13 de ago. de 2011

Reflexões sobre a crise da paternidade humana no mundo atual

Neste próximo domingo, mais uma vez será comemorado o dia dos pais e esta é uma data oportuna para que os cristãos, ao invés de se dedicarem unicamente a oferta e recepção de presentes, façam uma reflexão acerca do papel da paternidade na sociedade atual. Vivemos em um período de crise, onde novos modelos familiares têm sido propostos e cada vez mais a figura do pai tem perdido o seu real significado.
Sou professor e nessa semana apliquei uma atividade para uma turma do 6º ano do Ensino Fundamental. Nela, pedi para os alunos desenharem o que representa para eles o dia dos pais e em seguida escrever uma frase sobre essa data. Chamou-me a atenção o desenho de uma aluna que apresentava um homem atrás de grades e quando perguntei para ela o que isso representava em sua vida ela disse:
- É meu pai que está preso. Ele roubou, matou e foi condenado.
Um aluno que ouvia a conversa interviu e disse:
- Professor, meu pai também está preso. Eu fiquei sabendo pela TV, quando o vi algemado e com guardas segurando-o. Naquele momento fiquei triste e chorei desesperadamente até chegar ao ponto de passar mal.
Esses fatos me fizeram refletir sobre a escassez de exemplo que os pais têm dado aos filhos. Muitos pais já não são “heróis” e sim exemplos a serem evitados.
Com a degradação moral que temos presenciado nos últimos tempos a tendência é que isso se torne ainda mais intenso. A cultura relativista levará os pais a não terem mais uma única palavra e sim deixarão os filhos se enveredarem pelas “várias verdades”. Casais homossexuais não oferecerão ao filho uma ideia verdadeira do que representa o pai dentro de um lar, já que o homem pode ser como a mulher e a mulher como o homem. Outros se dedicarão tanto à busca pelo sucesso financeiro que não serão presentes na vida dos seus filhos e sim meros espectadores do desenvolvimento deles.
Sobre essa degradação da paternidade humana no mundo atual, ao interpretar o uso da expressão “Pai” por Jesus na oração do Pai Nosso, diz o Santo Padre Bento XVI no livro Jesus da Nazaré: “Para os homens de hoje, a grande consolação da palavra Pai não é tão importante, porque a experiência do pai está de muitos modos ou totalmente ausente ou obscurecida pela insuficiência dos pais”.
Essas palavras são fortes e comprometedoras, pois o Santo Padre diz que se os homens não transmitem uma ideia real do que o pai humano deve ser também Deus Pai não será compreendido.
Assim, compete aos cristãos entenderem que mesmo que novas propostas de organização familiar e de vivência moral sejam propostos o papel de um pai que educa de acordo com a vontade de Jesus Cristo não pode mudar. Feliz do filho que vê no pai um homem de oração, um homem de palavra, um homem presente e que desperta no filho o desejo de ser igual a ele.
São José, pai adotivo de Jesus, rogai por nós!

Estevan Coca
Coordenador Diocesano da RCC de Presidente Prudente
Pregador da Palavra
Contato: estevanleopoldo@yahoo.com.br

2 comentários:

  1. Realmente, nossos jovens estão perdendo a identidade e a intimidade com o pai. Isso tem provocado também o profundo distanciamento das pessoas com o Pai do céu, levando muitos a tornarem-se pagãos. A imagem distorcida de de pai terreno distorce e dificulta o relacionamento com Deus Pai.
    Como cristãos, lutemos para manter a viva a família, "santuário da vida" como afirmava nosso bem aventurado João Paulo II. A própria psicologia defende que para o adequado amadurecimento da criança, é fundamental a presença feminina e masculina no lar.
    Parabéns Estevan pelo artigo, continuemos a levantar essa bandeira no mundo perdido com suas "próprias verdades" infundadas, resultantes de filosofias vazias.

    Ricardo dos Santos
    Presidente Epitácio/SP

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  2. Como tem sido profeta o nosso querido Santo Padre o Papa Bento XVI! Não há dúvida de que a paternidade é algo de extrema beleza e importância, tanto que Deus é o "Pai Nosso". Ser pai é ser todo amor! Mas isso "caiu de moda"! Em muitos casos ser pai ocorre devido a um "acidente", noutros devido a um "crime", em vários casos não há o mínimo de responsabilidade sobre o que é ser pai. E o Pai do Céu acaba caindo na descrença, da mesma forma que os pais da terra...

    Como agradeço a Deus por ter um pai que sempre foi exemplo de responsabilidade e carinho! Pai (Cícero), te amo, e se amo meu Pai do Céu, é porque em grande parte o senhor me testemunhou esse cuidado tão paternal!

    Parabéns, Estevan! Não é pai biológico ainda, mas é pai e exemplo da diocese com sua coordenação tão zelosa! Belo artigo, irmão!

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