12 de abr. de 2012

Contra aborto, especialista diz que tema deve ser avaliado no Congresso


Hermes Nery afirma que anencéfalo 'merece o direito à vida'.
Para ele, liberar aborto nesse caso criaria jurisprudência para outros.



Márcio PinhoDo G1 SP

Para um dos organizadores da vigília realizada desde a noite desta terça-feira (10) na frente da sede do Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília, Hermes Nery, autorizar o aborto de anencéfalos seria o primeiro passo de um processo que culminaria na liberação do aborto de forma indiscriminada no país. “É dar o primeiro passo para um crescente, cria-se jurisprudência para liberar o aborto de forma geral”, diz Nery.

Nery é especialista em bioética e vereador pelo Partido Humanista da Solidariedade (PHS) em São Bento do Sapucaí, no interior de São Paulo. Aos 46 anos, há sete faz parte do Movimento Legislação e Vida, da diocese de Taubaté e milita contra a legalização do aborto.
O STF suspendeu no começo da noite o julgamento de ação que pede a liberação do aborto de feto sem cérebro após o voto de seis ministros. Cinco votaram a favor da liberação e um foi contra.
“O anencéfalo é uma pessoa que merece o direito à vida. Não podemos parcializar o direito à vida. O anencéfalo merece ser amado e amparado”, afirma.
Ele argumenta que o STF, ao discutir se é permitido ou não abortar, está legislando sobre temas que são de competência do Congresso Nacional. Onde, segundo ele, o aborto já foi amplamente derrotado - em 2008, um projeto que tentava legalizar o aborto recebeu 33 votos contrários e nenhum favorável na Comissão de Seguridade Social e Família em 2008.
“O STF está querendo ir contra a vontade do povo brasileiro”, afirma ele, citando também pesquisas que mostraram que a grande maioria da população é contrária à legalização do aborto.
Contra a maré
Ele afirma que uma possível liberação de abortos de anencéfalos no Brasil vai contra discussões que ocorrem em outros lugares do mundo. Ele cita como exemplo a Hungria, país cuja nova constituição entrou em vigor neste ano e que traz “uma concepção de defesa da vida”, relata. O embrião é considerado um ser humano desde a concepção, o que tornou a luta pela legalização do aborto muito mais difícil no país.
No México, 18 estados mudaram suas constituições para reconhecer que a vida existe desde a concepção e receberam um aval da Suprema Corte do país no ano passado – a medida era contestada pelos defensores da legalização do aborto. Há também movimentos em determinados estados dos Estados Unidos e em outros países da Europa, segundo Nery.

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