20 de mar. de 2010

Eleições do Livro “A Dignidade do Sacerdócio”, de Santo Afonso Ligório:

















20.03.2010
Pureza exigida do padre para celebrar dignamente
  • Ora, mesmo aos antigos Levitas exigia o Senhor que fossem puros, só porque tinham por dever transportar os vasos sagrados: Purificai-vos, vós que levais os vasos do Senhor474. Nem o próprio Deus pode fazer que haja no mundo uma ação maior e mais santa que a celebração duma missa. Ó, quanto mais excelente que todos os sacrifícios antigos o sacrifício dos nossos altares, em que a vítima oferecida não é já um touro ou um cordeiro, mas o próprio Filho de Deus!
  • Mas como deve o padre honrar a Deus? Será porventura trajando ricos vestidos, anafando a cabeleira com arte, ostentando punhos elegantes? Não, responde S. Bernardo, é por uma vida irrepreensível, pelo estudo das ciências sagradas, e pelos trabalhos que empreender para glória de Deus479;
Não há dignidade mais sublime do que a de um padre
  • Não podia Deus elevar um homem a uma dignidade mais sublime, que à dignidade sacerdotal. Que escolha teve de fazer o Senhor para formar um padre! Primeiro, teve de escolhê-lo na multidão inumerável das criaturas possíveis; depois teve de separá-lo de tantos milhões de pagãos e hereges; e por último teve de tirá-lo do meio de tantos simples fiéis. Depois disto, que poder lhe não foi dado! Se Deus tivesse concedido a um só homem o poder de fazer descer à terra por suas palavras o próprio Jesus Cristo, quanto não estaria obrigado para com o Senhor esse homem tão privilegiado, e quantas ações de graças não teria de lhe render! Pois bem, esse poder concede-o Deus a cada um dos padres481.
Enormidade do crime daquele padre que celebra em pecado mortal
  • Fê-lo o Senhor compreender um dia, em 1688, à sua fiel serva, a irmã Maria- Crucificada, de Palma, na Sicília, conforme se lê na sua vida (o que acontece durante uma santa missa celebrada por um padre em pecado mortal). Ouviu primeiro o retinir lúgubre duma trombeta, que com o estampido do trovão fazia ouvir, em todo o mundo estas palavras: Ultio, poena, dolor! Viu depois uma multidão de eclesiásticos sacrílegos, cujas vozes confusas formavam uma salmódia discordante. A seguir, um dentre eles se ergueu para dizer missa. Enquanto ele se revestia dos ornamentos sagrados, a igreja se cobriu de trevas e luto. Aproxima-se do altar e diz: Introibo ad altare Dei; neste instante, de novo retine a trombeta e repete: Ultio, poena, dolor! De repente — sinal visível da justa cólera do Senhor contra o ministro indigno, — turbilhões de chamas se elevam e cintilam em volta do altar. Ao mesmo tempo a religiosa distingue uma legião de anjos, armados de espadas ameaçadoras, como para tirarem vingança do sacrilégio que se vai cometer. Quando o monstro se prepara, para o grande ato da consagração, uma multidão de serpentes saltam do meio das chamas, para o expulsarem do altar, — símbolo dos temores e remorsos da consciência. É em vão, o sacrílego sacrifica todos os remorsos à sua própria reputação. Pronuncia enfim as palavras da consagração; então a serva de Deus observa um tremor universal, que parece abalar o céu, a terra e o inferno. Depois da consagração a cena muda: Jesus Cristo aparece como um doce cordeiro, que se deixa maltratar entre as garras desse lobo cruel. No momento da comunhão, o céu obscurece-se, e todo se abala de novo, a ponto de parecer que a igreja desaba. Os anjos choram amargamente em redor do altar; mas ainda mais amargas são as lágrimas, que inundam o rosto da Mãe de Deus; geme ela sobre a morte de seu Filho inocente, e sobre a perda dum filho culpado.
  • Observa S. Pedro Damião496 que uma coisa é transgredir as leis do príncipe, e outra feri-lo com as suas próprias mãos, como faz o padre, quando celebra em estado de pecado mortal. Dizia S. João Crisóstomo que o padre, que se aproxima do altar com a consciência manchada de falta grave, é muito pior que o demônio501. Assim os demônios tremem à vista de Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento, ao passo que o padre sacrílego, não só não treme, mas tem a audácia de calcar aos pés, um verme da terra ousa calcar aos pés o sangue do Filho de Deus!
  • Foi o que o divino Mestre declarou mais particularmente a Sta. Brígida: Padres tais não são sacerdotes meus, são antes traidores, porque me vendem como Judas508. Se o meu inimigo me tivesse ultrajado, diz o Senhor, eu o teria sofrido com menor pena; mas tu, a quem escolhi para meu ministro, para seres o príncipe do meu povo; tu, venderes-me ao demônio por um capricho, por um prazer brutal, por um pouco de lodo!
  • Notai, como ensinam os doutores, que o sacerdote sacrílego ao celebrar comete quatro pecados mortais: 1.º consagra em estado de pecado; 2.º comunga em estado de pecado; 3.º administra o Sacramento em estado de pecado; 4.º ministrando-o a si próprio, administra-o a um indigno, isto que se encontra em estado de pecado499.
  • Falando um dia o Senhor a Sta. Brígida a respeito de um padre sacrílego, disse-lhe que entrava na alma dele como Esposo, com desejo de o santificar, mas pouco depois se via obrigado a sair como Juiz, para castigar a injúria que lhe fazia este ministro indigno, recebendo-o em estado de pecado mortal525.
O castigo do padre sacrílego
  • Segundo S. Tomás de Vilanova, não há castigo bastante rigoroso para punir um tal crime como ele merece. O Senhor disse a Sta. Brígida que tais padres são amaldiçoados por todas as criaturas no Céu e na terra527.
  • O altar há de tornar-se para este desgraçado o lugar do seu suplício; ali será carregado com as cadeias que hão de retê-lo para sempre escravo do demônio, fazendo-o perseverar no mal; porque, segundo S. Lourenço Justiniano, todos os que comungam em pecado mortal permanecem mais obstinados na sua malícia 530.
O pecado do escândalo
  • Donde S. João Crisóstomo conclui que o padre deve ter uma vida tão radiante de virtudes, que possa alumiar os outros e servir-lhes de modelo545. Mas se esta luz se muda em trevas, em que se tornará o mundo? Só servirá para precipitar na ruína o mesmo mundo, como diz S. Gregório546. No mesmo sentido escreveu este grande papa aos bispos de França, exortando-os a castigar os padres escandalosos547. É a palavra do profeta Oséias: Tal padre tal povo (Os 4,9). Se os padres forem ricos e fecundos em virtudes, também ricos serão os povos; mas, se os sacerdotes forem pobres, bem miseráveis serão os povos (Jr 31,14).
  • Se um leigo, acrescenta ele, se transvia do reto caminho, perder-se-á ele só; mas, se um padre se desgarrar, causará a perdição duma multidão de almas, sobretudo das que lhe estiverem sujeitas554.
  • Um dia dizia o Senhor a Sta. Brígida, que os pecadores, à vista dos maus exemplos dos padres, se animavam a praticar o mal, e chegavam até a gloriar-se dos vícios, que antes os faziam corar. Assim, o Senhor ajunta que os padres maus serão carregados de maldições, muito mais terríveis que os outros homens, porque a sua má vida, é a ruína deles e também a dos outros558.
  • Dizia S. Jerônimo que, procurando saber pela história quais os homens que têm difundido na Igreja o veneno das heresias e pervertido os povos, não encontrava outros senão os padres606. Pedro de Blois diz por sua vez: é pela negligência dos padres que as heresias se têm multiplicado... Por causa dos nossos pecados, é que a Igreja tem sido calcada aos pés e caído no desprezo607.
No dia do Juízo, o que sucederá aos padres escandalosos
  • Ai! Que será dos padres escandalosos no dia do juízo? Hei de aparecer-lhes como a ursa a que arrebataram os filhos614.
O Padre deve ser um exemplo por suas obras, com a sua vida
  • A todos é indispensável a castidade, mas especialmente aos ministros do altar de Jesus Cristo, porque a sua vida deve ser uma pregação contínua para os outros581.
  • Guardemo-nos pois, ó sacerdotes, ó irmãos meus, de causar por nossos maus exemplos a perda das almas, nós a quem Deus colocou na terra para as salvar. Em ordem à consecução deste fim, evitemos com zelo não só as ações, más em si mesmas, mas até as que tenham aparência de mal. Ter na própria casa criadas novas, — ainda mesmo que, por impossível, não fossem ocasião de pecado, — seria pelo menos uma aparência de mal, que podia ser motivo de escândalo para os outros.
Assim o Apóstolo nos adverte que devemos abster-nos até de certas coisas permitidas, com receio de escandalizar os fracos618. Devemos abster-nos, igualmente, com muito cuidado, de repetir certas máximas do mundo, tais como estas: É preciso que não nos deixemos calcar aos pés; é necessário gozar da vida; felizes os ricos; Deus é cheio de misericórdia e compadece-se das nossas fraquezas (falando-se de pecadores, que persistem nas suas desordens). Que escândalo não seria também aplaudir quem pratica o mal, por exemplo: um homem que se vinga, ou que mantém relações perigo sas! Louvar os que fazem o mal, diz S. Crisóstomo, é muito pior que praticá-lo! 619 Finalmente, quanto ao passado, quem teve a desgraça de dar algum escândalo, ou qualquer ocasião de pecado, deve saber que está obrigado a repará-lo publicamente por seus bons exemplos.

OU O SACERDOTE É UM SANTO OU UM DEMONIO S.PIO

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