3 de ago. de 2011

O dia do padre e o exemplo de São João Maria Vianney.


Hoje é dia dos sacerdotes, onde a Igreja faz memória do padroeiro de todos os sacerdotes do mundo: o grande Cura D, Ars. Leiam esta meditação e não deixem de rezar e cumprimentar o seu pároco ou vigário.

Por Francisco Fernández Carvajal

– Sacerdotes santos. Dignidade incomparável. Amor ao sacerdócio.

– Necessidade de sacerdotes. Oração e mortificação pelos sacerdotes.

– O sacerdote, em nome do Senhor, acompanha a vida do homem. Apreço por aqueles que tanto nos deram. Confiar muito na oração dos sacerdotes.

São João Batista Maria Vianney nasceu perto de Lyon no dia 8 de maio de 1786. Teve que vencer muitas dificuldades até chegar à ordenação sacerdotal. Foi-lhe confiada a paróquia de Ars, onde esteve aproximadamente 42 anos. Sobressaiu pelo seu afã de almas, espírito de oração e de mortificação, e sobretudo pela sua infatigável dedicação à administração do sacramento da Penitência. Morreu em 1859. Foi canonizado e declarado Padroeiro do clero universal por Pio XI em 1929.

I. QUANDO JOÃO MARIA VIANNEY foi enviado à pequena paróquia de Ars (230 habitantes), o Vigário geral da diocese disse-lhe: “Não há muito amor a Deus nessa paróquia; procure introduzi-lo”1. E foi isso o que ele fez: inflamar no amor ao Senhor que lhe embargava o coração todos aqueles camponeses e muitas outras almas. Não possuía grande ciência, nem muita saúde, nem dinheiro..., mas a sua santidade pessoal, a sua união com Deus fez o milagre. Poucos anos depois, levas de gente de todas as regiões da França acorriam a Ars e por vezes tinham de esperar vários dias para ver o pároco e confessar-se. O que atraía as multidões não era a curiosidade de uns milagres que ele procurava ocultar. Era antes o pressentimento de encontrarem um sacerdote santo, “surpreendente pela sua penitência, tão familiar com Deus na oração, notável pela sua paz e humildade no meio dos êxitos populares, e sobretudo tão intuitivo em ir ao encontro das disposições interiores das almas e livrá-las dos seus fardos, especialmente no confessionário”2. O Senhor escolheu “como modelo dos pastores aquele que teria podido parecer pobre, fraco, indefeso e desprezível aos olhos humanos (cfr. 1 Cor 1, 27-29). Deus premiou-o com os seus melhores dons como guia e médico das almas”3.

Certa vez, perguntaram a um advogado de Lyon que regressava de Ars o que tinha visto ali. Ele respondeu: “Vi Deus num homem”4. É o que devemos pedir ao Senhor que se possa dizer de cada sacerdote, pela sua santidade de vida, pela sua união com Deus, pela sua preocupação pelas almas. No sacramento da Ordem, o sacerdote é constituído ministro de Deus e dispensador dos seus tesouros, como o chama São Paulo5. Esses tesouros são: a Palavra divina na pregação; o Corpo e o Sangue de Cristo, que administra na Santa Missa e na Comunhão; e a graça de Deus nos sacramentos.

Confia-se ao sacerdote a salvação das almas, a tarefa divina por excelência, “a mais divina das obras divinas”, conforme ensina um antigo Padre da Igreja. É constituído embaixador, medianeiro entre Deus e os homens, entre Deus que está nos céus e o homem que ainda se encontra de passagem pela terra; com uma mão, toma os tesouros da misericórdia divina; com a outra, distribui-os generosamente. Pela sua missão de medianeiro, participa da autoridade com que Cristo constrói, santifica e governa o seu Corpo6, e confecciona o sacramento da Eucaristia, que é a ação mais santa que os homens podem realizar sobre a terra.

Que querem, que esperam os homens do sacerdote? “Atrevemo-nos a afirmar que precisam, desejam e esperam – ainda que muitas vezes não pensem conscientemente nessa necessidade e nessa esperança – um sacerdote-sacerdote, um homem que se desviva por eles, para lhes abrir os horizontes da alma, que exerça sem cessar o seu ministério, que tenha um coração grande, capaz de compreender e de amar a todos, ainda que às vezes não seja correspondido; um homem que dê com simplicidade e alegria, oportunamente e mesmo inoportunamente (cfr. 2 Tim 4, 2), aquilo que apenas ele pode dar: a riqueza da graça, da intimidade divina, que Deus quer distribuir aos homens por meio dele”7.

Hoje é um dia muito oportuno para que, por meio do santo Cura d’Ars, peçamos muito pela santidade dos sacerdotes, especialmente daqueles que de alguma maneira foram colocados por Deus para ajudar-nos no caminho que conduz a Ele.

II. O CURA D’ARS costumava dizer com certa freqüência: “Que coisa tão grande é ser sacerdote! Se o compreendesse totalmente, morreria”8. Deus chama alguns homens a essa grande dignidade para que sirvam os seus irmãos. No entanto, “a missão salvífica da Igreja no mundo é levada a cabo não só pelos ministros em virtude do sacramento da Ordem, mas também por todos os fiéis leigos”9. Todos devem ser, cada um segundo a sua própria vocação e no meio dos seus afazeres, como astros do mundo10, que brilham na noite, pois “em virtude da sua condição de batizados e da sua vocação específica, participam do ofício sacerdotal, profético e real de Jesus Cristo, cada um na sua própria medida”11.

A participação dos leigos na vida da Igreja não consiste de maneira nenhuma em ajudar o clero, ainda que alguma vez o façam. O elemento especificamente laical não se encontra na sacristia, mas na família, na empresa, na moda, no esporte..., que procuram levar a Deus sem tirá-los da sua estrutura própria. A missão dos fiéis leigos deve impeli-los a impregnar a família, o trabalho e a ordem social daqueles princípios cristãos que o elevam e tornam mais humano: a dignidade e a primazia da pessoa humana, a solidariedade social, a santidade do casamento, a liberdade responsável, o amor à verdade, a justiça em todos os níveis, o espírito de serviço, a prática da compreensão mútua e da caridade...

Mas, para que possam exercer no meio do mundo “esse papel profético, sacerdotal, real, os batizados necessitam do sacerdócio ministerial pelo qual lhes é comunicado de forma privilegiada e tangível o dom da vida divina recebido de Cristo, Cabeça de todo o Corpo. Quanto mais cristão é o povo e quanto mais consciência toma da sua dignidade e do seu papel ativo dentro da Igreja, tanto mais sente a necessidade de sacerdotes que sejam verdadeiramente sacerdotes”12.

Pedimos hoje ao Senhor sacerdotes santos, amáveis, doutos, que tratem as almas como jóias preciosas de Jesus Cristo, que saibam renunciar aos seus planos pessoais por amor aos outros, que amem profundamente a Santa Missa, principal fim da sua ordenação e centro de todo o seu dia, e que concentrem os seus melhores esforços pastorais, “como fez o Cura d’Ars, no anúncio explícito da fé, do perdão, da Eucaristia”13.

III. DEUS COLOCOU O SACERDOTE junto da vida do homem para ser dispensador da misericórdia divina.

“Mal o homem nasce, o sacerdote regenera-o por meio do Batismo, infunde-lhe uma vida mais nobre e preciosa, a vida sobrenatural, e fá-lo filho de Deus e da Igreja de Jesus Cristo.

“Para fortalecê-lo e torná-lo mais apto para pelejar valorosamente na vida espiritual, um sacerdote revestido de especial dignidade fá-lo soldado de Cristo por meio da Confirmação.

“Mal é capaz de discernir e apreciar o Pão dos Anjos, o sacerdote alimenta-o e fortifica-o com esse manjar vivo e vivificante descido do céu.

“Se teve a desgraça de cair, o sacerdote levanta-o em nome de Deus e reconcilia-o por meio do sacramento da Penitência.

“Se Deus o chama a formar uma família e a colaborar com Ele na transmissão da vida humana no mundo, com o fim de aumentar primeiro o número de fiéis sobre a terra e depois o dos eleitos no céu, aí está o sacerdote para abençoar-lhe as núpcias e o seu amor casto.

“E quando o cristão, chegando aos umbrais da eternidade, necessita de fortaleza e auxílio para se apresentar diante do Juiz divino, o sacerdote inclina-se sobre os membros doloridos do enfermo, e de novo perdoa-lhe e fortalece-o com o sagrado crisma da Unção.

“Assim, depois de ter acompanhado os cristãos durante a sua peregrinação pela terra até às portas do céu, o sacerdote acompanha-lhes o corpo até à sepultura com os ritos e orações em que se reflete a esperança imortal, e segue a alma até mais além das portas da eternidade, para ajudá-la com sufrágios no caso de ainda necessitar de purificação e de refrigério.

“Portanto, desde o berço até à sepultura, mais ainda, até o Céu, o sacerdote é para os fiéis guia, consolo, ministro da salvação, distribuidor de graças e de bênçãos”14.

É de justiça que os fiéis rezem todos os dias – e de modo particular hoje que celebramos a festa do santo Cura d’Ars – por todos os sacerdotes, especialmente pelos que receberam de Deus a tarefa de atendê-los espiritualmente: por aqueles de quem recebem o ouro da boa doutrina, o pão dos Anjos e o perdão dos pecados. Com palavras do Bem-aventurado Josemaría Escrivá, eles ensinam-nos a tratar com Cristo, a encontrar-nos com Ele no tribunal amoroso da Penitência e na renovação incruenta do Sacrifício do Calvário, na Santa Missa15.

Temos de confiar nas suas orações, pedindo-lhes que rezem pelas nossas necessidades, e unir-nos às suas intenções, que dizem respeito habitualmente às exigências mais prementes da Igreja e das almas. Também devemos venerá-los e tratá-los com todo o afeto, “já que ninguém é tão verdadeiramente nosso próximo como aquele que curou as nossas feridas. Amemos o sacerdote, vendo nele o próprio Jesus Cristo, e amemo-lo como ao nosso próximo”16. Assim o pedimos ao santo Cura d’Ars.

(1) F. Trochu, El Cura de Ars, 6ª ed., Palabra, Madrid, 1991, pág. 141; (2) João Paulo II, Carta aos sacerdotes na Quinta-feira Santa, 16-III-1978, 5; (3) ib.; (4) cit. por João Paulo I, Alocução, 7-IX-1978; (5) cfr. 1 Cor 4, 1; (6) cfr. Conc. Vat. II, Decr. Presbiterorum ordinis, 12; (7) A. del Portillo, Escritos sobre o sacerdócio, 2ª ed., Palabra, Madrid, 1990, págs. 109-110; (8) B. Nodet, Jean-Marie Vianney, Curé d’Ars, sa pensée, son coeur, Le Puy, pág. 99; (9) João Paulo II, Exort. Apost. Christifideles laici, 30-XII-1988, 23; (10) cfr. Fil 2, 15; (11) João Paulo II, op. cit.; (12) idem, Retiro em Ars, 6-X-1986, 4; (13) ib.; (14) Pio XI, Enc. Ad catholici sacerdotii, 20-XII-1935; (15) cfr. Josemaría Escrivá, Amar a Igreja, Palabra, Madrid, 1986, pág. 75; (16) Santo Ambrósio, Tratado sobre o Evangelho de São Lucas, 7, 84.

Fonte: http://www.hablarcondios.org

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