15 de jun. de 2011

“Novas utopias”: as reflexões psicográficas de D. Hélder Câmara

Hoje eu recebi um e-mail que – a julgar pelo título – pensei se tratar de mais uma dessas leviandades que circulam na internet e que caem de pára-quedas na nossa caixa de entrada. O título da mensagem era: “Igreja Católica aceita livro psicografado de D. Hélder Câmara”. Incrédulo em relação à manchete estapafúrdia, pus-me a vasculhar se a tal obra “psicografada” existia mesmo. E, para minha surpresa, ela existe:





Aliás, embora eu não saiba precisar de quando é a primeira edição, vi que este livro já está no mercado há pelo menos 2 anos. Contudo, dado que algumas pessoas ainda andam confusas por causa dele, creio que seja válido tecer alguns comentários. Façamo-lo.

Segundo o e-mail – que recebi de um amigo – o resumo da história é o seguinte:

[...] foi lançado no mercado cultural um livro mediúnico trazendo as reflexões de um padre depois da morte, atribuído, justamente, ao Espírito Dom Helder Câmara, bispo católico, arcebispo emérito de Olinda e Recife, desencarnado no dia 28 de agosto de 1999, em Recife (PE).

O livro psicografado pelo médium Carlos Pereira, da Sociedade Espírita Ermance Dufaux, de Belo Horizonte, causou muita surpresa no meio espírita e grande polêmica entre os católicos. O que causou mais espanto entre todos foi a participação de Marcelo Barros, monge beneditino e teólogo, que durante nove anos foi secretário de Dom Helder Câmara, para a relação ecumênica com as igrejas cristãs e as outras religiões.

E o e-mail continua. Não o transcreverei completamente aqui porque, além de extenso, julgo que seja desnecessário divulgar os excertos – para lá de toscos – da infeliz obra. Ainda segundo o e-mail que recebi, em algumas passagens do livro – por exemplo – D. Hélder afirma, através do médium Carlos Pereira, que a Igreja Católica cedo ou tarde teria que admitir a comunicação entre os mortos; reporta, ainda, que teve – em vida – algumas “experiências íntimas espirituais”; e conta que são muitos os padres que desejam se comunicar com o mundo dos vivos através da chamada “escrita mediúnica”. Bobagens mil… Bem, prescindindo destes detalhes inúteis e absurdos, passemos a comentar algumas coisas que, a meu ver, devem ficar bem claras em meio a toda essa história maluca:

i) Além de Marcelo Barros (que com esta sua atitude em nada me surpreende dado o seu histórico de desserviço à Igreja), outras figuras são mencionadas como sendo “pessoas ligadas à Igreja Católica”. São elas: o filósofo e teólogo, Inácio Strieder; e a historiadoraJordana Gonçalves Leão. Você não os conhece? Nem eu! Menos mal: se são pouco conhecidos, presume-se que causarão pouco escândalo.

ii) Marcelo Barros não representa a voz da Igreja. Nem da Igreja particular de Olinda e Recife (cujo Pastor é o Exmo. Revmo. D. Antônio Fernando Saburido) e muito menos da Igreja Universal, cujo governo foi confiado ao Sumo Pontífice, o Papa Bento XVI, gloriosamente reinante. Lamentavelmente, a voz de Marcelo Barros quase sempre ressoa em sentido contrário a tudo o que a Igreja anuncia e defende. Ele faz parte daquela tríade satânica apelidada de “BBB” (Frei Betto, Leonardo Boff e Marcelo Barros) cujo único objetivo parece ser o de minar a Igreja por dentro, como lobos em pele de cordeiro. Aliás, há algum tempo o arcebispo, D. Saburido, havia confiado a Barros a responsabilidade pela comissão arquidiocesana para o ecumenismo e o diálogo inter-religioso (!). Em uma rápida pesquisa no site da AOR, vi que – ao que parece – ele não ocupa mais esse cargo, tendo sido nomeado para o seu lugar o Fr. Tito Figuerôa, OC. Deo gratias!

iii) O magistério da Igreja é bastante claro com relação a inaceitabilidade da doutrina espírita – por total incompatibilidade com a fé cristã. Diz o Catecismo da Igreja Católica (grifos meus):

O espiritismo implica freqüentemente práticas de adivinhação ou de magia. Por isso a Igreja adverte os fiéis a evitá-lo (Parágrafo 2117).

§1013 A morte é o fim da peregrinação terrestre do homem, do tempo de graça e de misericórdia que Deus lhe oferece para realizar sua vida terrestre segundo o projeto divino e para decidir seu destino último. Quando tiver terminado o único curso de nossa vida terrestre, não voltaremos mais a outras vidas terrestres. “Os homens devem morrer uma só vez” (Hb 9,27). Não existe “reencarnação” depois da morte (Parágrafo 1013).

Portanto, atenção! Se forem à alguma dessas livrarias que se dizem católicas – do tipoPaulus, Paulinas, et catervae encontrarem essa obra (sim, a insensatez das livrarias e editoras é tamanha que elas são capazes de colocar na prateleira este tipo de fábula), não se iludam: trata-se de obra de cunho espírita e portanto: falsa, não cristã e anti-católica.

Para saber mais sobre a incompatibilidade da doutrina espírita com a doutrina católica, leia isto e assista isso.

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