6 de abr. de 2010

A PERSEVERANÇA DEPOIS DA PÁSCOA


“Se, pois, ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Pensai nas coisas do alto, e não nas da terra” (Cl 3, 1-2).


O que dizer de uma senhora que coloca a sua casa em ordem, somente quando está para receber uma visita?
Pode muito bem intitulá-la de porcalhona.
Que nome se dá ao diretor de um colégio, que organiza as salas e o uniforme dos alunos, só quando o inspetor marca uma visita?
Esse pode muito bem ser chamado de inepto.
E o que dizer de um católico, batizado e crismado, que se preparou muito bem para a Páscoa; mas que durante a oitava, já está mergulhado no túmulo do mundo, embalando em seus braços o monstro do pecado mortal?
Esse deve ser chamado de volúvel, infiel e leviano.
Como é triste ver milhares de pessoas ascenderem velas a Satanás, ao mundo e à carne, logo no início da oitava da Páscoa. Esses participaram das cerimônias, mas não encontraram a Face de Nosso Senhor, por isso, vivem como se Cristo não houvesse ressuscitado.
Quando falta a perseverança, é impossível caminhar com Cristo ressuscitado:“Fazer uma boa confissão na Páscoa, fazer ótimos propósitos, é bastante fácil; difícil, porém, é perseverar no bem” (Pe. João Colombo).
Perseverar no esforço “consiste em lutar e sofrer até o fim, sem sucumbir ao cansaço, ao desalento ou à moleza” (Ad Tanquerey, Compêndio de Teologia Ascética e Mística, 1093).
Não adianta encher cadernos com preciosos propósitos, se tudo não passa de fogo de palha. O Senhor ressuscitado quer que perseveremos no caminho da luz, que passemos por cima de todos os obstáculos, que deixemos tudo para trás e O sigamos até o fim: “Muitos começam bem, mas poucos são os que perseveram... Nos cristãos não se procura o princípio, mas o fim. O Senhor não exige somente o começo da boa vida, quer também seu bom termo; o fim é que alcançará a recompensa” (São Jerônimo).
Existem muitos católicos “ressuscitados”, que não passam de católicos “mumificados”; porque voltam, após a Páscoa, a residirem nos túmulos escuros dos vícios.
“Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, não volte a seguir mais as máximas do mundo, porque elas sepultarão a sua alma imortal na lama do pecado: “Adúlteros, não sabeis que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Assim, todo aquele que quer ser amigo do mundo torna-se inimigo de Deus” (Tg 4, 4), e: “Não ameis o mundo nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai” (1Jo 2, 15).
“Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, corte a amizade com aquelas pessoas que te convidam com freqüência para percorrer o caminho da imoralidade: “Certas amizades loucas entre pessoas de diverso sexo, e sem intenção de casamento, não podem merecer o nome de amizade nem de amor, pela sua incomparável leviandade e imperfeição. São abortos ou, melhor ainda, fantasmas da amizade” (São Francisco de Sales, Introdução à Vida Devota, capítulo XVIII), e: “Não vos deixeis iludir: ‘As más companhias corrompem os bons costumes” (1 Cor 15, 33).
“Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, deixe de contar piadas com duplo sentido e de falar palavrões, porque essas bocas sujas podem ser comparadas a túmulos cheios de podridão: “Não saia dos vossos lábios nenhuma palavra inconveniente, mas na hora oportuna, a que for boa para edificação, que comunique graça aos que a ouvirem” (Ef 4, 29).
“Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, jogue fora, ou melhor, coloque no fogo todas as suas roupas imorais; elas são tarrafas que o demônio usa para pescar os homens curiosos. Esvazie o seu guarda-roupa dessas modas pagãs: “Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que está em vós e que recebestes de Deus?... e que, portanto, não pertenceis a vós mesmos? Alguém pagou alto preço pelo vosso resgate; glorificai, portanto, a Deus em vosso corpo” (1 Cor 6, 19-20), e: “... os pais devem vigiar a fim de que certas modas e certas atitudes imorais não violem a integridade da casa” (Sexualidade Humana: Verdade e Significado, 56).
“Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, não volte a participar mais do carnaval e dos bailes, isso ofende muito a Deus: “Numa palavra, é uma loucura fazer da noite dia e do dia noite, e trocar os exercícios de piedade por vãos prazeres. Todo baile está cheio de vaidade e emulação e a vaidade é uma disposição muito favorável às paixões desregradas e aos amores perigosos e desonestos, que são as conseqüências ordinárias dessas reuniões” (São Francisco de Sales, Introdução à Vida Devota, capítulo XXXIII), e: “No tempo do carnaval, Santa Maria Madalena de Pazzi passava as noites inteiras diante do Santíssimo Sacramento, oferecendo a Deus o Sangue de Jesus Cristo pelos pobres pecadores” (Santo Afonso Maria de Ligório, Meditações).
“Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, abandone de uma vez por todas a bebida alcoólica; ela é a urina de Satanás: “Não vos iludais... nem os bêbados... herdarão o Reino de Deus” (1 Cor 6, 10).
“Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, viva humildemente, aceitando com alegria as correções fraternas, sem jamais se azedar: “A pessoa santa é humilde, quando é repreendida, arrepende-se da falta que fez. Ao contrário, quem é orgulhoso fica magoado quando é corrigido. Fica magoado por ver descoberto o seu defeito e por isso responde e indigna-se com quem o adverte” (São João Crisóstomo: In Mathaeum, hom. 68 (al. 69), n° 1-2, MG 58 de 341 a 344).
“Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, fuja da vida fácil e da “poltronice”, e entre pelo caminho apertado, carregando a cruz com paciência e por amor a Deus: “...não existe coisa mais agradável a Deus do que sofrer com paciência e paz todas as cruzes por ele enviadas” (Santo Afonso Maria de Ligório, A Prática do amor a Jesus Cristo, capítulo V), e: “O sinal mais certo para saber se uma pessoas ama a Jesus Cristo é, não tanto o sofrer, mas o querer sofrer por amor dele” (Santo Afonso Maria de Ligório, A Prática do amor a Jesus Cristo, capítulo V).
“Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, deixe de perder tempo com as coisas vazias da terra, e reserve alguns horários por dia para a oração e meditação: “Quem reza se salva, quem não reza se condena” (Santo Afonso Maria de Ligório, A Oração), e: “Quem não medita, não julga com severidade a si mesmo, porque não se conhece. A oração controla nossos afetos e dirige nossos atos para Deus” (São Bernardo de Claraval, De consideratione ad Eugenium III, I. I, c. 2, n° 3 ML 182-730; idem, 1, 1, c. 7. ML 182-737).
“Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, viva nesse mundo sem se apegar às coisas passageiras; elas são grandes obstáculos para o progresso espiritual:“Desapeguemos o coração de todas as criaturas. Quem está agarrado a alguma coisa da terra, ainda que mínima, nunca poderá voar e unir-se todo a Deus” (Santo Afonso Maria de Ligório, Resumo das Virtudes), e: “Quanto afeto pomos nas criaturas, tanto tiramos a Deus”(Bacci, Vita, 1. 2, c, n° 4: São Felipe Néri).
“Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, busque fervorosamente a santidade de vida, porque sem ela, ninguém verá o Senhor: “Porquanto, é esta a vontade de Deus: a vossa santificação” (1 Ts 4, 3), e: “Pois Deus não nos chamou para a impureza, mas sim para a santidade” (1 Ts 4, 7).
“Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, não busque apoio nas criaturas, mas recorra a Deus quando surgirem insistentes tentações: “Oxalá todos os homens recorressem a Deus, quando são tentados a ofendê-lo; certamente nenhum o ofenderia” (Santo Afonso Maria de Ligório, A Prática do amor a Jesus Cristo, capítulo XVII),
“Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, participe piedosamente da Santa Missa e confesse com freqüência: “A Eucaristia é, na verdade, a alma da piedade e o centro da religião cristã...” (São Francisco de Sales, Introdução à Vida devota, capítulo XIV), e: “Confessa-te com humildade e devoção todos os oito dias e, se for possível, sempre que comungares, conquanto tua consciência não te acuse de algum pecado mortal” (São Francisco de Sales, Introdução à Vida devota, capítulo XIX).
“Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, trabalhe fervorosamente para tornar Cristo Jesus conhecido: “Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho” (1 Cor 9, 16).
“Se, pois, ressuscitastes com Cristo”, se esforce para amá-lO sobre todas as coisas, porque esse é o caminho mais curto para a santidade: “A perfeição consiste em amar a Deus de todo o coração” (Camus, Esprit de S. François de Sales, p. I, c. 25).
Não nos acomodemos nem deitemos pelo caminho empoeirado do mundo, mas perseveremos com fé e valentia no caminho da perfeição.
Cristo ressuscitou! Não olhemos para o Senhor como se fosse um mito, mas sim, como o Deus que ressuscitou e que nos convida a segui-lO diariamente sem nos determos nas coisas passageiras desse mundo.
Cristo ressuscitou! Jamais voltará ao túmulo!
Ressuscite você também espiritualmente e persevere no caminho do bem. Jamais volte ao túmulo do pecado.

Pe. Divino Antônio Lopes FP.
Anápolis, 20 de abril de 2007

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