias.?
São de grande importância, as observações seguintes:
1. Adonias assumiu que a mãe rainha chegaria ao Rei ao lado dele; Adonias confiou nela.
2. A reação do Rei é notável: ele se levanta e faz uma profunda homenagem a ela.
3. Um trono foi provido para ela, e ela sentou a seu lado.
4. É dada ênfase como intercessora, e pela repetição da idéia que o rei não a recusará.
Nós fazemos o mesmo com Maria.  Nós assumimos que ela chegará ao Rei em nosso favor.  Muitos protestantes dizem que "Nós não precisamos passar por qualquer um; nós podemos falar diretamente" com Deus. Bem, claro que nós podemos.  Mas eu duvido que a mesma pessoa nunca pediu para um amigo que fizesse uma oração para uma pessoa, ou que nós pedimos para nossos amigos que rezem por nós. Não porque sentimos que não podemos chegar diretamente a Deus, mas porque nós somos uma família em Cristo. Nós nos preocupamos um com o outro. São Paulo nos conta que somos rodeados por uma nuvem de testemunhas, fala que as orações dos santos sobem como incenso a Deus.  O que você supõe que eles estão pedindo?  Em Tobias nós lemos: ?Quando tu oravas com lágrimas e enterrava os mortos, quando deixavas a tua refeição e ias ocultar os mortos em tua casa durante o dia, para sepultá-los  quando viesse a noite, eu apresentava as tuas orações ao Senhor? (Tobias 12,12)
Se nós perguntamos a esses que sabemos que rezam para nós, como nós deveríamos nos abster de perguntar a esses que estão na presença de Deus?  E se nós perguntamos a esses que estão na presença de Deus para rezar para nós, como nós deveríamos nos abster de perguntar para a mesma mãe do Rei?
Quando Jesus estava morrendo na Cruz, suas palavras são direcionadas ao discípulo amado e a cada um de nós, e essas palavras são: "Veja sua mãe."

Maria como Arca da Nova Aliança

A Arca da Antiga Aliança era o lugar de propriedade para os Dez Mandamentos que eram a palavra de Deus. Na Bíblia, São João chama Jesus como a palavra de Deus, e Maria o levando no útero, se tornou a Arca da Nova Aliança. A Arca da Aliança é santa e pura, e se Maria tivesse pecado original, ela não teria sido pura, e então não poderia ter sido a Arca da Nova Aliança. Esta idéia é apresentada na Bíblia quando nós compararmos o Velho Testamento e o Novo Testamento. Note estas semelhanças:
Antigo Testamento: Quando a arca da Aliança foi trazida ao Rei  Davi.

"Davi temeu o Senhor que disse, como entrará a arca do Senhor em minha casa?." (2 Samuel 6,9)
Novo Testamento: Quando Maria foi visitar Isabel que estava grávida de João Batista.
"Donde me vem essa honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?" (Lucas 1,43)
Antigo Testamento: Quando Davi dançou de alegria porque ele estava na presença da arca que segurava a palavra de Deus. Micol filha de Saul "olhando pela janela, viu o rei Davi, saltando e dançando diante do Senhor? (2 Samuel 6,16).
Novo Testamento: Quando o profeta João Batista saltou de alegria enquanto estava no útero de sua mãe. Ele fez isto quando ouviu a voz de Maria que estava grávida de Jesus que também é chamado a Palavra de Deus.
Antigo Testamento: Os Israelitas estavam cheios de grande alegria porque eles estavam perto da arca que segurava a palavra de Deus.
"Como ele e todos os Israelitas estavam expondo a arca do Senhor com gritos de alegrias."
Novo Testamento: Isto mostra a alegria de Isabel e João Batista por estar na presença de Maria que segurava a Palavra de Deus.
"Isabel clamou em alta voz e disse, Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre." (Lucas 1,42)
Se é verdade que Maria é a Arca da Nova Aliança, então ela deveria ter sido pura, e não pôde ter nenhum pecado original. O fato que Maria nasceu sem pecado original foi um ensino claro não só da Igreja católica, mas dos fundadores do Protestantismo. Então, como algumas denominações protestantes tem ido tão longe deste ensino Cristão tradicional?
É uma doce e piedosa convicção que foi efetuada a infusão da alma de Maria sem pecado original; de forma que na mesma infusão da alma, ela foi purificada também do pecado original e adornado com os presentes de Deus, recebendo uma pura alma infundida por Deus; assim do primeiro momento ela começou a viver livre de todo o pecado. [Martinho Lutero; "Sermão No Dia da Concepção da Mãe de Deus", 1527]
Aqui fica uma outra resposta! "Se Deus fez Eva sem o pecado original, por que então o mesmo Deus não poderia fazer o mesmo com Maria?"
Quando Jesus fez a entrada triunfal em Jerusalém, ele montou em um burro que não tinha sido montado por ninguém (Marcos 11,2-10). Ele também foi enterrado em uma sepultura que não tinha sido usada por ninguém (João 19,41) Estas coisas não eram necessárias, mas só estava mostrando que o burro e a sepultura usados por Cristo, tinha que ser algo de especial.
No Antigo Testamento, há passagens que prefiguram as pessoas ou eventos, no Novo Testamento. Adão é um tipo de Cristo. (Romanos 5,14).
Em Ezequiel há uma referência a um portão que é um tipo de Maria.
(Ezequiel 44,1-2) "Ele reconduziu-me ao pórtico exterior do santuário, que fica fronteiro ao oriente, o qual se achava fechado. O Senhor disse-me: ?Esse pórtico ficará fechado. Ninguém o abrirá, ninguém aí passará, porque o Senhor, Deus de Israel, aí passou; ele permanecerá fechado?.
(Ezequiel 46,8-12) "Logo que chegar, o príncipe passará pelo vestíbulo do pórtico e, ao sair, tomará idêntico caminho. Quando o povo vier apresentar-se diante do Senhor, por ocasião das solenidades, aquele que tiver entrado pela porta norte, para se prostenar, sairá pela porta sul; o que vier pela porta sul sairá pela porta norte; não voltará pela porta que tiver tomado à entrada, mas sairá pela porta que tiver diante de si. O príncipe ficará no meio deles, entrando e saindo como eles. Por ocasião das festas e solenidades, a oferenda será de um efá por touro e por cordeiro; para as ovelhas, será deixada à sua escolha; no que toca ao óleo, oferecerá um hin por efá. Quando o príncipe quiser oferecer ao Senhor um holocausto voluntário ou um sacrifício pacífico, abrir-se-lhe-á a porta que olha para o oriente, e ele oferecerá seu holocausto e seu sacrifício pacífico como faz no dia do sábado. Quando sair, fechar-se-á a porta imediatamente após ele?
O príncipe é um tipo de Cristo, e o portão prefigura Maria, desde que era pelo seu útero que Jesus entrou no mundo. Assim como o portão estava reservado só para o príncipe, também o útero de Maria foi reservado só para Jesus.  Como no caso do burro (Marcos 11,2-10), e a tumba nova (João 19,41), Deus destina a graça da qual moveu Maria para aceitar uma vida de virgindade consagrada, como sua Virgindade Perpétua é o sinal que aponta algo de especial de Jesus Cristo.




VALENTIN, Antoine. Apostolado Veritatis Splendor: UMA DEFESA BÍBLICA DE MARIA. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/2982. Desde 30/08/2004.

17 de mar. de 2005

ENCONTRAR A PAZ DENTRO DE TI II

(Foto: Don Tonino Bello)
CONTINUAÇÃO DO TEXTO: ENCONTRAR A PAZ DENTRO DE TI I
MARANATHA, que significa, “Vem Senhor Jesus”, Vem ao meu coração, inundando-o com a tua paz que Ele tanto pede, com a esperança, com a alegria de descobrir a vida contigo ao meu lado. Vem Senhor ao meu coração, tirando toda a preocupação que me faz viver em função do amanhã. Vem Senhor, e cure toda a minha ansiedade, que me faz viver com as minhas barreiras e medos, querendo que as coisas aconteçam no meu tempo. Vem Senhor Jesus e me dê a tua Paz, a tua presença de paz!
MARANATHA, que bela oração do coração para quem procura a paz! Para que tanta ansiedade? Para que tanta preocupação? Para que tanta agitação? Se, De fato, tudo passa, e só Deus permanece. A vida do homem é como “um sopro, como uma erva que de manhã é vicejante e a tarde logo morre” (Sl 103,15). Bem aventurado somos nós se já vivemos a presença de Deus em nós, se já percebemos que nesta vida tudo é importante, mas na verdade, nem tudo é realmente importante, pois também o tudo importante da vida é relativo, e a penas um Tudo, Deus, é realmente importante, porque só ele pode me dar a paz!
Você quer ser curado e caminhar na paz do Senhor? Neste momento contemplo o Senhor estendendo as suas mãos e curando o teu coração! Sê curado em nome de Jesus, da tua ansiedade, das tuas preocupações exageradas, das tuas angustias!
Não se agite, espere! Não se preocupe, confie! Não perca a paz, se recolha! “Não vos preocupeis com nada!” (Fil 4,6). Como é atual esta recomendação, dentro de todas as solicitações do nosso dia! Em meio ao ativismo que nos impulsiona ao fazer. Mas para Deus, não interessa o fazer, pelo fazer, mas o como estamos fazendo cada coisa, e se cada coisa que fazemos entra na vontade de Dele.

Senhor o que quer que eu faça? Caso não façamos esta pergunta, corremos o risco de nos preocupar em meio a tantos afazeres, perder a paz, e ainda correr o risco de fazer algo que não é da vontade de Deus. E aí? De nada valeu! “Tu te preocupas de fazer tantas coisas, mas uma só coisa me interessa…” (Lc 10,41). Mas o que o Senhor quer que você faça, que o interessa?

“A paz de Deus que supera a inteligência guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus”. (Fil 4,7).
Eis, a paz de Deus!!! Um dos maiores dons do Senhor para nós, na qual também consiste e depende das nossas escolhas de como vivemos a vida.

Então, sejamos apóstolos da paz, neste mundo que não tem a paz, levemos a paz, doemos a paz de Cristo. Caminhemos nesta paz, e não deixemos que nada, e nenhum pensamento e ninguém nos tire da paz.
O segredo da paz? Abandonar a nossa realidade nas mãos de Deus! Abandonar-nos a “Jesus, que é a nossa paz” (Ef 2,14). Estar em seu coração!


Termino este comentário com um pensamento de Don Tonino Bello, um grande bispo, que está agora em processo de beatificação:

“É necessário talvez uma revolução de mentalidade para entender que a paz não é um dado, mas uma conquista, não é um bem de consumo, mas o produto de um empenho, não é um ponto de partida, mas um ponto de chegada.
A paz exige luta, sofrimento, tenacidade. Exige aceitação de atos de incompreensão e sacrifício.
Descarta o próprio prazer, e não tolera o comportamento sedentário. Não anula os pontos conflitantes, e não tem muito haver com a vida pacífica.
Sim, a paz é caminho… Mas é um caminho em subida, isso quer dizer que possui o seu ritmo, e a sua marcha própria, o seu percurso preferencial e o seu tempo próprio, o seu treinamento e a sua aceleração.
Sendo assim, é preciso ser paciente, para ser bem aventurado construtor de paz.
Partir em busca da chegada, tendo a miragem de um descanso sempre alegre, mesmo se nunca sobre esta terra, será plenamente conseguido” (La pace come cammino).

“ A Paz esteja convosco!”.
Pe. Mateus Maria, FMDJ

ENCONTRAR A PAZ DENTRO DE TI I

No dia 09 de junho de 2008, na Cruz Azul no monte Podrobdo, às 22:00 hs, o vidente Ivan teve aparição de Nossa Senhora. Diz Ivan: “esta noite a Gospa veio alegre e feliz, apenas chegou, saudou a todos com a materna saudação: ‘Seja louvado Nosso Senhor Jesus, queridos filhos meus!’. Depois disto rezou por um tempo sobre nós, com as mãos entendidas, rezou em especial sobre os doentes presentes, e abençoou a todos nós também, com a sua benção especial e materna, abençoou também todos os objetos que trouxemos. Depois a Gospa olhou para todos as nossas necessidades, intercedeu por nós, pelas nossas intenções, pelas nossas famílias, pelos nossos doentes, e depois nos disse:
“Queridos filhos, também hoje a Mãe vos convida a renovar as minhas mensagens. Vivei-as. Queridos filhos, eu estou convosco, e intercedo junto do meu filho por cada um de vós! Rezai, rezai, rezai! Obrigada por terdes respondido a minha chamada!”
Diz Ivan: Rezamos juntos com a Gospa, um pai nosso, um gloria ao pai, e depois a Gospa subiu aos céus, com um sinal da cruz, com luz, dizendo: “Andai na paz, queridos filhos meus!”
UM BREVE COMENTÁRIO:
Algo que me chamou a atenção nesta mensagem, não foi tanto o fato de Nossa Senhora por mais uma vez nos exortar a viver as suas mensagens, mas a nos convidar a sermos testemunhas de paz, dizendo: “Andai na paz, queridos filhos meus!”
Neste mundo conturbado, agitado, é muitas vezes difícil estar em paz. Corremos, fazemos mil e uma coisas, mas o nosso coração está em paz? Ou quando paramos um minuto, parece até que o coração vai sair pela boca?
A falta de paz, na verdade, é a falta de Deus! Quando perdemos a paz, perdemos tudo, falamos coisas que não queríamos dizer, agimos de forma dura, enfim, nos perdemos, e conosco perdemos a presença do Senhor, o Rei da Paz! O fruto de tudo isso? A irritação, o nervosismo, a inquietação, a frustração, e a perda do sentido de viver. Mas como recuperar novamente a paz?

Recuperar a paz, não é eliminar as situações externas que tiram-me a paz, mas é lutar contra elas, com a força de Deus, com os olhos do Senhor, com a sua graça. É se recolher, e abrir a porta do teu sacrário, do teu coração, e permanecer com o Senhor na intimidade do teu ser, mesmo que tudo ao teu redor seja barulho e agitação, seja trevas.
Paz ("shalom"), a bíblia entende por paz, algo humano, mas também algo divino, algo que não depende só dos homens, algo que une as partes dispersas, não apenas a humanidade, mas a parte fragmentada do homem que há em nós. Como já dissemos, o contrário de paz, é a ânsia, a angustia, a agitação, realidades presentes no nosso dia a dia, muitas vezes difíceis de serem eliminadas. A resposta então é estarmos unidos ao Senhor, para estarmos unidos conosco mesmos, aí, algo pode mudar, e a mudança não será no exterior, mas no meu interior, e se oramos, se permanecermos com Ele, “O DEUS DA PAZ ESTARÁ CONOSCO”, e as coisas me afetaram sim, até um certo ponto, mas a paz, não a perderei.
Para caminharmos na paz, é também importante simplificar a nossa vida, viver de forma que o meu coração não seja atacado, preso as coisas, mas esteja edificado apenas no único que não passa, o Senhor. “A CENA DESTE MUNDO PASSA” (1 Cor 7,31). E porque viver em função do que os outros vão pensar, dos trabalhos a serem realizados, das preocupações que não me deixam viver bem o agora? Das críticas e do meu perfecionismo?
Viver na paz! Caminhar na paz! Não deixar satanás roubar o meu tesouro, a minha alegria de viver! Viva na alegria do Senhor, mesmo que a tua vontade seja chorar. Viva a alegria, e verá que a ferida da angustia do teu coração fechará! Viva na paz, caminhe com o olha fixo no Senhor que conduz a tua vida! Como diz um ditado italiano “Il cuore contento il cielo l’aiuta!”-“Um coração contente, o céu ajuda!”.
Neste momento, vem a minha mente a carta aos Filipenses (cap 4), escrita por Paulo na prisão de Éfeso. É belo notar que mesmo preso, ele exorta os fiéis àquela paz que nasce do saber estar na presença de Cristo, imerso no grande projeto de amor do Pai. Assim a paz, se torna na vida do fiel, um dos frutos do Espírito Santo, não só do Espírito, mas do abandono e da confiança que o Senhor guia todas as coisas.
O desejo e a ânsia de paz que pulsam no teu coração, nada mais são do que a voz de Deus dentro de ti, te chamando a permanecer com ele, a viver tudo com ele, a se abandonar em suas mãos. Se o teu coração se encontra sem paz, clame neste momento ao Senhor, peça o dom da paz, porque como diz Paulo: “O Senhor está próximo!” (Fil 4,5b).
CONTINUA O TEXTO: ENCONTRAR A PAZ DENTRO DE TI II
Padre Mateus Maria

Fonte: http://rainhadapaz.blog.terra.com.br/2008/06/11/encontrar-a-paz-dentro-de-ti-ii/

12 de mar. de 2005

Como ser Escravo da Santissima Virgem Maria.

Consagração de S. Luís G. de Montifort

S. Luís G. de Montfort



Ele nasceu no dia 31 de Janeiro de 1673 em Montfort, França. Foi ordenado sacerdote no dia 5 de junho de 1700, no seminário de São Sulpício em Paris. Seus primeiros anos de sacerdócio foram dedicados principalmente ao trabalho com os pobres no hospital de Poitiers, onde conheceu a Maria Luísa Trichet a quem guiou em sua vocação. Do papa Clemente XI obteve o título de Missionário Apostólico e percorreu a França anunciando aos pobres o mistério da Sabedoria e o amor de Cristo Encarnado e Crucificado. Estabeleceu em todas as partes a prática do santo Rosário e da Santa Escravidão de Amor, ou perfeita Consagração a Cristo pelas mãos de Maria, como meio eficaz para viver fielmente a aliança do Batismo. Nele, nos espelhamos para viver e propagar a Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria e na dedicação ao pobre, para que Jesus reine.
Aos 43 anos de idade, no dia 28 de abril de 1716, em plena missão popular na pequena cidade de São Lourenço, Luís Maria é chamado por Deus à glória no céu. Sua atividade foi essencialmente missionária e assim foi todo o estilo de sua vida. Viveu numa pobreza total para evangelizar os pobres. Dia 12 de Março de 1853, o papa Pio IX declarou seus escritos isentos de qualquer erro. Entre estes é universalmente conhecido o “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”. O papa Leão XIII declarou-o beato no dia 22 de Janeiro de 1888. Pio XII canonizou-o solenemente no dia 20 de julho de 1947. Dia 20 de julho de 1996 o papa João Paulo II inseriu sua festa no calendário romano universal.
O que é uma Consagração e a quê nos conduz?
livroA consagração é uma promessa de amor que se faz a Jesus, através da qual se Lhe oferece tudo o que se é, o que se tem e se faz; tudo através do Coração Imaculado da Virgem Maria, para que, por graça destes Dois Corações, cada um de nós viva plenamente entregue à vontade do Pai.
A meta de toda consagração é Jesus; neste caso, a Virgem Maria é o meio eficaz para alcançar maior união com Cristo e é uma fonte de proteção maternal contra Satanás.
Está claro que não podemos separar Jesus de Maria, assim o enfatiza João Paulo II: “Nossa relação interior com a Mãe de Deus dimana organicamente de nosso vínculo ao mistério de Cristo…” (Cf. Testemunho de João Paulo II com relação à Preparação para a Consagração Total, segundo São Luís Maria Grignion de Montfort)
Este é o caminho que buscam aqueles que fazemos a consagração que aqui propomos: aproximarmo-nos de Jesus através do amor da Mãe Santíssima e consagrarmo-nos inteiramente a Ele.
Sabemos conscientemente então, que isto significa viver fora do pecado, obedecendo aos mandamentos que Jesus nos deixou, ratificando nossa fé e “construindo Igreja” ao procurarmos ser cada dia mais santos.

Motivos para consagrar-se
Se levamos a religião a sério, estaremos de acordo em que precisamos andar pelo caminho da santidade, e melhorar dia a dia nossa maneira de agir, de falar e de pensar.
Mas acontece que muitas vezes não encontramos a maneira de mudar tudo aquilo que nos prejudica diante dos olhos de Deus, de nossos semelhantes, e diante de nós mesmos. Mais ainda, na maioria das vezes nem sequer somos conscientes do quê está ruim; mas de vez em quando nos sentimos indignos de receber tanta bondade, tanta graça e bênção da parte de Deus.
É que verdadeiramente temos tanto para agradecer ao Senhor… tantas maravilhas…! O amor do esposo ou da esposa, dos filhos, dos pais, do namorado ou namorada, de seus irmãos, de algum outro ente querido… Na verdade é o Senhor que o ama através dessas pessoas, é Ele quem quer estar em todo lugar abraçando-o. Sinta Jesus assim, como o Ser mais terno que o protege e que quer ser seu  amigo sempre.
E como responder a esta infinita maravilha? Correspondendo ao amor com amor!
Apesar das aparências, não pretendemos vender a você um produto, amigo leitor, queremos que você se enamore de Jesus, simplesmente porque Ele está enamorado de você, embora talvez em um rasgo de acertada e sã humildade, você creia que não merece…
Por isso lhe propomos que se consagre ao Seu amor misericordioso. E lhe oferecemos a ferramenta de que necessita para fazê-lo: consagre-se totalmente a Jesus através do Imaculado Coração de Sua amadíssima Mãe, já que, por meio desta prática humana e divina, você dará toda a glória ao Senhor.
Há um requisito essencial: você deve deixar tudo de lado e estar realmente disposto a lutar contra o pecado; deverá se introduzir e se manter em um estilo de vida que lhe permita caminhar de acordo com os desígnios e a vontade do Coração de Jesus.
Ele assim deseja, quer que aperfeiçoemos nossa vida cristã a cada dia: “Se me amais, guardareis meus mandamentos.” (Jo 14,14) “Sede perfeitos como vosso Pai que está no Céu é perfeito” (Mt 5,48). “Quem diz que permanece nEle, deve viver como Ele viveu.” (1 Jo 2,6)
Se lhe trazemos estas citações bíblicas agora é para lhe recordar que, como batizados, devemos buscar a santidade, e para que tome consciência do valor e da imensa ajuda que pode lhe dar a consagração na realização deste objetivo, que deveria ser o propósito de todo batizado.
No entanto, é importante que saibas também o enorme compromisso que uma consagração acarreta, já que depois você deve imitar a vida que teve Jesus e a vida que viveu Maria. A luz que brilhou nos corações de Jesus e de Maria foi o desejo, absoluto e permanente, de fazer em tudo a vontade do Pai. Essa deverá ser sua meta também, uma vez que se tenha consagrado.
Se verdadeiramente você tem este propósito, deve saber que a disponibilidade de sua alma permitirá a nossa Mãe fazer de você um prolongamento de Si mesma, para apresentá-lo depois diante do Senhor, pois Ela será a intercessora em sua conversão voluntária.
Como diz São Luís Maria Montfort, “Este compromisso de vida, estimulado constantemente por um conhecimento vital da mãe de Deus, traduz-se por sua vez em uam verdadeira e permanente relação íntima com o coração Imaculado de Maria”. (“Preparação para a Consagração Total”)

O Ato de consagração total a Maria
É um ato de devoção que contém todos os demais. Tal qual o expõe S. Grignion de Montfort, consiste em se dar inteiramente a Jesus por Maria, e compreende dois elementos: um ato de consagração, que se renova de tempos a tempos, e um estado habitual que nos faz viver e operar sob a dependência de Maria.
O ato de consagração, diz S. Grignion, «consiste em se dar todo inteiramente, em qualidade de escravo, a Maria e a Jesus por Ela». Ninguém se escandalize com o termo escravo, ao qual se deve tirar todo o sentido pejorativo, isto é, toda a idéia de coação: este ato, longe de implicar violência, é a expressão do amor mais puro. Não se conserve pois, senão o elemento positivo, tal qual o explica o Bem-aventurado: Um simples servo ou criado recebe soldo, fica  livre de deixar o patrão e não dá mais que o seu trabalho; não dá a sua pessoa, os seus direitos pessoais, os seus bens; um escravo consente livremente em trabalhar sem soldo; confiando no senhor, que lhe assegura sustento e abrigo, dá-se para sempre, com todos os seus recursos, a sua pessoa e os seus direitos, para viver em completa dependência dele. (Compêndio de Teologia Ascética e Mística, 170)

Apresentação da Consagração Total
Quantas vezes em sua vida você se propôs “firmemente” a realizar uma mudança de vida radical e definitiva?… Quantos Natais e Anos Novos, quantas Quaresmas e Pentecostes passaram sem que você conseguisse fazer isso?
Ânimo! Isso acontece a todos nós… E embora digam que “o mal de muitos é consolo de tolos”, de alguma forma nos tranqüiliza saber que o que nos acontece é bastante “normal” e freqüente.
Quantas vezes não fazemos o bem que queremos, mas o mal que detestamos!, como dizia o próprio São Paulo… (Cf. Rom 7, 14ss). É que isso acontece a todos nós (ou a quase todos), por nossa natureza decaída; porque, como diz São Paulo, por ser homens de carne, estamos “vendidos ao pecado”…
Mas quando prevalece em nós a pureza de intenção, e colocamos nossa esperança no Senhor, Ele mesmo vai colocando ao nosso alcance valiosos instrumentos para obtermos Sua Graça; em primeiro lugar, é claro, através dos Sacramentos.
Precisamente nesta oportunidade, queremos compartilhar consigo um escrito valiosíssimo, ao qual já fizemos referência no Nº 6 de Jesucristo Vivo (obs.: publicação do ANE no México); um documento reconhecido pela Igreja Católica e recomendado pelo Santo Padre para o crescimento espiritual de quem certamente deseja avançar no caminho da fé e da santidade.
Como dissemos naquela edição de nossa revista, o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria é um livro que provocou uma mudança decisiva na vida de João Paulo II, e de muitas almas ao longo da história. Naturalmente, também pode servir para você… Na introdução dessa mesma obra lemos o seguinte: “Este é um livo precioso: escrito por um santo, meditado pelos santos, e que tem a bela missão de formar os santos de Deus. Agora está em tuas mãos, para que também possas ser santo…”
Este documento fundamental, de São Luís Maria Grignion de Montfort, ajuda-o a renovar, através de uma intensa preparação, a entrega a Deus que deveria ser nosso destino principal, a partir do batismo.
Com efeito, se ao sermos batizados renunciamos ao pecado, assumimos um compromisso com Cristo e entramos nEle e em Sua Igreja, pelo desejo amoroso de nossos pais e padrinhos; ao fazer volunt[aria e conscientemente esta consagração agora, já como adultos, renunciaremos consciente e definitivamente ao pecado, renovando voluntariamente as promessas do batismo, e assim nos entregaremos plenamente a Deus em Jesus Cristo, por meio de Maria.
A consagração é uma experiência espriitual que tem toda a força para elevá-lo a uma visão diferente das coisas. Se você se animar a fazê-la, é possível que inicialmente não compreenda, ou não aprecie em toda sua grandeza a quê o conduzirá esta prática, mas estamos certos de que o Senhor, com o passar do tempo, irá fazendo Sua parte, e seu coração se unirá de um modo definitivo ao Seu Sacratíssimo  Coração, através do Coração Imaculado de Maria.
Isto é tão certo, que o próprio São Luís Maria Grignion de Montfort escreve neste tratado ao qual nos referimos: “Infinitamente mais do que aqui te digo, mostrat-te-á a experiência; e tantas riquezas e graças encontrarás na prática, se fores fiel no pouco que aqui te digo, que ficarás surpreendido e com a alma cheia de júbilo” (SM 52 “Preparação para a Consagração Total”)
Consagramo-nos através de Maria porque ninguém, nenhuma alma de homem mortal, submeteu seu coração à Vontade de Deus de maneira mais pura e completa do que a Santíssima Virgem… Por isso é a Mãe da Igreja, e foi por isso que Jesus, na hora de sua morte, a entregou a João, e a todos nós através dele, como o guia mais sublime para chegar ao Céu.
Sem dúvida, a consagração não é uma “receita mágica” para obter a salvação, pois tal receita não existe, e mentiríamos se a apresentássemos agora, mas você pode estar certo de uma coisa: se você se consagrar e for fiel a suas promessas, com a graça de Deus você aprofundará sua conversão para Cristo, para poder chegar um dia ao Céu.
Esperamos em Deus que assim seja, e o ajudaremos com nossas orações para que o consiga.

Consagração à Maria

Como fazer a consagração de S. Luís G. de Montfort 
INTRODUÇÃO

A fórmula de “Consagração Total a Jesus por Maria” de São Luís Maria Grignion de Montfort, não deve ser tomada rapidamente. Isto fica provado pelo fato do mesmo Santo advogar uma séria preparação, que consiste em doze dias preliminares, para que a alma trate de esvaziar-se do espírito do mundo, que é totalmente o oposto do Espírito de Jesus Cristo. A estes doze dias, seguirão três semanas de oração e meditação, durante as quais a alma buscará um melhor conhecimento de si mesma (primeira semana), de Maria (segunda semana) e de Jesus Cristo (terceira semana). Como fazer a ConsagraçãoAo fim destas três semanas, confessar-se-ão e comungarão na intenção de se darem a Jesus Cristo na condição de escravos por amor, pelas mãos de Maria. E depois da comunhão, recitarão a fórmula de consagração, que será necessário que a escrevam ou mandem escrever, se não estiver impressa, e a assinem no mesmo dia em que a fizerem.
Nesse dia, será bom renderem algum tributo a Jesus Cristo e a sua Mãe Santíssima, seja em penitência de sua infidelidade passada às promessas do batismo, seja em sinal de sua dependência do domínio de Jesus e de Maria. Ora, esse tributo será conforme a devoção e capacidade de cada um: um jejum, uma mortificação, uma esmola, um círio. Ainda que não dêem mais que um alfinete em homenagem, contanto que o dêem de bom coração, é o bastante para Jesus, que só olha a boa vontade.
Todos os anos, ao menos, no mesmo dia, renovarão a consagração, observando as mesmas práticas durante três semanas. (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 231-233)

I parte da Consagração

INTRODUÇÃO

A fórmula de “Consagração Total a Jesus por Maria” de São Luís Maria Grignion de Montfort, não deve ser tomada rapidamente. Isto fica provado pelo fato do mesmo Santo advogar uma séria preparação, que consiste em doze dias preliminares, para que a alma trate de esvaziar-se do espírito do mundo, que é totalmente o oposto do Espírito de Jesus Cristo. A estes doze dias, seguirão três semanas de oração e meditação, durante as quais a alma buscará um melhor conhecimento de si mesma (primeira semana), de Maria (segunda semana) e de Jesus Cristo (terceira semana).

PRIMEIRA PARTE

OS DOZE DIAS PRELIMINARES
TEMA: O ESPÍRITO DO MUNDO
Examine sua consciência, reze, pratique a renúncia à sua própria vontade; mortificação, pureza de coração. Esta pureza é a condição indispensável para contemplar a Deus no céu, vê-lo na terra e conhecê-lo à luz da fé.
A primeira parte da preparação deverá ser empregada em esvaziar-se do espírito do mundo, que é contrário ao Espírito de Jesus Cristo. O espírito do mundo consiste, em essência, na negação do domínio supremo de Deus, negação que se manifesta na prática do pecado e na desobediência; portanto, é totalmente oposto ao Espírito de Jesus Cristo, que é também o de Maria.
Isto se manifesta pela concupiscência da carne, pela concupiscência dos olhos e pelo orgulho como norma de vida, assim como pela desobediência às leis de Deus e o abuso das coisas criadas. Suas obras são o pecado em todas as suas formas; conseqüentemente, tudo aquilo pelo que o demônio nos leva ao pecado; obras que conduzem ao erro e à escuridão da mente e sedução e corrupção da vontade. Suas presunções são o esplendor e as artimanhas empregadas pelo demônio para fazer com que o pecado seja deleitoso nas pessoas, lugares e coisas.

Orações para todos os dias da Primeira Parte
Vinde, Espírito Criador
Vem, ó Criador Espírito,
As almas dos teus visita;
Os corações que criaste
Enche de graça infinita.
Tu paráclito és chamado,
Dom do Pai Celestial,
Fogo, caridade, fonte
Viva e unção espiritual.
Tu dás septiforme graça;
Dedo és da destra paterna;
Do Pai, solene promessa,
Dás força da voz superna.
Nossa razão esclarece,
Teu amor no peito acende,
Do nosso corpo a fraqueza
Com tua força defende.
De nós afasta o inimigo,
Dá-nos a paz sem demora,
Guiai-nos; e evitaremos
Tudo quanto se deplora.
Dá que Deus Pai e seu Filho
Por ti nós bem conheçamos
E em ti, Espírito de ambos,
Em todo tempo creiamos.
A Deus Pai se dê a glória
E ao Filho ressuscitado,
Paráclito e a ti também
Com louvor perpetuado.
Amém.
Enviai o vosso Espírito, e tudo será criado
E renovareis a face da Terra.
Oremos: Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos que no mesmo Espírito conheçamos o que é reto, e gozemos sempre as suas consolações. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

Ave, Estrela do Mar
Ave do mar Estrela,
De Deus Mãe bela,
Sempre Virgem, da morada
Celeste feliz entrada.
Ó tu que ouviste da boca
Do anjo a saudação;
Dá-nos paz e quietação;
E o nome de Eva troca.
As prisões a os réus desata
E a nós, cegos, alumia;
De tudo que nos maltrata
Nos livra, o bem nos granjeia.
Que os rogos do povo seu
Ouça aquele que, nascendo
Por nós, quis ser Filho teu.
Ó Virgem especiosa,
Toda cheia de ternura,
Extintos nossos pecados,
Dá-nos pureza e brandura.
Dá-nos uma vida pura,
Põe-nos em via segura,
Para que a Jesus gozemos,
E sempre nos alegremos.
A Deus Pai veneremos;
A Jesus Cristo também,
E ao Espírito Santo; demos
Aos três louvor. Amém.

Magnificat
Minha alma engrandece o Senhor,
e meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador,
porque olhou para a humilhação de sua serva.
Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada,
pois o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor.
Seu nome é santo
e sua misericórdia perdura de geração em geração,
para aqueles que o temem.
Agiu com a força de seu braço,
dispersou os homens de coração orgulhoso.
Depôs poderosos de seus tronos,
e a humildes exaltou.
Cumulou de bens a famintos
e despediu ricos de mãos vazias.
Socorreu Israel, seu servo,
lembrado de sua misericórdia
- conforme prometera a nossos pais -
em favor de Abraão e de sua descendência
para sempre!

MEDITAÇÕES PARA OS PRIMEIROS 12 DIAS

1º DIA
(fazer primeiro as orações)
Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele.
Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:
Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus!
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!
Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.
Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.
Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos homens.
Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa.
Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus.
Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição.
Pois em verdade vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei.
Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor no Reino dos céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos céus. (Mt 5,1-19)

2º DIA
(fazer primeiro as orações)
Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito.
Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu.
Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.
Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita.
Assim, a tua esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido, recompensar-te-á.
Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.
Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á.
Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras.
Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós lho peçais.
Eis como deveis rezar: PAI NOSSO, que estais no céu, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará.
Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará. (Mt 5,48;6,1-15)

3º DIA
(fazer primeiro as orações)
Não julgueis, e não sereis julgados.
Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos.
Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu?
Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu?
Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do teu irmão.
Não lanceis aos cães as coisas santas, não atireis aos porcos as vossas pérolas, para que não as calquem com os seus pés, e, voltando-se contra vós, vos despedacem.
Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto.
Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á.
Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão?
E, se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente?
Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem.
Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Esta é a lei e os profetas.
Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e numerosos são os que por aí entram.
Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram. (Mt 7,1-14)

4º DIA
(fazer primeiro as orações)
Que o homem de si nada tem de bom, nem coisa alguma de que gloriar-se
Senhor, que é o homem, para que Vos lembreis dele? E que é o filho do homem, para que o visiteis? (Sl 8,5)
Que merecimento tinha o homem para que lhe désses vossa graça?
De que poderei queixar-me, Senhor, se me desamparardes? Ou que terei justamente que dizer se não fizerdes o que eu peço?
Por certo que não posso pensar, nem dizer com verdade, senão isto: “Nada sou, Senhor, nada posso, nada de bom tenho de mim, de tudo que é bom acho-me vazio” e caminho sempre para o nada.
E se não for ajudado e fortalecido interiormente por Vós, para logo cairei na tibieza e dissipação.
“Vós porém, Senhor, sempre sois o mesmo e permaneceis eternamente bom, justo e santo, agindo sempre com bondade, com justiça e santidade, e ordenando tudo com sabedoria” (Sl 101,27).
Mas eu, que mais pendo para o mal que para o bem, não persevero muito tempo no mesmo estado e mudo muitas vezes no dia.
Contudo, logo me acho menos fraco quando vos dignais estender-me vossa mão auxiliadora; porque Vós só, sem humano favor, me podeis socorrer e fortificar, de tal sorte que não esteja jamais sujeito a todas essas mudanças, e meu coração só para Vós se converta, e em Vós só descanse para sempre. (Imitação de Cristo, Livro III, capítulo XL, 1-2)
Quem se considera mui seguro em tempo de paz se achará tímido e covarde em tempo de guerra.
Se souberas viver sempre humilde e pequeno no teu conceito, contendo-te nos limites duma justa moderação, não cairias tão depressa na tentação e no pecado.
Quando te achares penetrado dum grande fervor de espírito, é bem que medites no que será de ti, retirando-se esta graça. (Imitação de Cristo, Livro III, capítulo VII, 4)

5º DIA
(fazer primeiro as orações)
Se eu bem soubesse desprezar todas as consolações humanas, já para adquirir o santo fervor, já pela infeliz necessidade que me obriga a buscar em Vós a verdadeira consolação que nenhum homem pode dar-me, então teria eu grande motivo para esperar com razão vossa graça e para alegrar-me com o dom duma nova consolação.
Graças Vos dou, Senhor, por serdes a fonte de que dimana todo o bem que me sucede.
Eu, homem inconstante e frágil, não sou na vossa presença mais que um nada e uma pura vaidade. De que posso eu pois gloriar-me, ou com que motivo desejo ser estimado?
Acaso por ser um nada? Porém que coisa mais insensata e vaidosa!
A vã glória é, na verdade, uma peste detestável e um mal terrível, porque nos aparta da verdadeira glória e nos despoja da graça celestial.
Desde que o homem se compraz em si mesmo, começa a desagradar-Vos; e logo que aspira aos louvores humanos, perde a verdadeira virtude.
A verdadeira glória e a santa alegria consistem em gloriar-se cada um em Vós e não em si; em alegrar-se de vossa grandeza e não de sua própria virtude; em não achar prazer em criatura alguma senão por amor de Vós.
Seja louvado vosso nome e não o meu; engrandecidas sejam vossas obras e não as minhas. Louvem e abençoem todos os homens a vossa grandeza e nada participe eu de seus louvores.
Vós sois minha glória, Vós sois a alegria de meu coração. Todo o dia me gloriarei e alegrarei em vós; pois em minha nada tenho em que gloriar-me, “senão em minhas fraquezas” (2 Cor 12,5) (Imitação de Cristo, Livro III, capítulo XL, 3-5)

6º DIA
(fazer primeiro as orações)
Do exemplo dos Santos Padres.
Considera bem os heróicos exemplos dos Santos Padres, nos quais resplandece a verdadeira perfeição da vida religiosa, e verás quão pouco ou nada é o que fazemos.
Ai de nós! Que é a nossa vida, comparada com a deles?
Os santos e amigos de Cristo serviram ao Senhor em fome, em sede, em frio e nudez, em trabalhos, em fadigas, em vigílias e jejuns, em rezas e santas meditações, em perseguições e muitos opróbrios.
Oh! quantas e quão graves tribulações padeceram os apóstolos, os mártires, os confessores, as virgens, e todos os demais que quiseram seguir as pisadas de Cristo! “Pois aborreceram neste mundo suas vidas para as possuírem na eternidade” (Jo 12,25).
Que vida de renúncia e austeridade foi a dos Santos Padres no deserto! Que longas e graves tentações padeceram! Quantas vezes foram atormentados pelo inimigo! Quão fervorosas e contínuas orações ofereceram a Deus! Quão rigorosas abstinências praticaram! Que zelo, que ardor em seu aproveitamento espiritual! Que forte guerra contra suas paixões! Que intenção pura e reta sempre dirigida para Deus!
De dia trabalhavam e passavam as noites em larga oração; ainda que trabalhando, não interrompiam a sua oração mental.
Todo o tempo gastavam santamente: as horas lhes pareciam curtas para se darem a Deus; e pela grande doçura da contemplação se esqueciam da necessária refeição do corpo.
Renunciavam todas as riquezas, honras, dignidades, parentes e amigos: nada queriam do mundo; apenas tomavam o necessário para a vida, e lhes era pesado servir ao corpo ainda nas coisas necessárias.
De modo que eram pobres das coisas da terra, porém riquíssimos de graça e virtudes. (Imitação de Cristo, Livro I, capítulo XVIII, 1-3)

7º DIA
(fazer primeiro as orações)
No exterior tudo lhes faltava; mas interiormente Deus os fortificava com sua graça e recreava com suas consolações.
Eram estranhos ao mundo; mas íntimos e particulares amigos de Deus.
Tinham-se por nada a si mesmos, e o mundo os tratava com desprezo, mas aos olhos de Deus eram preciosos e amados.
Estavam em verdadeira humildade, viviam em singela obediência; por isso cada dia cresciam em espírito e alcançavam muita graça diante de Deus.
Foram dados por exemplo a todos os religiosos; e mais nos devem mover para aproveitarmos no bem, que a multidão dos tíbios para afrouxarmos em nossos exercícios.
Oh! Quão grande foi o fervor de todos os religiosos no princípio dos seus sagrados institutos!
Quanto ardor na oração! Quanto zelo na virtude! Que severidade de disciplina! Como florescia a submissão e obediência à regra do santo fundador!
O que ainda nos resta deles nos atesta a santidade e perfeição daqueles homens insignes que, pelejando esforçadamente, pisaram aos pés o mundo. Agora já se estima em muito aquele que não transgride a regra, e se com paciência pode sofrer algum dissabor.
Oh! tibieza e negligência de nosso estado, que tão depressa declinamos do fervor primitivo, e já nos é molesto o viver em conseqüência da frouxidão e tibieza!
Praza a Deus que, tendo visto tantos exemplos de santos homens, de todo se não acabe em ti o desejo de aproveitar nas virtudes! (Imitação de Cristo, Livro I, capítulo XVIII, 3-6)

8º DIA
(fazer primeiro as orações)
A resistência às tentações.
Enquanto vivemos no mundo, não podemos estar sem trabalhos e tentações.
Por isso está escrito no livro de Jó: “A vida do homem sobre a terra é uma contínua tentação” (7,1).
Cada qual, pois, deve ser muito cuidadoso nas tentações, procurando, vigilante na oração, não dar lugar às ilusões do demônio, “que nunca dorme, nem cessa de andar à roda das almas para as devorar” (1Pd 5,8).
Ninguém há tão santo e tão perfeito, que não tenha algumas vezes tentações, e não podemos viver sem elas.
Se bem que inoportunas e penosas, as tentações são muitas vezes utilíssimas ao homem, porque através delas se humilha, se instrui e se purifica.
Todos os santos passaram por muitas tentações e trabalhos e foi assim que progrediram na santidade.
E os que não quiseram suportá-los, falharam e condenaram-se.
Não há ordem tão santa nem lugar tão retirado onde não haja tentações e adversidades.
Nenhum homem está inteiramente livre de tentações enquanto vive; porque em nós mesmos está a causa donde elas vêm, pois nascemos com inclinação ao pecado.
Passada uma tentação ou tribulação, sobrevém outra, e sempre teremos que sofrer, porque se perdeu o bem de nossa primeira felicidade.
Muitos querem fugir às tentações e caem nelas mais gravemente.
Mas, não é fugindo que podemos vencê-las, porém é com paciência e verdadeira humildade que nos fazemos mais fortes que todos os nossos inimigos.
Quem somente evita as ocasiões exteriores e não arranca o mal pela raiz, pouco aproveitará; antes lhe tornarão mais depressa as tentações e se achará pior que dantes.
Com a ajuda de Deus, mais facilmente vencerás, com paciência e perseverança, do que com teu próprio esforço e fadiga.
Toma muitas vezes conselho na tentação, e não sejas desabrido e áspero como que está tentado, antes procura consolá-lo como quiseras ser consolado.
O princípio de toda a tentação é a inconstância de ânimo e a pouca confiança em Deus.
Como um navio sem leme é levado pelas ondas em todas as direções, assim o homem negligente e inconstante em seus propósitos é tentado de todas as maneiras. (Imitação de Cristo, Livro I, capítulo XIII, 1-5)

9º DIA
(fazer primeiro as orações)
O fogo prova o ferro, e a tentação o justo.
Muitas vezes não sabemos o que podemos; mas a tentação mostra-nos o que somos.
Devemos, pois, vigiar principalmente no princípio da tentação, porque mais facilmente se vence o inimigo quando não o deixamos passar da porta da alma, e lhe saímos ao encontro, logo que bate.
Donde veio dizer um poeta:Resiste no princípio,
Tarde chega o remédio Se já, por largo tempo,O mal lançou raízes.
Porque, primeiramente, se oferece à alma um simples pensamento, podeis, a importuna imaginação, logo o prazer, o movimento desordenado e o consentimento da vontade.
E assim pouco a pouco entra o inimigo e se apodera de tudo, porque se lhe não resistiu no princípio.
E quanto mais preguiçoso for o homem em resistir-lhe, tanto se fará cada dia mais fraco, e o inimigo contra ele mais poderoso.
Alguns padecem graves tentações no princípio de sua conversão, outros, no fim, muitos por toda a vida.
Alguns são tentados brandamente, segundo a sabedoria e a eqüidade da Divina Providência, que pondera o estado e os méritos dos homens, e tudo ordena para a salvação de seus escolhidos.
Por isso, não devemos desconfiar quando formos tentados; mas antes rogar a Deus com maior fervor para que se digne ajudar-nos em toda a atribuição; porque, segundo o dito de São Paulo, “nos dará o auxílio junto com a tentação para que lhe possamos resistir” (1Cor 10,13).
“Humilhemos, pois, nossas almas, debaixo da mão de Deus em toda tribulação e tentação, porque ele há de salvar e engrandecer os humildes de espírito” (Sl 33,19).
É nas tentações e nos reveses que o homem verifica quanto progrediu; por elas maior se torna o mérito, e melhor se revelam as virtudes. (Imitação de Cristo, Livro I, capítulo XIII, 5-7)

10º DIA
(fazer primeiro as orações)
Desprezando-se o mundo, é suave servir a Deus.
Outra vez falarei agora, Senhor, e não me calarei. Direi a meu Deus, meu Senhor e meu Rei, assentado no trono dos céus:
“Ó Senhor, quão grande é a abundância de vossa doçura que reservais para os que Vos temem. O que não será pois para os que Vos amam, e Vos servem de todo o coração?” (Sl 30,20).
Na verdade, são inefáveis as delícias de que inundais os que Vos amam, quando sua alma Vos contempla.
Eis que me mostrastes singularmente a ternura de vosso amor; quando não existia me criastes, quando andava errante me chamastes a Vós para que Vos servisse e me pusestes o doce preceito de Vos amar.
Ó fonte de amor perene! Que direi de Vós? Poderei eu esquecer-me de Vós, que Vos dignastes lembrar-vos de mim, quando eu jazia no abismo da corrupção e da morte?
Usastes de misericórdia com vosso servo sobre toda esperança; e além de todo merecimento me concedestes vossa graça e amizade.
Com que Vos agradecerei, Senhor, um tão singular favor? Porque nem a todos é permitido deixar tudo, renunciar o mundo para abraçar a vida religiosa.
Porventura é grande coisa que eu Vos sirva, quando toda criatura está obrigada a servir-vos?
Conheço que não faço coisa grande em vos servir; mas o que me enche da mais profunda admiração, e que meu conceito parece grande é que vos digneis receber-me ao vosso serviço e unir-me com vossos amados servos, sendo eu tão pobre e tão indigno desta honra.
Vossas são, pois, todas as coisas que tenho, e ainda o serviço que Vos faço é um dom que me concedeis.
Eu devia fazer tudo por vosso amor, e sucede que mais servis Vós a mim do que eu a Vós.
Criastes para o serviço do homem o céu e a ter, que estão sempre em vossa presença e fazem cada dia o que lhes mandais; e isto ainda é pouco, pois até haveis destinado os anjos para o servirem.
Mas não pára aqui vossa bondade infinita, pois Vos dignastes servir ao homem e lhe prometestes que Vos daríeis a ele com toda a vossa glória.
Que vos darei, meu Deus, por tantos milhares de benefícios? Oh! se eu pudesse servir-vos todos os dias de minha vida! Se pudesse ao menos servir-vos dignamente um só dia!
Em verdade só Vós sois digno de ser por todos servido, honrado e louvado eternamente.
Vós sois, na realidade, meu senhor e eu vosso pobre escravo, obrigado a servir-vos com todas as minhas forças, sem jamais me cansar de publicar vossos louvores.
Assim o quero, assim o desejo: dignai-Vos de suprir por vossa graça o que me falta para cumprir este meu desejo.
Que honra, Senhor, que glória não é servir-Vos e desprezar tudo por amor de Vós!
Inúmeras graças receberão aqueles que voluntariamente se sujeitarem a Vós.
Acharão a suavíssima consolação do Espírito Santo os que, por vosso amor, desprezarem todos os atrativos da carne. (Imitação de Cristo, Livro III, capítulo X, 1-50)

11º DIA
(fazer primeiro as orações)
Da fervorosa emenda de toda a nossa vida
Um homem que flutuava muitas vezes, cheio de ansiedade, entre o temor e a segurança, estando um dia oprimido de tristeza, entrou numa igreja e, prostrando-se diante dum altar para fazer sua oração, dizia e repetia consigo mesmo: Oh! se eu soubesse que havia de perseverar! E logo ouviu no íntimo d’alma esta divina resposta: Que farias se isso soubesses? Faze agora o que desejarias fazer e estarás seguro.
E no mesmo instante, consolado e fortalecido, se ofereceu à divina vontade, e cessou sua ansiosa turbação.
Nem quis curiosamente esquadrinhar o que lhe havia de suceder; aplicou-se unicamente a conhecer a vontade de Deus, e o que a seus divinos olhos fosse mais agradável e perfeito para começar a perfazer toda a boa obra.
“Espera no Senhor, diz o Profeta, faze boas obras, habitarás em paz a terra, e serás alimentado com as suas riquezas” (Sl 36,3).
Uma coisa resfria em alguns o ardor de aproveitar e de se emendar: o receio das dificuldades ou o trabalho da peleja.
Certamente aproveitam mais nas virtudes aqueles que com maior empenho trabalham por vencer-se a si mesmos naquilo que lhes é mais penoso e contraria mais as suas inclinações.
Porque o homem tanto mais aproveita e tanto maior graça alcança, quanto mais se vence a si mesmo e se mortifica no espírito.
Porém, nem todos têm igual ânimo para vencer-se e mortificar-se.
Mas o diligente e zeloso imitador de Cristo mais forte será para o seu aproveitamento, ainda que seja combatido de muitas paixões, do que o que tem dom natural, se é menos fervoroso em adquirir as virtudes. (Imitação de Cristo, Livro I, capítulo XXV, 2-4)

12º DIA
(fazer primeiro as orações)
Mas se vires alguma coisa digna de repreensão, guarda-te de fazê-la; e, se em igual falta caíste, procura emendar-te logo dela.
Assim como tu observas os outros, assim também eles te observam.
Oh! que alegre e doce coisa é ver os devotos e fervorosos irmãos com santos costumes e bem disciplinados.
Pelo contrário, que triste e penoso é vê-los andar desordenados, e sem se ocuparem nos compromissos de sua vocação!
Oh! quão nocivo é ser descuidado no propósito de sua vocação, e cuidadoso no que Deus não ordena!
Lembra-te do propósito que tomaste e propõe-te por modelo a Cristo Crucificado.
Com razão te podes envergonhar, considerando a vida de Jesus Cristo, de não ter feito até aqui bastante esforço para te conformares com ela, estando há tanto tempo no caminho de Deus.
O religioso que, devota e cuidadosamente, se exercita a meditar na santíssima vida e dolorosa paixão do Senhor, acha nela com abundância tudo que é útil e necessário para sua santificação: e não precisa buscar coisa nenhuma melhor for a Jesus Cristo.
Oh! se Jesus Crucificado viesse a nosso coração, quão depressa e completamente seríamos ensinados!
O homem fervoroso e diligente está preparado para tudo.
Maior trabalho é resistir aos vícios e paixões, que suar nos trabalhos corporais.
“Quem não evita as faltas pequenas, pouco a pouco cai nas grandes” (Ecl 29,1).
Alegrar-te-ás sempre à noite, se empregares com fruto teu dia.
Vigia sobre ti; exorta-te, admoesta-te; e aconteça o que acontecer aos outros, não te descuides de ti mesmo.
Tanto aproveitarás, quanto for a violência que fizeres a ti mesmo… (Imitação de Cristo, Livro I, capítulo XXV, 5-6.11)


II parte da Consagração
Segunda Parte:
O conhecimento de si mesmo nesta etapa, que a rigor é a “primeira semana de preparação”, as orações, os exames de consciência, as reflexões, os atos de renúncia à nossa própria vontade, de arrependimento por nossos pecados e de desprezo de si mesmo, serão realizados todos aos pés de Maria, já que por Ela esperamos obter a luz para conhecermos a nós mesmos. Somente junto a Ela poderemos medir o abismo de nossas misérias sem nos desesperarmos. Devemos empregar todas as nossas ações piedosas para pedir um auto-conhecimento e o arrependimento por nossos pecados, e devemos fazer isto com um profundo espírito de piedade. Durante este período, consideraremos tanto a oposição que existe entre o Espírito de Jesus e o nosso, como o miserável e humilhante estado a que nos reduziram nossos pecados. Além disso, sendo a verdadeira devoção a Maria uma maneira fácil, curta, segura e perfeita para chegar a essa união com Nosso Senhor, que é a perfeição à imitação de Cristo, entraremos decididamente por este caminho, firmemente convencidos de nossa miséria e incapacidade. Mas, como poderíamos conseguir isto sem o verdadeiro conhecimento de nós mesmos?
“Durante a primeira semana aplicarão todas as suas orações e atos de piedade para pedir o conhecimento de si mesmo e a contrição por seus pecados. Tudo farão em espírito de humildade. Para isso poderão, se quiserem, meditar sobre o que ficou dito sobre o nosso fundo de maldade , e considerar-se, nos seis dias desta semana, como uma lesma, um sapo, um porco, uma serpente, um bode; ou, então, estas três palavras de São Bernardo: “Pensa no que foste: um pouco de lodo; no que és: vaso de escórias; no que serás: pasto de vermes”. Pedirão a Nosso Senhor e a seu Espírito Santo que os esclareça, dizendo “Senhor, fazei que eu veja” (Lc 18,41); ou “Que eu me conheça” (Santo Agostinho); ou “Vinde, Espírito Santo”… Recorrerão à Santíssima Virgem e lhe pedirão esta grande graça que deve ser o fundamento das outras, e para isso recitarão todos os dias o “Ave, Maris Stella” e as ladainhas.” (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 228)
Orações para todos os dias da Segunda Parte
Ladainha do Espírito Santo (somente para devoção particular) Senhor, tende piedade de nós. Cristo, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós. Jesus Cristo, ouvi-nos! Jesus Cristo, atendei-nos! Deus Pai dos céus, tende piedade de nós. Deus Filho, redentor do mundo tende piedade de nós. Deus Espírito Santo, tende piedade de nós. Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós. Espírito Santo, que procedeis do Pai e do Filho, iluminai-nos e santificai-nos Espírito do Senhor, que no início da Criação, planando sobre as águas as fecundaste, vinde a nós. Espírito por cuja inspiração falaram os profetas, vinde a nós. Espírito cuja unção nos ensina todas as coisas, vinde a nós. Espírito que dais testemunho de Cristo, vinde a nós. Espírito de verdade que nos instruís sobre todas as coisas, vinde a nós. Espírito que cobre Maria, vinde a nós. Espírito do Senhor que encheis todo o universo, vinde a nós. Espírito de Deus que habita em nós, vinde a nós. Espírito de sabedoria e inteligência, vinde a nós. Espírito de conselho e fortaleza, vinde a nós. Espírito de ciência e piedade, vinde a nós. Espírito de temor do Senhor, vinde a nós. Espírito de graça e misericórdia, vinde a nós. Espírito de força, afeição e sobriedade, vinde a nós. Espírito de fé, esperança, amor e paz, vinde a nós. Espírito de humildade e castidade, vinde a nós. Espírito de benignidade e mansidão, vinde a nós. Espírito de multiforme graça, vinde a nós. Espírito que perscrutais os segredos de Deus, vinde a nós. Espírito que rogais por nós com gemidos inefáveis, vinde a nós. Espírito que descestes sobre Cristo em forma de pomba, vinde a nós. Espírito no qual renascemos, vinde a nós. Espírito pelo qual se difunde a caridade em nossos corações, vinde a nós. Espírito de adoção de filhos de Deus, vinde a nós. Espírito que aparecestes em línguas de fogo sobre os apóstolos, vinde a nós. Espírito do qual os apóstolos foram repletos, vinde a nós. Espírito que distribuís vossos dons a cada um como quereis, vinde a nós. Sede-nos propício, perdoai-nos, Senhor. Sede-nos propício, ouvi-nos, Senhor. De todo mal, livrai-nos, Senhor. De todo o pecado, livrai-nos, Senhor. De todas as tentações e ciladas do demônio, livrai-nos, Senhor. De toda a presunção e desesperação, livrai-nos, Senhor. Do ataque à verdade conhecida, livrai-nos, Senhor. Da inveja da graça fraterna, livrai-nos, Senhor. De toda a obstinação e impenitência, livrai-nos, Senhor. De toda a negligência e tepidez do espírito, livrai-nos, Senhor. De toda a impureza da mente e do corpo, livrai-nos, Senhor. De todas as heresias e erros, livrai-nos, Senhor. De todo o mau espírito, livrai-nos, Senhor. Da morte má e eterna, livrai-nos, Senhor. Pela vossa eterna procedência do Pai e do Filho, nós vos rogamos, ouvi-nos. Pela milagrosa conceição do Filho de Deus, nós vos rogamos, ouvi-nos. Pela vossa descida sobre Jesus Cristo batizado, nós vos rogamos, ouvi-nos. Pela vossa santa aparição na transfiguração do Senhor, nós vos rogamos, ouvi-nos. Pela vossa vinda sobre os discípulos do Senhor, nós vos rogamos, ouvi-nos. No dia do juízo, nós vos rogamos, ouvi-nos. Para que. assim como vivemos do Espírito, atuemos também por Ele, nós vos rogamos, ouvi-nos. Para que, recordando que somos templo do Espírito Santo, não o profanemos, nós vos rogamos, ouvi-nos. Para que vivendo segundo o Espírito, não satisfaçamos os desejos da carne, nós vos rogamos, ouvi-nos. Para que não entristeçamos a vós, Espírito Santo de Deus, nós vos rogamos, ouvi-nos. Para que sejamos solícitos em guardar a unidade do Espírito, no vínculo da paz, nós vos rogamos, ouvi-nos. Para que não creiamos em qualquer espírito, nós vos rogamos, ouvi-nos. Para que provemos os espíritos para saber se são de Deus, nós vos rogamos, ouvi-nos. Para que vos digneis renovar em nós o espírito de retidão, nós vos rogamos, ouvi-nos. Para que nos confirmeis pelo soberano Espírito, nós vos rogamos, ouvi-nos. Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor. Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Senhor. Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.
OREMOS: Assista-nos, nós vos pedimos, a virtude do Espírito Santo, que clemente purifique nossos corações, e nos preserve de todo mal. Nós vos pedimos pelo mesmo Cristo, Nosso Senhor. Amém.
Ladainha de Nossa Senhora Senhor, tende piedade de nós. Jesus Cristo, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós. Jesus Cristo ouvi-nos, Jesus Cristo atendei-nos, Deus Pai dos Céus, tende piedade de nós. Deus Filho Redentor do mundo, tende piedade de nós. Deus Espírito Santo, tende piedade de nós. Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós. Santa Maria, rogai por nós. Santa Mãe de Deus, rogai por nós. Santa Virgem das virgens, rogai por nós. Mãe de Jesus Cristo, rogai por nós. Mãe da divina graça, rogai por nós. Mãe puríssima, rogai por nós. Mãe castíssima, rogai por nós. Mãe imaculada, rogai por nós. Mãe intacta, rogai por nós. Mãe amável, rogai por nós. Mãe admirável, rogai por nós. Mãe do bom conselho, rogai por nós. Mãe do Criador, rogai por nós. Mãe do Salvador, rogai por nós. Virgem prudentíssima, rogai por nós. Virgem venerável, rogai por nós. Virgem louvável, rogai por nós. Virgem poderosa, rogai por nós. Virgem benigna, rogai por nós. Virgem fiel, rogai por nós. Espelho da justiça, rogai por nós. Sede da sabedoria, rogai por nós. Causa da nossa alegria, rogai por nós. Vaso espiritual, rogai por nós. Vaso honorífico, rogai por nós. Vaso insigne de devoção, rogai por nós. Rosa mística, rogai por nós. Torre de Davi, rogai por nós. Torre de marfim, rogai por nós. Casa de ouro, rogai por nós. Arca da aliança, rogai por nós. Porta do Céu, rogai por nós. Estrela da manhã, rogai por nós. Saúde dos enfermos, rogai por nós. Refúgio dos pecadores, rogai por nós. Consoladora dos aflitos, rogai por nós. Auxílio dos cristãos, rogai por nós. Rainha dos Anjos, rogai por nós. Rainha dos patriarcas, rogai por nós. Rainha dos profetas, rogai por nós. Rainha dos apóstolos, rogai por nós. Rainha dos mártires, rogai por nós. Rainha dos confessores, rogai por nós. Rainha das virgens, rogai por nós. Rainha de todos os santos, rogai por nós. Rainha concebida sem pecado, rogai por nós. Rainha elevada ao céu, rogai por nós. Rainha do Santo Rosário, rogai por nós. Rainha da Paz, rogai por nós. Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos Senhor. Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor, Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós. V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém. Oremos: Senhor Deus, nós Vos suplicamos que concedais a Vossos servos gozar uma perpétua saúde do corpo e da alma, e que pela intercessão gloriosa da bem-aventurada sempre Virgem Maria sejamos livres da presente tristeza e gozemos a eterna alegria. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém.
Ave, Estrela do Mar
Ave do mar Estrela, De Deus Mãe bela, Sempre Virgem, da morada Celeste feliz entrada. Ó tu que ouviste da boca Do anjo a saudação; Dá-nos paz e quietação; E o nome de Eva troca. As prisões a os réus desata E a nós, cegos, alumia; De tudo que nos maltrata Nos livra, o bem nos granjeia. Que os rogos do povo seu Ouça aquele que, nascendo Por nós, quis ser Filho teu. Ó Virgem especiosa, Toda cheia de ternura, Extintos nossos pecados, Dá-nos pureza e brandura. Dá-nos uma vida pura, Põe-nos em via segura, Para que a Jesus gozemos, E sempre nos alegremos. A Deus Pai veneremos; A Jesus Cristo também, E ao Espírito Santo; demos Aos três louvor. Amém.
MEDITAÇÃO 13º DIA (fazer primeiro as orações)     Um dia, num certo lugar, estava Jesus a rezar. Terminando a oração, disse-lhe um de seus discípulos: Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos.     Disse-lhes ele, então: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso Reino; dai-nos hoje o pão necessário ao nosso sustento; perdoai-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos àqueles que nos ofenderam; e não nos deixeis cair em tentação.     Em seguida, ele continuou: Se alguém de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, pois um amigo meu acaba de chegar à minha casa, de uma viagem, e não tenho nada para lhe oferecer; e se ele responder lá de dentro: Não me incomodes; a porta já está fechada, meus filhos e eu estamos deitados; não posso levantar-me para te dar os pães; eu vos digo: no caso de não se levantar para lhe dar os pães por ser seu amigo, certamente por causa da sua importunação se levantará e lhe dará quantos pães necessitar.     E eu vos digo: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura, acha; e ao que bater, se lhe abrirá. (Lucas 11, 1 – 10).
14º DIA (fazer primeiro as orações) Da obediência do súdito humilde conforme o exemplo de Jesus Cristo.     Filho, quem procura apartar-se da obediência, aparta-se também da graça; e quem procura o seu bem particular, priva-se dos bens comuns gerais.     Quando alguém não se sujeita de bom grado a seu superior, sinal é que sua carne ainda não obedece perfeitamente, mas que se rebela ainda muitas vezes contra o espírito.     Aprende, pois, a submeter-se prontamente a teu superior, se desejas ter a tua carne sujeita.     Porque o inimigo de fora é bem depressa vencido, quando o homem não tem a guerra dentro de si mesmo.     Não há inimigo pior nem mais perigoso para tua alma que tu mesmo.     É necessário que te desprezes a ti mesmo, se queres vencer a carne e o sangue.     Mas porque ainda te amas desordenadamente, por isso receias sujeitar-te de todo à vontade dos outros.     Ora, que haverá de especial em que tu, pó e cinza, te submetas ao homem por amor de Deus, quando eu, Onipotente e Altíssimo que tudo criei do nada, me sujeitei humildemente ao homem por teu amor?     Fiz-me o mais humilde e abatido de todos, para que minha humildade te ensinasse a vencer a tua soberba.     Aprende a obedecer, pó soberbo; aprende, barro e lodo, a humilhar-te e a meter-te debaixo dos pés de todos.     Aprende a quebrantar tua vontade e a fazer-te vítima da obediência. (Imitação de Cristo, Livro III, capítulo XIII, 1-2)
15º DIA (fazer primeiro as orações)     Neste mesmo tempo contavam alguns o que tinha acontecido a certos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrifícios.     Jesus toma a palavra e lhes pergunta: Pensais vós que estes galileus foram maiores pecadores do que todos os outros galileus, por terem sido tratados desse modo? Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo. Ou cuidais que aqueles dezoito homens, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os demais habitantes de Jerusalém? Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo. (Lc 13,1-5) Precisamos de Maria para morrermos para nós mesmos     Para despojar-nos de nós mesmos, é preciso que todos os dias morramos para nós, i. é, importa renunciarmos às operações das faculdades da alma e dos sentidos do corpo, precisamos ver como se não víssemos, ouvir como se não ouvíssemos, servir-nos das coisas deste mundo como se não o fizéssemos (cf. 1 Cor 7, 29-31), o que São Paulo chama morrer todos os dias: “Quotidie morior” (1 Cor 15, 31).     “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica só, e não produz fruto apreciável” (Jo 12, 24-25). Se não morrermos a nós mesmos, e se as mais santas devoções não nos levarem a esta morte necessária e fecunda, não produziremos fruto que valha, nossas devoções serão inúteis, todas as nossas obras de justiça ficarão manchadas por nosso amor-próprio e nossa própria vontade, e Deus abominará os maiores sacrifícios e as melhores ações que possamos fazer. Na hora da nossa morte, teremos as mãos vazias de virtudes e de méritos, e não brilhará em nós a menor centelha do puro amor, que só é comunicado às almas mortas a si mesmas, almas cuja vida está oculta com Jesus Cristo em Deus (Col 3, 3). (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 81)     É preciso escolher, entre todas as devoções à Santíssima Virgem, a que nos leva com mais certeza a este aniquilamento do próprio eu. Esta será a devoção melhor e mais santificante, pois é mister reconhecer que nem tudo que luz é ouro, nem tudo que é doce é mel, e nem tudo que é fácil de fazer e praticar é o mais santificante. Do mesmo modo que a natureza tem segredos para fazer em pouco tempo, sem muitos gastos e com facilidade, certas operações naturais, há segredos, na ordem da graça, pelos quais se fazem, em pouco tempo, com doçura e facilidade, operações sobrenaturais, como despojar-nos de nós mesmos, encher-nos de Deus, e tornar-nos perfeitos. (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 82)
16º DIA (fazer primeiro as orações)     Recordar que durante a primeira semana aplicarão todas as suas orações e atos de piedade para pedir o conhecimento de si mesmo e a contrição por seus pecados. Tudo farão em espírito de humildade.     Para isso poderão, se quiserem, meditar sobre o que ficou dito sobre o nosso fundo de maldade , e considerar-se, nos seis dias desta semana, como uma lesma, um sapo, um porco, uma serpente, um bode; ou, então, estas três palavras de São Bernardo: “Pensa no que foste: um pouco de lodo; no que és: vaso de escórias; no que serás: pasto de vermes”.     Pedirão a Nosso Senhor e a seu Espírito Santo que os esclareça, dizendo “Senhor, fazei que eu veja” (Lc 18,41); ou “Que eu me conheça” (Santo Agostinho); ou “Vinde, Espírito Santo”…     Recorrerão à Santíssima Virgem e lhe pedirão esta grande graça que deve ser o fundamento das outras, e para isso recitarão todos os dias o “Ave, Maris Stella” e as ladainhas.” (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 228) Da consideração de si mesmo     Não devemos confiar demasiado em nós mesmos, porque muitas vezes nos faltam a graça e o discernimento.     Pouca luz há em nós, e esse pouco perdemo-lo depressa, por nossos descuido.     Muitas vezes também agimos mal, e ainda pior nos desculpamos.     Às vezes somos levados pela paixão, e julgamos que é o zelo.     Repreendemos nos outros as faltas pequenas e desculpamos as nossas, mesmo as mais graves.     Mui depressa sentimos e nos magoamos como que sofremos dos utros; mas não pensamos muito no quanto os outros sofrem por causa de nós.     O que bem e retamente examinar suas ações, não terá que julgar severamente as alheias. (Imitação de Cristo, Livro II, capítulo V, 1)
17º DIA (fazer primeiro as orações) Do juízo e penas dos pecadores     Em todas as coisas olha o fim, e como se encontrarás diante daquele retíssimo juiz para quem nada há oculto, que não se abranda com mpresentes, nem admite desculpas, mas julgará segundo a justiça. Ó néscio e miserável pecador! Que responderás a Deus que sabe todas as tuas maldades, tu que às vezes temes o rosto de um homem irado?     Por que não te acautelas para o dia do Juízo, quando ninguém pdoerá ser desculpado nem defendido por outrem, mas cada um terá bastante que fazer por si? (Imitação de Cristo, Livro I, capítulo XXIV, 1)     Jesus disse também a seus discípulos: Havia um homem rico que tinha um administrador. Este lhe foi denunciado de ter dissipado os seus bens.     Ele chamou o administrador e lhe disse: Que é que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, pois já não poderás administrar meus bens.     O administrador refletiu então consigo: Que farei, visto que meu patrão me tira o emprego? Lavrar a terra? Não o posso. Mendigar? Tenho vergonha. Já sei o que fazer, para que haja quem me receba em sua casa, quando eu for despedido do emprego.     Chamou, pois, separadamente a cada um dos devedores de seu patrão e perguntou ao primeiro: Quanto deves a meu patrão?     Ele respondeu: Cem medidas de azeite. Disse-lhe: Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve: cinqüenta.     Depois perguntou ao outro: Tu, quanto deves? Respondeu: Cem medidas de trigo. Disse-lhe o administrador: Toma os teus papéis e escreve: oitenta.     E o proprietário admirou a astúcia do administrador, porque os filhos deste mundo são mais prudentes do que os filhos da luz no trato com seus semelhantes. (Lucas 16, 1 – 8).
18º DIA (fazer primeiro as orações)     Jesus disse também a seus discípulos: É impossível que não haja escândalos, mas ai daquele por quem eles vêm! Melhor lhe seria que se lhe atasse em volta do pescoço uma pedra de moinho e que fosse lançado ao mar, do que levar para o mal a um só destes pequeninos. Tomai cuidado de vós mesmos. Se teu irmão pecar, repreende-o; se se arrepender, perdoa-lhe. Se pecar sete vezes no dia contra ti e sete vezes no dia vier procurar-te, dizendo: Estou arrependido, perdoar-lhe-ás.     Os apóstolos disseram ao Senhor: Aumenta-nos a fé!     Disse o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá. Qual de vós, tendo um servo ocupado em lavrar ou em guardar o gado, quando voltar do campo lhe dirá: Vem depressa sentar-te à mesa? E não lhe dirá ao contrário: Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me, enquanto como e bebo, e depois disto comerás e beberás tu? E se o servo tiver feito tudo o que lhe ordenara, porventura fica-lhe o senhor devendo alguma obrigação? Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: Somos servos como quaisquer outros; fizemos o que devíamos fazer. (Lucas 17, 1 – 10). Devem sofrer-se todos os males temporais, na esperança dos bens eternos     Filho, não esmoreças nos trabalhos que por mim empreendeste, nem te desanimes com as tribulações, mas em tudo que te acontecer, minhas promesses te consolem e fortifiquem.     Eu sou assaz poderoso para dar-te uma recompensa sem limites e sem medida. Os trabalhos que agora padeces não serão dilatados, nem sempre viverás oprimido de dores.     Espera um pouco e verás quão depressa passam os males. Virá uma hora em que cessará todo o trabalho e inquietação. Sempre é breve tudo o que passa com o tempo. (Imitação de Cristo, Livro III, capítulo XLVII, 1)
19º DIA (fazer primeiro as orações)     Trouxeram-lhe também criancinhas, para que ele as tocasse. Vendo isto, os discípulos as repreendiam.     Jesus, porém, chamou-as e disse: Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas. Em verdade vos declaro: quem não receber o Reino de Deus como uma criancinha, nele não entrará.     Um homem de posição perguntou então a Jesus: Bom Mestre, que devo fazer para possuir a vida eterna?     Jesus respondeu-lhe: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão só Deus. Conheces os mandamentos: não cometerás adultério; não matarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; honrarás pai e mãe.     Disse ele: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade.     A estas palavras, Jesus lhe falou: Ainda te falta uma coisa: vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me.     Ouvindo isto, ele se entristeceu, pois era muito rico.     Vendo-o entristecer-se, disse Jesus: Como é difícil aos ricos entrar no Reino de Deus! É mais fácil passar o camelo pelo fundo duma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus.     Perguntaram os ouvintes: Quem então poderá salvar-se?     Respondeu Jesus: O que é impossível aos homens é possível a Deus.     Pedro então disse: Vê, nós abandonamos tudo e te seguimos.     Jesus respondeu: Em verdade vos declaro: ninguém há que tenha abandonado, por amor do Reino de Deus, sua casa, sua mulher, seus irmãos, seus pais ou seus filhos, que não receba muito mais neste mundo e no mundo vindouro a vida eterna. (Lc 18, 15 – 30)

III parte da Consagração

Terceira Parte: o conhecimento de Maria
Os atos de amor, os afetos piedosos à Santíssima Virgem, devem ser sempre acompanhados por um esforço, de nossa parte, em imitar suas virtudes…
Especialmente sua humildade profunda, sue fé viva, sua obediência cega, sua contínua oração mental, sua mortificação em todas as coisas, sua caridade ardente, sua paciência heróica, sua pureza incomparável, sua doçura angelical e sua sabedoria divina; que, como disse São Luís Maria Grignion de Montfort, constituem “as dez virtudes principais da Santíssima Virgem”.
Temos que nos unir a Jesus por Maria, esta é a característica de nossa devoção; portanto, São Luís Maria Grignion de Montfort nos pede que nos apliquemos a fundo para adquirir um conhecimento da Santíssima Virgem.
Maria é nossa soberana e nossa medianera, nossa Mãe e nossa Senhora. Esforcemo-nos, pois, em conhecer os efeitos desta Realeza, desta Mediação e desta Maternidade, assim como as grandezas e prerrogativas que são os fundamentos ou as conseqüências deles.
Nossa Mãe Santíssima também é perfeita – um molde no qual podemos ser moldados para poder fazer nossas suas intenções e disposições —. Mas não conseguiremos isto sem estudar a vida interior de Maria, ou seja, suas virtudes, seus sentimentos, suas ações, sua participação nos mistérios de Jesus Cristo e sua união com Ele.
Orações para todos os dias da Terceira Parte
Ladainha do Espírito Santo
Ladainha de Nossa Senhora
Ave, Estrela do Mar
Oração a Maria
(de São Luís Montfort)
Ave, Maria, Filha bem-amada do Pai eterno; ave, Maria, Mãe admirável do Filho; ave, Maria, Esposa fidelíssima do Espírito Santo; ave, Maria, minha querida Mãe, minha amável Senhora e poderosa soberana; ave, minha alegria, minha glória, meu coração e minha alma! Vós me pertenceis toda por misericórdia, e eu vos pertenço todo por justiça; mas não vos pertenço bastante ainda; de novo me dou a vós todo inteiro, na qualidade de escravo perpétuo, sem nada reservar para mim ou para outrem.
Se vedes em mim qualquer coisa que não vos pertença, eu vos suplico de tirá-la agora, e de vos tornar Senhora absoluta de tudo o que possuo; de destruir e desarraigar e aniquilar tudo o que desagrada a Deus; e de plantar tudo e promover e operar tudo o que vos agradar.
Que a luz de vossa fé dissipe as trevas de meu espírito; que vossa humildade profunda tome o lugar de meu orgulho; que vossa contemplação sublime suste as distrações de minha imaginação vagabunda; que a vossa vista contínua de Deus encha a minha memória de sua presença; que o incêndio de vosso coração dilate e abrase a tibieza e frieza do meu; que vossas virtudes substituam os meus pecados; que vossos méritos sejam o meu ornamento e suplemente perante Deus.
Enfim, mui querida e bem-amada Mãe, fazei, se possível for, que não tenha oturo espírito senão o vosso, para conhecer Jesus Cristo e suas divinas vontades; que não tenha outra alma senão a vossa, para louvar e glorificar o Senhor; que não tenha outro coração senão o vosso, para amar a Deus com um amor puro e ardente como vós.
Não vos peço visões ou revelações ou gozos ou mesmo prazeres, nem mesmo espirituais. É privilégio vosso ver claramente, sem trevas; gozar plenamente, sem amargor; triunfar gloriosamente à direita de vosso Filho, no céu, sem humilhação alguma; dominar absolutamente sobre os anjos, os homens e os demônios, sem resistência, e, enfim, de dispor de todos os bens de Deus, sem restrição alguma.
Eis, divina Maria, a ótima parte que o Senhor vos deu e que não vos será tirada; e isto me deleita sobremaneira. Por minha parte, não quero nesta terra senão o que vós tivestes, a saber: crer puramente, sem nada gozar ou ver; sofrer alegremente, sem consolação de criaturas; morrer continuamente a mim mesmo, sem relaxamento; e trabalhar resolutamente, até à morte, por vós, sem interesse algum, como o mais vil dos escravos.
A única graça que vos peço, por pura misericórdia, é que, a todos os dias e momentos de minha vida, eu diga três vezes amém: Assim seja, a tudo que fizestes na terra, enquanto nela vivestes. Assim seja, a tudo que fazeis agora no céu. Assim seja, a tudo que operais em minha alma, a fim de que nela só vós estejais para glorificar plenamente a Jesus em mim, no tempo e na eternidade. Assim seja.
» Rezar também, todos os dias, antes ou depois destas orações, o Santo Rosário (meditando profundamente, ao menos os cinco Mistérios Gozosos e os cinco mistérios correspondentes a cada dia).
MEDITAÇÃO
20º DIA
(fazer primeiro as orações)
Foram com grande pressa e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura.
Vendo-o, contaram o que se lhes havia dito a respeito deste menino. Todos os que os ouviam admiravam-se das coisas que lhes contavam os pastores.
Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração.
Voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, e que estava de acordo com o que lhes fora dito.
Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe posto o nome de Jesus, como lhe tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno. (Lucas 2, 16 – 21).
Tendo ele atingido doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa.
Acabados os dias da festa, quando voltavam, ficou o menino Jesus em Jerusalém, sem que os seus pais o percebessem.
Pensando que ele estivesse com os seus companheiros de comitiva, andaram caminho de um dia e o buscaram entre os parentes e conhecidos.
Mas não o encontrando, voltaram a Jerusalém, à procura dele.
Três dias depois o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os.
Todos os que o ouviam estavam maravilhados da sabedoria de suas respostas.
Quando eles o viram, ficaram admirados. E sua mãe disse-lhe: Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição.
Respondeu-lhes ele: Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?
Eles, porém, não compreenderam o que ele lhes dissera.
Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração.
E Jesus crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens. (Lucas 2, 42 – 52).
21º DIA
(fazer primeiro as orações)
A verdadeira devoção à Santíssima Virgem
Para subir e unir-se a Jesus, é preciso se valer do mesmo meio que Ele usou para descer a nós, para fazer-se homem e para nos comunicar suas graças; e esse meio é “a verdadeira devoção à Santíssima Virgem”.
Há muitas devoções à Virgem Santíssima, e verdadeiras: pois não falo aqui das falsas.
Consiste a primeira em cumprir com os deveres de cristão, evitando o pecado mortal, operando mais por amor do que por temor, rogando de tempo em tempo à Santíssima Virgem e honrando-a como Mãe de Deus, sem nenhuma outra devoção especial a Ela.
A segunda tem para com a Virgem mais altos sentimentos de estima, amor, veneração e confiança; induz a entrar nas confrarias do Santo Rosário e do escapulário, a rezar “a coroa” ou o Santo Rosário: a honrar as imagens e altares de Maria, a publicar seus louvores, a alistar-se em suas congregações.
E todas estas devoções são boas. Desde que nos abstenhamos de pecar, é boa, santa e louvável; mas não tanto como a que segue, para afastar as almas das criaturas e desprendê-las de si mesmas, a fim de uni-las a Jesus Cristo.
A terceira maneira de devoção à Santíssima Virgem, conhecida e praticada por muito poucas pessoas, é, almas predestinadas, a que vou lhes revelar.
Consiste em dar-se todo inteiro, como escravo, a Maria e a Jesus por Ela; e além disso, em fazer todas as coisas com Maria, em Maria, por Maria e para Maria.
É preciso escolher um dia determinado para entregar-se, consagrar-se e sacrificar-se; e isto terá que ser voluntariamente e por amor, por inteiro e sem reserva alguma; corpo e alma: bens exteriores e riqueza, tais como casa, família, rendimentos, etc., e bens interiores da alma, a saber: seus méritos, graças, virtudes e satisfações.
22º DIA
(fazer primeiro as orações)
Características da verdadeira devoção a Maria
Interior: a verdadeira devoção à Santíssima Virgem é interior, isto é, parte do espírito e do coração. Vem da estima em que se tem a Santíssima Virgem, da alta idéia que se formou de suas grandezas, e do amor que se lhe consagra.
Terna: é terna, quer dizer cheia de confiança na Santíssima Virgem, da confiança de um filho em sua mãe. Impele uma alma a recorrer a ela em todas as necessidades do corpo e do espírito, com extremos de simplicidade, de confiança e de ternura.
Santa: a verdadeira devoção à Santíssima Virgem é santa: leva uma alma a evitar o pecado e a imitar as virtudes da Santíssima Virgem, principalmente sua humildade profunda, sua contínua oração, sua obediência cega, sua fé viva, sua mortificação universal, sua pureza divina, sua caridade ardente, sua paciência heróica, sua doçura angélica e sua sabedoria divina. Aí estão as dez virtudes principais da Santíssima Virgem.
Constante: a verdadeira devoção à Santíssima Virgem é constante, firma uma alma no bem, e ajuda-a a perseverar em suas práticas de devoção. Torna-a corajosa para se opor ao mundo em suas modas e máximas, à carne, em seus aborrecimentos e paixões, e ao demônio, em suas tentações. Assim, uma pessoa verdadeiramente devota da Santíssima Virgem não é volúvel, nem se deixa dominar pela melancolia, pelos escrúpulos ou pelos receios.
Desinteressada: a verdadeira devoção à Virgem Santíssima é desinteressada, leva a alma a buscar não a si mesma, mas somente a Deus em sua Mãe Santíssima. O verdadeiro devoto de Maria não serve a esta augusta Rainha por espírito de lucro e de interesse, nem para seu bem temporal ou eterno, corporal ou espiritual, mas unicamente porque ela merece ser servida, e Deus exclusivamente nela.
(Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, nº.s 105 a 110)
23º DIA
(fazer primeiro as orações)
Em quê consiste “a perfeita Consagração a Jesus por Maria”.
A mais perfeita devoção é aquela pela qual nos conformamos, unimos e consagramos mais perfeitamente a Jesus Cristo, pois toda a nossa perfeição consiste em sermos conformados, unidos e consagrados a ele. Ora, pois que Maria é, de todas as criaturas, a mais conforme a Jesus Cristo, segue daí que, de todas as devoções, a que mais consagra e conforma uma alma a Nosso Senhor é a devoção à Santíssima Virgem, sua santa Mãe, e que, quanto mais uma alma se consagrar a Maria, mais consagrada estará a Jesus Cristo.
Eis por que a perfeita consagração a Jesus Cristo nada mais é que uma perfeita e inteira consagração à Santíssima Virgem, e nisto consiste a devoção que eu ensino; ou, por outra, uma perfeita renovação dos votos e promessas do santo batismo.
Esta devoção consiste, portanto, em entregar-se inteiramente à Santíssima Virgem, a fim de, por ela, pertencer inteiramente a Jesus Cristo. É preciso dar-lhe 1° nosso corpo com todos os seus membros e sentidos, 2° nossa alma com todas as suas potências, 3° nossos bens exteriores, que chamamos de fortuna, presentes e futuros, 4° nossos bens interiores e espirituais, que são nossos méritos, nossas virtudes e nossas boas obras passadas, presentes e futuras. Numa palavra, tudo que temos na ordem da natureza e na ordem da graça, e tudo que, no porvir, poderemos ter na ordem da natureza, da graça e da glória, e isto sem nenhuma reserva, sem a reserva sequer de um real, de um cabelo, da menor boa ação, para toda a eternidade, sem pretender nem esperar a mínima recompensa de sua oferenda e de seu serviço, a não ser a honra de pertencer a Jesus Cristo por ela e nela, mesmo que esta amável Senhora não fosse, como é sempre, a mais liberal e reconhecida das criaturas.
(Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, nº.s 120 e 121)
24º DIA
(fazer primeiro as orações)
Esta devoção é um caminho fácil, curto, perfeito e seguro para chegar à união com Nosso Senhor, e nisto consiste a perfeição do cristão.
É um caminho fácil; é um caminho que Jesus Cristo abriu quando veio a nós, e no qual não há obstáculo que nos impeça de chegar a ele. Pode-se, é verdade, chegar a ele por outros caminhos; mas encontram-se muito mais cruzes e mortes estranhas, e muito mais empecilhos, que dificilmente se vencem.
É um caminho curto. Esta devoção à Santíssima Virgem é um caminho curto para encontrar Jesus Cristo, seja porque dele não nos extraviamos, seja porque, como acabo de dizer, nele marchamos com mais alegria e facilidade, e, conseqüentemente, com mais prontidão. Avançamos mais, em pouco tempo de submissão e dependência a Maria, do que em anos inteiros de vontade própria e contando apenas com o próprio esforço.
É um caminho perfeito. Esta prática de devoção à Santíssima Virgem é um caminho perfeito para ir e unir-se a Jesus Cristo, pois Maria é a mais perfeita e a mais santa das criaturas, e Jesus Cristo, que veio perfeitamente a nós, não tomou outro caminho em sua grande e admirável viagem. O Altíssimo, o Incompreensível, o Inacessível, aquele que é, quis vir a nós, pequenos vermes da terra, que nada somos. Como se fez isto? O Altíssimo desceu perfeita e divinamente até nós por meio da humilde Maria, sem nada perder de sua divindade e santidade; e por Maria que os pequeninos devem subir perfeita e divinamente ao Altíssimo sem recear coisa alguma.
É um caminho seguro. Esta devoção à Santíssima Virgem é um caminho seguro para irmos a Jesus Cristo e adquirirmos a perfeição, unindo-nos a ele: Porque esta prática, preconizada por mim, não é nova; é tão antiga, que não se pode (…) determinar-lhe com toda a precisão os começos. Nem seria possível condená-la sem derrubar os fundamentos do cristianismo. Fica, portanto, de pé que esta devoção não é nova, e que não é comum, por ser preciosa demais para ser apreciada e praticada por todo mundo.
Esta devoção é um meio seguro para ir a Jesus Cristo, porque pertence à Santíssima Virgem e lhe é próprio conduzir-nos a Jesus Cristo, como compete a Jesus Cristo conduzir-nos ao Pai celestial.
(Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, nº.s 152, 155, 157, 159, 163 e 164)
25º DIA
(fazer primeiro as orações)
Efeitos maravilhosos desta devoção
Convencei-vos de que, se vos tornardes fiel às práticas interiores e exteriores desta devoção, que vos indico em seguida:
Primeiro efeito: Pela luz que o Espírito Santo vos dará por intermédio de Maria, sua querida esposa, conhecereis vosso fundo mau, vossa corrupção e vossa incapacidade para todo bem, e, em conseqüência deste conhecimento, vos desprezareis, e será com horror que pensareis em vós mesmo. A humilde. Maria vos dará, enfim, parte de sua profunda humildade, com que vos desprezareis a vós mesmo, sem desprezar pessoa alguma, e gostareis até de ser desprezado.
Segundo efeito: A Santíssima Virgem vos dará uma parte de sua fé, a maior que já houve na terra, maior que a de todos os patriarcas, profetas, apóstolos e todos os santos.
Terceiro efeito: Esta Mãe do amor formoso (Ecl 24, 24) aliviará vosso coração de todo escrúpulo e de todo temor servil.
Quarto efeito: A Santíssima Virgem vos encherá de grande confiança em Deus e nela, porque não vos aproximareis mais de Jesus Cristo por vós mesmo, mas sempre. por intermédio desta bondosa Mãe.
Quinto efeito: A alma da Santíssima Virgem se comunicará a vós para glorificar o Senhor; seu espírito tomará o lugar do vosso para regozijar-se em Deus, contanto que pratiqueis fielmente esta devoção.
Sexto efeito: Se Maria, que é a árvore da vida, for bem cultivada em nossa alma pela fidelidade às práticas desta devoção, ela dará fruto em seu tempo; e seu fruto não é outro senão Jesus Cristo.
Sétimo efeito: Por esta prática, fielmente observada, dareis a Jesus Cristo mais glória em um mês, que por qualquer outra, embora mais difícil, em muitos anos.
(Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, nº.s 213, 214, 215, 216, 217 e 222)
26º DIA
(fazer primeiro as orações)
Se quiserdes compreender a Mãe - diz um santo - compreendei o Filho. Ela é uma digna Mãe de Deus: Toda língua aqui emudeça, para demonstrar que Maria Santíssima tem sido, até aqui, desconhecida, e que é esta uma das razões por que Jesus Cristo não é conhecido como deve ser.
Quando, portanto, e é certo, o conhecimento e o reino de Jesus Cristo tomarem o mundo, será como uma conseqüência necessária do conhecimento e do reino da Santíssima Virgem Maria. Ela o deu ao mundo a primeira vez, e também, da segunda, o fará resplandecer.
Confesso com toda a Igreja que Maria é uma pura criatura saída das mãos do Altíssimo. Comparada, portanto, à Majestade infinita ela é menos que um átomo, é, antes, um nada, pois que só ele é “Aquele que é” (Ex 3, 14) e, por conseguinte, este grande Senhor, sempre independente e bastando-se a si mesmo, não tem nem teve jamais necessidade da Santíssima Virgem para a realização de suas vontades e a manifestação de sua glória. Basta-lhe querer para tudo fazer.
Digo, entretanto, que, supostas as coisas como são, já que Deus quis começar e acabar suas maiores obras por meio da Santíssima Virgem, depois que a formou, é de crer que não mudará de conduta nos séculos dos séculos, pois é Deus, imutável em sua conduta e em seus sentimentos.
Maria é a Rainha do céu e da terra, pela graça, como Jesus é o Rei por natureza e conquista. Ora, como o reino de Jesus Cristo compreende principalmente o coração ou o interior do homem, conforme a palavra: “O reino de Deus está no meio de vós” (Lc 17, 21), o reino da Santíssima Virgem está principalmente no interior do homem, i. é, em sua alma, e é principalmente nas almas que ela é mais glorificada com seu Filho, do que em todas as criaturas visíveis, e podemos chamá-la com os santos a Rainha dos corações.
(Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, nº.s 12 a 15; 38)

IV Parte da Consagração

Quarta Parte: O conhecimento de Jesus
Atos de amor a Deus, de ação de graças pelas bênçãos recebidas de Jesus; atos de contrição e propósito.
Durante este período nos aplicaremos em estudar Jesus Cristo. O que é preciso estudar sobre Jesus Cristo?
Primeiro: O Homem-Deus, sua graça e glória. Depois, seus direitos de domínio soberano sobre nós, já que, tendo renunciado a Satanás e ao mundo, tomaremos a Jesus Cristo como nosso Senhor.
Segundo: Sua vida interior; as virtudes e os atos de seu Sagrado Coração; sua associação com Maria nos mistérios da Anunciação e Encarnação; durante sua infância e vida oculta; na festa das Bodas de Caná e no Calvário…
Orações para todos os dias da Quarta Parte
Ladainha do Espírito Santo
Ave, Estrela do Mar
Ladainha do Santíssimo Nome de Jesus
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo ouvi-nos,
Jesus Cristo atendei-nos,
Pai Celeste, que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Jesus, Filho de Deus vivo, tende piedade de nós.
Jesus, Esplendor do Pai, tende piedade de nós.
Jesus, Pureza da luz eterna, tende piedade de nós.
Jesus, Rei da glória, tende piedade de nós.
Jesus, Sol de justiça, tende piedade de nós.
Jesus, Filho da Virgem Maria, tende piedade de nós.
Jesus, amável, tende piedade de nós.
Jesus, admirável, tende piedade de nós.
Jesus, Deus forte, tende piedade de nós.
Jesus, Pai dos séculos futuros, tende piedade de nós.
Jesus, poderosíssimo, tende piedade de nós.
Jesus, pacientíssimo, tende piedade de nós.
Jesus, obedientíssimo, tende piedade de nós.
Jesus, manso e humilde de Coração, tende piedade de nós.
Jesus, Amante da castidade, tende piedade de nós.
Jesus, repleto de amor por nós, tende piedade de nós.
Jesus, Deus da paz, tende piedade de nós.
Jesus, Autor da vida, tende piedade de nós.
Jesus, Exemplar das virtudes, tende piedade de nós.
Jesus, Zelador das almas, tende piedade de nós.
Jesus, nosso Deus, tende piedade de nós.
Jesus, nosso Refúgio, tende piedade de nós.
Jesus, Pai dos pobres, tende piedade de nós.
Jesus, Tesouro dos fiéis, tende piedade de nós.
Jesus, Bom Pastor, tende piedade de nós.
Jesus, Luz verdadeira, tende piedade de nós.
Jesus, Sabedoria eterna, tende piedade de nós.
Jesus, Bondade infinita, tende piedade de nós.
Jesus, nosso Caminho e nossa Vida, tende piedade de nós.
Jesus, Alegria dos Anjos, tende piedade de nós.
Jesus, Rei dos Patriarcas, tende piedade de nós.
Jesus, Mestre dos Apóstolos, tende piedade de nós.
Jesus, Doutor dos Evangelistas, tende piedade de nós.
Jesus, Fortaleza dos Mártires, tende piedade de nós.
Jesus, Luz dos Confessores, tende piedade de nós.
Jesus, Pureza das Virgens, tende piedade de nós.
Jesus, Coroa de todos os santos, tende piedade de nós.
Sede-nos propício, perdoai-nos, Jesus.
Sede-nos propício, ouvi-nos, Jesus.
De todo o mal, livrai-nos, Jesus.
De todo o pecado, livrai-nos, Jesus.
Das ciladas do demônio, livrai-nos, Jesus.
Do espírito de impureza, livrai-nos, Jesus.
Da morte eterna, livrai-nos, Jesus.
Do desprezo das vossas inspirações, livrai-nos, Jesus.
Pelo mistério da vossa Santa Encarnação, livrai-nos, Jesus.
Pelo vosso Nascimento, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa Infância, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa Vida Divina, livrai-nos, Jesus.
Pelos vossos trabalhos, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa agonia e paixão, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa cruz e abandono, livrai-nos, Jesus.
Pelas vossas angústias, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa Morte e sepultura, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa Ressurreição, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa Ascensão, livrai-nos, Jesus.
Pela instituição da Santíssima Eucaristia, livrai-nos, Jesus.
Pela vossas alegrias, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa glória, livrai-nos, Jesus.
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor,
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.
- Bendito seja o Nome do Senhor.
- Agora e para sempre.
Oremos: Deus de bondade e misericórdia, concedei-nos a graça de venerar dignamente, neste tempo de preparação para o Santo Natal, o Mistério da Encarnação do vosso amado Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, a cujo nome santíssimo quisestes que se dobre todo o joelho na terra, nos céus e nos abismos e nele todos os homens se salvem. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Amém.
Oração a Jesus
(de São Luís Montfort)
Meu amável Jesus, permiti que me dirija a vós para testemunhar o meu reconhecimento pela graça que me concedestes, dando-me a vossa santa Mãe pela devoção da escravidão, para ser minha advogada junto de vossa Majestade, e meu suplemento universal em minha grandíssima miséria.
Ai de mim! Senhor, sou tão miserável, que sem esta boa Mãe estaria irremediavelmente perdido. Sim. Maria me é necessário junto de vós, em toda parte: necessária para vos aplacar em vossa justa cólera, pois vos tenho ofendido todos os dias; necessária, para sustar os castigos eternos de vossa justiça, que mereço; necessária para contemplar-vos, falar-vos, rogar-vos, aproximar-me de vós e vos agradar; necessária para salvar minha alma e a dos outros; necessária, em uma palavra, para fazer sempre a vossa vontade e procurar em tudo a vossa maior glória.
Ah! quem me dera publicar por todo o universo esta misericórdia que tivestes para comigo! E que todo o mundo soubesse que sem Maria já estaria condenado! Pudesse eu render-vos dignas ações de graças por tão grande benefício! Maria está em mim, haec facta est mihi, Oh! Que tesouro! Que consolo! E eu não seria, depois disso, todo dela? Que ingratidão, meu Salvador amado! Enviai-me a morte antes que me aconteça tal desgraça: pois prefiro morrer que viver sem ser todo de Maria.
Mil e mil vezes tomei-a, com S.João Evangelista ao pé da cruz, por todo o meu bem! e outras tantas vezes dei-me a Ela; mas se até agora não o fiz bem, conforme desejos, ó Jesus amado, faço-o agora como quereis que o faça, e se vedes em minha alma e em meu corpo algo que não pertença a essa augusta Princesa eu vos rogo que o arranqueis e o jogueis para longe de mim, pois que o que não é de Maria não é digno de vós.
Ó Espírito Santo! concedei-me todas essas graças e plantai, regai e cultivai em minha alma a amável Maria, que a Arvore da vida verdadeira, a fim de que cresça, floresça e suscite frutos de vida com abundância.Ó Espírito Santo! dai-me uma grande devoção e uma grande inclinação para com vossa divina Esposa, um grande apoio sobre seu seio maternal e recurso contínuo à sua misericórdia, a fim de que nela formeis em mim a Jesus Cristo, grande e poderoso, até à plenitude de sua idade perfeita. Assim seja.
Ó Jesus, que viveis em Maria
Ó Jesus, que viveis em Maria, vinde viver em vossos servos, no espírito de vossa santidade; na plenitude de vossa força, na perfeição de vossos caminhos, na verdade de vossas virtudes, na comunhão de vossos mistérios, dominais sobre todo o poder inimigo, em vosso Espírito e para a glória do Pai. Amém.
MEDITAÇÃO
27º DIA
(fazer primeiro as orações)
Jesus Cristo, nosso Salvador, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, deve ser o fim último de todas as nossas devoções; de outro modo, elas serão falsas e enganosas.
Jesus Cristo é o alfa e o ômega , o princípio e o fim de todas as coisas. Nós só trabalhamos, como diz o apóstolo, para tornar todo homem perfeito em Jesus Cristo, pois é em Jesus Cristo que habita toda a plenitude da Divindade e todas as outras plenitudes de graças, de virtudes, de perfeições; porque nele somente fomos abençoados de toda a bênção espiritual; porque é nosso único mestre que deve ensinar-nos, nosso único Senhor de quem devemos depender, nosso único chefe ao qual devemos estar unidos, nosso único modelo, com o qual devemos conformar-nos, nosso único médico que nos há de curar, nosso único pastor que nos há de alimentar, nosso único caminho que devemos trilhar, nossa única verdade que devemos crer, nossa única vida que nos há de vivificar, e nosso tudo em todas as coisas, que deve bastar-nos.
Abaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos. Deus não nos deu outro fundamento para nossa salvação, nossa perfeição e nossa glória, senão Jesus Cristo. Todo edifício cuja base não assentar sobre esta pedra firme, estará construído sobre areia movediça, e ruirá fatalmente, mais cedo ou mais tarde.
Por Jesus Cristo, com Jesus Cristo, em Jesus Cristo, podemos tudo: render toda a honra e glória ao Pai, em unidade do Espírito Santo e tornar-nos perfeitos e ser para nosso próximo um bom odor de vida eterna.
Se estabelecermos, portanto, a sólida devoção à Santíssima Virgem, teremos contribuído para estabelecer com mais perfeição a devoção a Jesus Cristo, teremos proporcionado um meio fácil e seguro de achar Jesus Cristo; como já fiz ver e farei ver, ainda, nas páginas seguintes, esta devoção só nos é necessária para encontrar Jesus Cristo, amá-lo ternamente e fielmente servi-lo. (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 61)
28º DIA
(fazer primeiro as orações)
Quando Jesus acabou todos esses discursos, disse a seus discípulos: Sabeis que daqui a dois dias será a Páscoa, e o Filho do Homem será traído para ser crucificado.
Durante a refeição, Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai e comei, isto é meu corpo. Tomou depois o cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos, porque isto é meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado por muitos homens em remissão dos pecados. Digo-vos: doravante não beberei mais desse fruto da vinha até o dia em que o beberei de novo convosco no Reino de meu Pai.
Retirou-se Jesus com eles para um lugar chamado Getsêmani e disse-lhes: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar. E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Disse-lhes, então: Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo. Adiantou-se um pouco e, prostrando-se com a face por terra, assim rezou: Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice! Todavia não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres. Foi ter então com os discípulos e os encontrou dormindo. E disse a Pedro: Então não pudestes vigiar uma hora comigo… Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca. Afastou-se pela segunda vez e orou, dizendo: Meu Pai, se não é possível que este cálice passe sem que eu o beba, faça-se a tua vontade! Voltou ainda e os encontrou novamente dormindo, porque seus olhos estavam pesados. Deixou-os e foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras. Voltou então para os seus discípulos e disse-lhes: Dormi agora e repousai! Chegou a hora: o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores… Levantai-vos, vamos! Aquele que me trai está perto daqui. (Mt 26, 1-2; 26-29; 36-46)
29º DIA
(fazer primeiro as orações)
Da imitação de Cristo e do desapego das vaidades do mundo
“Quem me segue não anda em trevas” (Jo 8,12). São palavras de Cristo, com as quais nos admoesta que imitemos sua vida e costumes, se quisermos verdadeiramente ser esclarecidos e livres de toda a cegueira de coração.
Seja, pois, nosso principal desempenho meditar a vida de Jesus Cristo.
A sua doutrina excede a de todos os santos; e quem possuir o seu espírito, nela achará o maná escondido.
Acontece, porém, que muitos, ainda que amiúde ouçam o Evangelho, sentem nele pouco gosto e tiram pouco proveito, porque não têm o espírito de Cristo.
Quem quiser compreender com satisfação e proveito as palavras de Jesus Cristo, deve conformar sua vida com a dele.
Que te aproveita discorrer com sabedoria sobre a Trindade, se não és humilde, e por isso lhe desagradas?
A verdade é que não são palavras sábias que fazem o homem santo ou justo, mas sim é a vida virtuosa que o faz agradável a Deus.
É preferível sentir a compunção do que saber defini-la.
Ainda que soubesses de cor toda a Bíblia e os ditos de todos os filósofos, que te aproveitaria tudo isto sem o amor e a graça de Deus?
Vaidade das vaidades, tudo é vaidade, exceto amar a Deus e só a Ele servir (Ecl.1,2).
A suma sabedoria é, pelo desprezo do mundo, caminhar para o reino dos céus. (Imitação de Cristo, Livro I, capítulo I, 1-3)
30º DIA
(fazer primeiro as orações)
Sentaram-se e montaram guarda. Por cima de sua cabeça penduraram um escrito trazendo o motivo de sua crucificação: Este é Jesus, o rei dos judeus. Ao mesmo tempo foram crucificados com ele dois ladrões, um à sua direita e outro à sua esquerda.
Os que passavam o injuriavam, sacudiam a cabeça e diziam: Tu, que destróis o templo e o reconstróis em três dias, salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!
Os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os anciãos também zombavam dele: Ele salvou a outros e não pode salvar-se a si mesmo! Se é rei de Israel, desça agora da cruz e nós creremos nele! Confiou em Deus, Deus o livre agora, se o ama, porque ele disse: Eu sou o Filho de Deus! E os ladrões, crucificados com ele, também o ultrajavam. (Mt 27, 36-44)
A muitos parecem duras estas palavras do Salvador: “Renuncia a ti mesmo, toma a tua cruz e segue-me” (Lc 9,23). Porém, muito mais duras parecerão aquelas que Ele pronunciará no dia do juízo: “Apartai-vos de mim, malditos, ide para o fogo eterno! (Mt 25,41).
Os que agora ouvem e seguem de boa vontade a palavra da cruz, não temerão então a sentença da eterna condenação.
“Este sinal da cruz aparecerá no céu quando o Senhor vier a julgar” (Mt 24,30).
Então todos os servos da cruz, que se conformaram na vida com Cristo crucificado, se achegarão a Cristo Juiz com grande confiança.
Por que temes, pois, tomar a cruz, pela qual se vai ao céu?
Na cruz estão a salvação e a vida, na cruz a proteção contra nossos inimigos.
Da cruz manam as suavidades celestiais; na cruz estão a fortaleza da alma, a alegria do coração, o compêndio da virtude, a perfeição da santidade.
Não há salvação da alma, nem esperança da vida eterna, senão na cruz.
Toma, pois, a tua cruz, segue a Jesus e chegarás à vida eterna.
Este Senhor foi adiante, levando às costas a sua cruz; e nela morreu por ti, para que tu leves também a tua, e nela desejes morrer.
“Porque se morreres com Ele, também com Ele viverás” (Rm 6,8); e se fores seu companheiro nos trabalhos, o serás também na glória. (Imitação de Cristo, Livro II, Cap XII, 1-2)
31º DIA
(fazer primeiro as orações)
Deus manifesta ao homem sua bondade e seu amor no sacramento da Eucaristia
Senhor, confiado em vossa bondade e misericórdia infinita, venho a Vós como enfermo ao médico; como faminto sequioso, à fonte da vida; como pobre, ao rei do céu; como escravo ao Senhor soberano; como criatura ao meu Criador; como aflito, a meu piedoso consolador.
Mas donde me vem, meu Deus, a graça de virdes a mim? Quem sou eu para que Vós mesmo vos deis a mim? Como se atreve o pecador a aparecer em vossa presença? Como Vos dignais de ouvir o pecador?
Vós conheceis vosso servo e sabeis que não há em mim bem algum que mereça esta graça. Confesso, pois, minha vileza, reconheço vossa bondade, louvo vossa piedade e vos dou graças por vossa caridade infinita. (Imitação de Cristo, Livro IV, Cap II, 1-2)
Os que tomarem esta santa escravidão terão uma devoção especial pelo mistério da Encarnação do Verbo, a 25 de março , que é o mistério adequado a esta devoção, pois que esta devoção foi inspirada pelo Espírito Santo: 1° para honrar e imitar a dependência em que Deus Filho quis estar de Maria, para glória de Deus seu Pai e para nossa salvação; dependência que transparece particularmente neste mistério em que Jesus Cristo se torna cativo e escravo no seio de Maria SS., aí dependendo dela em tudo; 2° para agradecer a Deus as graças incomparáveis que concedeu a Maria, principalmente por tê-la escolhido para sua Mãe digníssima, escolha feita neste mistério. São estes os dois fins principais da escravização a Jesus Cristo em Maria
Visto estarmos num século orgulhoso, em que pululam os sábios enfatuados, os espíritos fortes e críticos, que sempre acham o que falar das mais sólidas e bem estabelecidas práticas de piedade, é preferível, para evitar-lhes ocasião de crítica desnecessária, dizer “escravidão de Jesus em Maria” e dizer-se “escravo de Jesus Cristo” do que escravo de Maria. Assim a denominação desta devoção será dada antes pela sua finalidade, Jesus Cristo, que pelo caminho e meio para atingir este fim, Maria Santíssima. Pode-se, entretanto, usar uma ou outra sem o menor escrúpulo, como eu faço.
Como o principal mistério que se celebra e honra nesta devoção é a mistério da Encarnação, no qual só se pode contemplar Jesus em Maria, e encarnado em seu seio, é mais adequado dizer-se “a escravidão de Jesus em Maria”, de Jesus residindo e reinando em Maria, conforme a bela oração de tantos homens célebres: “Ó Jesus vivendo em Maria, vinde e vivei em nós, em vosso espírito de santidade”, etc.
Os que adotarem esta escravidão terão grande devoção ao recitar a Ave-Maria, ou a Saudação Angélica, da qual bem poucos cristãos, mesmo esclarecidos, conhecem o valor, o mérito, a excelência e a necessidade. Foi preciso que a Santíssima Virgem aparecesse várias vezes a grandes santos muito doutos, para demonstrar-lhes o mérito desta pequena oração. (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 243, 245, 246, 249)
32º DIA
(fazer primeiro as orações)
Do amor de Jesus sobre todas as coisas
Bem-aventurado o que conhece o que é amar a Jesus e desprezar-se a si mesmo por amor de Jesus!
Nosso amor para com ele deve apartar-nos de qualquer outro amor, porque Jesus quer ser amado sobre todas as coisas.
O amor da criatura é enganoso e mutável, o amor de Jesus é fiel e constante.
O que se prende à criatura cairá com ela; o que se abraça com Jesus estará firme para sempre.
Ama e tem por amigo aquele que não te faltará quando todos te desampararem, nem te deixará perecer quando chegar o fim da vida.
De todos hás de te separar um dia, queiras ou não queiras. (…)
Teu amado é de tal condição que não quer admitir companhia no amor; ele só, quer possuir teu coração e nele reinar como soberano em seu trono.
A experiência te mostrará que toda a afeição que não puseres em Jesus, mas nos homens, é perdida (Imitação de Cristo, Livro II, Capítulo VII, 1-2)
Eis aqui algumas práticas interiores assaz santificantes para aqueles chamados pelo Espírito Santo a mais alta perfeição. Consiste, em quatro palavras, em fazer todas as suas ações por Maria, com Maria, em Maria e para Maria, a fim de fazê-las mais perfeitamente por Jesus, com Jesus, em Jesus e para Jesus.
É preciso fazer todas as ações por Maria, quer dizer, em todas as coisas obedecer à Santíssima Virgem, e em tudo conduzir-se por seu espírito, que é o santo espírito de Deus. São filhos de Deus os que se conduzem pelo espírito de Deus (Rm 8, 14). E os que pautam sua conduta pelo espírito de Maria são filhos de Maria e, por conseguinte, filhos de Deus, como já demonstramos; entre tantos devotos da Santíssima Virgem, só os que se conduzem por seu espírito é que são devotos verdadeiros e fiéis. Disse que o espírito de Maria é o espírito de Deus, porque ela jamais se conduziu por seu próprio espírito, e sempre pelo espírito de Deus, e este de tal modo a dominou que acabou tornando-se seu próprio espírito.
Quão feliz é uma alma quando, a exemplo do bom irmão jesuíta Rodríguez, falecido em odor de santidade, é toda possuída e governada pelo espírito de Maria, que é um espírito suave e forte, zeloso e prudente, humilde e corajoso, puro e fecundo!
É mister fazer todas as ações com Maria, isto é, em todas as ações olhar Maria como um modelo acabado de todas as virtudes e perfeições, que o Espírito Santo formou numa pura criatura, e imitá-lo na medida de nossa capacidade. Cumpre, portanto, que, em cada ação, consideremos como Maria a fez ou faria se estivesse em nosso lugar. Devemos, por isso, examinar e meditar as grandes virtudes que ela praticou durante a vida, especialmente 1° sua fé viva, pela qual creu fiel e constantemente até ao pé da cruz, sobre o Calvário; 2° sua humildade profunda que a levou a esconder-se, a calar-se, a submeter-se a tudo e a colocar-se em último lugar. (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 257, 258, 260)
33º DIA
(fazer primeiro as orações)
Que o corpo de Jesus Cristo e a Sagrada Escritura são de grande necessidade à alma fiel
Ó dulcíssimo Jesus, que delícias inundam a alma fiel admitida ao Vosso banquete, onde se lhe não apresenta outro alimento senão Vós mesmo, seu único amado, o mais caro objeto de seus desejos!
Oh! quão suave seria para mim derramar em vossa presença copiosas lágrimas de amor e regar com elas vossos divinos pés como a Madalena? Mas onde se achará esta devoção tão viva, esta efusão tão copiosa de santas lágrimas?
Na verdade, o meu coração deveria abrasar-se em lágrimas de gosto diante de Vós e dos vossos santos anjos; pois que em vosso sacramento, Vos tenho verdadeiramente presente, posto que oculto debaixo das espécies sacramentais.
Meus olhos não poderiam suportar o resplendor da vossa luz divida e o mundo inteiro se esvaeceria em vossa presença se aparecêsseis com toda a majestade de vossa glória. É, pois, por uma graça que fazeis à minha fraqueza que vos escondeis nesse Sacramento. (Imitação de Cristo, Livro IV, Capítulo XI, 1-2)
É preciso fazer todas as ações em Maria. A Santíssima Virgem é o verdadeiro paraíso terrestre do novo Adão, de que o antigo paraíso terrestre é apenas a figura. Há, portanto, neste paraíso terrestre, riquezas, belezas, raridades e doçuras inexplicáveis, que o novo Adão, Jesus Cristo, aí deixou. Neste paraíso ele pôs suas complacências durante novos meses, aí operou suas maravilhas e aí acumulou riquezas com a magnificência de um Deus.
É neste paraíso terrestre que está em verdade a árvore da vida que produziu Jesus Cristo, o fruto de vida; a árvore da ciência do bem e do mal, que deu a luz ao mundo. Há, neste lugar divino, árvores plantadas pela mão de Deus e orvalhadas por sua unção divina, árvores que produziram e produzem, todos os dias, frutos maravilhosos dum sabor divino O Espírito Santo, pela boca dos Santos Padres, chama também a Santíssima Virgem a porta oriental, por onde o sumo sacerdote Jesus Cristo entra e vem ao mundo (cf. Ez 44, 2-3); por ela entrou da primeira vez, e por ela virá da segunda.
É preciso fazer finalmente todas as ações para Maria. Não a tomamos, porém, como fim último de nossos serviços; que é somente Jesus Cristo, mas como fim próximo, intermédio misterioso, e o meio mais fácil de chegar a ele. É preciso que não fiquemos ociosos, e sim que, apoiados por sua proteção; empreendamos e realizemos grandes coisas para tão augusta Soberana. É preciso defender seus privilégios quando alguém lhos disputar; sustentar sua glória, quando alguém a atacar: atrair todo o mundo, se for possível, ao seu serviço e a esta verdadeira e sólida devoção; falar, clamar contra todos os que abusem de sua devoção para ultrajar seu Filho; e ao mesmo tempo estabelecer esta verdadeira devoção.
E como recompensa destes pequenos serviços, não devemos pretender mais que a honra de pertencer a uma Princesa tão amável, e a felicidade de, por meio dela, ficarmos unidos a Jesus Cristo, seu Filho, com um liame indissolúvel no tempo e na eternidade. (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 261, 262, 265)
Como fazer a Consagração
Ao fim destas três semanas, confessar-se-ão e comungarão na intenção de se darem a Jesus Cristo na condição de escravos por amor, pelas mãos de Maria. E depois da comunhão, recitarão a fórmula de consagração, que será necessário que a escrevam ou mandem escrever, se não estiver impressa, e a assinem no mesmo dia em que a fizerem.
Nesse dia, será bom renderem algum tributo a Jesus Cristo e a sua Mãe Santíssima, seja em penitência de sua infidelidade passada às promessas do batismo, seja em sinal de sua dependência do domínio de Jesus e de Maria. Ora, esse tributo será conforme a devoção e capacidade de cada um: um jejum, uma mortificação, uma esmola, um círio. Ainda que não dêem mais que um alfinete em homenagem, contanto que o dêem de bom coração, é o bastante para Jesus, que só olha a boa vontade.
Todos os anos, ao menos, no mesmo dia, renovarão a consagração, observando as mesmas práticas durante três semanas. (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 231-233)
CONSAGRAÇÃO DE SI MESMO A JESUS CRISTO, SABEDORIA ENCARNADA, POR MEIO DE MARIA
Ó Sabedoria Eterna e Encarnada! Ó amabilíssimo e adorável Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, unigênito Filho do Eterno Pai e da sempre Virgem Maria, adoro-vos profundamente no seio e nos esplendores do vosso Pai, durante a eternidade, e no seio virginal de Maria, vossa Mãe digníssima, no tempo de vossa Encarnação.
Eu vos dou graças por vos terdes aniquilado a vós mesmo, tomando a forma de escravo, para livrar-me do cruel cativeiro do demônio. Eu vos louvo e glorifico por vos terdes querido submeter a Maria, vossa Mãe Santíssima, em todas as coisas, a fim de por Ela tornar-me vosso fiel escravo.
Mas, ai de mim, criatura ingrata e infiel! Não cumpri as promessas que vos fiz solenemente no Batismo. Não cumpri com minhas obrigações; não mereço ser chamado vosso filho nem vosso escravo, e, como nada há em mim que de vós não tenha merecido repulsa e cólera, já não ouso aproximar-me por mim mesmo de vossa santíssima e augustíssima Majestade.
É por esta razão que recorro à intercessão de vossa Mãe Santíssima, que me deste por Medianeira junto a Vós, e é por este meio que espero obter de Vós a contrição e o perdão de meus pecados, a aquisição e conservação da Sabedoria.
Ave, pois, ó Maria Imaculada, Tabernáculo vivo da Divindade, onde a Eterna Sabedoria escondida quer ser adorada pelos anjos e pelos homens!
Ave, ó Rainha do céu e da terra, a cujo império está sujeito tudo o que está abaixo de Deus!
Ave, ó refúgio seguro dos pecadores, cuja misericórdia jamais a ninguém falece! Atendei ao desejo que tenho da Divina Sabedoria, e recebei, para este fim, os votos e as oferendas, apresentadas pela minha baixeza.
Eu, N…, infiel pecador, renovo e ratifico hoje, em vossas mãos, os votos do Batismo.
Renuncio para sempre a Satanás, suas pompas e suas obras, e dou-me inteiramente a Jesus Cristo, Sabedoria Encarnada, para segui-lo levando minha cruz, em todos os dias de minha vida. E, a fim de lhe ser mais fiel do que até agora tenho sido, escolho-vos neste dia, ó Maria Santíssima, em presença de toda a corte celeste, para minha Mãe e minha Senhora.
Entrego-vos e consagro-vos, na qualidade de escravo, meu corpo e minha alma, meus bens interiores e exteriores, e até o valor de minhas boas obras passadas, presentes e futuras, deixando-Vos direito pleno e inteiro de dispor de mim e de tudo o que me pertence, sem exceção, a vosso gosto, para a maior glória de Deus, no tempo e na eternidade.
Recebei, ó benigníssima Virgem, esta pequena oferenda de minha escravidão, em união e honra à submissão que a Sabedoria Eterna quis ter à vossa Maternidade; em homenagem ao poder que tendes ambos sobre este vermezinho e miserável pecador; em ação de graças pelos privilégios com que Vos favoreceu a Santíssima Trindade.
Protesto que quero, de agora em diante, como vosso verdadeiro escravo, procurar vossa honra e obedecer-Vos em todas as coisas.
Ó Mãe admirável, apresentai-me a vosso amado Filho, na qualidade de escravo perpétuo, para que, tendo-me remido por Vós, por Vós também me receba favoravelmente.
Ó Mãe de misericórdia, concedei-me a graça de obter a verdadeira Sabedoria de Deus, e de colocar-me, para este fim, no número daqueles a quem amais, ensinais, guiais, sustentais e protegeis como a filhos e escravos vossos.
Ó Virgem fiel, tornai-me em todos os pontos um tão perfeito discípulo, imitador e escravo da Sabedora Encarnada, Jesus Cristo, vosso Filho, que eu chegue um dia, por vossa intercessão e a vosso exemplo à plenitude de sua idade na terra e de sua glória nos céus. Assim seja.